Inspeção Ministerial



INSPEÇÃO MINISTERIAL


A semana começou sem que soubessem mais nenhuma novidade. Dumbledore estava sempre ausente. Raven também não tinha notícias, raramente conseguiam falar com Sirius agora.


– Você não vai entrar para a Ordem? Teria acesso a todas as informações. – Rony perguntou a Raven.


O Profeta não publicara nada até então. Não sabiam o que estava acontecendo.


– Não... Eu não posso.


– Por quê? – Harry insistiu.


– Harry, me avise se voltar a ter problemas com o Snape. – Raven pediu mudando de assunto.


– Tá... – concordou. – Por quê?


– Tive uma conversa séria com ele. Qualquer problema que ele tiver com você, vai ter que vir resolver comigo ou com Sirius – se afastou decidida para preparar a próxima aula.


– Acho que ela te adotou! – Rony comentou divertido percebendo o embaraço de Harry. – Seria bom se ela fosse da Ordem. Saberíamos tudo o que está acontecendo.


– Se ela fosse, seria proibida de nos dizer qualquer coisa também – Mione o desiludiu.


– Não acho que ela se importe com proibições – Gina comentou.



Na manhã de quinta-feira Harry ficou indeciso quanto a usar ou não o kit mata-aula que Fred e Jorge haviam deixado. Depois do ocorrido no fim de semana, não estava a fim de chamar mais atenção para si mesmo.


– Está brincando? Mesmo que nos levem para o St. Mungus! É preferível! – Rony tentou incentivá-lo.


– Não... Não quero que Snape pense que tenho medo dele, não sei o que Raven andou dizendo...


A aula foi a mais tranquila possível. Snape ficou em sua mesa calado enquanto os alunos preparavam seus antídotos, o que os deixou mais a vontade e menos nervosos.


Harry havia passado toda a manhã pesquisando no Lorde sobre o veneno. Rony tinha resolvido ir para a Ala Hospitalar com sangramento nasal. Gina tentou persuadi-lo a fazer o mesmo, mas já havia se decidido.


Quando todos haviam acabado o preparo de suas poções Snape saiu da sala, deixando-os apreensivos. Os alunos perguntavam uns aos outros como seria o sorteio. Malfoy, que até então, não havia mais tentado falar com Harry, o olhou entediado. Harry imaginou que ele não deveria estar nem um pouco preocupado, era o aluno preferido do Professor.


Snape voltou conduzindo uma gaiola contendo uma cobra de quase dois metros de comprimento. Os alunos olharam surpresos enquanto Snape informava que todos iriam ter a chance de testar seus antídotos e participar da experiência.


Observaram ele forçar o veneno pela boca do animal, que aceitava tranquilo sem saber o que o aguardava. Demorou menos de cinco minutos para que a cobra começasse a se contorcer e sibilar em agonia.


Os alunos ficaram olhando com seus antídotos na mão receosos em se aproximar, ninguém parecia querer ser o primeiro a tentar.


– Venham! Formem uma fila. – Snape os incentivou indiferente a agonia do animal. Harry teve certeza que ele se lembrava muito bem que poderia ouvir enquanto o animal era torturado.


– Vai Hermione! Por favor, ele está sofrendo! – empurrou a amiga para o início da fila. Tinha esperanças que o antídoto dela funcionasse, era a única que poderia chegar mais próximo de produzir um antídoto eficaz.


Ela entregou sua ampola ao Snape temerosa de se aproximar do animal. Ele fez com que a cobra bebesse o líquido.


Ficou cinco minutos fazendo anotações enquanto o animal continuava a se contorcer, embora não tão ferozmente.


– Próximo! – chamou. Mas ninguém se adiantou.


Harry se lembrou de ter lido que alguns antídotos funcionavam melhor se misturados à essência da vítima antes de ingeridos. Uma gota de sangue ou mecha de cabelo da pessoa faria com que o antídoto fosse mais eficiente.


– Professor, o sangue dele deve ser misturado a poção para surtir efeito! – sugeriu angustiado enquanto ouvia a agonia do animal.


– Vejo que resolveu levar os estudos a sério, finalmente. Quem te falou a respeito da essência? – sua voz era fria, sem emoções.


– Eu li num livro... – respondeu impaciente enquanto o Professor o observava.


– Qual livro?


Harry tentou se lembrar do nome de um livro qualquer.


– Não me lembro – disse por fim. O animal se contorcia, se enrolava e batia a cauda na grade.


– E quem foi que te deu esse livro do qual não se lembra o nome? – cruzou os braços irritado.


– Eu peguei na biblioteca – respondeu com raiva pelo descaso do Professor com o sofrimento do animal.


Snape pegou uma amostra de sua poção e se aproximou da jaula, colheu uma gota do sangue do animal, misturou à poção e fez com que bebesse.


Aos poucos o animal foi se acalmando. Discursou para a turma sobre a eficiência de usar a essência da vítima na produção de poções de cura.


Quando o sinal tocou foram saindo aliviados. Harry se aproximou de sua mesa.


– O que vai fazer com ele? – perguntou a Snape indicando o animal que agora parecia estar adormecido. Aguardou temeroso pela resposta.


Snape o ficou observando durante algum tempo enquanto se decidia.

– É só um réptil... O que importa? – Harry continuou observando o animal. – Eu já dispensei a turma, Sr. Potter! Tem certeza que quer ficar depois da aula?


Hermione o puxou para fora da sala.


– Snape vai matá-lo! Você viu como ele o torturou, ele é cruel!


– Por favor, Harry! Não vai arrumar confusão com o Snape por causa de uma cobra! Fique feliz por não ter sido você!


Encontraram Rony no Salão Comunal e Mione contou a ele sobre a aula, enquanto Harry fingia se concentrar no dever de casa.


Raven os procurou depois do jantar e os conduziu até sua sala. Da última vez que Harry havia estado ali a sala ainda pertencia a Umbridge e as paredes haviam sido pintadas de rosa. Agora estavam novamente no tom de pedra natural, só que uma delas estava grafitada com desenhos coloridos que Harry não conseguiu distinguir e havia quatro posteres de bandas de rock espalhados nas demais, um deles da The Burners.


A um canto, sofás com mantos coloridos e plantas penduradas nas paredes, em outro, uma mesa comprida com cadeiras. Acharam-na bem aconchegante.


– Legal a sua sala. – Gina comentou se sentando no sofá.


– Obrigada, eu mesma a decorei, já que tenho que ficar aqui, por que não ficar confortável?


– Você não gosta daqui? – Mione perguntou.


– Gosto... É que não sou de ficar muito tempo parada num mesmo lugar...


– Soube de alguma notícia? – Harry se sentou ao lado de Gina.


– Infelizmente... Não foram os comensais que os levaram. – Harry tampou o rosto com as mãos. – E o Ministério negou as acusações que saíram na revista O Pasquim de saber o paradeiro deles. Muita coisa já pode ter acontecido.


– Não vamos ficar parados especulando a respeito. – Harry se levantou decidido. Vamos procurá-los. Se não estão com os comensais nem com o Ministério, só podem estar com os praticantes da Magia Oculta.


– Que absurdo Harry!! – Raven se surpreendeu.


– Quem mais é poderoso o bastante para capturar um bando inteiro de lobisomens?


Raven abriu a boca para protestar, mas Harry fez sinal para que fizessem silêncio. Procurou o mapa nos bolsos mas não os encontrou, ainda estava com Rony.


– O que foi? – Gina perguntou.


– A marca... Snape, acho – sussurrou.


Ficaram algum tempo aguardando, depois ouviram uma batida à porta. Raven trocou com ele um olhar curioso e foi atendê-la.


Ficaram em silêncio enquanto Snape comunicava à Professora sobre a visita de inspeção que o Ministério faria na manhã seguinte. Dumbledore pedia para que todos os professores se preparassem e agissem naturalmente.


– O que foi isso? – Raven perguntou quando voltou.


– Ele já foi Harry? – ele fez um gesto confirmado, Mione continuou. – Acham que ele estava tentando ouvir?


– Se estava, não conseguiu ouvir nada, não deu tempo – informou.


– Querem me dizer o que aconteceu? Harry?


Harry explicou a ela que conseguia sentir a presença de quem tivesse a Marca Negra, contou, superficialmente, sobre sua ligação com Voldemort, as visões, a ofidioglossia...


– Ah, é isso! – disse como se achasse algo muito natural. Harry imaginou que Sirius já deveria tê-la informado a respeito.


– Vocês não estão surpresos com essa inspeção que o Ministério vai fazer amanhã? – Gina indagou. – Depois da Umbridge qualquer coisa que venha do Ministério me assusta.


– Deve ser uma resposta às insinuações que Dumbledore tem feito... – Mione concluiu temerosa.


– Pode ser uma boa oportunidade para tentar descobrir alguma coisa... – Rony disse pensativo.


– Não quero vocês se envolvendo com o Ministério! – Raven ordenou.


– Eu também não queria, mas parece ser o caminho mais fácil para começar... Se descobrirmos que não foi mesmo o Ministério... teremos que achar esses praticantes...


– Você acha o Ministério o caminho mais fácil?! – Raven perguntou incrédula.


– Pelo menos eles não estão tentando me matar... ainda...


– Vem aqui, precisamos conversar... – Raven o puxou até o sofá. Ouviram uma nova batida na porta. – Snape de novo? – perguntou a ele.


– Não... – Harry informou.


Ela se levantou e foi atender.


– Professora McGonagall! Snape já me deu o aviso...


– Que bom! Mas não é sobre isso... Está na hora dos alunos voltarem aos seus dormitórios...


– Já?! – Mione espantou-se verificando a hora.


– Podem ir enquanto eu converso com a Professora de vocês...


Eles se retiraram em silêncio.


– Será que ela vai se meter em encrenca? – Rony perguntou quando estavam longe o suficiente.


– Ela não fez nada.... Vão alegar o quê? – Gina se indignou.


– Seja o que for, não vão puni-la, nada acontece com o Snape, nunca! Eu não vou deixar... – Harry informou.


Assim que desceram para o café-da-manhã, no dia seguinte, notaram a mudança. Os alunos circulavam pelos corredores em silêncio.


Encontraram Seth, ele os cumprimentou discretamente à entrada do Salão Principal.


Dumbledore conversava com o Ministro em frente à mesa dos professores enquanto alguns alunos observavam silenciosos de suas mesas.


Todos os professores se encontravam no Salão, alguns sentados, outros circulando para inspecionar os alunos. Raven estava sentada ao lado da Professora Sibila e os seguiu com o olhar quando entraram. Evandra conversava em um canto do salão com dois funcionários do Profeta Diário.


– É impressão minha ou o Ministro está providenciando outro espetáculo para mostrar serviço ao eleitorado? – Mione sussurrou enquanto seguiam para a extremidade da mesa mais próxima à dos professores, para tentarem ouvir alguma coisa.


– Harry! – o Ministro o chamou antes que se sentassem.


Trocou com Mione um olhar significativo e se aproximou do Ministro. Os funcionários do Profeta se aproximaram também procurando um bom ângulo para uma foto. A expressão de Dumbledore era indefinida, mas seus olhos azuis pareciam gelados.


– Conhece a Srta. Velaska, não? Ela pertence à Grifinória também...


– De vista... – Harry lançou a ela um olhar cauteloso.


– Ela faz estágio no Profeta, e está com ótimas ideias sobre incentivar a participação dos alunos no Ministério.


– Harry não está mais interessado em ser um auror, Ministro – Dumbledore comentou. – Impor aos alunos aulas obrigatórias não é o suficiente para mudar uma decisão.


– Eu desisti da carreira de auror mas, na verdade, ainda não sei o que mais o Ministério faz além de combater as artes das trevas... – tentou salvar a situação.


– Ótimo! Porque é justamente essa a ideia. E como o Ministério não tem nada a esconder... – disse se dirigindo ao Diretor. – Estaremos de portas abertas para atender aos alunos que desejarem conhecer nosso trabalho. Você não se importaria em ser o aluno modelo desse projeto junto com a Srta. Velaska, não?


– Aluno modelo? – Harry não gostou da ideia. – O que significa? – percebeu o olhar reprovador de Raven à mesa. Mudou de posição para olhar para outro lado.


– Nada de mais, apenas estar presente em todas as excursões, tirar fotos, falar sobre a importância do projeto, coisas do gênero...


Em outra situação saberia exatamente o que responder ao Ministro, mas nesse caso se limitou a fingir interesse.


– A exemplo do que aconteceu na vinda a Hogwarts, não acho que será uma boa ideia o expôr dessa forma.


– Claro que todas as medidas de segurança serão tomadas, Diretor. Aquele pequeno incidente será apagado em breve de nossas lembranças.


– Se é esse o real objetivo, criar uma falsa imagem para se sobrepor à verdadeira, eu não concordarei.


Harry olhou indignado para o Diretor, ele estava estragando uma ótima oportunidade.


– O garoto não é sua propriedade, Dumbledore. Ele tem um representante legal e eu duvido que este irá se opor a uma medida Ministerial. Tudo só depende da decisão de Harry – disse olhando para ele.


Harry achou ter percebido um tom de ameaça na explicação do Ministro. Ficou em silêncio por algum tempo para aumentar o suspense, o Ministro parecia ansioso por sua resposta.


– Claro! Por que não? – respondeu por fim.


– Com licença Ministro. – Raven se aproximou. – Será que esse “passeio educativo” pode ser estendido aos professores também? Eu também não conheço o trabalho do Ministério...


– Ah, claro, Professora Raven Sterling... Será um prazer contar com o apoio dos professores também! – disse encantado. – Vamos providenciar uma data e a informaremos...


– Amanhã, Ministro. Amanhã seria ótimo. – Harry o pressionou, quanto mais tempo se passava, menos chances tinham de encontrar o Lupin com vida.


– Amanhã? Sei... – Não pareceu gostar nem um pouco da ideia.


– Amanhã de manhã, então – Evandra decidiu. – Um grupo de dez pessoas...


– Vinte e cinco! – Harry a corrigiu, precisaria de um certo tumulto para que sua ausência não fosse notada. – Vamos começar pelos alunos do sétimo e sexto ano. – decidiu com intenção de pedir apoio aos membros da AD. – Como iremos?


– Ótimo garotos! Vocês estão pegando o jeito rápido! Enviarei funcionários do Ministério amanhã de manhã e providenciarão chaves de portal, então.


Despediu-se após tirar várias fotos com Evandra e Harry para o jornal.


– E a inspeção Ministro? O que pretende fazer? – Dumbledore o lembrou.


– A inspeção conclui que Hogwarts está colaborando bem com o Ministério e vou torcer para que continue assim...


– Viu o que me obrigou a fazer? – Raven cochichou para ele enquanto os funcionários do Ministério se retiravam.


– Eu não a obriguei a nada, não precisa ir se não quiser...


– Claro que preciso, tenho que garantir a sua segurança!


– Não tem não...


– Harry! – Dumbledore o chamou. – Quero falar com você no final da aula, antes do almoço, no meu escritório, traga também a Srta. Granger e o Sr. Weasley – Dumbledore anunciou e se retirou sem aguardar resposta.


Harry aproveitou para se afastar também, precisava organizar com Evandra a lista dos alunos que iriam. Combinaram em pedir aos Monitores de cada Casa para que organizassem uma lista com os alunos interessados em ir. Evandra foi falar com a Lufa-lufa e Corvinal enquanto Harry falaria com os da Grifinória e Sonserina, no caso, Malfoy, ele não tinha aparecido para o café da manhã.


Rony e Hermione ficaram de organizar a lista da Grifinória, estavam entusiasmados, só Gina pareceu nada feliz com a situação.


– Desculpa Gina, não dá para incluir três anos de uma só vez, você vai poder ir no próximo grupo... Não sabemos se vamos conseguir o que queremos na primeira vez...


Ela não pareceu se importar com sua explicação e foi para a aula emburrada. Harry se concentrou em fazer o que tinha de ser feito, se sentou ao lado de Malfoy durante a aula de Transfiguração e falou com ele sobre a ida ao Ministério.


– Por causa de quê você acha que vou me meter nessa história?


– Não estou pedindo para você ir, estou pedindo para organizar os alunos da sua Casa! Você é o Monitor! – sussurrou irritado durante a aula da Professora Minerva.


– O que está querendo lá dentro, Potter? Está tramando alguma coisa não está?


– Não te devo satisfações Malfoy, o que eu ganho por essa informação? – Harry devolveu debochado.


Draco assentiu mordendo os lábios. Harry se levantou e voltou para o seu lugar. Terminada a aula foram para a Torre da Grifinória concluir um antigo ritual, adiantar os deveres.



Quando o sinal tocou foram para o escritório de Dumbledore. A Professora McGonagall e Sirius já aguardavam no local. Tiveram um mau pressentimento.


– Que história é esse de ir o Ministério? – Sirius perguntou assim que entraram.


– Eu fui convidado...


– E por que aceitou?!


– Calma Sirius! Tenho certeza que Harry tem um bom motivo... – Minerva o estudou desconfiada.


– Tenho... Eu não conheço todo o Ministério ainda...


– Você não está nem aí pra isso! Vocês estão tramando alguma coisa, não estão?


– Não! – negaram juntos. Olharam-se nervosos.


– Por que isso? – Harry perguntou.


– Não precisa participar se não quiser – Sirius disse mais brandamente. Pôs a mão em seu ombro virando-o de frente para ele. – Não se sinta pressionado...


– Mas eu quero! Todos os alunos irão... Pressionado por quê? Eu não tenho medo do Ministro!


– Ele quer explorar a sua imagem, se promover à sua custa. Muitos estão te considerando O Eleito agora, eles têm esperanças...


– Eu nunca estive tão longe de ser isso! – considerou por alguns segundos se deveria ou não contar a eles.


– Se é isso mesmo o que você quer... – Dumbledore decidiu. – Nós estaremos atentos se alguma coisa acontecer...


– Vou ser só um estudante colaborando com o Ministério... Nada de mais.




– Acham que deveríamos ter contado a verdade? – Harry perguntou aos amigos mais tarde.


– Que estamos pretendendo invadir sessões restritas do Ministério para roubar informações que eles não querem que saibamos? Não... – Mione respondeu.


 

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