Confronto



CONFRONTO



Harry começou a correr pelo teto do trem, saltando os espaços entre os vagões. Percebeu que os amigos o acompanhavam. Quando chegou ao último saltou para o chão.


– Eles não estão nos atacando – informou com urgência. – Estão nos distraindo, nos enfraquecendo! Cada vez que usamos magia ficamos mais fracos!


– Como assim, Harry? – Simas perguntou mal conseguindo se manter de pé.


– Olhe pra você! Olhe pra gente! Acho que não conseguiria conjurar outro Patrono, se precisasse de um! E os aurores, estão lutando sozinhos... – disse apontando-os.


Harry correu em direção aos quatro aurores que ainda restavam, Lance, Travor, Seth e Rowan, não esperou para saber se o tinham compreendido. Suas pernas tremiam, mas se obrigou a continuar. Eles perceberam alarmados sua aproximação.


– Venham! Precisam vir comigo!


– O que está fazendo? – Seth perguntou, mal resistindo enquanto Harry o arrastava para longe.


Seus amigos cercaram os outros três e os arrastaram também. Pararam a meio caminho do trem.


– Estão loucos? – Rowan perguntou.


– Essas criaturas não estão nos atacando. Olhem para elas... – os monstros de barro continuavam incansáveis lançando os galhos para o vazio, sem nenhuma consciência da ausência de suas tentativas em pará-los. – Eles são só uma distração, para fazer com que lutem enquanto esse escudo os enfraquece! – os quatro observaram as criaturas em silêncio, visivelmente esgotados.


– Temos que sair daqui antes que venham nos atacar de verdade! – Simas os avisou.


– Tem uma maneira de abrir o escudo, mas não dura muito tempo... – Harry continuou. – Vamos precisar da ajuda de vocês pra passar todo o trem. – Onde está George? - perguntou apreensivo. – E os outros?


– Eu vi George cair perto de mim, mais adiante... – Seth levantou-se cauteloso, ainda observando as criaturas.


– Temos que levá-los para o trem...


– Você é muito esperto, jovem... – Uma voz forte soou estrondante acima deles.


Olharam ao redor alarmados, não viram nada. Os três gigantes de terra foram se desfazendo aos poucos. Cinco corpos caíram do céu, rodeando-os. Os cinco aurores que haviam desaparecido durante o combate. Harry correu para o mais próximo e se agachou. Teve receio de tocá-lo, não sabia se estava vivo ou morto.


– Estão vivos... – a voz soou novamente como se lesse seus pensamentos. – Não matamos sem necessidade...


A árvore mais próxima a eles teve os galhos agitados. Olharam para cima e conseguiram distinguir uma enorme sombra se movendo. Lance tentou acertá-la com um feitiço, a fraca luz vermelha se apagou assim que saiu de sua varinha. Ouviram o ar sendo cortado por um movimento rápido e no segundo seguinte o auror havia desaparecido.


– Voltem para o trem, rápido! – Rowan gritou para eles.


Harry percebeu a luz do luar surgindo aos poucos, iluminando o que eram agora três grandes montes de terra, e com ela, algo mais. Olhou para os amigos temendo o que viria a acontecer. Viu o trem mais adiante, cheio de alunos, e além dele, nenhum sinal de seu Patrono ou de reforço.


– Vocês podem ir... – A sombra se agitou aumentando de tamanho, esticou as asas. – Foi interessante observá-los... mas o falante da língua vem comigo...


Harry sentiu algo o envolver prendendo seus braços. Foi erguido tão rápido que se sentiu tonto, pensou que fosse vomitar. O corpo forte da criatura o apertou dificultando sua respiração, ouviu gritos abaixo dele.


Sua cicatriz doeu intensamente. Imobilizado, Harry se concentrou em tentar respirar e fechar a sua mente.


– O que pensa que está fazendo Kariel?! – A voz familiar chegou aos seus ouvidos. Ouviu gritos ao longe, pensou em seus amigos lá em baixo, tentou se mexer mas não conseguiu, sentiu a varinha escorregar de sua mão.


– Esse assunto não é mais seu! – A criatura bradou com raiva.


– O garoto é meu por direito! Você sabe disso! – Voldemort estava furioso.


– Mas você não o tem! Como pretende reclamá-lo?


Algo atingiu a criatura que o prendia, o corpo de serpente afrouxou o aperto em volta do seu. Se deixou cair, tocou o chão e rolou para longe.


Viu quatro formas, aparentemente humanas, se movendo na escuridão da floresta. Procurou pela varinha, estava muito escuro para que pudesse enxergá-la, estava sem forças e seu corpo doía por causa do aperto da criatura, a dor em sua testa o deixava ainda mais fraco. – Accio! – repetiu as palavras se concentrando ao máximo que pôde, mas não conseguiu invocá-la.

Olhou para cima, os dois brigavam por ele, Kariel bateu as asas com ferocidade, com um curto gesto de varinha Voldemort o atingiu, ele se afastou espantado segurando o braço ferido.


Harry percebeu a aproximação de cinco comensais, as quatro figuras avançavam rapidamente em sua direção, estava cercado. Sua cicatriz ardia incontrolavelmente, continuou procurando por sua varinha. Os comensais se aproximaram e passaram por Harry, se colocando entre ele e os quatro desconhecidos.


Não parou para analisar isso, queria encontrar logo sua varinha e sair dali. – “Lumus” – pronunciou desesperado mas não viu nenhuma luz, estava no meio de uma batalha e indefeso.


Ouviu o tronco da árvore próxima estalar ameaçadoramente quando o primeiro feitiço a atingiu, arrastou-se para longe. Eles se confrontavam ferozmente, ouviu o urro de um animal em algum lugar próximo. Tentou se levantar e correr, mas teve a cabeça puxada violentamente para trás quando uma mão agarrou seus cabelos. Tentou se desvencilhar e sentiu a lâmina fria em sua garganta.


Se desequilibrou caindo de costas quando o dono da mão que o segurava foi jogado longe. Voldemort estava acima dele. A dor era insuportável, não conseguia afastá-la dessa vez, desistiu, a qualquer momento perderia a consciência, concentrou seus pensamentos em Voldemort, e desejou que ele acabasse logo com aquilo.


O alívio foi imediato, sentiu toda a sua fúria e determinação. Voldemort olhou para baixo em sua direção, seus olhos vermelhos brilharam. Sua distração lhe custou um golpe no peito que o lançou para longe, Harry também sentiu seu espanto.


As imagens que passavam diante de si, não estavam sendo vistas por seus olhos, ao mesmo tempo tinha total consciência da batalha que estava sendo travada à sua volta. Sentiu satisfação, imprópria para a situação em que se encontrava, sozinho e sem sua varinha, o sentimento não era seu.


Viu a sombra da criatura alada no chão, o escudo havia se rompido. Correu sem certeza de estar saindo ou se aprofundando mais na floresta.



Os membros da AD ficaram paralisados de espanto, sentiram o ar se agitar perto deles, as gêmeas gritaram. Rony olhou para Harry, mas ele não estava mais lá, olhou à sua volta assustado.


– Harry?! Onde ele está?


Mione agarrou seu braço, olhava para o alto. Ouviram a voz de Voldemort. Ele flutuava mais à frente, acima das árvores, parecia falar com a criatura.


– Venham, rápido! Voltem para o trem! – Travor disse com urgência para eles. Alguns alunos, dentro do Expresso gritaram.


– Hermione! Eles levaram o Harry! – Ela lhe devolveu o olhar apavorado.


– Rápido, temos que fazer alguma coisa! – Gina tentou correr em direção à floresta. Rony a segurou.


– Vocês têm de levar os feridos para o trem – disse se dirigindo aos membros da AD. – Depois ajudem os aurores a levá-lo para Hogwarts. Gina, você vai com eles.


– Quem disse que é você o líder na ausência dele! Eu também vou ajudá-lo! Me larga Rony, estamos perdendo tempo!


Ouviram o som do confronto, dentro da floresta.


– Leve ela com vocês, não precisam nos esperar! – disse empurrando Gina na direção de Rowan.


– Vocês não vão entrar lá! Esperem aqui! – Ele gritou enquanto se afastavam, conseguiu segurar Gina a tempo.


Kariel estava à sua frente procurando algo entre as árvores logo abaixo, imobilizou-o com cordas flamejantes.


Harry parou confuso, a sucessão de imagens o desconcentrava, se obrigou a continuar correndo. Ouviu o som de um animal o perseguindo. Um comensal se materializou à sua frente fazendo-o derrapar enquanto tentava evitá-lo. Ouviu-o gritar algo e a seguir o som do animal, urrando furioso. Correu até que suas pernas cederam em protesto.


Alguém gritou o seu nome, tentou se guiar pelo som. Rony e Hermione também estavam na floresta, se apressou para encontrá-los.


Kariel se virou na direção de onde vinham as vozes, o atacou obrigando-o a se afastar. Harry parou atordoado. Hermione correu para ele e se lançou em seus braços.


– Tive tanta medo por você! Você está bem? Está machucado?


– Harry! Você está bem? – Rony perguntou apreensivo.


– Agora não... vamos sair daqui...


A criatura parou por alguns segundos olhando na direção do trem, não ousou desviar o olhar .


– Isso não vai acabar aqui... irmão... – Kariel proferiu as palavras com raiva antes de desaparecer. Olhou para o trem, desapontado.


Harry parou tentando focalizar novamente a floresta à sua frente. Rony e Hermione ergueram as varinhas, Harry olhou na direção em que as apontavam, Duas pessoas se aproximavam, não conseguiu visualizar seus rostos, não eram comensais. Ergueu os braços empurrando os amigos para trás de si, sabia que seus feitiços não seriam suficientes contra eles. Sentiu-se dominar pela fúria, não iria permitir que os amigos se machucassem por sua causa.


– Não toquem neles! – Ordenou. As árvores começaram a se agitar e um vento forte começou a soprar na direção dos dois desconhecidos que haviam parado observando-os, porém, nenhum vento passou pelos três.


Um deles deu um passo à frente, mas o outro segurou seu braço.


– Não! Não o desperte. – disse com a voz clara e tranquila. Pareciam ser totalmente humanos.


Uma luminosidade prateada surgiu pela esquerda e logo Pontas apareceu galopando em volta dos três. Olharam novamente naquela direção, eles haviam sumido.


Foram rodeados por aurores do Ministério. Pontas desvaneceu.


– Há comensais aqui! – Harry informou-os com urgência.


Foram conduzidos às pressas para fora da floresta. Dumbledore e o Ministro estavam com alguns membros da Ordem verificando o trem e acalmando os alunos.


Viu o grupo se afastando, pousou na orla da floresta e sentiu seus comensais se aproximando.


Harry parou virando-se para a floresta, Voldemort e os comensais os observavam à distância.


Ficou um tempo vendo a si mesmo, intrigado. Viu varinhas sendo apontadas em sua direção, mas estavam logo atrás de si. Viu Dumbledore correr e parar ao seu lado. Sentiu-se ansioso e frustrado.


– Harry! – Dumbledore o chamou energicamente enquanto o puxava para trás.


Recebeu com alívio a dor em sua cicatriz, incomodando-o de leve.


– Estou bem... – murmurou cansado. Se deixou conduzir para o primeiro vagão, dos monitores.


Alguns aurores ainda apontavam as varinhas para a floresta, agora vazia, olhavam ao redor apreensivos, temendo um novo ataque.


Os aurores feridos estavam num canto do vagão recebendo a atenção dos membros da Ordem. Somente eles e a AD estava, no vagão, haviam sido isolados dos demais. Gina correu para ele, os olhos vermelhos e inchados.


– Machucaram você?


– Não, estou bem... – mentiu enquanto a abraçava. Sentiu seu corpo, ainda dolorido, protestar ao seu aperto mas não quis afastá-la. 

Dino lançou um olhar resignado aos dois. Aurores se agitavam do lado de fora enquanto Scrimgeour gritava ordens. O trem tremeu por alguns instantes e logo estavam em movimento.


 

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