Voldemort



VOLDEMORT


Divertiram-se muito observando a natureza e admirando a proximidade dos animais silvestres, pararam quando chegaram a um rio estreito e límpido que vinha de uma colina não muito distante.


– Aqui é o limite de até onde vocês podem chegar, sei que agora que estão juntos de novo vai ser mais difícil mantê-los fora de confusão, mas nada justifica sair dos limites. Subindo a colina, beirando o rio, na margem oposta, é a casa dos Lovegood. Mas vocês não têm permissão para irem sozinhos, entendidos?


Todos concordaram. Acamparam às margens do rio, Hermione contou sobre suas férias, Rony fazia muitas perguntas, queria saber sobre todos os lugares que Hermione visitara, todas as pessoas que conhecera, até Harry estranhou tanto interesse, mas Hermione não pareceu se incomodar, respondia a todas as perguntas e dava todos os detalhes pedidos, isso Harry não pôde estranhar. Gina ouvia em silêncio. Em meio à conversa, Harry lembrou do ocorrido mais cedo.


– Sirius, por que os bruxos usam vassouras para voar?


– Hã? Que pergunta, Harry! Ninguém consegue voar sem vassouras. Imagina se pudessem, seria um caos aéreo, não?


Rony achou graça das palavras de Sirius, Gina sorriu, mas Hermione encarou Harry como se quisesse perguntar alguma coisa.


– Mas... – Harry pareceu confuso, prosseguiu. – Voldemort não usa vassouras, ou tapetes – contou a eles essa parte do “sonho” que tivera.


Rony arfou e Gina prendeu a respiração, Hermione parecia tão curiosa quanto Harry.


– Bem, Harry, bruxos decentes não voam, não usam esse tipo de magia.


– Mas conseguem, não? Eles só não querem usar porque acham que é Magia Antiga, não é? – Hermione quis saber.


– E é Magia Antiga, Hermione, com certeza, e claro que ele a usa, é sua especialidade.


– O que tem isso? – perguntou Harry. – O que importa se é antiga ou nova, não é bem mais simples?


– Não estamos falando disso, não é a idade, estamos falando da Magia Antiga, vocês aprenderam isso em Hogwarts...


– Não. – Harry e Rony responderam juntos. Hermione os corrigiu.


– Claro que aprendemos, no primeiro ano! O Prof Binns falou a respeito em várias aulas! A Magia Antiga, a magia proibida pela comunidade bruxa e pelo Ministério.


Harry e Rony se entreolharam.


– Ora, Harry, pra quê você acha que os jovens devem frequentar a escola de bruxos? O objetivo é orientar e limitar o uso descontrolado da magia.


– Não é pra nos ensinar a usá-la? – Rony surpreendeu-se.


– Não exatamente. Uma vez que possua o dom, usar a magia será algo involuntário e natural. O Ministério e as escolas existem para determinar a maneira como ela deve ser usada, ensinando na verdade, os limites pré-estabelecidos. Como o uso de feitiços, por exemplo, usar feitiços verbais, decorados, restringe as ações impulsionadas pelo desejo, que tendem a transformar tudo e qualquer coisa pela simples vontade.

"É por isso que o Ministério sempre foi contra Voldemort, não só pelos assassinatos, mas também pelo desrespeito às regras. Ele não aceita obedecer nenhuma norma ou autoridade, quer dominar todas as magias, ser o mais poderoso... Limites e controle são essenciais para a vida em sociedade, seria um caos se todos os bruxos saíssem por aí fazendo tudo o que quisessem, mudando o rumo natural das coisas pelo simples desejo."


Todos ficaram em silêncio após o relato de Sirius, talvez, como Harry, refletindo sobre essa nova visão dos fatos que não havia percebido.


– Bom, Harry, seu aniversário está se aproximando, o que você vai querer pra sua festa? Algo especial? – Sirius estava tentando quebrar o clima.


– Não... não estou pensando em nada.


– Quem você quer convidar? Temos que organizar tudo de acordo com o número de convidados e também as medidas de segurança...


– Não, não vou convidar ninguém a mais – pensou nos Dursley. – Só o pessoal da Ordem e os Lovegood....


– OK então, e o que você vai querer de presente? E não adianta, você vai ter que escolher algo especial, me diga algo que você queira muito. Tenho certeza que não vai querer que eu escolha por você.


Ficou pensando, não achava que um presente escolhido por Sirius seria ruim, adorava sua firebolt, presente do padrinho, e o canivete, que havia se estragado no Ministério, tinha sido muito útil. O que ele poderia querer?


– Você pode me ajudar a virar um animago! – nunca havia pensado a respeito, mas a vontade ganhou força quando as palavras saíram de sua boca. Sirius pareceu chocado.


– Isso... não, Harry, escolha outra coisa, qualquer coisa que você queira.


– Mas é isso que eu quero. Ser um animago como você e meu pai.


– Acho que já temos problemas suficientes com o Ministério sem você ser um animago ilegal, clandestino...


– Como você?


– Não sou mais clandestino, e Dumbledore teve muito trabalho pra me livrar dessa acusação. Você sabia que o Ministério queria me julgar por isso?


– O quê?!! – Todos os quatro se espantaram e começaram a falar ao mesmo tempo , “É muita injustiça!”, “Depois de tudo o que você passou...”, “...doze anos em Azkaban sem julgamento...”


– Pois é, mesmo assim, por isso tudo, eu acho que não é uma boa pra você no momento, talvez, mais tarde. Quando for maior de idade.


Harry resolveu não insistir mais, ficou de dar uma resposta depois. Sirius disse que iria embora e que poderiam ficar e aproveitar o passeio contanto que voltassem antes do fim da tarde.


Levantaram acampamento, levaram algumas sobras do piquenique pra comerem mais tarde. Harry quis saber mais sobre a Magia Antiga e Hermione contou a eles o que sabia.


Não havia livros em Hogwarts sobre o assunto, sabia apenas que havia sido condenada pelo Ministério e seus praticantes perseguidos. Harry contou-lhes a experiência vivida naquela manhã. Ficaram entusiasmados com a possibilidade, menos Hermione, que achava que poderia ser muito perigoso.


– Sirius tem razão, Harry. Isso não é bom. Imagina se o Ministério detectar o uso desse tipo de magia, o problema que irá trazer pra você e Sirius! Francamente, e querer ser um animago ilegal, também é querer atrair confusão...


– Dá um tempo, Hermione, isso sim seria legal! – Rony exclamou. – Se tivéssemos ajuda, não teríamos problemas, eles não tiveram. Além do mais, foi por ser um animago que Sirius conseguiu escapar, senão, estaria em Azkaban até hoje. Nós bem que poderíamos tentar, Harry, se eles conseguiram sozinhos...


– Não, Rony, é muito perigoso, é um processo difícil e demorado...


– Ah, Mione, você não está com medo de se transformar em uma coruja de biblioteca, está?


– E você, está ansioso pra se transformar em uma preguiça, Rony?!


– Chega, OK? – Harry interviu – Não precisam discutir por isso.


Os dois se calaram, mas ficaram de cara amarrada. Harry os deixou de lado e se distraiu conversando com Gina. Encontraram uma clareira com troncos caídos de árvores mortas, onde sentaram para terminar o que sobrara do piquenique.


Começaram a fazer planos para o futuro, para depois de Hogwarts, analisando as possibilidades que teriam com base nos NOMs que conseguiram. Hermione, como era de se esperar, conseguira nota máxima em todos, já Rony e Harry...


– Não tenho certeza do que fazer agora, que não posso mais tentar a carreira de auror... – Harry desabafou.


– Ah, Harry... talvez seja melhor assim. Você não vai querer ficar pra sempre nisso, não é? Se envolvendo com bruxos das trevas, arriscando a vida...


– Não! Claro que ele não vai! – Gina respondeu, enfática.


– Não... – Harry a encarou, curioso, essa ideia parecia aborrecê-la – Pelo jeito não, se eles me deixarem em paz...


– É, mas não restam muitas coisas legais pra se fazer, não é? Gui está em Gringotes, Carlinhos na Romênia, Percy no Ministério, Fred e Jorge tem a própria loja de logros....


– Podemos trabalhar como os trouxas, Rony, tem muitas coisas legais pra se fazer, e não vamos precisar de NOMs pra isso...


– É uma boa ideia, Harry! – Hermione entusiasmou-se – Seria uma ótima forma de cooperação... – ficou pensativa por um bom tempo.


– Eu quero seguir a carreira médica, quero ser curandeira.


– Sério? Pensei que fosse ser jogadora de quadribol...


– Não, mas você poderia, é um ótimo apanhador...


Sua cicatriz ardeu de repente. Levantou num salto e puxou mecanicamente a varinha. Conhecia aquela sensação.


– O que foi, Harry?! – os outros, assustados, o imitaram.


– Vamos embora! Agora! – se apressou a recolher todas as coisas. – Rápido, peguem tudo logo!


– O que está acontecendo? – Hermione colocou o restante das coisas na cesta. – Harry ...


– Ele está aqui, por aqui, eu sinto...


– Você-Sabe-Quem?!!


– Vamos! – parou e levou a mão à testa, a dor estava ficando mais forte, tentou bloqueá-lo, fechar a mente, mas uma imagem surgiu, estava observando, do alto, toda a região. Ao longe conseguia avistar a Toca, olhou para o outro lado, não conseguiu distinguir a Casa Verde, mas sabia que estava ali. Abaixo dos seus pés, o rio.


A imagem foi sumindo, aos poucos voltou a si, estava de joelhos, a cicatriz ainda ardia, os amigos agachados ao seu lado com expressões horrorizadas.


– Ele está perto do rio... – sussurrou. Olhou para o alto, estava próximo, mas não o podia ver. – Vão, rápido.


– Pra onde você vai?!


– Eu quero ter certeza de que ele não vai passar, se o escudo falhar...


– Você vai fazer o quê?! Não pode fazer magia! Temos que chamar os adultos!


– Então chame, Mione, eu quero saber o que ele veio fazer aqui – sua cicatriz continuava a queimar, começou a sentir um misto de raiva e inquietação... estava frustrado... ele ou Voldemort.... não conseguiu distinguir...


– Se você ficar, eu também vou. – Gina segurou a sua mão. O toque dela fez passar uma corrente pelo seu corpo. A dor em sua cicatriz ficou menos intensa.


– Nós também! – Rony respondeu, decidido. – O que faremos agora? Vamos até o rio, Harry?


– Fazer o quê? Jogar latas vazias de conserva para afugentá-lo!? – Hermione reclamou.


– Vocês não vão! – soltou a mão de Gina. – Ele veio por mim – a cicatriz ardeu intensamente outra vez, outra imagem surgiu em sua mente sem que pudesse impedir. Tonks, ferida e indefesa. Fora bem rápida, apenas um lampejo. – Chamem Olho-Tonto, é melhor não falarem com Sirius, vão até a Toca primeiro, a Sra. Weasley deve saber como entrar em contato com ele.


– Esquece! Não vamos te deixar!


– Eu vi a Tonks...


– Ele a capturou?! – Gina perguntou, alarmada.


– Não... acho que não...


– Então ele está tentando te confundir, é uma armadilha, ele já fez isso antes. Vem com a gente, vamos falar com alguém, tenta fechar a sua mente. – Rony sugeriu, nervoso.


– Eu sei, mas só há uma maneira de ter certeza... eu só vou checar.


– Não, não vai...


Harry não pensou duas vezes, estava perdendo tempo, queria estar longe dali, se voasse chegaria mais rápido. Em menos de um segundo depois o vento batia em seu rosto enquanto seguia rumo à copa da árvore mais próxima, ouviu Hermione exclamar alguma coisa, mas não se virou.


Sua determinação o impulsionava, isso tornava bem mais fácil manter a direção. Não viu ninguém ao redor. Seguiu para o rio.


Viu-o agachado na margem oposta, observando a correnteza. Ele ergueu os olhos quando Harry tocou a margem, ainda dentro do área de proteção. Seus lábios se crisparam num quase sorriso.


– Belo pouso, vejo que já descobriu alguns prazeres que a magia livre pode proporcionar.


Harry olhou ao redor, não havia mais ninguém. Já esperava por isso. Segurou firme a varinha, a cicatriz latejando insistentemente.


– Acha que pode continuar me manipulado com essas visões? Esse truque eu já conheço.


– Então, por que veio?


– Quero saber o que você quer. Por que se deu ao trabalho de vir até aqui?


– Depois do que aconteceu no Ministério, não era óbvio que eu viria? Você também não está curioso pra saber o que aconteceu naquele dia?


Harry franziu a testa, aconteceu que Voldemort tentou se apoderar da profecia, mas esta havia se quebrado, depois tentou possuí-lo, mas não conseguiu, foi repelido, alguma coisa o afastou, tinha consciência apenas da repulsa que sentira ao dividir seu corpo com Voldemort e da dor...


– Aconteceu que você, mais uma vez, não conseguiu o que queria – sentia a raiva latejando prestes a explodir. Deu alguns passos para trás, procurando alívio para sua cicatriz com a distância.


– Não se pergunta o porquê? Ou como?


– O sacrifício da minha mãe...


– Te salvou, sim, mas a conexão que existe entre nossas mentes, a sua ofidioglossia, não têm nenhuma relação com o sacrifício dela... e a proteção que ela deixou em você, foi passada para mim também, pelo seu sangue... Não foi por isso... – olhou em volta, pensativo. – Você esteve comigo quando visitei o submundo de Tahaus, não?


Harry hesitou. A sensação era horrível, tentou se acalmar e esvaziar a mente.


– Eu te senti. Pelo o que viu e ouviu, chegou a alguma conclusão?


– Não cheguei a conclusão nenhuma, e não me interessa o que você e... aquelas coisas dizem, foi você que me levou até lá, eu não quis ir, nem entendi nada do que disseram...


– É a sabedoria dos Antigos, adquirida através da vivência, do sucesso e fracasso de experimentos... Já estudou sobre a Magia Antiga, ou melhor, já obteve o pouco e limitado conhecimento a respeito?


– Muito pouco... – não quis dizer que não sabia nada até aquele dia, seria deixar claro que era um aluno medíocre, quando Tom Riddle havia sido o melhor e mais inteligente de seu tempo. – Mas isso não me interessa – mentiu. – Se veio só pra perguntar isso pode ir embora, nada que venha de você me interessa, nem suas viagens...


– Mentira. Sua curiosidade é tão grande quanto a minha, por isso está aqui, por isso veio, mesmo sabendo que a adorável auror não corria perigo.


– A profecia quebrou, não há mais como saber nada...


– Na verdade, há. E você pode ter o conhecimento que desejar, muito mais do que você viu e verá em Hogwarts, Harry – deu alguns passos à frente como se fosse avançar sobre a água mas parou.


Automaticamente Harry deu alguns passos pra trás, a varinha firme em sua mão.


– Não precisa ter medo de mim, você está bem protegido, não posso me aproximar, nem estou usando uma varinha, percebeu? Não quero atacá-lo, vim só conversar.


– Então diga de uma vez o que quer...


– Descobri algo interessante, confuso e assustador naquela noite.


– E vai me contar...? – perguntou, irônico.


– Sim, é relacionado a nós dois, não quer saber?


– Quero! – respondeu prontamente, não sabia até onde Voldemort iria, ou o que pretendia com aquilo, mas queria obter informações se as pudesse ter. – A troco de quê?


– Cooperação, ajuda para desvendar esse enigma que nos prende um ao outro.


– Como?


– É só você acessar a minha mente... e eu vou poder confirmar algo... algo que poderei te dizer mais tarde, se eu estiver correto.


– Não...


– Vai ser o mesmo que tem feito, só que dessa vez, de maneira controlada, voluntária e consciente, eu te explico como.


– Por que eu confiaria em você?


– Sim, claro. Mas eu estou aqui, te propondo um acordo, por que eu faria isso? Não quer se livrar dessa conexão indesejável, do incômodo de ter essa cicatriz? Dói com a minha aproximação, não é? Está doendo agora?


Deixou o ar escapar com força. “O que estou fazendo aqui?” – pensou. Olhou ao redor. – “Onde será que estão, será que já chegaram à Toca?” – perguntou-se. Não confiaria em alguém que tentara, por tantas vezes, matá-lo.


– Vai embora, antes que alguém chegue, já devem saber que está aqui...


– Sei que não vai ser fácil pra você confiar em mim, mas acredite, estou querendo estabelecer uma trégua entre nós dois. O destino nos uniu, nos conectou, na verdade. Acho que devemos descobrir o que podemos fazer com isso... Deixe-me dar uma prova das minhas intenções, algo que poderá te ajudar a entender mais da magia...


– HARRY!! – Sirius surgiu da mata, correndo, Tonks atrás dele.


Harry virou-se novamente, mas Voldemort já havia partido. A cicatriz continuou incomodando, mas a dor menos intensa agora.


– Pra onde ele foi? – Tonks perguntou, apontava a varinha para todos os lados.


– Foi embora...


– Vamos sair daqui! – Sirius o puxou pelo braço, no mesmo segundo já estavam na varanda de casa.

Tudo rodou. Não estava preparado para aquilo. O chão sumiu sob seus pés, uma sensação de embrulho no estômago. Tudo parecia se mexer ao redor, mas estava consciente de estar imóvel. Ouviu gritos e passos se aproximando.


– Está tudo bem, deixem a gente passar. – Sirius respondeu de algum lugar acima dele.


Sentiu seu corpo fazer contato com algo, levou a mão à testa, seus movimentos estavam lentos, era como se estivesse debaixo d'água.


– Por que fez isso, Sirius, não sabe que é perigoso? Ele poderia ter estrunchado... – a voz de Tonks surgiu de algum lugar. Aos poucos as coisas foram entrando novamente em foco.


Ouviu várias outras vozes que se seguiram à de Tonks. Fechou os olhos e respirou fundo por várias vezes tentando se recuperar logo. Quando a vertigem passou, olhou ao redor, estava deitado no sofá da sala, Gina estava ao seu lado, viu a Sra. Weasley, Rony, e Hermione em volta de Tonks e Sirius, ouvindo enquanto contavam que chegaram a ver Voldemort instantes antes de sumir.

Quando se mexeu Gina voltou-se para ele.


– É melhor continuar deitado, Harry. Você não parece bem.


– Já está passando – resolveu seguir seu conselho e continuar deitado, não estava muito confiante.


– O que aconteceu lá no rio? – Sirius quis saber.


– Eu estava muito bem até você chegar, obrigado – sentiu-se mesmo irritado com ele.


Nesse momento uma voz desconhecida chamou da soleira da porta. Sirius foi atender e voltou minutos depois acompanhado do novo Ministro da Magia, Harry o reconheceu da foto que saiu no Profeta. Sentou-se devagar. Sirius estava com uma expressão nada satisfeita.


– Boa tarde a todos.


Ouviu-se um burburinho acanhado.


– Pelo jeito eu estava certo em vir, aconteceu alguma coisa aqui? – pareceu mais uma afirmação do que uma pergunta. Seus olhos se fixaram em Harry. – Detectamos algumas tentativas de violação do escudo, o que houve?


Sirius hesitou por alguns segundos, depois contou sobre a aparição de Voldemort, omitindo a presença de Harry.


– Por que não chamou o Ministério? Por que foi confrontá-lo?


Ficaram em silêncio por um tempo.


– Bom, não tivemos tempo, Harry estava na floresta, pensamos que estivesse em perigo – Tonks completou, seus cabelos passando de negros para vermelho intenso. Sirius fitava o tapete, contrariado.


– Então me conte, Harry, o que aconteceu? Por que você estava sozinho na floresta?


Harry não gostou do tom do Ministro, mas relatou o que pôde até seu encontro com Voldemort, fez parecer que por coincidência foi parar no mesmo trecho do rio em que ele estava.


– E então, o que ele disse? O que queria?


– Conversar, acho. Não disse muita coisa. Sirius e Tonks chegaram em seguida.


– E... você resolveu andar sozinho por aí e deparou com ele, de repente? – perguntou desconfiado. – Não foi detectado uso de magia defensiva ou de ataque, o que fizeram, o que ele disse?


– Ele queria saber sobre a profecia – continuou após algum tempo – Dizia respeito a nós dois, ele queria discutir o assunto...


– Hum... dialogar a respeito... Não parece o estilo dele. Por que motivo faria isso? O que o fez mudar de ideia, Harry? O que ele quer de você dessa vez, se sabe que a profecia se quebrou e ninguém a ouviu?


– Eu não sei, como disse, ele foi embora...


– E o que você acha? Ele te vê como uma ameaça, ele acha que você conseguiria derrotá-lo? – Uma agitação incômoda se fez presente na sala.


– Não, Senhor, sou só um garoto. Isso é trabalho do Ministério.


O Ministro, Scrimgeour, ao contrário de Sirius, não pareceu contente com a resposta. Afastou-se em direção à porta e conversou em voz baixa com Sirius, Tonks e a Sra. Weasley.


Rony, Hermione e Gina ficaram se entreolhando enquanto aguardavam. Quando o Ministro finalmente foi embora, prometendo reforçar a segurança com a organização de uma ronda periódica de aurores, todos respiraram aliviados.


– Bom, agora o senhor vai nos contar tudo o que aconteceu de verdade. – Sirius ordenou.


Harry contou aos seus seis atentos espectadores o que havia ocorrido.


– Temos que falar com Dumbledore. – Molly determinou – Essa história agora, a quem ele quer enganar com isso, trégua, com aquele assassino frio e cruel!


– Creio que ele ainda esteja muito interessado em Harry, essa ligação entre a mente deles... É acho que no lugar dele eu também iria querer levar essa história até o fim. – Sirius ficou olhando-o por um momento, como se quisesse descobrir algo – Está se sentindo melhor?


– Estou...


– Você achou mesmo que eu estaria precisando de ajuda, Harry? – Tonks indagou com a voz suave, os cabelos agora na cor rosa-bebê.


– Na verdade, não, mas eu precisava conferir, não é? E nem ultrapassei o limite...


– Não! Não precisava não! – Sirius protestou – Se tivesse vindo pra casa nos contar, como deveria, teria visto que Tonks estava aqui. E não me venha com essa de limite!


– Ele sabia que eu não acreditaria, mas que iria de qualquer forma – acrescentou, apesar do mau humor de Sirius. – Se eu puder fazer alguma coisa, qualquer coisa, pra me livrar disso, eu farei. Eu quero ter uma vida normal, e não vou deixar que corram perigo por minha causa.


Tonks se aproximou e lhe deu um beijo na testa.


– Quer fazer o favor de não encorajar o meu garoto, ele já viola regras suficientes sem isso.


– Sirius, eu não fiz nada errado, fiz o que devia ser feito! Vocês disseram que seria bom ter uma posição, saber o que ele está fazendo...


– Mas não que você devia buscar essa informação!


– Meninos! – Tonks exclamou, divertida – Eu acho que Harry foi muito corajoso, aliás, ele sempre é. E está certo, devemos ajudá-lo a desfazer essa conexão entre eles...


– Obrigado! – Harry agradeceu ainda encarando Sirius.

– Bom, então, vamos embora... – a Sra. Weasley os chamou.


Tonks, Rony e Gina protestaram, ainda estava cedo, e com certeza iriam querer ouvir, de Harry, mais detalhes.


– Eu ainda quero saber como o Harry conseguiu voar sem auxílio de nenhum objeto – Tonks declarou.


– Tonks, querida, claro que você pode ficar, eu estava me referindo somente às crianças, mas eu também estou curiosa pra saber isso – Molly o encarou, aguardando.


Harry tentou explicar da melhor forma possível, a começar do sonho que tivera. Era estranho admitir, mas sabia voar porque Voldemort também sabia, assim como falar a língua das cobras, simplesmente sabia, só não havia percebido até então.


Ficaram um tanto espantados e preocupados com a informação. Harry desejou que não tivesse ocorrido, que ainda ignorasse o fato.


– Estão vendo! É por isso que eu tenho que descobrir alguma forma de desfazer essa ligação entre nós. Não quero ser visto como uma aberração pelo resto da vida!


– Você não é uma aberração! – Gina reclamou.


Harry a olhou sentindo-se bem mais leve. Sirius o fez prometer que nunca tentaria fazê-lo novamente, voar, muito menos deixar que outros vissem ou soubessem. Harry sabia o que o padrinho pensava a respeito.


Sra. Weasley se despediu de todos, Hermione perguntou se não poderia ficar, prometera passar um tempo com Harry, depois pegaria suas coisas. Harry aproveitou e perguntou a Sirius se Rony e Gina não poderiam ficar também, Rony dormiria com ele e Gina dividiria o quarto com Hermione, sabia que ele não poderia recusar, não depois de Harry passar todas as suas férias, desde que entrara em Hogwarts, na Toca com os Weasley.


– Se quiserem ficar, tudo bem, mas saibam que Harry ficará de castigo dentro de casa, proibido de sair, nem que seja só até o jardim.


Harry abriu a boca pra reclamar mas não teve o que argumentar. Calou-se. Os três concordaram. Tonks ficou conversando com Sirius depois que a Sra. Weasley foi embora.


Os quatro subiram para o segundo andar. Ficaram no quarto de Harry, conversando sobre a atitude de Voldemort. Hermione o repreendeu por ter fugido deles daquela maneira.


– Você não teve medo, Harry? Ir até ele, sozinho... – Gina quis saber.


– Não tenho medo de Voldemort. Ele é só um homem... meio homem... que sabe mais do que nós, que tem conhecimentos sobre assuntos que os outros bruxos não querem descobrir...


– Conhecimentos que ele está oferecendo a você tão... facilmente... – Rony concluiu. – Isso seria legal!


– Não seja idiota, Rony! Não é legal, é magia proibida! – Hermione se irritou. – Claro que ele não vai fazer isso, é um truque, com certeza. Por que deixaria Harry acessar sua mente se isso lhe daria acesso a suas lembranças, suas fraquezas...


– Não sei... – Harry respondeu. – Tem alguma coisa a ver com encontrar um modo de desfazer nossa ligação.


– Não seja ingênuo! Um modo de se livrar disso seria te matando, e isso ele já vem tentando fazer...



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Comentários (1)

  • Dih Potter

    Uffa!!! Quase que morro agora...  Capitulo Fodaah hein? Arrasouuu...   Bjinhoss

    2012-08-16
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