Embarque
EMBARQUE
No dia do embarque acordaram cedo. Edwiges amanheceu em sua janela esperando a partida, porém relutou em voltar para a gaiola.
– Você a deixou solta por tempo demais. – Sirius observou. – Me dê ela, eu a prendo pra você.
– Não, tudo bem, ela pode ir voando, quando quiser. - Acariciou as penas de sua coruja – Você sabe onde me encontrar quando sentir saudades.
Edwiges soltou um pio agudo de despedida e voou pra perto de uma coruja castanha, provavelmente não domesticada, que os olhava desconfiada. Agora tinha o espelho pra falar com Sirius, seu único correspondente, e poderia usar as corujas de Hogwarts.
Despediu-se de Monstro e foi com Sirius, por meio de aparatação acompanhada, até a Toca, onde se reuniram aos demais. O Sr. Weasley também iria acompanhá-los. Quatro funcionários do Ministério já aguardavam impacientes.
– Trouxe o espelho? – Harry perguntou a Rony.
– No meu malão. – Rony afirmou enquanto enchia a jaula de Pichitinho com petiscos para fazê-lo se calar.
– Sirius, deixei meu espelho em cima da minha cama, pra quando quiser falar comigo...
– Ah, claro, depois eu vejo... – disse afastando Harry dos funcionários do Ministério que os estudavam interessados.
– Cuidado com o que diz, Scrimgeour anda muito interessado em saber o que a Ordem anda fazendo, e em você também. – Sirius sussurrou a Harry. Todos essas especulações no Profeta...
– Tudo certo, Vamos? – A Sra. Weasley saiu após todos terem pegado suas malas e lançou um feitiço na casa.
Dividiram-se em dois grupos, cada um com dois funcionários do Ministério.
A plataforma estava cheia de alunos, apesar de ainda faltarem trinta minutos para o embarque. Outros aurores rodeavam a área que tinha sido reservada para sua chegada. Várias pessoas olhavam curiosas, algumas apontavam.
– Que bom que chegamos discretamente. – Rony comentou corando com a atenção recebida.
Foram direto para o trem, dois funcionários do ministério os impediram de entrar enquanto outros três verificavam o interior do trem. Harry se agitou incomodado olhando ao redor, ignorou os olhares curiosos dos mais próximos. Moody se aproximou deles mancando.
– Não sei pra quê todo esse circo! Era pra fazer o garoto passar despercebido!
– Cuidado, Alastor. – Arthur o advertiu. Baixou mais a voz. – Devíamos ter esperado que o Ministro fosse querer mostrar presença, com tudo o que está acontecendo...
– Ainda assim há muitos comensais aqui. – Harry comentou tentando ignorar aquela sensação incômoda, a mesma que sentira na loja de vestes do Beco Diagonal, só que agora, mais intensa.
– Eles não se atreveriam a aparecer por aqui, não com toda essa exibição do Scrimgeour – Sirius garantiu.
Harry não contara a eles, depois da reação que tiveram quando souberam que dividia com Voldemort sua habilidade de voo, resolvera omitir certos fatos.
Um casal sorridente se aproximou deles cumprimentando-os. O Sr. Weasley se adiantou apertando-lhes as mãos. Harry observou impaciente.
– Está tudo bem com vocês, Arthur? – O homem perguntou indicando os aurores que os rodeavam à curta distância.
– Tão bem quanto Voldemort possa estar! – Harry respondeu desafiante, encarando-os.
O homem empalideceu, o sorriso morrendo aos poucos em suas feições congeladas, a mulher corou e o arrastou rapidamente para longe.
– O que está fazendo?! – Sirius sussurrou mortificado.
– Eles são comensais! – Harry se justificou.
– Shh... – Moody chiou pedindo silêncio.
– Tudo bem? Algum problema? – um dos aurores se aproximou.
– Não... – Sr. Weasley respondeu pálido. – Tudo bem.
– Pode deixar, Lance, eu fico com eles. – Quim se aproximou.
– Tudo bem? – repetiu quando o outro voltou ao seu posto.
– Harry, eu os conheço há anos – Arthur comentou ignorando a pergunta de Quim. – Matthew Stout trabalha comigo no Ministério...
– Sr. Weasley... – Harry hesitou olhando os rostos surpresos e apreensivos. Gina se aproximou dele, seus braços se tocando. – Eu senti a marca negra neles como senti em Malfoy, naquele dia, no Beco Diagonal...
– Sentiu!? – a Sra. Weasley perguntou perplexa.
– E você nos conta isso assim? Aqui!? – Moody reclamou.
Quim tentou disfarçar, se mostrando pouco interessado enquanto ouvia atento.
– Onde estão? – Moody perguntou ansioso.
Harry ficou em silêncio, olhando para os próprios pés. Estava se sentindo pior agora, ao admitir mais essa anormalidade.
– Tem três deles à minha direita, cinco mais à frente... – se concentrou tentando aumentar sua área de percepção. – tem um grupo à esquerda, lá no final, um deles, dentro do trem... – levou a mão à cicatriz que formigou em protesto, pelo esforço.
– Chega! – Sirius se adiantou e ergueu seu queixo, para olhar em seus olhos. – Não precisa fazer isso! Eu não quero que faça.
– Vem comigo, Quim? – Moody perguntou se afastando.
– Os alunos... – Molly advertiu.
– Só vamos checar. – Quim a tranquilizou.
– Alguns aurores lançavam olhares curiosos agora. Sirius se postou ao lado de Harry olhando todos ao redor, como se algo pudesse saltar sobre eles a qualquer momento.
Um grupo de garotas, que Harry imaginou serem da Corvinal, passou sorrindo. Harry as olhou impassível. Gina segurou seu braço e encostou a cabeça em seu ombro, enquanto observava as garotas se afastando constrangidas.
– Podem entrar agora. - Dois aurores se aproximaram recolhendo suas bagagens.
Foram levados até uma cabine, onde guardaram seus pertences no bagageiro. Voltaram pra se despedir. Moody e Quim haviam voltado.
– Encontrei um grupo de pais de alunos lá adiante. – Moody comentou em voz baixa. – A maioria da Sonserina. – rosnou para os outros.
– Eles têm de embarcar os filhos... – Harry comentou se dando conta de que apesar de serem comensais, tinham famílias e levavam uma vida normal, nos intervalos...
– Não tinha nenhum adulto dentro do trem, mas o jovem Malfoy estava lá. – Quim concluiu.
– Vamos! Faltam menos de cinco minutos! – um auror apareceu conduzindo-os ao trem.
Despediram-se rapidamente e foram acenar da janela, até que o trem se afastou e os perderam de vista. Voltaram à cabine. Rony e Mione se despediram prometendo voltar mais tarde.
– Vocês não podem se afastar, terão de ficar na cabine – um dos dois aurores, Sthephen e Derek, que iriam acompanhá-los na viagem barrou a passagem deles.
– Somos monitores, temos que ir para o primeiro vagão. – Rony informou.
– Não dessa vez, são ordens do Ministério.
– Mas temos que patrulhar os corredores... – Mione tentou argumentar.
– Não se preocupe, há aurores fazendo isso, nenhum aluno tem permissão de perambular pelos corredores. – Derek disse taxativo.
Rony e Mione entraram na cabine emburrados. Rony fechou a porta.
– Dá pra acreditar? – reclamou se jogando no banco.
– Será que Tonks também está aqui? – Gina perguntou esperançosa.
– Não – Mione a desiludiu. – Ela teria vindo falar com a gente.
Ouviram a voz de Sthephen repreendendo um dos alunos.
– Mesmo se eu tivesse obtidos NOMs suficientes, não iria querer ser igual a esses caras... – Harry comentou.
– Nem eu! – Rony confirmou.
– Por falar nisso... – Hermione disse baixando a voz. – Acho que sei como a gente pode entrar no Ministério...
Ouviram uma voz conhecida soar do lado de fora.
– São nossos amigos, só queremos falar com eles! – Neville argumentou ousadamente.
Harry se adiantou abrindo a porta.
– Eles são nossos amigos! – Harry reclamou ao avistar Neville e Luna.
– Podem esperar até chegarem ao castelo! - Derek ordenou arrogante.
Alguns alunos arriscaram colocar a cabeça pra fora da porta, curiosos.
– Eles estiveram conosco no Ministério... – Gina informou decidida.
– Ah...Sr. Longbottom e Srta. Lovegood? – Derek perguntou interessado enquanto Sthephen fazia os curiosos voltarem às suas cabines.
Neville corou violentamente, mas manteve-se firme.
– Somos!
Derek os levou para a cabine, fazendo com que os quatro entrassem e fechou a porta.
– Que caras antipáticos! – Luna observou como se comentasse o tempo.
– Por que disse aquilo? – Rony perguntou à Gina.
– Porque o Ministério parece tão interessado em vigiar a gente quanto aos seguidores de Você-Sabe-Quem! – Gina explicou paciente. – E a reação deles lá fora, só confirmou isso!
Hermione sorriu para ela, orgulhosa.
– Então é verdade o que estão dizendo no trem? – Neville perguntou alarmado. – Vocês foram presos por invadirem o Ministério?
– Não! Claro que não! – Mione respondeu surpresa.
Um auror que não era Derek nem Sthephen passou no corredor, olhando-os pelo vidro.
– Se bem que é isso o que parece, não é? – Rony olhou para os outros preocupado.
Harry puxou a varinha, a apontou para a porta e sussurrou "Abaffiato".
– É um feitiço que li no Lord – explicou. – Para que não ouçam a nossa conversa.
Mione olhou pra porta desconfiada. Gina sorriu para Harry, parabenizando-o.
– Continue, Mione. – Gina pediu. – Que ideia você teve pra entrar no Ministério?
– Vocês vão invadir o Ministério, de novo?! – Neville estava surpreso.
– “Não!!” – Hermione exclamou. – “Vamos...” - Rony disse ao mesmo tempo.
– Não vamos? - Harry perguntou confuso.
– Eu nunca disse que iríamos invadir! – Mione tirou da mala uma edição do Profeta e mostrou a eles um anúncio.
“Estágio no Ministério”
– Mas isso é só para alunos do sétimo ano. – Gina esclareceu pegando o jornal.
– Pretendo fazer um pedido especial à Profa. Minerva... Com os meus NOMs... – disse encabulada. – Acho que ela abrirá uma exceção. E você, Harry, tenho certeza que o Ministro não negaria...
– De jeito nenhum! – interrompeu – Não vou pedir nada ao Ministro! Olha lá fora, acha mesmo que iam me deixar circular pelo Ministério procurando arquivos secretos ou livros proibidos?
– Vocês vão entrar na sessão de livros proibidos do décimo andar? – Luna perguntou interessada.
– Existe mesmo isso? – Rony perguntou perplexo.
– Claro, meu pai sempre quis entrar lá, mas Fudge recusou seu pedido, três vezes. Só funcionários do alto escalão podem ter acesso...
Mione ficou encantada. Harry repassou mentalmente as possibilidades.
– Por que só vocês dois vão entrar lá? Eu também quero ir. – Gina reclamou.
– Acha que conseguiremos organizar uma excursão ao Ministério? Nem eu sei como vou conseguir entrar... – Harry tentou persuadi-la.
– Uma excursão... – Mione repetiu pensativa.
A senhora que passava com o carrinho de guloseimas apareceu de cara amarrada. Harry foi até a porta, os outros o acompanharam em fila. Sthephen ficou supervisionando-os à curta distância enquanto compravam guloseimas.
Algum tempo depois um outro auror parou em frente à porta deles, provavelmente tentando ouvir o que diziam. Harry foi obrigado a retirar o feitiço Abaffiato para não levantar suspeitas, então, se limitaram a conversar sobre amenidades.
Harry recostou-se olhando a paisagem, sentindo o perfume floral dos cabelos de Gina, ao seu lado, acabou adormecendo.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!