Segredos



SEGREDOS



Harry se desequilibrou, deu um passo para trás e caiu sobre os degraus. Levantou gemendo e massageando as costas.


– O que foi? – Rony perguntou descendo as escadas.


– Não foi bem isso que eu tinha planejado... aparatar no meio da escadaria...


– Mas conseguimos! Isso é que importa! – comemorou exultante. – Só quero ver a cara da Hermione quando souber. Para onde você acha que elas foram?


– Não sei... nem faço ideia. O que vamos levar para provar que estivemos aqui?


Olharam ao redor, o local estava imundo, cheio de copos de plástico, papéis amassados... Rony chutou alguns copos e embalagens vazias.


Harry foi até a sacada e olhou o salão embaixo, havia muito mais sujeira espalhada por todos os cantos, da entrada ao palco.


– Deve ter tido algum show aqui de ontem para hoje...


– Vamos ver se achamos algum ingresso com a data e o nome do local, deve servir para provar que viemos aqui. – Rony sugeriu e desceu.


Harry olhou por todo o andar e não encontrou nada, se aproximou da janela e espiou entre os vidros empoeirados, não havia muito movimento do lado de fora, parecia ser um bairro bem tranquilo apesar de ter na vizinhança um galpão que servia para a realização de shows de bandas de rock.

Ficou aproveitando a brisa e a sensação de liberdade que estava experimentando. Um rapaz passou pela rua, de bicicleta e fone de ouvido, parecia bem descontraído. Harry ficou tentando imaginar como seria viver assim, depois desceu para se encontrar com Rony.


– O que está fazendo? – Harry encontrou Rony no bar bebendo de uma garrafa que continha um líquido de cor azul.


– Tem muitas garrafas aqui... Eu só peguei uma...


– É melhor você não fazer isso... – Harry o repreendeu.


– Eu só estou experimentando... Quando terei outra oportunidade? – Rony virou a garrafa na boca, e engoliu fazendo careta.


Harry balançou a cabeça em desaprovação e se afastou à procura de alguma coisa que pudessem levar.


– Me ajude, temos que voltar logo! – Harry o chamou.


Cobriram, cada um, um lado do galpão, mas não encontraram nada. Harry tirou algumas moedas do bolso do jeans.


– Por acaso você não tem nenhum dinheiro trouxa com você, não é? Poderíamos comprar alguma coisa lá fora...


Rony tirou alguns sicles do bolso, com a mão livre, e os contou com dificuldade.


– É uma sensação muito esquisita ... – Rony comentou.


– Por que ainda está bebendo isso? Pensei que não tivesse gostado...


– Os adultos bebem...


– Um copo, não uma garrafa inteira... – Harry reparou na garrafa abaixo da metade.


Ouviram vozes do lado de fora, som de chaves, e alguém mexendo no portão de entrada. Harry puxou Rony de volta para o andar superior, o amigo o seguiu aos tropeços.


“Nossa! Esse lugar vai dar trabalho!” - ouviram alguém reclamar no andar de baixo. – “Vamos buscar as vassouras”.


Rony começou a rir histericamente. Harry tapou a sua boca.


– Eles vão te ouvir! – cochichou. Rony afastou a sua mão.


– Eles vão limpar isso sem magia? Como vão fazer isso?! – Rony achou graça.


– Fala baixo! – Harry pediu irritado. Rony tapou a própria boca com ambas as mãos.


Ficaram um tempo parados tentando ouvir alguma coisa, uma porta bateu e ouviram passos lá em baixo.


– Vamos embora, Rony, deixa isso para lá, foi uma ideia idiota.


– Não! – Rony sussurrou com urgência. – Temos que levar alguma coisa! Podemos comprar algo...


– Mas só temos dinheiro de bruxo... Vamos voltar a Hogsmeade.


– Não, vamos ir ao Beco Diagonal! Tem muitas lojas de bruxo lá! – Rony se virou e foi em direção às escadas que levavam ao andar de cima. Harry o puxou pelas vestes.


– O que há com você? Está ficando louco? – perguntou preocupado. – Olha, podemos levar isso aqui, OK? – catou um maço vazio de cigarros. Ouviu um estampido alto e levantou assustado olhando em volta. – Rony...! - o chamou alarmado.


“Que barulho foi esse?” – Harry ouviu uma voz assustada no andar de baixo. Aparatou também.




O Beco Diagonal estava quase vazio, a maioria das lojas estavam fechadas. Um homem idoso olhou para ele rapidamente quando o ouviu aparatando e se afastou. Não estava com sua capa .


Seguiu pela rua cauteloso procurando por Rony e reparando nas lojas, as poucas que estavam abertas pareciam vazias. Começou a considerar que ele poderia ter voltado a Hogsmeade quando viu dois comensais saindo de Gringotes, carregavam uma maleta em cada mão.

Se escondeu atrás de uma pilastra em forma de vassoura da entrada da loja de artigos esportivos. Uma mão pousou em seu ombro, assustando-o.


– O que você está fazendo aí? – Rony perguntou.


– Onde esteve? Estava te procurando... – ficou aliviado por reencontrá-lo.


– Comprei isso aqui na loja Artefatos e Encantos – mostrou a ele um saquinho com o nome da loja e guardou-o novamente no bolso. – A vendedora não acreditou quando eu disse que não era aluno de Hogwarts... Vamos embora? Eu estou tonto...


– Por que será? – perguntou ironicamente. – Aqueles homens são comensais – explicou apontando os dois homens de costas para eles, andando tranquilamente. - Acabaram de sair de Gringotes com quatro bolsas, devem estar cheias de dinheiro. Você trouxe o monóculo com você?


– Não... – Rony disse tristemente. – Estou enjoado...


Harry começou a se afastar, mas Rony o puxou de volta.


– Aonde você vai?


– Eu quero saber para onde eles estão indo, se não aparataram é porque vão para algum lugar aqui perto – explicou tentando fazer com que Rony largasse a manga de sua camisa.


– Eu não quero voltar para aquela torre, Harry, é melhor a gente ir embora.


– Agora você acha melhor?! – reclamou empurrando seu braço.


Viram Trevor e outros três aurores passarem pelos dois comensais olhando-os desconfiados.


– Pelo jeito, eles não os conhecem, não devem saber que são comensais... – Harry comentou.


– Mas conhecem a gente e estão vindo pra cá...


Harry olhou para o amigo, que estava com uma cara nada boa.


– Vem, se segura em mim, vamos voltar OK? – Harry passou o braço dele por cima do seu ombro.


Assim que surgiram na clareira Rony caiu de joelhos e vomitou.


– Pra onde vocês foram?! Querem me matar de susto? – John ralhou com eles. – O que é que eu ia dizer para Raven e para o Sirius?!


– O que houve com o Rony?! – Hermione perguntou alarmada.


– Acho que ele bebeu demais...


– Bebeu!? – John se agachou ao lado dele.


– E você deixou? Eu não acredito, Harry.... O que você está sentindo Rony? – Mione perguntou preocupada.


– O que você queria que eu fizesse?


– Que o impedisse, Harry! Você é amigo dele! – Gina também brigou com ele.


Harry ficou olhando enquanto elas cercavam Rony preocupadas, sentiu-se culpado.


– Eu vou buscar a Raven, ela vai saber o que fazer.... – anunciou a eles e se afastou.


Harry entrou pela porta dos fundos da loja dos gêmeos e logo avistou Sirius e Raven examinando a loja.


– Vocês esqueceram o horário combinado? – Raven ralhou com ele.


– Onde você estava? Estamos aqui há tempos... – Sirius perguntou.


– Raven... hã, professora... pode vir comigo até lá fora... um pouquinho? – Raven o olhou preocupada e depois para Sirius.


– Você me espera aqui, meu amor? Eu já volto... – Raven pediu.


– Por que eu não posso ir? O que está acontecendo? - Sirius olhou para ambos desconfiado.


Raven deu de ombros, foi puxando Sirius até os fundos da loja enquanto Harry ia na frente, abrindo o caminho. Encontraram John e as meninas saindo da floresta segurando Rony, pálido e trôpego.


– O que houve com ele? – Raven se aproximou examinando seus olhos e medindo sua temperatura.


– Minha cabeça está girando... meu estômago está queimando... – Rony sussurrou.


– Ele está cheirando a.... – Sirius começou a dizer.


– É... ele andou bebendo... – John explicou meio sem jeito.


– Você deixou que ele bebesse?! – Sirius perguntou incrédulo.


– Não! Foi minha culpa... – Harry o defendeu. – John não sabia de nada.


Sirius o puxou para mais perto.


– Você está cheirando a cigarro! Andou fumando também?!


– Claro que não! – Harry se soltou. – Eu não bebi nem fumei nada... é só um maço vazio... – explicou retirando-o do bolso.


– De onde você tirou isso? – Sirius perguntou enfezado.


– É meu, desculpe. – John tirou o maço das mãos de Harry. – Eu pedi que Harry jogasse no lixo para mim, ele deve ter esquecido...


– Você! Fumando? – Sirius pareceu surpreso. – Bruxos não costumam se deixam seduzir por essas fraquezas trouxas! Espero que não esteja incentivando os garotos a fazerem o mesmo!


– O que é isso, cunhado?! Eu nunca faria uma coisa dessas, eu só estava... tentando impressionar uma garota trouxa, sabe como os trouxas agem como idiotas quando querem impressionar alguém... eu queria ser convincente... – sorriu sem jeito e lançou a Harry um olhar reprovador quando Sirius não estava olhando.


Raven já ia longe conduzindo Rony de volta para o castelo com as meninas. Correram para alcançá-las.


– Não podem levá-lo de volta assim... – Harry pediu. – Se alguém perceber vai pegar uma detenção.


– E não é o que ele merecia? – Sirius devolveu.


– Por que o está julgando? – Harry se irritou com sua falta de compreensão. – Eu cansei de copiar o seu nome naqueles autos de penalidades, você não era nenhum bom exemplo.


– Por favor rapazes! – Raven pediu. – Não é hora pra isso!


– Está tudo bem? – um dos aurores que circulava pelo povoado se aproximou deles.


– Está tudo ótimo – Sirius avisou mal-humorado, é que ele comeu algo que não lhe fez bem...


Harry olhou para trás e viu um homem jovem em frente ao bar da Madame Rosmerta vigiando-os, sorriu para Harry quando seus olhares se cruzaram. Harry o encarou enfezado e continuou seguindo com os outros.


– Bom pessoal, acho que a gente vai ficar um bom tempo sem se ver... – John se despediu nos portões do castelo.


– Por quê? – Harry e Gina perguntaram ao mesmo tempo.


– O Tio John aqui vai precisar resolver outros assuntos... Vocês estão muito bem, não vão mais precisar de mim... – completou com um sorriso e partiu.


Sirius os observou desconfiado mas não fez comentários. Levaram Rony direto para a sala da Raven, encontraram apenas alguns alunos pelo caminho. Deitaram-no no sofá, Raven foi preparar alguma poção que o reanimasse.


– O que foi exatamente que ele bebeu? – Raven perguntou a Harry, ele tentou se lembrar do rótulo da garrafa.


– Tequila... – Rony sussurrou levando a mão à cabeça.


– Quanto? – Raven perguntou preocupada.


– Uma garrafa... quase... – Harry sussurrou encabulado.


– Onde conseguiram? Não foi no Três Vassouras... – Sirius o pressionou. – Aproveita e me conta toda a verdade!


Harry olhou para Hermione e Gina enquanto pensava em alguma coisa.


– Rony e eu... encomendamos...e eles entregaram a bebida...


– Ah, sei... uma entrega trouxa de bebida alcoólica em Hogwarts...


– Não... em Hogsmeade... – respondeu incerto se o povoado bruxo poderia se encontrado por trouxas. Percebeu que não tinha sido uma boa tentativa quando Hermione fez uma careta para ele.


– Eu te proíbo de voltar a sair deste castelo! Acabaram suas visitas a Hogsmeade! – Sirius vociferou.


– Você não pode...


– Ah, não? ! – Sirius se retirou batendo a porta. Harry ficou olhando assustado e curioso enquanto o som de seus passos sumia no corredor.


– Ele tem estado nervoso, Harry – Raven se desculpou por ele. – Foi muita falta de responsabilidade do John, ele deveria estar tomando conta de vocês! Rony poderia ter entrado em coma alcoólico... Vocês têm ideia do quanto isso é sério? – Raven lhes chamou a atenção. – E Sirius já está passando por tanta coisa... Toda essa pressão do Ministério...


Raven fez Rony beber a poção com a ajuda de Hermione.


– O que está acontecendo? – perguntou Harry se agachando ao lado do amigo. – O que o Ministério está fazendo?


– Eu não conto os seus segredos a ele, e não posso contar os dele a você, ele prefere não te preocupar com isso. – Raven disse com determinação. – Acho melhor vocês dois sentarem e conversarem a respeito de tudo o que está acontecendo – o aconselhou.


Mione, Gina e Harry ficaram em volta de Rony, velando seu sono.


– Desculpem... – Harry pediu a elas, estava se sentindo muito irresponsável. – Eu deveria tê-lo impedido, mas não quis chateá-lo...


– Puxa, Harry... Ele nunca havia bebido antes... uma coisa é provar, outra, totalmente diferente, é se embebedar... – Gina ainda estava chateada com ele.


Sírius voltou um tempo depois, parecendo mais calmo.


– A Professora McGonagall também não concordava com as saídas de vocês todos os fins de semana, só permitia por causa da presença da Raven e dos aurores no povoado... Cancelei a autorização que te dei para as visitas ao povoado.


Harry ficou paralisado por um tempo, olhando-o incrédulo enquanto absorvia aquela informação. Sentiu-se traído. Não disse nada, apenas abaixou a cabeça e ficou em silêncio.


– Ah, Sirius... – Raven suspirou.


– Isso foi por você ter mentido para mim... – Sirius reclamou chateado. – Quando resolver me contar a verdade...


Harry se retirou sem querer ouvir mais, o deixou falando sozinho. Foi andando sem rumo pelo castelo. Após tanto tempo preso injustamente na torre, agora isso. Estava se sentindo sufocado, deu meia-volta decidido a sair do castelo, pensou em visitar Hagrid, nem se importou com quem estava vindo pelo corredor ao seu encontro, não estava com disposição para pegar outro caminho, queria chegar o quanto antes aos terrenos.


– Potter... – Snape pronunciou seu nome lentamente. – Não o tenho visto mais pelo castelo... Tem usado seu mais novo “dom” para me evitar?


– Não sou mais seu aluno... – Harry o lembrou.


– Claro, você consegue tudo o que quer, não é mesmo?


– Nem tudo... – Harry respondeu imaginando que nunca conseguia se livrar dele por mais que desejasse. Se afastou para virar no próximo corredor, mas Snape o puxou pelo braço.


– Não dê as costas para mim! Eu não terminei de falar com você!


– Me deixa em paz... – reclamou cansado.


Um grupo de cinco alunos da Lufa-lufa viraram o corredor rindo e conversando, ficaram rapidamente mudos quando viram o Professor Snape.


– Se não desaparecerem em cinco minutos vou descontar dez pontos da casa de vocês, dez para cada um! – vociferou sem tirar os olhos de Harry. Eles sumiram rapidamente. – Eu posso não ser mais o seu professor, mas ainda posso arranjar uma detenção para todos os dias de sua vida até conseguir provar que foi você!


– Pode ter sido qualquer um... o senhor não é nada popular... – comentou sem se importar com a raiva em seu olhar.


– Os alunos sempre me respeitaram, você é o único que teima em me desafiar! – apertou ainda mais o seu braço, com raiva, enquanto Harry tentava se soltar.


– Você é que me persegue! Eu estava na sua aula quando inundaram a sua sala, vai me culpar por isso também?


Snape o soltou e ficou estudando-o enquanto Harry massageava o braço dolorido.


– Eu já disse que não roubei seus ingredientes! – disse olhando-o nos olhos.


Harry sentiu uma pressão incômoda na base do crânio e uma lembrança começou a se formar, conseguiu afastar a imagem rapidamente e bloquear o acesso do professor à sua mente. O encarou alarmado quando conseguiu focar novamente o seu rosto igualmente surpreso.


– Como conseguiu aprender Oclumência? Quem te ensinou? – um vinco se formou entre os olhos do professor.


– Ninguém... eu aprendi sozinho... – respondeu com sinceridade, se afastando lentamente.


– Não gosto de ironias! – Snape se irritou. – Você nunca conseguiu aprender nada do que te ensinei! Aprendeu com quem, então? Foi a Professora Sterling? – Harry continuou olhando-o sem dizer nada – Mais uma que resolveu ter pena do pobre órfão... ou será que é só para agradar ao padrinho dele...? – insistiu mediante seu silêncio.


– E o que isso te importa? – Harry perguntou irritado. – Não é culpa minha se ela preferiu o Sirius ao senhor... – Snape ficou ainda mais pálido que o normal.


– Agora sim, eu vou te dar muitos motivos para fazer queixas a meu respeito... – sua voz baixa e calma se contrastava com a fúria vista em seus olhos.


Harry sacou a varinha assustado quando percebeu o olhar assassino do professor.


– Foi o senhor quem começou ... – reclamou achando sua reação exagerada. Snape sacou também sua varinha.


Harry aproveitou a distração causada pelo surgimento de alguns alunos distraídos que cruzaram o corredor e correu o mais rápido possível, ouviu Snape gritando com os alunos para saírem do seu caminho.
Atravessou pela primeira passagem que avistou e a lacrou, para ganhar tempo. Não sabia qual era a melhor atitude a tomar no momento, só tinha certeza de que mentindo ou contando a verdade, não importava o que dissesse, Snape sempre encontraria algo do qual pudesse acusá-lo.


Continuou se afastando apressado, chegou ao próximo corredor e foi em direção às escadas, o Salão Comunal estava vazio, os alunos que não estavam em Hogsmeade estavam aproveitando o fim de tarde no campo de quadribol ou próximo ao lago. Sentou-se e debruçou-se sobre a mesa apoiando a testa sobre o braço direito, com a mão esquerda ficou tamborilando os dedos sobre a mesa impacientemente.


Sua tentativa em obter informações no Ministério tinha falhado, até agora John não tinha dado notícias sobre seu amigo que estava com o livro roubado. Tinha que pensar em alguma outra coisa, não aguentava mais ficar esperando.


– Harry... – alguém sussurrou baixinho ao seu lado tocando em sua mão. Endireitou-se assustado, estava tão absorvido em seus pensamentos que não tinha ouvido alguém se aproximando.


– Oi Evandra – tirou os óculos e esfregou o rosto para tentar despertar de tantos problemas.


– O que aconteceu? – Evandra perguntou gentilmente.


– Nada. Esse é o problema, preciso que aconteça alguma coisa... preciso fazer acontecer alguma coisa. – corrigiu se jogando contra o encosto da cadeira. Suspirou frustrado.


– O Ministro me perguntou por você, semana passada, disse que está com novos planos e precisará da nossa participação, seus “alunos modelos”. Ele considerou que não é uma boa ideia ter estudantes perambulando pelo Ministério, disse que não pode disponibilizar aurores suficientes para tomar conta, com tantas coisas para eles resolverem... E isso porque ele não chegou a receber os alunos do primeiro e segundo anos, aí sim ele iria saber o que é uma excursão escolar... – disse sorrindo.


– Desculpe, mas não estou mais interessado nessas idas ao Ministério...


– O sumiço de vocês três naquele dia tem a ver com a mudança de planos do Ministro não é?


– Acha que ele está desconfiado? – Harry perguntou preocupado.


– Se desconfiou, ele não comentou nada, que eu saiba...


Harry baixou a cabeça pensativo, estava começando a se preocupar com o que o Ministério poderia estar querendo com Sirius, com certeza sabiam que ele e Lupin eram amigos – “Talvez pense que eu ajudei a libertá-lo a mando de Sirius” – pensou franzindo a testa em preocupação.


– Não se preocupe, não vou publicar isso... – Evandra brincou tentando animá-lo.


Harry ficou olhando para a mão dela ainda sobre a dele, continuou assim por um bom tempo, em silêncio, enquanto uma ideia lhe surgia.


– Evandra, você tem ou consegue me arranjar as publicações do Profeta dos últimos meses?


– Eu tenho todas as edições desde o ano passado, quando resolvi que era isso que iria fazer... A partir de quando você quer? – perguntou solícita.


– Eu quero... a partir da publicação da invasão ao Ministério, quando admitiu publicamente o retorno de Vol... Você-Sabe-Quem – respondeu entusiasmado. – Estão aqui com você?


– Espere um pouco... – Evandra se afastou em direção ao dormitório feminino.


Harry se levantou e aguardou impaciente pelo seu retorno, caminhando pela sala enquanto colocava suas ideias em ordem. Ela voltou pouco depois levitando três caixas de tamanho considerável.


– É muita coisa... Você tem certeza? – perguntou interpretando corretamente sua expressão.


– Obrigado... – os jornais estavam enrolados e arrumados dentro das caixas organizadamente. Começou pegando o mais antigo. – Acho que vou demorar um pouco com eles... tem algum problema?


– Não, tudo bem. O que está procurando? Eu posso ajudar...


– Eu não sei ao certo, vou ter que ler todos eu mesmo, detalhadamente...


Começou a examinar o que tinha nas mãos procurando por qualquer coisa estranha ou fato atribuído às artes das trevas. Evandra sentou à sua frente e ficou observando.


Não achou nada no primeiro além do relato da prisão dos comensais, lembrava de ter lido aquela reportagem, passou para o próximo. Reviu a matéria sobre Dumbledore e Sirius.


– É verdade sobre a tal profecia...? – Evandra perguntou curiosa.


– Tinha uma profecia lá... – confirmou. – Mas se quebrou, ninguém sabe o que dizia...


Só depois de várias publicações começou a achar algo interessante, vários bruxos de um mesmo povoado afirmaram ter visto homens encapuzados andando à noite pelo local. Comentou seu achado com Evandra, ela deu a volta na mesa e sentou-se ao seu lado.


– Desde que foi noticiado a volta dele tem aparecido muitos relatos assim, ainda há, mas nem todos são publicados muitas pessoas de tão amedrontadas começam a achar que estão vendo coisas... – Evandra explicou. Harry não se deixou desanimar por isso.


– O que o Profeta tem feito para identificar os relatos verdadeiros? – perguntou interessado.


– Vão ao local... se acharem que dará uma matéria interessante... – Ela se aproximou mais para alcançar a caixa e entregou a ele um dos jornais. – Olhe esse da semana retrasada, esse ataque à ponte – Evandra desdobrou o jornal na sua frente. – Os bruxos que testemunharam afirmam terem sido os seguidores dele, mas eles partiram assim que o Ministério chegou.


– Mas o que eles lucrariam com isso, destruindo pontes?


– Eu também não entendo... para intimidar talvez... – seus rostos estavam tão próximos que quando ela virou em sua direção Harry teve que recuar para que não se tocassem. Ficou um tempo perdido em seus olhos azuis enquanto se decidia.


– Preciso pegar uma coisa... – escorregou pela lateral da cadeira e foi em direção ao seu dormitório, pegou pergaminhos, pena e tinta para começar a selecionar o que era importante.


Quando voltou três alunos do primeiro ano estavam sentados próximo à lareira. Harry começou a anotar todo e qualquer acontecimento atribuído aos comensais e alguns fatos estranhos também dando maior atenção aos desaparecimentos. Evandra permaneceu sentada ao seu lado olhando-o paciente.


– Por que não está com seus amigos em Hogsmeade? – perguntou a ela durante uma pausa para pegar a próxima edição.


– Não há nada lá que me interesse... - suspirou e olhou pela janela.


Os alunos do primeiro ano saíram novamente, Harry se distraiu vendo-os rindo alto, felizes, e se lembrou do seu primeiro ano, naquela época suas preocupações eram outras, entretanto, percebeu que sempre havia alguma. Nenhum ano tinha sido realmente tranquilo. Aquela informação ele não havia recebido na carta de Hogwarts no seu décimo primeiro aniversário, de que sua iniciação no mundo bruxo lhe custaria todos aqueles anos de preocupações, perigos e superações... uma espécie de cobrança, a magia ali também tinha um preço, concluiu.


– Harry... – Evandra o chamou, tinha passado muito tempo em transe. – Acho que somos os únicos aqui num fim de tarde de sábado.


– Hã... ? É, por que não vai se distrair, eu quero ficar e terminar isso...


– Você não vai conseguir terminar isso tudo hoje – disse com um sorriso. – De qualquer forma vão ficar com você, por que a pressa?


Harry baixou os olhos e voltou a se concentrar no seu pergaminho, não tinha como explicar o quanto seu tempo estava limitado. Sentiu seu cheiro adocicado, de frutas, quando ela se aproximou. Só percebeu o que ela estava fazendo quando seus lábios se tocaram. Sentiu o coração acelerar e seu raciocínio se perder, aceitou seu beijo. Minutos depois se afastaram para pegar fôlego.


– Por que fez isso? – perguntou olhando em volta para se certificar que ninguém tinha visto.


– Só um beijo, Harry... O que tem demais? Você não tem namorada, não é?


– Tenho! – respondeu indignado, mas então pensou melhor. – Não... não sei... Me desculpe, eu gosto de você, você é muito legal, mas...


– Gosta? – ela perguntou sorrindo.


– Como amigo... – apressou-se em esclarecer.


– Eu te acho uma gracinha... – Evandra confessou olhando-o nos olhos.


– Hum... obrigado... – Harry sentiu-se corar, embaraçado, ficou um tempo sem saber o que dizer, sua mão estava suada e seu coração ainda batia acelerado.


Evandra lhe sorriu e voltou a se aproximar, passando a mão pelo seu pescoço. Ficou de pé num salto.


– Não Evandra, não acho certo... não estamos namorando... sabe, eu não... quero ter um relacionamento agora... não posso – disse procurando as palavras.


– Mas podemos ser amigos... – levantou-se também se aproximando dele.


– Podemos... – Harry confirmou. Ela se inclinou para ele, para encontrar seus lábios. – Amigos! – ressaltou enfático pondo mais distância entre eles.


– Sim... E você nunca beijou uma amiga? A Hermione...


– Claro que não!


– Algumas pessoas acham que já rolou alguma coisa entre vocês... – Evandra sondou. – Vocês vivem juntos, dizem que passam as férias juntos também...


– É e com o Rony. – explicou se aborrecendo.


– Hum.. E a Cho Chang...


– Ela não era minha amiga! – Harry foi até a mesa e enrolou o jornal e seu pergaminho.


Evandra puxou suas vestes fazendo- o se virar e olhar para ela, os lábios dela esmagaram os seus e suas mãos deslizaram por sua nuca. Harry sentiu sua mente esvaziar, se perdeu naquela sensação, levitou um pouco para tornar sua posição menos incômoda enquanto a abraçava.


A passagem se abriu, vozes e risos ecoaram pelo salão. Afastaram-se constrangidos, Harry contornou a mesa rapidamente deixando que seus pés tocassem novamente o chão, se dedicou a terminar de juntar suas coisas rapidamente. Levitou as caixas até seu dormitório enquanto Evandra se afastava e sentava numa poltrona distante, fingindo estar interessada numa revista que encontrou jogada por ali.


Ficou um tempo sozinho no dormitório pensando no que tinha feito, tomou um banho frio para ajudar a pôr as ideias em ordem e se concentrar no que tinha que fazer.


Até a hora do jantar tinha conseguido eliminar meia caixa. Até então não tinha achado nada que lhe dissesse muita coisa. Desejou saber o que Voldemort estava fazendo naquele momento, se estava tentando encontrar alguma coisa que pudesse ajudá-los.

Levantou e espreguiçou-se dolorido, estivera escrevendo sobre a cama, teria que encontrar um local mais apropriado no qual pudesse continuar sua tarefa sem ser interrompido, não precisou pensar muito para achar o lugar ideal.


Desceu. Cumprimentou Parvati e Lilá a caminho da saída. Evandra não estava mais por ali. Foi até a Sala Precisa, era o local perfeito, mas não conseguiu entrar, estava ocupada. Seguiu pelo castelo prestando atenção à presença do Snape. Parou às portas do salão, Snape estava lá dentro, na mesa dos professores, achou melhor não arriscar, então, foi até a cozinha, comer alguma coisa.


Ainda não tinha encontrado as meninas, tinha esquecido o mapa, não sabia onde poderiam estar. Queria saber notícias de Rony mas não queria ir até a sala de Raven para não correr o risco de encontrar Sirius. Percebeu que Draco vinha descendo as escadas, já que Snape continuava no Salão Principal, então resolveu parar no primeiro andar e esperar por ele. Quando Draco se aproximou foram ao encontro um do outro.


– Preciso falar com você. – Harry pediu. Draco o encarou surpreso e curioso. – Eu estou disposto a comprar qualquer informação importante que você tenha sobre o que ele estiver fazendo ou planejando. – Harry lhe informou.


Draco ficou mudo por alguns minutos enquanto esperavam alguns alunos que desciam se afastarem. Resolveram procurar uma sala vazia, por ali mesmo, onde tivessem mais privacidade.


– O que vai fazer desta vez? – Draco perguntou visivelmente interessado enquanto entravam na sala de aula. Harry não estava esperando por essa pergunta, imaginou que ele se interessaria em saber o que poderia ganhar, até porquê, não tinha essa resposta ainda. – Você conseguiu entrar no Ministério e ajudou a libertar os lobisomens...


– Onde ouviu isso? – Harry perguntou preocupado por essa informação ter vazado.


– Fenrir Greyback … Ele está a serviço do Lorde das Trevas...


– Não sei ainda, mas pretendo fazer alguma coisa sim... – admitiu. – E você? E os seus planos de derrubar o Lorde das Trevas? – Draco ficou encarando o vazio, perdido em pensamentos. – Desistiu?


– Uma coisa de cada vez, Potter... Tenho que resolver outro assunto primeiro – Draco lhe respondeu. Harry pensou na poção que deveria estar preparando com o ingrediente roubado.


– É a sua missão? Ele mandou que você viesse a Hogwarts para providenciar a morte de alguém?


Draco o olhou zombeteiro, quase sorriu. – Você tem cada ideia idiota... Acha mesmo que ele confiaria a mim uma tarefa dessas?


– Não sei... Você é um comensal agora... – respondeu Harry confuso.


– Foi um castigo... por tê-lo enfrentado... – Draco respondeu taciturno. – Ele só estava me tirando do caminho, assim fica mais fácil controlar a minha mãe. Minha família o tem servido há anos e com o meu pai fora, ele tem tido acesso direto aos negócios dele, enquanto eu fico jogado aqui, preso.


– Mas... e aquele frasco, para quê você o queria? – Harry perguntou, agora se sentindo realmente idiota.


– Dizem que ele é imortal... mas eu queria fazer um teste, poderia ter sido útil, se ninguém tivesse atrapalhado! – Draco disse olhando-o diretamente nos olhos.


– Ah... – Harry disfarçou coçando o queixo. – Não iria dar certo. Ele saberia, é muito bom em Legilimência...


– É por isso que aprendi Oclumência. – Draco declarou indo até a janela. – Valeria a pena tentar, se ele quase morreu uma vez deve ter um ponto fraco, talvez possa “quase morrer” novamente. – disse virando-se para encará-lo.


– Se soubermos como ele fez para conseguir isso, talvez...


– Sei que é algo que até bruxos das trevas temem experimentar, provavelmente deve estar ligado aos Antigos, não há nenhuma informação a respeito em Hogwarts. Já procurei em toda a seção reservada e não há como descobrir nada estando preso aqui – informou Draco, dirigindo-se à saída.


– Se você souber de alguma coisa...


– Eu não tenho acesso a muitas informações, minha m... fonte... não participa das decisões.


– Ah... – Harry ficou decepcionado, esperava poder obter informações mais valiosas, se lembrou de que realmente a mãe dele não era uma comensal, não tinha sentido a marca nela no Beco Diagonal.


– Mas se eu ficar sabendo de algo poderemos negociar... – Draco concordou antes de sair.


Harry ainda ficou um bom tempo sozinho naquela sala pensando no que deveria fazer a partir de então.


– O que está fazendo aqui sozinho? – a pergunta de Rony o sobressaltou.


– Rony! Você está bem? – levantou se aproximando, estava preocupado com o amigo.


– Só um pouco de dor de cabeça, mas Raven disse que é normal... – Rony foi até ele também.


– Nunca mais faço outra idiotice igual a essa! – falou com seriedade.


– Está chateado com a gente? – Gina perguntou guardando o mapa.


– Não... – respondeu evitando olhá-la nos olhos.


– Então por que está se escondendo aqui? – perguntou Mione.


Harry contou a eles o que estivera conversando com Draco, e sua ideia em tentar traçar uma trajetória dos passos de Voldemort.


– Evandra me emprestou algumas publicações do Profeta – disse evitando olhar para eles. – Datam a partir de nossa ida ao Ministério para tentar salvar Sirius. Estou selecionando notícias sobre as aparições dos comensais, qualquer coisa que me diga por onde Voldemort tem mostrado interesse. Algo que me ajude...


Sua cicatriz ardeu incomodando-o, ficou na expectativa de obter alguma imagem ou informação, mas parou logo a seguir deixando-o decepcionado. Os amigos se mostraram meio céticos com a sua ideia, mas era a única que tinham.


Harry passou os próximos dias se dividindo entre as aulas, os deveres de casa, os treinos de quadribol, os quais tentava faltar sempre que possível, mas sem muito sucesso, e à sua busca nas antigas edições do profeta, anexando a isso os exames diários nos jornais que Hermione recebia.


Ainda tinha que se preocupar em evitar o Snape e agora também Evandra, que parecia ter anotado seus horários vagos e tentava ficar a sós com ele sempre que possível. Rony e Hermione o ajudavam apesar dele insistir por várias vezes que poderia fazer sozinho, para não deixar que eles também se atolassem com os deveres.


Estava evitando Gina também, mas por se sentir culpado, tinha a sorte de ter a desculpa do excesso de deveres, que realmente estavam se acumulando, ela também precisava estudar para os NOMs, então se viam muito pouco.


– O que está acontecendo entre você e a Evandra? Você fica estranho quando ela está por perto – Rony o acusou. – Por que a está evitando?


Harry ouviu em silêncio suas indagações. Estavam sozinhos no dormitório, Simas, Dino e Neville ainda não haviam retornado do jantar. Contou a ele sobre o que havia acontecido entre os dois.


– Então é por isso? – Rony perguntou assumindo um ar meio aborrecido. – Você está afim dela!


– Não! – afirmou veemente. – Eu não tinha intenção de beijá-la, só aconteceu....

– Só porque a beijou você fica nervoso quando a vê? Então ficou balançado...


– Já disse que não. Eu gos.. eu ... – gaguejou sem jeito. – Ela é mais alta do que eu...!


– Todo mundo na minha família é alto, Harry... – Rony disse num tom ofendido. – Mais alto que você, pelo menos.


– E daí? – perguntou sem entender seu comentário. – Na minha, pelo jeito, não...


Rony jogou um travesseiro em sua direção, mas Harry se desviou agilmente.


– Não conta pra ninguém, não quero que as meninas saibam – pediu.


– É... – Rony concordou olhando-o atravessado. – É melhor...


Durante às quintas, quando Rony e Mione assistiam aulas de Poções ele ia sozinho para a Sala Precisa, lugar que tinham escolhido para analisar com calma as publicações. Apesar de estarem tendo dificuldades em encontrá-la vazia ela era a melhor opção, tinham começado a marcar no mapa, que a sala lhes forneceu, os locais onde eram registradas atividades dos comensais, para terem uma melhor visualização do que estavam fazendo. Hermione havia juntado, às marcações do mapa, também as datas dos acontecimentos.


– Durante duas semanas houve sete denuncias de suspeitas de comensais rodando essa área – Harry disse apontando o mapa. – E outros mais em lugares distintos e distantes, podem ter sido alarmes falsos... ou não, mas com certeza teve algo aqui que os interessou.


– É... parece que sim... – Mione concordou pensativa. – Mas depois não aconteceu mais nada até...


– Até a noite que eu tive o pesadelo... com Tahaus... que foi no dia em que você chegou à Toca... – Harry concluiu verificando as datas.


– Deve ter alguma coisa relacionada a isso... – Mione o olhou intrigada.


– Com o quê? Com a sua chegada à Toca?! – Rony perguntou sem entender.


– Não! Com o pesadelo do Harry...


– Ah... Mas depois disso não houve concentrações – Rony informou.


– Estranho... – Mione comentou. – Essas aparições de comensais em público... parece exibicionismo. Fora as mortes e desaparecimentos, que ocorrem sem testemunhas, eles só aparecem em público para vandalizar e chamar a atenção, não acham?


– Bom, pelo menos eu tenho um lugar por onde começar... – Harry anotou num papel o nome do bairro onde ocorreram as primeiras aparições: Little Hangleton.


– Mas se ele já esteve lá, Harry, e até agora não encontrou nada...


– Não estou esperando encontrar a cura milagrosa para o meu problema, quero ao menos obter alguma informação útil... E tem o Beco Diagonal, eu quero checar se há alguma base de reunião deles lá.


– Draco não disse que Você-Sabe-Quem assumiu os negócios da família dele? Então pode ser que estivessem saindo do cofre dos Malfoy, eles são ricos... – Rony concluiu.


– Talvez, mas mesmo assim quero checar isso. – Harry acrescentou mais algumas marcações no mapa. – Hermione, seus pais guardam as edições dos jornais trouxas diários?


– Não... Por quê? – respondeu sem tirar os olhos do mapa.


– Onde você acha que eu posso encontrar os registros dos últimos acontecimentos noticiados pelos trouxas?


– Na Biblioteca...– Mione respondeu prontamente e o olhou curiosa, mas Harry não disse mais nada, continuou com sua tarefa.


Naquela mesma noite chamou por Sirius , pelo espelho, e pediu que lhe enviasse o par de lentes que havia deixado para trás decidido a nunca mais voltar a usá-lo, Sirius havia comprado dois pares para ele, ainda restava um.


– Você não gostou de usá-las... Para quê as quer?


– Estou a fim de mudar um pouco de visual, nada de mais... Pode me mandar também um frasco de colírio do tipo que a Raven usa?


– A Raven usa colírio? – Sirius estranhou. – Para quê?


– Ora... não usa? – perguntou confuso. – O John usa lente colorida e eles têm a mesma cor de olhos...Pensei que ela usasse também... – Harry argumentou.


– Eu... nunca perguntei isso. – Sirius admitiu desconcertado. – É o tipo de coisa que eu deveria saber...


– Acho que você iria acabar descobrindo, de qualquer jeito... – Harry comentou se perguntando se seria uma prova de anti-romantismo não saber a verdadeira cor dos olhos da namorada. – E o Lupin? – perguntou desejoso de poder falar com ele finalmente.


– Está fora... com o bando... – Sirius respondeu distraidamente.


– Como assim?! Está andando com eles novamente? Mas...


– Não com o bando de Voldemort – Sirius explicou. – Depois que fugiram do Ministério poucos voltaram para ele. Remo está tentando convencê-los a vir para o nosso lado. Afinal estiveram próximo da morte e nenhum comensal foi salvá-los... Se não fosse por... – Sirius se freou a tempo, mudando de ideia.


– Tudo bem não precisam nos agradecer... de novo! – Rony comentou sarcasticamente da cama dele, de onde acompanhava a conversa observando o teto.


– Ah, Rony! – Sirius reconheceu sua voz. – Também não precisa agradecer por eu não ter contado aos seus pais que você andou se embebedando.


– Obrigado, cara! Eu nunca mais vou fazer aquilo de novo – Rony prometeu de sua cama.


– É o mínimo que eu espero... A propósito, vão me contar o que aconteceu naquele dia? – Sirius perguntou cauteloso por aquilo ter sido motivo de desentendimento entre eles.


– Vou. – Harry concordou. – E você vai me dizer o que o Ministério quer contigo?


Sirius disfarçou, disse que voltaria a entrar em contato e se despediu.


– Você percebeu? – Harry perguntou a Rony. – E ele acha que eu tenho que contar sempre a verdade de tudo o que acontece, quando ele não me conta nada...


Elisa Vrastani - Magia, Poder e Destino I            190


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.