Hogwarts



HOGWARTS



Foram conduzidos pelos membros da Ordem ao castelo, enquanto os aurores coordenavam o desembarque dos outros alunos. A Profª Mc Gonagall os recebeu e levou, apressada, à Ala Hospitalar apesar das explicações de Justino e Cátia de que não haviam se ferido.


– O Diretor me mandou uma mensagem dizendo que vocês deveriam ser mantidos aqui! Estiveram expostos à Magias desconhecidas... Papoula irá cuidar de vocês... – Saiu e trancou a porta.


– Ela nos trancou mesmo! – Padma reclamou testando as portas.


– Ótimo, já chegaram... – Madame Pomfrey surgiu com uma bandeja cheia de copos. – Vocês vão beber isso aqui... – disse enchendo os copos com um líquido verde e viscoso. – Vai ajudálos a repor as energias!


Harry foi o primeiro a pegar um copo e bebeu sem reclamar, apesar do gosto horrível, os outros se sentiram encorajados a fazer o mesmo.


– Vou mandar trazer o jantar de vocês...


– Vamos ter que comer aqui? – Ernesto perguntou indignado.


– Ora, Sr. MacMillan! O que esperava? Uma festa? Com tudo o que está acontecendo lá fora? – Madame Pomfrey o repreendeu.


Eles se espalharam pelos leitos. Após tomarem banho e vestirem os pijamas da Enfermaria receberam o jantar, que como lhes foi explicado estava sendo servido no Salão das respectivas Casas, os novos alunos haviam sido levados pela Profª Minerva para serem selecionados, sem a tradicional cerimônia.


– Você está bem, Potter? Madame Pomfrey perguntou se aproximando. – Não está ferido?


– Não. Eu estou bem – respondeu encabulado. – Não vamos poder ir para os nossos dormitórios?


– Claro que não! Há leitos suficientes aqui! – dividiu a enfermaria em duas partes para dar maior comodidade às meninas.


– Não acredito que vão nos prender aqui até amanhã! – Justino reclamou quando foram deixados sozinhos.


Harry ficou pensando nos últimos acontecimentos. Em todas as vezes que tinha se encontrado com Voldemort a dor em sua cicatriz fora insuportável, em todas, ele tentara afastá-lo fechando sua mente, mas sem sucesso. Agora se livrara desse incômodo justamente permitindo que a conexão se estabelecesse, embora outros incômodos tenham substituído a dor, poderia se defender melhor dessa forma.


Ouviram a voz do Ministro do lado de fora da porta fazendo exigências, ficaram em silêncio enquanto o tom enérgico de Dumbledore se sobrepunha e logo depois passos se afastando e silêncio.


– Dumbledore não o deixou entrar, por que será? O que está acontecendo lá fora? – Simas se perguntou.


– Seja o que for não estou a fim de encontrar o Ministro ou os membros do Ministério hoje. – Harry disse se deitando. Retirou os óculos e ficou fitando o vazio enquanto ouvia os amigos conversando. Estava esgotado e dolorido, não demorou a adormecer.


Acordaram cedo, na manhã seguinte, Cólin e Dênis acordaram, e foram acordando os demais com suas conversas e brincadeiras. Tiveram que tomar o café-da-manhã na enfermaria. As portas continuavam trancadas e ninguém apareceu para explicar o que estava acontecendo.


– Será que fomos contaminados por alguma coisa e colocaram a gente de quarentena? – Denis perguntou preocupado. Os outros o olharam com descrença. Harry não conseguiu evitar de achar graça. Gina sorriu também embora não tivesse entendido, e sentou ao seu lado.


Começaram a reclamar com Madame Pomfrey. Receberam seus uniformes, mas foram impedidos de sair. Simas, Dino, Justino e Ernesto começaram a se distrair testando feitiços e fingindo duelar.


– Você vai continuar nos dando aulas esse ano, não vai Harry? – Ernesto perguntou enquanto desarmava Dino com maestria.


Harry sentiu um vazio no peito, a lembrança da perda de sua varinha o assaltava continuamente. As portas da enfermaria se abriram e por ela entraram Scrimgeour, Quim e dois membros da Ordem, contrariados com a presença do Ministro, tinham estado montando guarda do lado de fora da porta por ordens de Dumbledore.


– Não se preocupe, só teremos uma rápida conversa com os garotos. – o Ministro disse ao ver Madame Pomfrey se aproximar irritada. – Ora, mas vocês parecem estar muito bem! – comentou enquanto Papoula se retirava.


Eles se entreolharam estranhando o comentário.


– Ouvi o relato dos colegas de vocês e dos meus funcionários, agora gostaria de ouvir por vocês, os acontecimentos de ontem... – o Ministro ficou contemplando os rostos deles e o silêncio. – Pelo que entendi, Potter, você liderou esses alunos no contra-ataque de ontem...


– Não, não atacamos ninguém. Pensamos que estivéssemos sendo atacados e tentamos tirar os outros alunos de lá, os aurores estavam ocupados...


– Sim, mas você os liderou, não é? – recebeu seu silêncio como uma afirmativa. – que sorte contar com a ajuda de seguidores tão corajosos, dispostos a enfrentar o perigo...


– São meus amigos! – Harry o corrigiu indignado. – Não tenho seguidores...


– Ah, claro! Desculpe... Expressei-me mal – respondeu cinicamente. – E o que vocês têm a me contar? – perguntou olhando para os demais. – O que aconteceu ontem?


Olharam para Harry aguardando uma orientação, Harry desejou que não tivessem feito isso, Scrimgeour os observava atento. Contra a vontade fez um sinal com a cabeça para que eles se sentissem à vontade para responder. Ernesto tomou a frente pomposamente, os outros logo o imitaram. Harry trocou um olhar apreensivo com Rony e Mione.


Dumbledore entrou tempestuosamente na enfermaria, os gestos tranquilos se contrapondo ao olhar zangado.


– Ministro! Pensei ter dito ontem que o chamaria quando os garotos estivessem prontos para dar seus depoimentos...


– Eles parecem prontos para mim... não posso esperar muito tempo! Os pais de alunos estão aí fora, eu tenho que dar uma explicação!


– Não acredito que eles terão muito a acrescentar, seus funcionários já ouviram exaustivamente os alunos...


– Não os alunos da “Armada de Dumbledore” - disse enfatizando as últimas palavras.


– Alunos de um grupo de estudos, corajosos, mas apenas alunos... Já discutimos sobre isso ontem, Ministro...


– Tudo bem, eu só quero ouvir o que eles têm a dizer...Já sei o que tentaram fazer, sobre o trem, quero saber o que aconteceu na floresta.


Harry teve que contar já que fora o primeiro a entrar, Dumbledore não pareceu se incomodar, então contou tudo de que se lembrou, exceto o fato de ter tido dois pontos de vista do confronto.


– Toda a história bate perfeitamente com o que já ouvi. – Scrimgeour comentou como se tivesse esperado ouvir alguma mentira. – Por quê? – perguntou a Dumbledore. – Há séculos que não se tem notícias dessas criaturas, deveriam estar extintos, por que estão se arriscando a aparecer agora... – Olhou para Harry, estudando-o. – Como e onde fez contato com essas criaturas? Por que estão interessadas em você?


– Harry não sabe nada a respeito disso, Ministro! – Dumbledore respondeu firmemente. – Não é o tipo de magia que ensinamos em Hogwarts. Seja lá o que queiram, com certeza está relacionado à Voldemort.


– Claro... mas então, parece que estão se desentendendo. – Scrimgeour disse se empertigando.


– Quem sabe não encontraremos um corpo naquele lugar, hoje. É bom saber que desta vez, pelo menos, não estão do mesmo lado, como poderíamos temer...


– Vão voltar lá hoje? – Harry perguntou esperançoso.


– Temos que encontrar os seis alunos que desapareceram e três de nossos aurores.

Harry se lembrou de ter visto os alunos fugindo durante a confusão. O Ministro não pareceu tão altivo ao afirmar isso.


– Será que eu posso ir também? Não vou atrapalhar... – Pediu no tom mais educado que pôde.


O Ministro e Quim o olharam com incredulidade.

– Eu perdi minha varinha, com certeza ela ainda está lá, em algum lugar!


– Se ela estiver lá, nós a encontraremos. – Dumbledore garantiu.


Harry passou o resto da manhã pensativo. Muitos pais de alunos chegavam e partiam, queriam ver se seus filhos estavam realmente bem. Hogwarts só voltaria ao funcionamento normal no dia seguinte. Harry manteve-se distante do Salão de Entrada, para evitar os olhares curiosos.


O Sr. Weasley apareceu com Sírius. Falaram com eles brevemente. Arthur precisava voltar logo para o Ministério, tinha que despachar uma mensagem para Molly, tranquilizando-a. Sirius foi se juntar aos outros na busca, era um bom cão de caça.


Depois do almoço a Professora McGonagall os procurou para entregar os horários. No caso dos alunos do sexto ano, tinha que conferir as matérias que cursariam, de acordo com os NOMs obtidos. Harry escolheu continuar Feitiços, Defesa contra as Artes das Trevas, Herbologia e Transfiguração, assim como Rony. Mione optou por Feitiços, Defesa contra as Artes das Trevas, Herbologia, Transfiguração, Aritmancia, Runas Antigas e Poções. Rony espiou assustado as suas opções. A Professora McGonagall recolheu o horário deles.


– Temos uma novidade para vocês. – Minerva informou analisando as fichas de Rony e Harry.


– Vocês vão poder continuar estudando Poções com o Prof. Snape. – Harry e Rony a encararam com espanto.


– Como assim? Tiramos apenas um “Excede Expectativas”, o Prof. Snape só admite quem conseguir “Ótimo”. – Rony lembrou perplexo.


– Sim, mas esse ano... – Acrescentou com um suspiro. – O próprio Ministro intercedeu junto ao Diretor para que fossem reavaliadas as exigências para essa matéria...


– Para quê? – Harry perguntou com um mau pressentimento.


– Creio que ele ficou sabendo, pela Dolores Umbridge, da sua pretensão em se tornar auror, e como as notas dos NOMs são informadas todos os anos ao Ministério... – disse pesarosa. – Ele deixou a entender que espera ficar no cargo tempo o suficiente para tê-lo como um dos seus funcionários. – disse severamente.


– Eu não quero! – Harry respondeu alarmado. – Desculpe Professora, mas eu mudei de ideia, não quero mais ser um auror!


– Eu acho que vocês não deveriam perder essa oportunidade, não deixem seus sentimentos interferirem na razão. – Minerva argumentou.


– Não Professora, obrigado, mas eu não vou mudar de ideia.


– Tudo bem então, Potter. Também tenho uma boa notícia para você. – disse num quase sorriso. – Você será o novo Capitão do time de Quadribol esse ano.


Rony, Gina e Hermione sorriram para ele. Ele os olhou indiferente.


– Mas eu nem pretendo jogar Quadribol esse ano... – informou aos seus perplexos amigos.


– Como assim!? – Minerva perguntou chocada. – Do que você está falando?!


– Eu também não joguei no ano passado... não pretendo voltar esse ano. – disse estranhando o espanto da Professora.


– Ano passado! Por favor, Sr. Potter! Não vamos falar das atrocidades que funcionários do Ministério cometeram em Hogwarts ano passado! – disse referindo-se ao período em que Dolores assumiu como Diretora e o expulsou do time, juntamente com os gêmeos Weasley.


– Sério Professora, eu não estou com cabeça pra pensar em jogo esse ano. – Na verdade, não conseguia ver mais graça alguma em voar, limitado pelo uso de uma vassoura.


– Vou deixar que você pense melhor a respeito, depois você me dá uma resposta. – Afastou-se zangada.


– Harry... Você sempre gostou tanto de jogar Quadribol... – Gina disse quando a Professora se afastou.


– Sério, não tenho tempo para pensar em jogo agora, depois não seria um jogo honesto... – Não precisou entrar em detalhes, seus amigos entenderam o que queria dizer.


– Dá pra acreditar nisso? – Rony perguntou mudando de assunto. – Voltar a ter aulas com Snape!


– Eu não o vi ainda... – Harry observou.


– Espero não vê-lo nunca mais! – Rony comentou enquanto saíam para os terrenos.


– Eu acho uma bobagem, vocês deveriam aproveitar a oportunidade e continuar as aulas.


– Pra quê, Mione? – Rony se surpreendeu – Nunca aprendemos nada mesmo!


Hermione suspirou.

– Vai ser estranho, sem ter vocês lá, comigo...


– Vai sentir a minha falta? – Rony perguntou brincalhão.


– Vou sentir a falta dos dois... – Mione respondeu corando.


Harry e Gina se entreolharam segurando o riso.


Passaram a tarde com Hagrid. Quando entraram em sua cabana perceberam o quanto sentiram falta de Hogwarts. Recontaram a Hagrid todo o ocorrido no dia anterior. O amigo os ouviu chocado e quando acabaram continuou em silêncio, o olhar perdido. Harry olhou para os amigos se animando, Isso não lhes havia ocorrido até então.


– Hagrid... – perguntou da forma mais descontraída que conseguiu. – O que você sabe sobre a Magia Oculta?

Aguardaram esperançosos enquanto Hagrid coçava o emaranhado de pelos que era a sua barba.


– A coisa mais importante que vocês devem saber sobre a Magia Oculta... – disse olhando bem nos olhos ansiosos de cada um deles. – É que é melhor não saber nada!


– Mas Hagrid... – Hermione disse meigamente. – Se o Harry está sendo atacado por esses praticantes de Magia Oculta, não acha que ele deve saber ao menos o que ela é? Assim poderá aprender a se defender...


– Hermione! – Hagrid ralhou com ela. – A curiosidade foi o primeiro passo dado pelos que caíram na tentação da magia livre... Olha como eles acabaram!


– Como?! – Rony e Gina perguntaram ao mesmo tempo.


– Não! Não! Vão! Voltem para o castelo, eu não sei de nada... Já está entardecendo, vão!


Saíram e voltaram para o castelo, realmente já estava entardecendo e Harry queria aguardar a chegada dos aurores.


– Ele ficou mesmo nervoso, não acham? - Mione observou.


– Eu é que estou ficando nervoso com tudo isso! – Harry informou irritado. – Ninguém parece se importar com o fato de que eu teria morrido se Voldemort não estivesse lá!


– E isso foi realmente estranho – Rony disse ao seu lado enquanto caminhavam. – Por que se dar ao trabalho de vir até aqui, quando era mais fácil esperar que os outros fizessem o serviço pra ele, que diferença faria?


– Não fala assim Rony! – Gina se irritou.


– É verdade. – Harry concordou. – E poderia ter me matado a qualquer momento, ele mesmo, eu nem tinha uma varinha...


– Harry... – Rony o chamou pensativo. – Se você perdeu a sua varinha assim que entrou na floresta, como foi que fez aquele feitiço contra aqueles dois desconhecidos?


– Que feitiço? – Harry perguntou sem entender.


– Quando te encontramos na floresta... – Mione completou. – Você fez alguma coisa com as árvores à nossa volta...


– Não... não fiz nada...Se não foram vocês...


– Tenho certeza de que foi você, Harry... deu pra sentir... – Rony acenou pra ele concordando.


Não deu importância, havia um grupo de funcionários do Ministério se aproximando do castelo. Os aurores voltaram com seis alunos assustados e famintos que haviam por sorte se embrenhado pela floresta, do lado aposto onde ocorrera o conflito. Sirius e Moody estavam com eles.


– Desculpe Harry, achamos essas cinco varinhas... – disse mostrando as varinhas que haviam encontrado na floresta. – Mas creio que nenhuma seja a sua.


Harry confirmou com a cabeça. Sentiu os olhos embaçarem, tinha perdido uma amiga, sua companheira.


– Vou pedir permissão a Dumbledore para te levar ao Olivaras no sábado, você vai poder comprar outra, tão boa quanto a primeira...


Harry o olhou sem dizer nada. Não haveria outra tão boa quanto a sua, que tinha sido feita com uma pena de Fawkes, a fênix de Dumbledore. Passou o resto da noite deprimido.


 

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