O Lord



O LORD


Os dias correram sem mais incidentes, mas a casa já estava parecendo pequena e claustrofóbica, tentavam inventar várias formas de se distraírem, mas na manhã do quinto dia já estavam sem ideias. Harry sugeriu que fossem dar umas voltas, não precisavam cumprir o castigo com ele, não tinham feito nada de errado, mas eles recusaram.


– Por que vocês não vão jogar uma partida de quadribol? – Sirius sugeriu.


– Mas Sirius, você me colocou de castigo...


Rony lançou um olhar de incredulidade para Harry.


– Ah! É verdade. Então, está liberado, podem ir.


Não conseguiram esconder a satisfação, nenhum deles aguentava mais ficar trancado em casa. Harry pegou sua firebolt e rumaram pra Toca. Fred e Jorge passavam o dia na loja, trabalhando, só voltavam à noite, quando não dormiam lá mesmo, no Beco Diagonal, então só jogaram os quatro; Gui e Fleur, agora noivos, só regressavam no final da tarde.


Sra. Weasley estranhou a presença deles, então, Harry contou que havia sido liberado do castigo. Ela se limitou a dizer um “Hum”, como se achasse que Sirius estivesse sendo muito mole com ele, na verdade, não lembrava da Sra. Weasley ser tão rigorosa assim.


– Mamãe só está com ciúmes, sabe – explicou Rony. – Ela já havia sugerido várias vezes à Dumbledore que você poderia morar aqui em casa, mas ele não achou boa ideia, e agora que você não vai mais passar suas férias conosco... bem, na verdade não vejo diferença, mas mamãe, sabe como é...


– Eu não sabia disso... – Harry ficou surpreso. Teria adorado, se os Weasley ficassem com a sua guarda, isso é, se Sirius não pudesse...


Jogaram até o pôr-do-sol. Rony queria que Harry o ensinasse a voar sem a vassoura, Harry tentou explicar como pôde, para insatisfação de Hermione, mas Rony não conseguiu grande êxito.


Quando voltaram à Toca Sirius os aguardava, conversando com o Sr. Weasley. Gina disse que ficaria na Toca, estava com saudades de casa. Quando foram embora Harry sentiu um vazio estranho no peito, já havia se acostumado a serem um quarteto.


Voltaram voando, Hermione de moto com Sirius, Rony e Harry de vassoura. A pedido de Rony, Sirius lhe deu algumas aulas de direção. Quando caiu a noite Rony já conseguia se manter equilibrado sozinho.


– Só por favor, não vão colocar a mão nela sem a minha autorização – Sirius pediu. – E não conte pra sua mãe!



Na manhã seguinte Sirius sugeriu uma visita aos Lovegood, enviara uma coruja há alguns dias e recebera a resposta de que ficariam honrados em recebê-los. Seria uma longa caminhada, então, Sirius sugeriu que levassem suas vassouras, Hermione iria de moto com ele se desejasse, o que ela aceitou prontamente, não gostava muito de voar em vassouras.


Harry disse que tinham que passar na Toca primeiro, pra buscar Gina, e assim fizeram.


Tonks, quase irreconhecível, com longos cabelos azul-marinho e óculos escuros, se juntou a eles na Toca, Sra. Weasley parecia hesitante em deixar que Gina os acompanhasse. Harry ficou preocupado, não sabia se seria realmente seguro. Gina bateu o pé e conseguiu ser liberada.


Apostaram corrida na ida, Harry ganhou da moto de Sirius, que argumentou não ter usado todo o potencial de sua Scarlet, nome que havia dado à moto, que era apenas para ocasiões especiais. Harry ficou curioso pra saber o que Scarlet poderia fazer, mas logo esqueceu.


A casa dos Lovegood era, como os donos, excêntrica. Luna veio recebê-los com o pai, estava tão feliz que seu entusiasmo influenciava a todos. A casa tinha uma grande concentração de artefatos estranhos. Havia uma grande estufa que lembrava as estufas de Hogwarts, o resto da casa subia em espiral se estendendo por três andares.


Enquanto lhes era mostrado a casa, na sala de estar, a um canto era rodado O Pasquim, revista da qual o pai de Luna era editor-chefe. Deixaram Sirius e Tonks com o falante e excêntrico Lovegood e foram com Luna conhecer as estufas e o jardim. Foi uma manhã muito agradável e Harry aproveitou para convidá-los para sua festa de aniversário, que seria em dois dias.


– Agora que somos vizinhos, Luna, poderemos marcar algum passeio interessante nas férias, e você pode ir me visitar também.


– Que bom, Harry. Eu sempre quis ter vizinhos pra visitar, mas nunca fui convidada. – Luna usava seu tom meigo e evasivo de sempre, mas os dois Weasley não conseguiram evitar de corar um pouquinho.



Na manhã de seu aniversário encontrou uma pilha de presentes ao pé da cama, começou a desembrulhá-los imediatamente. Ganhou uma caixa de doces de Rony, um canivete novo de Hermione, o que Sirius lhe dera havia se estragado no Ministério. Abriu os outros embrulhos, de Fred e Jorge, do Sr. e da Sra. Weasley, de Hagrid, Lupin, dos Lovegood, Tonks, Olho-Tonto,...  embaixo dos demais um pequeno e delicado embrulho de Gina. Abriu-o, curioso, era a primeira vez que ela lhe mandava um presente... um cachecol preto, nas pontas, um tigre bordado em cor prata e olhos verdes, era tão perfeito e assustador, ao mesmo tempo delicado.


A casa estava bem agitada, ele, Hermione e Rony, começaram cedo a ajudar nos preparativos. Os Weasley chegaram a seguir. Harry agradeceu pelos presentes, disse a Gina que havia adorado sua escolha.


– Foi eu quem o bordou, Harry. Não achei uma linha que pudesse recriar a cor dos seus olhos, mas...


– Meus olhos...?!


– Foi um sonho que tive, sonhei que estávamos correndo pela floresta proibida, fugindo de alguma coisa, de repente eu olhei para o lado e você não estava mais lá, só ele. – contou embevecida.


Harry ficou sem palavras, era um animal muito bonito, embora tivesse achado o sonho mais parecido com um pesadelo. Hermione olhou-os tentando esconder um sorriso. Gina riu, Harry não entendeu, mas não teve tempo de perguntar, a Sra. Weasley passou distribuindo mais tarefas.


Foi um dia agitado e cansativo. No começo da tarde estava tudo pronto, subiram pra se arrumar. As meninas demoravam demais no banheiro, Rony e Harry desceram pra usar o de baixo, quando voltaram, pra se vestirem no quarto, elas ainda não haviam terminado. Harry tentava disciplinar seus fios rebeldes enquanto Rony lutava com uma blusa que parecia ter encolhido um pouco.


– Ahh... que droga! Eu adorava essa blusa!


– Pega uma minha... – Harry ofereceu.


– Fala sério! Você acha que cabe em mim?


– Quem mandou crescer demais?


– As garotas gostam... – disse Rony, despindo-se e pegando outra blusa no armário.


– Quem disse isso?


– Ora, eu convivo com mulheres em casa, mamãe, Fleur...


– Gina também? – seu tom de voz, não pôde disfarçar, estava apreensivo.


Olhou-se no espelho e não teve como não enxergar agora, em comparação ao reflexo de Rony, ao seu lado, que parecia bem mirrado para dezesseis anos, ficou deprimido.


– O que foi?! – Rony estranhou seu olhar.


As meninas empurraram a porta e entraram, rindo.


– Hei, ainda estamos nos vestindo!! – Rony reclamou. Harry vestiu rapidamente seu blusão.


– A porta estava entreaberta! Não estamos vendo nada de mais!


Harry corou às palavras de Gina, imaginou que ela devia achar seu físico bem sem graça em comparação ao outros garotos da sua idade. Nesse momento duas corujas entraram voando pela janela, assustando-os. Largaram uma caixa nos braços de Harry e saíram.


– Mais presentes? A colheita esse ano foi boa... – Rony se aproximou e segurou a caixa enquanto Harry desprendia o bilhete.


“Conforme prometido, uma prova de minhas palavras, posso te oferecer mais que isso. Aproveite-o bem. L.V.”


Gina, que agora estava ao seu lado, ficou pálida. Assim como ele devia ter reconhecido a letra. Hermione não demorou a entender também.


– De quem é afinal? – Rony quis saber.


– Se livra logo disso! – Hermione puxou uma extremidade da caixa.


– Não! – Harry reclamou. – Eu quero ver!


– Não abre, Harry, deve ser perigoso! – Gina pediu.


– Eu não vou jogar fora, eu nem sei o que tem dentro!


Hermione e Gina tentavam puxar a caixa enquanto Harry, segurando o mais firme que podia, tentava argumentar com elas.


– O que foi?! O que está havendo?


– Rony, me ajuda aqui! – Harry pediu. Os quatro começaram a discutir enquanto disputavam a caixa.


O barulho chamou a atenção de Sirius e Molly que apareceram de repente à porta do quarto.


– O que vocês estão fazendo?! – Sirius avançou dentro do quarto.


Harry e Rony conseguiram se apoderar do embrulho. Harry jogou-o rapidamente para baixo da cama enquanto as meninas se voltavam para os recém chegados.


– Não está acontecendo nada – Harry se antecipou. – Não estamos brigando.


Hermione abriu a boca pra dizer algo, mas Sirius foi o primeiro a falar.


– Harry, por que não está vestido? E você, Rony? Na presença das meninas?!


Harry olhou para sua blusa ainda aberta, Rony, sem blusa...


– Gina e Hermione, desçam já! Não devem ficar no quarto dos garotos desse jeito, deixem que se vistam primeiro! Lá pra baixo, quero ter uma palavrinha com vocês... – Molly ralhou.


Hermione corou mas não disse nada. Gina lançou a Harry um olhar preocupado antes de sair.


– Bem, o que foi isso? Por que estavam discutindo?


– Não estávamos – Harry repetiu enquanto se ajeitava – É cisma da Mione.


– Tá OK, mas vocês estão crescendo e não fica bem se apresentarem desta forma na presença das garotas ...


Sirius passou um sermão demorado sobre comportamento que Harry achou totalmente despropositado, nunca tivera por costume trocar de roupa na frente delas. Pelo olhar de Rony, imaginou que o amigo estava pensando o mesmo.


Acabaram descendo os três juntos e Harry não pôde examinar a caixa. Encontraram Hermione e Gina na sala ainda ouvindo o sermão da Sra. Weasley, saíram rapidamente.


Mais tarde as avistaram no jardim, Gina parecia encabulada, mas Hermione lhes lançou um olhar fulminante.


– Vem, Harry, é melhor a gente manter distância, por enquanto... – Rony o puxou – Afinal, o que aconteceu?


– Voldemort me mandou a caixa...


– O quê??!!! – Rony falou tão alto que chamou a atenção dos mais próximos.


Olho-Tonto e Tonks se aproximaram pra falar com ele. Mais convidados foram chegando e não puderam mais tocar no assunto. Sirius o interceptou e disse que havia se decidido pelo seu presente e que ele saberia no final da festa. Harry se entusiasmou.


– Você está falando sério?!


– Claro, Harry! – estranhou – Não pode ser aqui, na frente de todos.


– É mesmo!! Mas não é algo demorado? Não vai levar vários dias?


Sirius o olhou, surpreso. – Do que você está falando, Harry?


– Você não vai ajudar a me transformar em um animago?


Harry estranhou a pergunta, pois havia sido isso que pedira a Sirius, e depois não conseguira pensar em outra coisa.


– Não, Harry! – Sirius disse, chateado. – Já te disse que não! É perigoso demais!


– Tá bom... O que é então?


– Algo menos perigoso, mas igualmente proibido – assegurou – Então, só mais tarde.


Harry não gostou do suspense, agora eram duas coisas que o estavam intrigando. Estava ansioso pra subir e abrir a caixa, mas não poderia se ausentar sem que percebessem, a todo instante alguém o parava para conversar.


Hermione e Gina os estavam evitando. Rony também pareceu chateado, não parava de lançar olhares para elas, mas quando tentavam se aproximar elas se afastavam.


Os Lovegood chegaram, ambos, pai e filha, com vestes verde-garrafa. Luna estava muito bonita, depois de falar com eles se juntou à Gina e Hermione.


O som tocava várias músicas animadas das bandas de rock preferidas de Sirius, mas eles não prestavam muita atenção.


Rony e Harry combinaram chamar a atenção delas e entraram na casa indo em direção ao quarto, não demorou pra que ouvissem seus passos correndo para alcançá-los.


– Você não vai mesmo fazer isso, não é, Harry? – Hermione parecia bem chateada.


– Mione... Eu não vou fazer nada, só ver o que tem dentro, prometo. Depois eu entrego à Ordem, seja lá o que for. Entrego nas mãos de Dumbledore, se você quiser, mas primeiro eu quero ver o que é, entende?


Hermione pareceu mais tranquila. Gina não argumentou.


– Então é melhor ver logo, Harry. Se Dumbledore vier você poderá entregar ainda hoje. – Luna lhe sorriu.


Não era bem o que tinha em mente, gostaria de ter mais tempo, mas perante o olhar de aprovação de Hermione não pôde argumentar.


Subiram e Harry puxou a caixa de debaixo da cama. Os cinco se agacharam em volta dela. Abriu impacientemente o embrulho. Gina puxou seu braço, assustando-o.


– Não toque, pode ser uma chave de portal...


Harry tirou a tampa e olharam dentro da caixa. Ficaram, por alguns segundos, imóveis.


Hermione arfou, agarrou rapidamente o objeto e puxou pra si.


– Pensei que fosse pra não tocar! – Rony reclamou.


– É um livro!! Parece muito antigo...


Harry o tirou das mãos de Hermione. Alisou a capa, era dura, parecia couro, as folhas eram amareladas e puídas em algumas partes. Abriu-o. Havia uma dedicatória na primeira página.


“Este livro agora pertence ao Harry Potter, seu portador, responsável por seu uso e proteção”.



– Estranho... é tão... humano, não imagino Voldemort fazendo uma coisa dessas. Me enviando um livro de presente...


– Com dedicatória! – exclamou Rony.


Começaram a desfolhar as páginas. Tinha todos os tipos de feitiços, contrafeitiços, poções, encantamentos, quanto mais desfolhavam mais havia para ver...


– Olhem! Ensina a preparar a poção de Mata-Cão! – Harry exclamou, alegre.


– Hum... Talvez Lupin se interesse em ler isso. – Gina ponderou.


– Podemos preparar para ele... não parece muito complicado...


– Você acha?


– Olha só isso, Harry, transformação....seja lá o que for... Olhe só as figuras! Transfiguração de seres humanos em animais... e objetos! Huh! – Rony fez uma careta. – Que estranho! Mas podemos tentar...


– Até parece que o Harry vai tentar usar algum desses encantamentos ilegais! – Hermione irritou-se.


– Quem disse que é ilegal?


– Vindo de quem veio, com certeza essas coisas estranhas são artes das trevas, e Harry nem vai ficar com o livro!


– Tem muitas coisas legais aqui também, Mione. Até as que aprendemos em Hogwarts.


– É, mas você não vai ficar com o livro, não é? Tá na cara que foi enfeitiçado! – Gina argumentou.


– E com artes das trevas! – Hermione sentenciou. – Parece que não tem fim, quantos tipos de encantamentos diferentes poderia ter um livro normal? Nem há título! – fechou o livro em sua mão, a capa nada continha.


Harry abriu-o novamente, na página inicial, numa folha em branco que não haviam visto antes, no centro e em negrito, o título: O Lord.


– Essa folha não estava aí antes – Luna observou.


– Isso é tão esquisito. – Hermione pegou o livro. Desfolhou-o. O livro acabou após algumas dezenas de folhas escritas em uma linguagem antiga e estranha. Abriu a boca, perplexa. – Mas... Onde estão?! Sumiu...


Gina tirou o livro de suas mãos, virou as folhas, apenas textos meio apagados naquela língua antiga. Jogou-o no chão.


– É arte das trevas!


Harry o recolheu depressa.


– Não faz isso, vai acabar estragando... – reabriu o livro, viu novamente o título e após a dedicatória vários encantamentos conforme foi passando as folhas, muitos, inúmeros, estavam todos lá novamente, as explicações, as gravuras...


Exclamações percorreram o círculo.


– Não é melhor a gente levar isso lá pra baixo? – a voz de Rony deixava transpassar seu nervosismo.


Harry o fechou.


– Acho que ele só se abre pra mim.


– É melhor entregá-lo a alguém. Vamos falar com o Sirius – Gina se levantou.


– Não! – Harry se sobressaltou. – Eu não vi tudo ainda!


– Harry, você quer ver o quê? – Hermione irritou-se. – É um livro das trevas, quanto mais você folheia mais coisas aparecem, não vai terminar nunca!


– Você tem que se desfazer dele, ou ele vai acabar te controlando... – Gina fez coro à Hermione.


– Não é assim, Gina, não é igual ao diário. É só um livro antigo... protegido por magia... Mas e daí? Tem coisas bem legais nele.


– Harry! Você tinha dito que só ia olhar!


– E ainda não acabei!


Luna e Rony acompanhavam a discussão. Luna pouco interessada e Rony apreensivo.


– Eu acho que você deve entregar a alguém da Ordem, agora! – Gina foi taxativa.


– Eu também! – Hermione acrescentou.


Harry viu que iriam recomeçar tudo de novo. Virou-se pra Rony.


– O que você acha? – perguntou. – Você não vê nada demais no livro, não é? – pressionou.


Rony ficou indeciso, não queria contrariar o amigo, mas também não queria se indispor com Hermione.


– Eu acho que o conhecimento não é ruim, e sim a forma como o usamos. – Luna declarou tranquila.


– Dois a dois – Harry contou. – Rony?


Ouviram passos na escada, em seguida, Lupin apareceu à porta.


– O que estão fazendo aqui em cima? Por que não estão na festa?


Harry novamente fez o livro desaparecer antes que percebessem.


– Já estávamos nos preparando pra descer – foi em direção às escadas. Os outros o seguiram, Gina e Hermione de cara amarrada.


Assim que chegaram lá embaixo Hermione não parou de reclamar, sobre sua irresponsabilidade, as consequências que isso traria... Gina lhe apoiando o tempo todo.


Harry desejou que as duas ainda o estivessem evitando. Tudo que dizia para tentar argumentar era inútil. Por fim, até Rony largou sua posição neutra e o defendeu, não aguentando mais o falatório das duas.


– Chega! O presente é dele e ele decide o que fazer, tá OK? Harry sobreviveu a muitas coisas até hoje, por que um livro iria matá-lo? Só se alguém o golpear na cabeça com ele!


Luna teve uma crise de risos. – Muito engraçado, Rony! – Os demais a ignoraram.


– Mas pode o induzir a fazer coisas... perigosas, feitiços errados... Tem noção das consequências disso? Um ingrediente errado e em vez de poção pra animar ele pode acabar bebendo veneno!


– Não estou a fim de beber nenhuma poção pra animar...


Harry deu as costas e se afastou pra perto de Lupin, queria evitar que a discussão continuasse, mas começou a se preocupar com as palavras da amiga.


Dumbledore chegou e todos se reuniram em um grande grupo pra trocarem as novidades. O único que não pertencia à Ordem era o Sr. Lovegood, e pelo que parecia, estava sendo convencido a participar.


– Tomei a liberdade, Xenofílio, de estender a área de proteção para além de sua propriedade ontem, isso não interferirá em nada nas suas atividades – Dumbledore dizia. – Mas vai impedir visitas inesperadas como a que recebemos a alguns dias atrás.


Harry imaginou que se referia a Voldemort, se afastou, se o assunto continuasse certamente iriam acabar incluindo-o. Foi buscar algo na mesa, para comer, Rony o acompanhou. Tentaram decidir o que fazer em relação ao livro. Concordaram em analisá-lo melhor e com calma mais tarde.


Algum tempo depois se aproximaram das meninas.


– Não viemos discutir – Harry se apressou em explicar. – Vocês têm razão, só vou pedir mais tempo pra estudá-lo melhor...


– Luna! – o Sr. Lovegood também se aproximou. – Temos que ir agora, despeça-se de seus amiguinhos, meu bem.


– Tchau, pessoal – Luna se despediu acenando, enquanto corria animada pra perto de seu pai.


– Tchau! – despediram-se.


A Sra. Weasley e Sirius aproximaram-se também.


– Bom, vamos? Rony? Gina? Vamos pra casa.


– Sra. Weasley, por favor, o Rony não pode ficar?


Na verdade não queria ficar sozinho com Hermione, a conhecia muito bem pra saber o quanto podia ser irritante e insistente.


– Hum... É, tudo bem, talvez seja melhor. Hermione, não se importa de vir comigo e Gina, não é?


– Mas eu queria ficar... – Hermione tentou se justificar, mas a Sra. Weasley a interrompeu.


– Acho melhor ficar comigo e Gina, tenho certeza de que seus pais iriam preferir assim – falou o mais doce possível, mas em um tom que não admitia protestos, imaginaram que ela ainda estava pensando no episódio ocorrido mais cedo.


Harry não evitou de se sentir aliviado. Queria examinar o livro com calma e seria bom não tê-la por perto. Um a um os convidados foram se retirando, despediram-se de todos e subiram.


Passaram o resto da noite em claro, lendo o livro. Estavam espantados com a quantidade de coisas que poderiam aprender, pegaram alguns livros escolares e fizeram comparações com as informações do Lord, não encontraram nada de estranho ou informações trocadas como Hermione sugerira.


Harry desejou obter orientações sobre Oclumência e na página seguinte as encontrou. Quanto mais analisava o livro mais se convencia de que ele seria muito útil em Hogwarts. Rony também estava muito ansioso para experimentar algumas de suas azarações, que iam desde feitiços pra fazer crescer as unhas dos pés a mudar a cor dos cabelos. Todos bem inofensivos, concluíram.


Nos dias que se seguiram não viram Gina nem Hermione, imaginaram que estivessem com raiva deles e evitando-os novamente.


– Garotas... Dá pra acreditar? – Rony reclamou. Agora eram só os dois, e nada pra fazer.


Aproveitaram para estudar o livro, Harry agora se dedicava às explicações sobre Oclumência.


Quando não estavam lendo o livro se distraíam com o presente que recebera de Sirius, um monóculo que lhes possibilitava enxergar através de qualquer camada sólida, provavelmente feito do mesmo material que o olho mágico de Alastor Moody. Sirius lhe dissera que não podia revelar de onde ou como o tinha conseguido, e que ninguém poderia saber que o tinha, principalmente alguém do Ministério.

Mais tarde Harry se perguntou se o motivo disso estaria relacionado ao fato de terem estado no Ministério recentemente. Rony ficou mais interessado no uso que poderiam fazer dele.


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