CAPÍTULO TRINTA E CINCO: KING'

CAPÍTULO TRINTA E CINCO: KING'



CAPÍTULO TRINTA E CINCO


KING'S CROSS


— Quem vai ler? — Perguntou Gina olhando em volta.


— Eu vou. — Respondeu Hugo pegando o livro — King’s cross. — Falou Hugo.


— O que tem em King’s cross? — Perguntou Miguel confuso.


— É o nome do capitulo, tapado. — Respondeu Hugo para o primo que olhou feio para ele.


— Olha quem fala, o menino mais inteligente da escola. — Falou Hugo irônico.


— Nem começa vocês dois. — Falou Lily para os primos.


— O nome do titulo é esse? Não estou entendendo nada, primeiro ele estava indo morrer, depois o começo começa assim, o que a guerra tem haver com a estação? — Perguntou Rony confuso.


— Se você esta confuso, imagine eu. — Falou Harry para o amigo.


— Vou começar a ler então. — Falou Hugo para todos que assentiram.


Ele estava de bruços, escutando o silêncio. Absolutamente sozinho. Ninguém o observava. Ninguém mais estava ali. Nem tinha absoluta certeza de que ele próprio estivesse ali.


Muito tempo depois, ou talvez tempo algum, ocorreu-lhe que devia existir, devia ser mais do que pensamento incorpóreo, porque estava deitado, decididamente deitado, sobre alguma superfície. Portanto, possuía tato, e a coisa sobre a qual deitava também existia.


Quase no instante em que chegou a esta conclusão, Harry tomou consciência de que estava nu.


Harry naquele momento ficou vermelho de vergonha, enquanto muitos ali riam pelo fato dele estar nu ou pelo fato dele ter ficado vermelho de vergonha.


— Imagine, você se ver na estação completamente nu? Que legal. — Falou Fred rindo.


— Mas eu ainda não estou entendendo nada, ele não tinha morrido? — Perguntou Dino confuso.


— Nossa Dino, eu agradeço pela sua sensibilidade, sério mesmo. — Falou         Harry para o amigo.


Convencido de sua total solidão, isso não o preocupou, mas deixou-o ligeiramente intrigado. Perguntou-se se, uma vez que podia sentir, também seria capaz de ver. Ao abrir os olhos, descobriu que os possuía.


Estava deitado em meio a uma névoa brilhante, embora não se parecesse com névoa alguma que já tivesse visto. O espaço que o rodeava não estava toldado, pelo contrário, a névoa vaporosa ainda não se formara ao seu redor. O chão em que estava deitado parecia ser branco, nem quente nem frio, existia apenas, algo plano, vazio sobre o qual estar.


 


— Sinceramente, nesse livro já tiveram vários lugares estranhos, mas esse foi o pior. — Falou Rony confuso.


Ele se sentou. Seu corpo parecia ileso. Apalpou o rosto. Não estava mais usando óculos.


Então, do nada informe que o cercava, chegou-lhe aos ouvidos um barulho: as batidinhas suaves de algo que adejava, se açoitava e se debatia. Era um barulho que inspirava piedade, mas também era ligeiramente obsceno. Teve a desconfortável sensação de que estava bisbilhotando alguma coisa furtiva, vergonhosa.


Pela primeira vez, desejou estar vestido.


 


Todos riram daquilo, Gina olhou para o namorado que ficou vermelho mais uma vez e sorriu pra ele.


Mal acabara de formular mentalmente esse desejo, apareceram vestes a uma pequena distância. Apanhou-as e vestiu-as: eram macias, limpas e quentes. Era extraordinário como tinham aparecido, instantaneamente, no momento em que as desejara...


Ele se levantou e relanceou ao redor. Estaria em alguma ampla Sala Precisa? Quanto mais olhava, mais havia para ver. Um enorme domo de vidro faiscava ao sol, lá no alto. Talvez fosse um palácio. Tudo era imóvel e silencioso, exceto por aquelas estranhas lamúrias e pancadas surdas que vinham dali perto em meio à névoa...


 


— Até imagino a vontade de saber de onde vem esses barulhos estranhos, acho que se fosse comigo, eu já teria ido ver, do jeito que sou curiosa. — Falou Helena rindo.


Harry se virou lentamente no mesmo lugar, e o ambiente pareceu se reinventar diante de seus olhos. Um grande vão, claro e limpo, um salão muito maior do que o Salão Principal com aquele teto abobadado de vidro. Vazio. Ele era a única pessoa ali, exceto por...


Encolheu-se. Localizara a coisa que estava produzindo os ruídos. Tinha a forma de uma criancinha nua, enroscada no chão, a pele em carne viva e grossa, parecendo açoitada, e tremia embaixo de uma cadeira onde fora deixada, indesejável, posta fora de vista, tentando respirar.


 


— Credo, que coisa feia. — Falou Hermione fazendo uma careta horrível.


— Que criatura é essa? E o que faz ali? — Perguntou Rony.


— Quem vai saber? — Perguntou Gina retoricamente, como se fosse obvio.


Teve medo. Pequena, frágil e ferida como estava, Harry não quis se aproximar dela. Contudo, ele foi se acercando devagar, pronto para saltar para trás a qualquer momento. Logo estava perto o suficiente para tocá-la, ainda que não conseguisse se obrigar a isso. Sentiu-se um covarde. Devia consolá-la, mas ela lhe causava repugnância.


— Não há nada que você possa fazer.


 


— Tem mais alguém ai? Até agora não tinha ninguém. — Falou Molly confusa.


Ele virou-se depressa. Alvo Dumbledore vinha ao seu encontro, animado e aprumado, trajando amplas vestes azul-escuras.


 


— Agora eu fiquei mais confusa ainda. — Falou Molly com cara de confusa.


— Imagine nós. — Falou Hermione.


— Harry. — Ele abriu bem os braços, e suas mãos estavam, ambas, inteiras, brancas e ilesas. — Garoto maravilhoso. Homem corajoso, muito corajoso. Vamos caminhar.


Aturdido, Harry acompanhou-o; Dumbledore se afastou da criança flagelada que choramingava, e o conduziu a duas cadeiras em que Harry não reparara antes, dispostas a alguma distância sob aquele teto alto e cintilante. Dumbledore sentou-se em uma delas e Harry se largou na outra, fitando o seu antigo diretor. Os longos cabelos e barbas prateadas de Dumbledore, os olhos azuis penetrantes por trás dos oclinhos de meia-lua, o nariz torto: exatamente como ele lembrava. Contudo...


— Mas você está morto — disse Harry.


 


— E depois o insensível sou eu. — Falou Dino olhando para Harry que deu de ombros e sorriu.


— Ah, sim — respondeu Dumbledore, sem rodeios.


— Então... Eu estou morto também?


— Ah — disse o diretor com um sorriso ainda maior. — Essa é a dúvida, não é? De modo geral, meu caro rapaz, acho que não.


Eles se encararam, o velho ainda sorrindo.


 


— As coisas só estão ficando piores, a cada frase estamos ficando mais e mais confusos. — Falou Fred II.


— Não? — repetiu Harry.


— Não.


— Mas... — Harry levou instintivamente a mão à cicatriz em forma de raio. Aparentemente sumira. — Mas eu deveria ter morrido... Não me defendi! Deliberadamente deixei que me matasse!


— E isso, acho eu, terá feito toda a diferença.


A felicidade parecia se irradiar de Dumbledore como luz, como fogo: Harry jamais vira um homem tão absoluta e palpavelmente satisfeito.


— Explique — pediu Harry.


— Mas você já sabe. — E Dumbledore girou os polegares.


 


— Você as vezes só piora a situação, fala que ele já sabe, mas na verdade ele não sabe. — Falou Rony.


— Se eu falei que sabe, ele sabe, só tem que pensar um pouco. — Falou Dumbledore.


Esse homem tem que escolher em ajudar ou piorar a situação. Pensou Rony rindo mentalmente.


— Eu deixei que me matasse. Não foi?


— Foi — assentiu Dumbledore. — Continue!


— Então a parte da alma dele que estava comigo...


Dumbledore assentiu ainda mais entusiasticamente, instando Harry a prosseguir, um amplo sorriso de incentivo no rosto.


— ... se foi?


— Ah, sim! Ele a destruiu. A sua alma é inteira e totalmente sua, Harry.


— Mas então...


Harry espiou por cima do ombro, para onde a pequena criatura mutilada tremia embaixo da cadeira.


 


— Bom, Harry tinha duas almas, quer dizer, o corpo dele era habitado por duas almas, ou seja, se a de Voldemort sumiu, sobrou a do Harry, foi por isso que ele não morreu? Porque a alma destruída não foi a dele, foi a de Voldemort? — Perguntou Hermione confusa para Dumbledore que parou para pensar por um momento e depois assentiu.


— Então ele não morreu? — Perguntou Gina sorrindo largamente.


— Acho que a escolha de morrer por completo é dele. — Respondeu Dumbledore.


— Que é aquilo, professor?


— Uma coisa além da nossa possibilidade de ajudar.


— Mas se Voldemort usou aquela Maldição da Morte — recomeçou Harry —, e desta vez ninguém morreu por mim... Como posso estar vivo?


— Acho que você sabe. Faça uma retrospectiva. Lembre o que ele fez em sua ignorância, cobiça e crueldade.


Harry pensou. Deixou o seu olhar vaguear pelo ambiente. Se de fato fosse um palácio o lugar em que estavam, era estranho, com cadeiras em pequenas fileiras e gradis aqui e ali, e Dumbledore e a criatura atrofiada embaixo da cadeira eram os únicos seres presentes. Então a resposta aflorou aos seus lábios facilmente, sem esforço.


— Ele tirou o meu sangue — respondeu Harry.


 


— Bom, agora ficou um pouco mais explicado, a proteção que tem em meu sangue, ou seja, a proteção de minha mãe também corre nas veias de Voldemort, ou seja ele não pode me matar, já que essa proteção nos impede, e se ele não pode me matar, só teria a escolha de destruir a própria alma. — Falou Harry.


— A sua teoria e a da Srta. Granger estão corretas, uma completa a outra. — Falou Dumbledore fazendo sinal para que Hugo voltasse a ler, e foi o que ele fez.


— Exato! — exclamou Dumbledore. — Ele tirou o seu sangue e usou-o para reconstruir o próprio corpo vivente! O seu sangue nas veias dele, Harry, a proteção de Lílian nos dois! Ele prendeu você à vida enquanto ele viver!


— Eu vivo... Enquanto ele viver? Mas pensei... Pensei que fosse o contrário! Pensei que nós dois tínhamos que morrer? Ou dá no mesmo?


Harry foi distraído pelo choro e as batidas da criatura angustiada às suas costas, e tornou a se virar para vê-la.


— Tem certeza de que não podemos fazer nada?


— Não há ajuda possível.


— Então me explique... Melhor — pediu Harry, e Dumbledore sorriu.


— Você foi a sétima Horcrux, Harry, a Horcrux que ele nunca pretendeu criar. Voldemort deixou a alma tão instável que ela se fragmentou quando ele cometeu aqueles atos de indizível maldade, o assassinato dos seus pais, a tentativa de matar uma criança. Mas o que escapou daquele quarto foi ainda menos do que ele percebeu. Voldemort deixou ali mais do que o seu corpo. Deixou uma parte de si mesmo presa a você, a pretensa vítima que sobrevivera. E o conhecimento dele permaneceu lamentavelmente incompleto, Harry! Aquilo a que Voldemort não dá valor ele não se dá sequer o trabalho de compreender. De elfos domésticos e contos infantis, amor, lealdade e inocência, Voldemort não entende nada. Nadinha. Que todos tenham um poder que supere o dele, um poder que supere o alcance da magia, é uma verdade que ele jamais compreendeu. Ele tirou o seu sangue acreditando que isto o fortaleceria. Integrou ao próprio corpo uma parte mínima do encantamento com que sua mãe o recobriu quando morreu para salvá-lo. O corpo dele guarda vivo o sacrifício de Lílian, e enquanto esse encantamento sobreviver, você também sobreviverá, assim como a última esperança de Voldemort.


 


— Ele parece que fala grego. — Falou Helena sorrindo — Muito confuso.


Dumbledore sorriu para Harry, e o garoto o encarou.


— E o senhor sabia disso? Sabia... O tempo todo?


— Tive um palpite. Mas os meus palpites normalmente têm sido muito bons — respondeu ele, feliz, e os dois ficaram sentados em silêncio por um tempo que pareceu muito longo, enquanto a criatura continuava a choramingar e tremer.


— Tem mais — disse Harry. — Tem mais coisas. Por que a minha varinha partiu a que ele pediu emprestada?


— Quanto a isso, não tenho muita certeza.


 


— Dê um palpite então. — Falou Gina sorrindo para Dumbledore que retribuiu o sorriso.


— Dê um palpite, então — pediu Harry, fazendo Dumbledore rir.


 


Harry e Gina se olharam e sorriram.


— O que você precisa entender, Harry, é que você e Lord Voldemort empreenderam juntos uma jornada ao reino de uma magia até agora desconhecida e não comprovada. Imagino, porém, que tenha acontecido o seguinte, e não há precedentes, nem fabricante de varinha algum, acho eu, que pudesse jamais ter predito ou explicado isso a Voldemort.


"Sem querer, como você agora sabe, Lord Voldemort duplicou o vínculo entre vocês quando retomou a forma humana. Uma parte de sua alma já estava presa a você, e, pensando em se fortalecer, ele incorporou uma parte do sacrifício de sua mãe. Se pudesse ter compreendido o poder exato e terrível daquele sacrifício, talvez não tivesse ousado tocar no seu sangue... mas se ele fosse capaz de compreender, não seria Lord Voldemort, e, talvez, nunca tivesse matado ninguém.


 


Ele poderia ir direto ao assunto, não acha? — Perguntou Gina sussurrando para o namorado que sorri e assentiu em concordância.


— Tendo garantido essa dupla vinculação, tendo amarrado os seus destinos juntos, mais seguramente do que dois bruxos jamais fizeram em toda a história, Voldemort atacou você com uma varinha que possuía o mesmo núcleo que a sua. Então, ocorreu algo muito estranho, como sabemos. Os núcleos reagiram de uma forma que Lord Voldemort, que nunca soube que a sua varinha era gêmea da dele, não poderia prever. Ele sentiu mais medo do que você naquela noite, Harry. Você tinha aceitado, e até considerado bem-vinda, a idéia da morte, coisa que Lord Voldemort jamais foi capaz de fazer. Sua coragem venceu, sua varinha dominou a dele. E ao fazer isso, aconteceu entre as duas varinhas uma coisa que refletiu a relação entre os seus donos. Acredito que a sua varinha tenha absorvido parte do poder e das qualidades da varinha de Voldemort naquela noite, ou seja, o objeto captou um pouco do próprio Voldemort. Então, a sua varinha o reconheceu enquanto ele o perseguia, reconheceu um homem que era, ao mesmo tempo, parente e inimigo mortal, e regurgitou contra Voldemort um pouco de sua própria magia, magia muito mais poderosa do que qualquer coisa que a varinha de Lúcio pudesse realizar. Sua varinha passou a conter simultaneamente o poder de sua enorme coragem e da perícia letal de Voldemort: que chance teria aquela mísera varinha de Lúcio Malfoy?


— Mas, se a minha varinha ficou tão poderosa, como Hermione pôde quebrá-la? — perguntou Harry.


 


— É meio obvio né Harry, esse tal poder só valia contra Voldemort, com outra pessoa, ainda mais Hermione que não é do mal, sua varinha contra a dela é uma varinha normal, sem nenhum poder a mais. — Falou Rose.


— Ela quis dizer que sua varinha reconhecia Voldemort, e quando reconhecia Voldemort ele ganhava esse tal poder, mas se fosse com outra pessoa, até mesmo com uma pessoa fraca em magia ela seria normal. — Falou Scorpius.


— Meu caro rapaz, seus efeitos excepcionais eram dirigidos apenas a Voldemort, que mexeu de forma tão imprudente com as mais profundas leis da magia. Apenas contra ele aquela varinha era anormalmente poderosa. Nos demais casos, era uma varinha como outra qualquer... Embora, sem dúvida, fosse boa — concluiu Dumbledore bondosamente.


Harry parou refletindo um longo tempo, ou talvez segundos. Ali, era muito difícil ter certeza de dimensões.


— Ele me matou com a sua varinha.


— Ele não conseguiu matar você com a minha varinha — corrigiu-o Dumbledore. — Acho que podemos concordar que você não está morto... Embora, é claro — acrescentou ele, como se receasse ser indelicado —, eu não esteja minimizando os seus sofrimentos que, seguramente, foram rigorosos.


 


— Harry tem o talento de exagerar em alguns assuntos. — Falou Gina que conhecia muito bem o namorado.


— Mas estou me sentindo ótimo no momento — replicou Harry, olhando para suas mãos limpas e intactas. — Exatamente onde estamos?


— Bem, eu ia lhe perguntar isso — disse Dumbledore, olhando ao redor. — Onde você diria que estamos?


Até Dumbledore perguntar, Harry não fazia idéia. Então, descobriu que tinha uma resposta pronta para lhe dar.


— Parece — disse, lentamente — a estação de King's Cross. Exceto que muito mais limpa e vazia, e, pelo visto, não há trens.


— A estação de King's Cross! — Dumbledore estava dando gargalhadas. — Valha-me Deus, sério?


— Bem, onde o senhor acha que estamos? — perguntou Harry, um pouco na defensiva.


— Meu caro rapaz, não faço a menor idéia. Como costumam dizer, a festa é sua.


 


— Quem diria em, Dumbledore falando desse jeito. — Falou Carlinhos sorrindo.


— Tenho meus momentos. — Falou Dumbledore também sorrindo.


— Deu pra perceber. — Falou Helena sorrindo largamente.


Harry não entendeu o que isso queria dizer; Dumbledore estava aborrecendo-o. Olhou carrancudo para o diretor, então se lembrou de uma pergunta muito mais urgente do que a presente localização.


— As Relíquias da Morte — disse, e ficou satisfeito ao ver que as palavras tinham apagado o sorriso do rosto de Dumbledore.


— Ah, sim — disse ele, parecendo até um pouco preocupado.


— Então?


Pela primeira vez desde que Harry conhecera Dumbledore, ele pareceu menos que um homem idoso, muito menos. Pareceu, por um momento fugaz, um garoto apanhado em uma travessura.


 


Dumbledore sorriu, ao falar em travessuras, ele se lembrou de quando pequeno, ainda não tinha aquela mania de poder, era apenas uma criança normal, que quando pego pela mãe, sorria amarelo e no mesmo instante pensava em uma desculpa.


— Será que pode me perdoar? Será que pode me perdoar por não ter confiado em você? Por não ter lhe dito? Harry, eu só receei que você fracassasse como eu. Só temi que repetisse os meus erros. Imploro o seu perdão, Harry. Já faz algum tempo que sei que você é um homem melhor do que eu.


— Do que está falando? — perguntou o garoto, assustado com o tom de Dumbledore, com as lágrimas repentinas em seus olhos.


— As Relíquias, as Relíquias — murmurou Dumbledore. — O sonho de um homem desesperado!


— Mas elas são reais!


— Reais e perigosas, além de uma sedução para os tolos. E eu próprio fui um tolo. Mas você sabe disso, não é? Não tenho mais segredos para você. Você sabe.


— Que é que eu sei?


Dumbledore virou-se de frente para Harry e as lágrimas ainda cintilavam em seus olhos muito azuis.


— Senhor da Morte, Harry, senhor da Morte! Em última análise, terei sido melhor que Voldemort?


— Claro que foi. Claro... Como pode fazer essa pergunta? O senhor nunca matou quando pôde evitar!


 


— Bom, pensando desse jeito, podemos pensar em algumas semelhanças, mas também há diferenças, você abriu seus olhos antes que fosse tarde, e nunca matou quando se pode evitar e um exemplo é Grindelwald, ele era seu amigo e mesmo tendo feito aquela coisa horrível, você não o matou, o deixou vivo. — Falou Rony para o diretor.


— Sim, é claro. — Falou Harry em concordância do amigo, Dumbledore dirigiu um fraco sorriso a Harry e Rony em agradecimento.


— Verdade, verdade. — E ele parecia uma criança precisando de reafirmação. — Contudo, eu, também, busquei um modo de vencer a morte, Harry.


— Não como ele. — Depois de toda a sua raiva por Dumbledore, era estranho sentar ali, sob aquele teto abobadado, e defendê-lo de si mesmo. — Relíquias, não Horcruxes.


— Relíquias — murmurou Dumbledore —, não Horcruxes. Exatamente.


Houve uma pausa. A criatura choramingou, mas Harry não se virou.


— Grindelwald as estava procurando também? — perguntou ele. Dumbledore fechou os olhos por um momento e assentiu.


 


— Depois de ler aquilo, e ter algumas certezas, você ainda pergunta? — Perguntou Lila a Harry.


— Eu não tive completa certeza, afinal era coisas ditas pela Skeeter , provavelmente estou apenas perguntando para ter a completa certeza. — Falou Harry dando de ombros.


— Foi isso, acima de tudo, que nos aproximou — disse ele, em voz baixa. — Dois rapazes inteligentes e arrogantes com uma obsessão em comum. Ele quis ir a Godric's Hollow, como você certamente adivinhou, por causa do túmulo de Ignoto Peverell. Queria explorar o local em que o terceiro irmão falecera.


— Então, é verdade? A história toda? Os irmãos Peverell...


— ... Eram os três irmãos do conto — confirmou Dumbledore. — Ah, sim, acho que sim. Agora, se encontraram a Morte em uma estrada deserta... Acho mais provável que os irmãos Peverell fossem simplesmente bruxos talentosos e temerários que conseguiram criar esses objetos poderosos. A história de que seriam as próprias Relíquias da Morte me parece o tipo de lenda que pode ter surgido em torno de suas criações. A capa, como você agora sabe, passou durante séculos de pai para filho, de mãe para filha, até o último descendente vivo de Ignoto, que nasceu na aldeia de Godric's Hollow.


Dumbledore sorriu para Harry.


 


— Foi passando de Potter pra Potter, até chegar na família Weasley. — Falou Teddy sorrindo.


— Sabemos dividir as coisas. — Falou Rose.


— Sei, falou a menina que com raiva pelo irmão estar pedindo um pedaço de bolo jogou o bolo na cara dele, vocês sabem muito bem dividir as coisas. — Falou Teddy rindo ao ver Rose ficar vermelha.


— Eu era pequena, e tinha tantos, porque ele queria logo o meu? — Perguntou Rose apontando para o irmão.


— Porque ele era pequeno e pensava que um era diferente do outro. — Respondeu Rose como se fosse obvio.


— Se fosse assim a Lily teria tudo o que quer da família, ela é a mais nova e mais pequena. — Falou Felipe apontando para a ruiva que olhou brava para ele.


— Muito obrigado pelo elogio, sério mesmo. — Falou Lily para o primo que riu.


— Pra que ela iria precisar pedir algo para a família? Ela pode pedir pro meu pai, é bem mais fácil, é só ir de um quarto para o outro a procura dele pela casa, ou se estiver em Hogwarts, é só ligar pra ele. — Falou James rindo da irmã.


— Não fale de mim como se eu fosse uma mimada, você que vive fazendo coisas como se pudesse, como se tivesse mais autoridade que os outros. — Falou Lily para o irmão.


— Dá pra vocês dois pararem, vivem brigando no mínimo uma vez no dia. — Falou Al para os irmãos que deram de ombros.


— Eu?


— Você. Você conjecturou, eu sei, por que a capa estava em meu poder na noite em que seus pais morreram. James a mostrara a mim poucos dias antes. Ela explicava muitos dos seus malfeitos, na escola, que passavam despercebidos! Mal consegui acreditar no que via. Pedi a capa emprestada para examiná-la. Havia muito tempo que desistira do meu sonho de juntar as Relíquias, mas não pude resistir, não pude deixar de vê-la de perto... Era uma capa como eu jamais vira, imensamente velha, perfeita sob todos os aspectos... Então seu pai morreu, e eu tinha finalmente duas Relíquias só para mim!


Seu tom era insuportavelmente amargurado.


 


— Então, você com certeza sabia que poderíamos estar andando durante a noite pela escola, digo, debaixo da capa. — Falou Hermione.


— Da vez em que Harry invadiu a biblioteca, da vez em que foram entregar o dragão de Hagrid para Carlinhos, da vez em que Harry foi para Hogsmeade no terceiro ano, já que ele não tinha autorização e também algumas vezes ano passado. — Falou Dumbledore.


— Carlinhos, como pode aceitar um dragão assim? — Perguntou Molly ao filho.


— Foi melhor eu ter pego do que ter deixado aqui, ela crescia rápido até demais, mais um mês aqui e estaria maior que a cabana do Hagrid, isso se ela não tivesse colocado fogo na cabana antes. — Falou Carlinhos.


— A capa não teria ajudado meus pais a sobreviver — apressou-se Harry a dizer. — Voldemort sabia onde meu pai e minha mãe estavam. A capa não os tornaria à prova de maldição.


— Verdade — suspirou Dumbledore. — Verdade.


Harry aguardou, mas o diretor não disse mais nada, então, ele o instigou.


— Então, desistiu de procurar as Relíquias quando viu a capa?


— Ah, sim — respondeu Dumbledore, com a voz fraca. Ele parecia fazer força para fitar Harry. — Você sabe o que aconteceu. Você sabe. Você não pode me desprezar mais do que eu me desprezo.


— Mas eu não o desprezo...


— Então deveria. — Dumbledore inspirou profundamente. — Você conhece o segredo da precária saúde da minha irmã, o que aqueles trouxas fizeram, no que a transformaram. Você sabe como o meu pobre pai buscou vingança e pagou por isso, morrendo em Azkaban. Você sabe como minha mãe abriu mão da própria vida para cuidar de Ariana. Tive raiva disso, Harry.


 


Todos olharam para Dumbledore que estava sereno, parado em pé ao lado da mesa da Grifinória, ouvindo cada palavra dita por si próprio no livro, palavras essas que expressavam o que ele tinha vontade de dizer, mas nunca dissera.


Dumbledore confessou abertamente, friamente. Olhava agora por cima da cabeça de Harry, para longe.


— Eu era talentoso, era brilhante. Queria fugir. Queria brilhar. Queria a glória.


— Não me entenda mal — disse ele, e a dor perpassou o seu semblante, fazendo-o parecer novamente muito idoso — Eu os amava. Amava meus pais. Amava meu irmão e minha irmã, mas era egoísta, Harry, mais egoísta do que você, que é uma pessoa extraordinariamente generosa, poderia imaginar. Então, quando minha mãe morreu, e me deixou a responsabilidade de uma irmã incapacitada e um irmão rebelde, voltei para minha aldeia enraivecido e amargurado. Preso e desperdiçado, pensei! Então, naturalmente, ele chegou...


 


Onde tudo começou, o começo do pesadelo. Pensou Dumbledore.


Dumbledore tornou a fitar Harry nos olhos.


— Grindelwald. Você não pode imaginar como as suas idéias me contagiaram, Harry, me inflamaram. Trouxas forçados à submissão. Nós, bruxos, vitoriosos. Grindelwald e eu, os jovens líderes gloriosos da revolução. Ah, eu tinha alguns escrúpulos. Aliviava a minha consciência com palavras vãs. Tudo seria para o bem maior, e qualquer dano causado seria compensado cem vezes em benefícios para os bruxos. Se eu sabia, no fundo do meu coração, quem era Gerardo Grindelwald' Acho que sim, mas fechei os olhos. Se os planos que estávamos fazendo viessem a frutificar, todos os meus sonhos se concretizariam. E, no cerne dos nossos projetos, as Relíquias da Morte! Como elas o fascinavam, como fascinavam a nós dois! A varinha invencível, a arma que nos conduziria ao poder! A Pedra da Ressurreição significava para ele, embora eu fingisse não saber, um exército de Inferi! Para mim, confesso, significava o retorno dos meus pais e a remoção de toda a responsabilidade dos meus ombros. E a Capa da Invisibilidade... por alguma razão, nunca a discutimos muito, Harry. Nós dois éramos capazes de nos ocultar muito bem sem a capa, cuja magia, naturalmente, é poder ser usada para proteger e escudar outros, além do seu dono. Pensei que, se algum dia a encontrássemos, ela poderia ser útil para ocultar Ariana, mas o nosso interesse na capa era apenas completar o trio, porque, dizia a lenda, o homem que reunisse os três objetos seria verdadeiramente o senhor da Morte, e, para nós, invencível. Senhores invencíveis da morte, Grindelwald e Dumbledore! Dois meses de insanidade, de sonhos cruéis e descaso com os dois únicos membros da família que me restavam. Então... você sabe o que aconteceu. A realidade retornou, na forma do meu irmão rude, iletrado e infinitamente mais admirável. Eu não quis ouvir as verdades que ele atirou na minha cara. Não quis ouvir que não poderia partir em busca das Relíquias levando comigo uma irmã frágil e instável. A discussão virou uma briga. Grindelwald se descontrolou. Aquilo que eu sempre percebera nele, embora fingisse não existir, revelou-se de um modo terrível. E Ariana... depois de todo o cuidado e a cautela de minha mãe... jazia morta no chão.


 


Ao ouvir cada palavra, Dumbledore sentia seus olhos se encherem de lagrimas e logo em seguida as gotas salgadas escorrerem por seu rosto, ele nem ao menos a limpava, só as deixava seguir seu caminho, do rosto para a barba.


Dumbledore ofegou e começou a chorar profusamente. Harry estendeu a mão, e ficou contente de constatar que podia tocá-lo: apertou seu braço com força, e Dumbledore gradualmente recobrou o controle.


— Bem, Grindelwald fugiu, como todo o mundo, exceto eu, poderia ter previsto. Sumiu com os seus planos de tomar o poder e seus projetos de torturar trouxas, e seus sonhos com as Relíquias da Morte, sonhos em que eu o encorajara e ajudara. Ele fugiu, me deixando sozinho para enterrar minha irmã e aprender a viver com a minha culpa e o meu terrível pesar, o preço da minha vergonha. Os anos passaram. Correram boatos a respeito dele. Diziam que obtivera uma varinha de imenso poder. Entrementes, me ofereceram o posto de ministro da Magia, não uma, mas várias vezes. Naturalmente, recusei. Aprendera que não seria confiável se tivesse o poder em minhas mãos.


— Mas o senhor teria sido melhor, muito melhor do que o Fudge ou o Scrimgeour! — exclamou Harry.


 


— Eu não acho que daria, quer dizer, não da pra saber, não da pra ter certeza e quando se fala de tanto poder, eu prefiro ficar onde estou. — Falou Dumbledore dando de ombros.


— Eu acho que ao menos melhor que Fudge você seria. — Falou Molly dando de ombros.


— Teria? — perguntou Dumbledore, abatido. — Não estou muito seguro. Na adolescência, eu tinha comprovado que o poder era a minha fraqueza e a minha tentação. É uma coisa curiosa, Harry, mas talvez os que têm maior talento para o poder sejam os que nunca o buscaram. Pessoas, como você, a quem empurram a liderança e que aceitam o manto do poder porque devem, e descobrem, para sua surpresa, que lhes cai bem. Eu estava mais seguro em Hogwarts. Acho que fui um bom professor...


— O senhor foi o melhor...


 


— Um pouco de exagero na minha opinião. — Falou Dumbledore dando de ombros.


— Mas você foi ao menos melhor do que o que tivemos nesses últimos anos. — Falou Rony dando de ombros, o diretor teve que concordar com aquilo.


— É muita bondade sua, Harry. Mas, enquanto eu me ocupava com o ensino de jovens bruxos, Grindelwald estava reunindo um exército. Diziam que tinha medo de mim, e talvez fosse verdade, mas teria menos do que eu tinha dele... Ah, não de morrer — explicou Dumbledore em resposta ao olhar indagador de Harry — Não do que ele pudesse me fazer usando a magia. Eu sabia que nos equiparávamos, talvez eu fosse até um tantinho mais talentoso. Eu temia a verdade. Entende, eu nunca soube qual de nós, naquela última luta horrenda, havia realmente lançado o feitiço que matara minha irmã. Você pode me chamar de covarde: e teria razão. Harry, eu temia mais que tudo o conhecimento de que fora eu o causador de sua morte, não apenas por causa da minha arrogância e estupidez, mas que eu, de fato, tivesse dado o golpe que lhe tirara a vida. Acho que ele sabia disso, acho que sabia o que me apavorava. Adiei o confronto com ele até que finalmente fosse demasiado vergonhoso resistir por mais tempo. As pessoas estavam morrendo, e ele parecia irrefreável, e tive que fazer o que pude. Bem, você sabe o que aconteceu a seguir. Ganhei o duelo. Ganhei a varinha.


 


— Vendo por esse lado, a varinha não parece tão poderosa assim, acho que o que conta bastante é o talento, já que você tem mais talento que Grindelwald, e ele estava em posse da varinha, e mesmo assim você ganhou. — Falou Jorge.


Novo silêncio. Harry não perguntou se algum dia Dumbledore havia descoberto quem matara Ariana. Não queria saber, e menos ainda que o diretor se visse obrigado a lhe dizer. E, finalmente, ele soube o que Dumbledore teria visto no Espelho de Ojesed, e por que compreendera tão bem a fascinação que o objeto exercia sobre Harry.


Eles se sentaram em silêncio por muito tempo, e o choro da criatura às suas costas praticamente deixou de incomodar Harry.


Por fim, o garoto disse:


— Grindelwald tentou impedir que Voldemort fosse atrás da varinha. Mentiu, sabe, fingindo que nunca a tivera em seu poder.


Dumbledore assentiu, olhando para o colo, as lágrimas brilhando em seu nariz torto.


— Dizem que ele demonstrou remorso nos últimos anos, sozinho em sua cela em Nurmengard. Espero que seja verdade. Gostaria de pensar que ele percebeu o horror e a vergonha do que tinha feito. Talvez aquela mentira a Voldemort fosse a sua tentativa de compensar... De impedir que Voldemort se apossasse da Relíquia...


 


— Ou talvez que violasse o seu tumulo? — Perguntou Harry dando de ombros.


—... ou violasse o seu túmulo, talvez? — arriscou Harry, e Dumbledore secou as lágrimas.


Após mais um breve intervalo, Harry disse:


— O senhor tentou usar a Pedra da Ressurreição.


Dumbledore fez que sim.


— Quando a descobri, depois de tantos anos, enterrada na casa abandonada dos Gaunt, a Relíquia mais desejável de todas, embora na minha juventude eu a quisesse possuir por razões muito diversas, perdi a cabeça, Harry. Esqueci que fora transformada em Horcrux, que o anel certamente carregaria um feitiço. Apanhei-o e coloquei-o no dedo, e, por um segundo, imaginei que estava prestes a ver Ariana, minha mãe e meu pai e lhes dizer o muito que eu lamentava...


 


— Você tentou pegar quando foi atrás dela, sabe, quando saiu do castelo com tia Gina e o padrinho. — Falou Teddy.


— Tentei, mas eles me impediram a tempo, eu até perguntei onde ela havia parado, depois que o anel fora destruído, mas ao dizerem que foi melhor eu concordei. — Falou Dumbledore.


— Fui muito tolo, Harry. Depois de tantos anos, eu não aprendera nada. Eu era indigno de unir as Relíquias da Morte, evidenciara isso repetidamente, e ali estava a prova final.


— Por quê? Era natural! Queria rever sua família. Que há de errado nisso?


— Talvez um homem em um milhão possa unir as Relíquias, Harry. Eu só merecia possuir a mais mesquinha delas, a menos extraordinária. Eu merecia possuir a Varinha das Varinhas, e não me gabar disso, e não usá-la para matar. Tinha permissão de domar e usar a varinha, porque a conquistara, não para meu ganho pessoal, mas para salvar outros do seu poder. Mas a capa, eu a tomei por mera curiosidade, por isso nunca poderia ter funcionado para mim como funciona para você, seu verdadeiro dono. A pedra, eu a teria usado na tentativa de trazer de volta aqueles que estão em paz, e não para permitir o sacrifício da minha vida, como você fez. Você é o digno possuidor das Relíquias.


Dumbledore deu uma palmadinha afetuosa na mão de Harry, e o garoto ergueu os olhos para o velho e sorriu; não pôde se conter. Como poderia continuar zangado com Dumbledore, agora?


 


— Eu também não conseguiria ficar bravo com ele depois de ouvir tudo aquilo. — Falou Hermione.


— Por que precisou dificultar tanto as coisas?


O sorriso de Dumbledore foi trêmulo.


— Receio que tenha contado com a Srta. Granger para refreá-lo, Harry. Tive medo que sua cabeça quente pudesse dominar o seu bom coração. Senti pavor que, se lhe apresentasse logo os fatos sobre esses objetos tentadores, você pudesse se apoderar das Relíquias, como fiz, no momento errado, pelos motivos errados. Se pusesse as mãos nelas, eu queria que fossem suas sem perigo. Você é o verdadeiro senhor da Morte, porque o verdadeiro senhor não busca fugir da morte. Ele aceita que deve morrer, e compreende que há coisas piores, muito piores do que a morte no mundo dos viventes.


 


— Você falando nos ajuda a pensar da mesma forma. — Falou James.


— E Voldemort nunca ouviu falar nas Relíquias?


— Acho que não, porque ele não reconheceu a Pedra da Ressurreição quando a transformou em Horcrux. Mas, mesmo que tivesse ouvido falar, Harry, duvido que se interessasse por qualquer delas, exceto a primeira. Não iria achar que precisasse da capa e, quanto à pedra, quem ele iria querer ressuscitar? Ele teme os mortos. Ele não ama.


— Mas o senhor esperava que ele saísse em busca da varinha?


— Tive certeza de que tentaria, desde que a sua varinha derrotou Voldemort no cemitério de Little Hangleton. A princípio, ele receou que você o tivesse vencido por possuir maior perícia. Uma vez que seqüestrou Olivaras, porém, ele descobriu a existência dos núcleos gêmeos. Achou que isso explicava tudo. Entretanto, a varinha emprestada não apresentou melhor resultado contra a sua! Então, Voldemort, em vez de se perguntar que qualidade havia em você que tornava sua varinha tão forte, que dom você possuía que lhe faltava, naturalmente saiu à procura da única varinha que, diziam, derrotaria qualquer outra. Para ele, a Varinha das Varinhas se tornara uma obsessão que rivalizava à que tinha por você. Ele acredita que a Varinha das Varinhas elimina sua última fraqueza e o torna verdadeiramente invencível. Coitado do Severo...


 


— Coitado mesmo, não acha pai? — Perguntou Helena para Sirius.


— Garota você vai ficar fazendo isso até quando? — Perguntou Sirius para a filha que riu.


— Não sei ué. — Falou Helena dando de ombros.


— Se o senhor planejou morrer nas mãos de Snape, pretendia que ele acabasse dono da varinha, não?


— Admito que tive essa intenção, mas não se realizou como eu pretendi, não é?


— Não. Essa parte saiu diferente.


 


— Então, Snape não era o verdadeiro dono, o que significa que Voldemort continua não sendo o atual dono da varinha. — Falou Rony olhando para Dumbledore que negou com a cabeça.


— Pelo jeito não. — Falou Dumbledore.


— Se ele não era, quem é? — Perguntou Gina confusa.


— Vamos continuar a ler para saber. — Falou Hugo voltando a ler.


A criatura às costas deles estremeceu e gemeu, e Harry e Dumbledore continuaram sentados, sem falar, fazendo a pausa mais demorada até aquele momento. A compreensão do que aconteceria a seguir foi pouco a pouco se consolidando em Harry, nesses longos minutos, como a neve caindo suavemente.


— Tenho que voltar, não é?


— Isto depende de você.


— Tenho opção?


— Ah, sim. — Dumbledore sorriu. — Estamos em King's Cross, não foi o que você disse? Acho que, se decidir não voltar, você poderia... Digamos... Tomar um trem.


— E aonde ele me levaria?


— Em frente — respondeu Dumbledore, com simplicidade. Novo silêncio.


— Voldemort tem a Varinha das Varinhas.


— Verdade. Voldemort tem a Varinha das Varinhas.


— Mas o senhor quer que eu volte?


 


— Bom, não faz sentido temer a varinha estar em posse de Voldemort, afinal o antigo dono não era Snape, o que significa que a varinha não irá fazer o que Voldemort quer. — Falou Fernando.


— Acho que se você escolher voltar, há uma chance de que ele seja liquidado para sempre. Não posso prometer. Mas de uma coisa eu sei, Harry, você tem menos a temer do que ele ao retornarem para cá.


Harry tornou a relancear a coisa em carne viva que tremia e engasgava na sombra, sob a cadeira distante.


— Não tenha piedade dos mortos, Harry. Tenha piedade dos vivos e, acima de tudo, dos que vivem sem amor. Ao regressar, você poderá assegurar que menos almas serão mutiladas, menos famílias serão destroçadas. Se isso lhe parecer um objetivo meritório, então, por ora, diremos adeus.


Harry assentiu e suspirou. Deixar esse lugar não seria tão difícil quanto fora entrar na Floresta, mas ali era quente, claro e tranqüilo, e ele sabia que estaria voltando à dor e ao temor de outras perdas. Ele se ergueu, Dumbledore o acompanhou, e os dois se fitaram demoradamente.


— Me diga uma última coisa — disse Harry. — Isso é real? Ou esteve acontecendo apenas em minha mente?


Dumbledore lhe deu um grande sorriso, e sua voz pareceu alta e forte aos ouvidos de Harry, embora a névoa clara estivesse baixando e ocultando seu vulto.


— Claro que está acontecendo em sua mente, Harry, mas por que isto significaria que não é real?


 


— Nossa, ele ao mesmo tempo que respondeu deixou outra duvida, assim fica difícil né. — Falou Vic rindo.


— Acabou. — Falou             Hugo.


— Bom, acho que é hora de irmos dormir, já lemos o bastante por hoje, Helena já que estamos quase no final de semana, irei ver se você terá aula na sua escola, se não tiver, peço a moça que cuida de você permissão para deixá-la aqui até segunda feira. — Falou Dumbledore para Helena que no mesmo instante ficou com os olhos brilhando de alegria.


— Tudo bem, onde vou dormir? — Perguntou Helena.


— Você pode dormir no mesmo quarto que as meninas. — Respondeu Dumbledore.


 


(Autora aqui: Gente, me desculpem pela demora, mas é que o meu notebook tem windows 8 e eu não sei mexer muito bem, sem contar que ele as vezes trava e eu tenho que ficar sempre restaurando, eu ia postar sexta feira, mas ai eu tive que restaurar o note e demora MUIITTOOO pra restaurar, por fim tive que formatar ele no domingo, mas é claro que eu salvei os documentos em um pendrive incluindo a fanfic e ontem eu ia postar também, mas é que meu cunhado pediu para mexer no note e eu não consigo dizer não porque ele quase nunca mexe aqui, então espero que gostem, e me desculpem também se o pessoal do futuro não esta falando muito, é que eu acho que eles as vezes tem que ficar na deles, já que eles já sabem o que vai acontecer eles não podem deixar escapar nada e tentarei postar o mais rapido possivel, é que eu também estou tendo um pouco com dificuldade para escrever, sabe, uma pessoa proxima de mim foi embora e, sabe, sinto a falta dele, ele não morreu, apenas mudou de cidade, digamos que ele era uma das pessoas que me fazia rir, me zuando ou zuando outra pessoa, bom, desculpe por praticamente estar desabafando, até a proxima)

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Comentários (1)

  • Clenery Aingremont

    Lá vamos nós para um extra :) Não me decepcione ;) Vc sabe ser extremamente criativa quando quer!

    2013-07-02
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