CAPITULO UM: A ASCENÇÃO DO LOR

CAPITULO UM: A ASCENÇÃO DO LOR



— A ASCENSÃO DO LORDE DAS TREVAS.


— Nossa, que bom começo de leitura. — Ironizou Rony.


 


Os dois homens se materializaram inesperadamente, a poucos metros de distância, na estreita ruazinha iluminada pelo luar. Por um momento eles ficaram imóveis, as varinhas apontadas para o peito um do outro; então, reconhecendo-se, guardaram a varinha sob a capa e começaram a andar apressados na mesma direção.


— Comensais da morte? — Perguntou Hermione


 


— Novidades? — perguntou o mais alto dos dois.


— As melhores — respondeu Severo Snape.


 


Todos no salão olharam para Snape, que apenas desviou o olhar para Dumbledore.


— Iremos julgar depois que terminarmos de ler o livro. — Falou Dumbledore.


 


A rua era ladeada por um silvado, à esquerda, e por uma sebe alta e cuidadosamente aparada, à direita. As longas capas dos homens esvoaçavam ao redor dos tornozelos enquanto eles caminhavam.


— Pensei que fosse me atrasar — disse Yaxley, suas feições grosseiras desaparecendo e reaparecendo à sombra dos galhos de árvores que se interpunham ao luar. — Foi um pouco mais complicado do que imaginei. Mas acho que ele ficará satisfeito. Você tem certeza de que será bem recebido?


Snape assentiu sem, contudo, dar explicações.


Os homens viraram para um largo caminho de entrada, à direita. A alta sebe margeava e se estendia para além do impressionante portão de ferro trabalhado que barrava a entrada. Em silêncio, ambos ergueram o braço esquerdo numa espécie de saudação e atravessaram o portão, como se o metal escuro fosse apenas fumaça.


— Deve ser a marca. — Falou Tonks.


Todos assentiram.


 


As sebes de teixo abafaram os passos dos homens. Ouviu-se um farfalhar à direita. Yaxley tornou a sacar a varinha, apontando-a por cima da cabeça do seu companheiro, mas a fonte do ruído fora apenas um pavão alvíssimo, que caminhava, majestoso, ao longo do topo da sebe.


 


“Esse lugar parece a minha casa.” Pensou Draco.


 


— Ele sempre soube viver, o Lúcio. Pavões... — Com um bufo de desdém, Yaxley tornou a guardar a varinha sob a capa.


Todos no salão olharam para Draco. Que apenas abaixou a cabeça.


“Pelo jeito é a minha casa mesmo.” Pensou Draco.


Um belo casarão se destacou nas trevas, no final do caminho reto, as luzes faiscando nas janelas em formato de losango do andar térreo. Em algum lugar no jardim escuro, atrás dos arbustos, uma fonte jorrava. O saibro começou a estalar sob os pés, quando Snape e Yaxley apressaram o passo em direção à porta da frente, que se abriu à sua aproximação, embora ninguém parecesse tê-la aberto.


O hall de entrada era grande, mal iluminado e suntuosamente decorado, e um magnífico tapete cobria quase todo o piso de pedra. Os olhos dos rostos pálidos nos retratos das paredes acompanharam Snape e Yaxley assim que eles passaram. Os dois homens se detiveram à frente de uma pesada porta de madeira que levava a outro cômodo, hesitaram o tempo de uma pulsação, então Snape girou a maçaneta de bronze.


— Como ele consegue morar em um lugar assim? Prefiro mil vezes a Toca. — Sussurrou Rony para Hermione que apenas lhe respondeu acenando com a cabeça.


A sala estava cheia de pessoas silenciosas, sentadas a uma comprida mesa ornamentada. Os móveis que habitualmente a guarneciam tinham sido empurrados descuidadamente contra as paredes. A iluminação provinha das chamas vivas de uma bela lareira, cujo console de mármore era encimado por um espelho dourado. Snape e Yaxley pararam um instante à entrada. À medida que seus olhos se acostumaram à penumbra, sua atenção foi atraída para o detalhe mais estranho da cena:


Harry leu o com os olhos o começo da linha, respirando fundo voltou a ler em voz alta.


O vulto de uma pessoa aparentemente desacordada suspensa de cabeça para baixo sobre a mesa, girando lentamente como se estivesse presa por uma corda invisível, e se refletindo no espelho e na superfície nua e lustrosa da mesa. Nenhuma das pessoas sentadas à roda dessa visão singular a encarava, exceto um jovem pálido que estava praticamente embaixo. Parecia incapaz de se conter e erguia os olhos a todo instante.


 


Harry se virou e olhou para traz, na direção de Draco, tinha certeza que esse tal jovem era ele.


— Yaxley, Snape — falou uma voz aguda e clara da cabeceira da mesa —, vocês estão praticamente atrasados.


O dono da voz estava sentado defronte à lareira, de modo que, a princípio, os recém-chegados tiveram dificuldade em distinguir mais que a sua silhueta. À medida que se aproximaram, porém, seu rosto se destacou na obscuridade, imberbe, ofídico, com fendas estreitas no lugar das narinas e olhos vermelhos e brilhantes de pupilas verticais. Era tão pálido que parecia emitir uma aura perolada.


— Voldemort. — Harry murmurou para si próprio. Viu Gina que estava sentado a sua frente tremer ao ouvir ele pronunciando o nome.


— Severo, aqui — disse Voldemort, indicando a cadeira imediatamente à sua direita. — Yaxley, ao lado de Dolohov.


— Agora sabemos quem é o braço direito de Voldemort. — Falou Hermione para todo mundo ouvir.


O cão que estava ali presente latiu como se quisesse concordar com Hermione. Harry o olhou e deu risada.


Os dois homens ocuparam os lugares designados. Os olhares da maioria dos que estavam à mesa seguiram Snape, e foi a ele que Voldemort se dirigiu primeiro.


— E então?


— Então o que? — Perguntou Remo.


Ninguém sabia responder.


— Milorde, a Ordem da Fênix pretende transferir Harry Potter do lugar seguro em que está, no sábado, ao anoitecer.


— Que novidade! Eles estão planejando me matar. — Falou Harry.


— Quem é essa tal Ordem da Fênix? — Perguntou Fudge.


Todos que conheciam a Ordem se entreolharam, mas não disseram nada.


— É um grupo de pessoas que eu fundei, na tentativa de destruir Voldemort. — Respondeu Dumbledore.


O interesse ao redor da mesa se intensificou perceptivelmente. Alguns enrijeceram, outros se mexeram, todos atentos a Snape e Voldemort.


— Sábado... Ao anoitecer — repetiu Voldemort. Seus olhos vermelhos se fixaram nos olhos pretos de Snape com tanta intensidade que alguns dos observadores desviaram o olhar, aparentemente receosos de serem atingidos pela ferocidade daquela fixidez. Snape, no entanto, sustentou esse olhar calmamente, e, após um momento, os lábios descarnados de Voldemort se curvaram num aparente sorriso.


— Desde quando Você-Sabe-Quem ri? — Perguntou Fred para Jorge que apenas assentiu.


— Bom. Muito bom. E essa informação veio de...?


— Da fonte sobre a qual conversamos — disse Snape.


 


— Que fonte? — Perguntou Remo e Tonks que se entreolharam e coraram. O cão latiu como se estivesse se divertindo com a situação.


 


— Milorde.


Yaxley tinha se inclinado para a frente procurando ver Voldemort e Snape. Todos os rostos se voltaram para ele.


— Milorde, eu ouvi coisa diferente.


Yaxley aguardou, mas Voldemort não objetou, então ele prosseguiu.


— Dawlish, o auror, deixou escapar que Potter não será transferido até o dia trinta à noite, na véspera do seu aniversário de dezessete anos.


Snape sorriu.


 


— Vai chover maldições. O Snape não ri nem se a piada dançar na frente dele. — Falou Jorge fazendo todo rir, e recebendo um olhar feio de sua mãe.


 


— Minha fonte informou que planejam divulgar uma pista falsa; deve ser essa. Sem dúvida, lançaram em Dawlish um Feitiço para Confundir. Não seria a primeira vez, todos conhecem a sua suscetibilidade a feitiços.


— Posso lhe assegurar, Milorde, que Dawlish me pareceu muito seguro do que dizia — contrapôs Yaxley.


 


— Se foi confundido, é óbvio que parecerá seguro. — Falou Snape recebendo o olhar de todos.


Harry leu a próxima linha com os olhos e riu, em seguida leu em voz alta.


 


— Se foi confundido, é óbvio que parecerá seguro — disse Snape. — Garanto a você, Yaxley, que a Seção de Aurores não irá participar da proteção de Harry Potter. A Ordem acredita que estamos infiltrados no Ministério.


 


— Vemos que Snape não mudou muito. — Falou Harry.


Professor Snape, Harry. — Falou Dumbledore.


Harry apenas rolou os olhos.


 


— Então, pelo menos nisso a Ordem acertou, hein? — comentou um homem atarracado, a pouca distância de Yaxley, dando uma risadinha sibilada que ecoou pela mesa.


 


— A imagem dessas pessoas rindo me dá nojo. A ordem tem mais competência do que muitas pessoas que estão acompanhando essa reunião. — Falou Hermione.


 


O pessoal da Ordem apenas agradeceu com um pequeno sorriso.


 


Voldemort não riu. Seu olhar se desviou para o alto, para o corpo que girava vagarosamente, e ele pareceu se alhear.


— Milorde — continuou Yaxley —, Dawlish acredita que vão usar um destacamento inteiro de aurores na transferência do garoto...


 


— Porque o Potter precisa de proteção? — Perguntou Fudge.


 


Voldemort ergueu a mão grande e branca, e Yaxley calou-se imediatamente, observando, rancoroso, o Lorde se dirigir outra vez a Snape.


— E em seguida, onde irão esconder o garoto?


— Na casa de um dos membros da Ordem — respondeu Snape. — O lugar, segundo a minha fonte, recebeu toda a proteção que a Ordem e o Ministério juntos puderam lhe dar. Acredito que seja mínima a chance de pormos as mãos nele uma vez que chegue ao destino, Milorde, a não ser, é claro, que o Ministério tenha caído antes de sábado, o que, talvez, nos desse a oportunidade de descobrir e desfazer um número suficiente de feitiços, e passar pelos demais.


— E então, Yaxley? — interpelou-o Voldemort, a luz das chamas se refletindo estranhamente em seus olhos vermelhos. — O Ministério terá caído até sábado?


 


Harry olhou para Fudge que ficou pálido.


 


Mais uma vez, todas as cabeças se viraram. Yaxley empertigou-se.


— Milorde, a esse respeito tenho boas notícias. Consegui, com dificuldade e após muito esforço, lançar uma Maldição Imperius em Pio Thicknesse.


 


— Pio Thicknesse. — Murmurou Fudge pra si próprio.


 


Muitos dos que estavam próximos de Yaxley pareceram impressionados; seu vizinho, Dolohov, um homem de cara triste e torta, deu-lhe um tapinha nas costas.


— É um começo — disse Voldemort —, mas Thicknesse é apenas um homem, Scrimgeour precisa estar cercado por gente nossa para eu agir. Um atentado mal sucedido à vida do ministro me causará um enorme atraso.


 


— Vemos que Fudge já não é mais ministro nessa época. — Falou Arthur


 


— É verdade, Milorde, mas o senhor sabe que, na função de chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, Thicknesse tem contato freqüente não só com o próprio ministro como também com os chefes dos outros departamentos do Ministério. Acho que será fácil dominar os demais, agora que temos um funcionário graduado sob controle, e então todos podem trabalhar juntos para derrubar Scrimgeour.


— Isso se o nosso amigo Thicknesse não for descoberto antes de ter convertido o resto — afirmou Voldemort. — De qualquer forma, é pouco provável que o Ministério seja meu antes de sábado. Se não pudermos pôr a mão no garoto no lugar de destino, então teremos que fazer isso durante a transferência.


— Nesse particular, estamos em posição vantajosa, Milorde — Disse Yaxley, que parecia decidido a receber alguma aprovação. — Já plantamos várias pessoas no Departamento de Transportes Mágicos. Se Potter aparatar ou usar a Rede de Flu, saberemos imediatamente.


— Espere um minuto... Você só pode aparatar quando fazer 17 anos. — Falou Hermione.


— Isso quer dizer que o Harry já vai fazer 17 anos. Então nessa época o Rony e Hermione já eram maiores de idade. — Falou Gina.


— Porque vocês tem que ser mais velhos do que eu? — Falou Harry fazendo bico, fazendo muitos ali rir.


— Ele não fará nenhum dos dois — disse Snape. — A Ordem está evitando qualquer forma de transporte controlada ou regulada pelo Ministério, desconfiam de tudo que esteja ligado àquele lugar.


— Tanto melhor — disse Voldemort. — Ele terá que se deslocar em campo aberto. Será muitíssimo mais fácil apanhá-lo.


 


— Não se o Harry estiver em uma vassoura. — Falou Gina, fazendo Harry corar e Rony e Hermione rir.


Mais uma vez Voldemort ergueu o olhar para o corpo que girava vagarosamente, então prosseguiu:


— Cuidarei do garoto pessoalmente. Cometeram-se erros demais com relação a Harry Potter. Alguns foram meus. Que Potter ainda viva deve-se mais aos meus erros do que aos seus êxitos.


 


— Já ouviu falar que vaso ruim... — Falou Jorge.


— Não quebra? — Completou Fred.


 


Todos no salão riu, menos Snape.


 


As pessoas em volta da mesa fitaram Voldemort apreensivas, cada qual deixando transparecer o medo de ser responsabilizada por Harry Potter ainda estar vivo. Voldemort, no entanto, parecia estar falando mais consigo mesmo do que com os demais, ainda atento ao corpo inconsciente no alto.


 


— De quem é esse corpo? — Perguntou Dumbledore.


Ninguém respondeu.


 


— Por ter sido descuidado, fui frustrado pela sorte e a ocasião, essas destruidoras dos planos, a não ser os mais bem traçados. Mas aprendi. Agora compreendo coisas que antes não compreendia. Eu é que devo matar Harry Potter, e assim farei.


 


— Nenhum dos planos de me matar deu certo, ainda estou vivinho. — Falou Harry.


 


Nisso, e em aparente resposta às suas palavras, ouviu-se um lamento repentino, um grito terrível e prolongado de infelicidade e dor. Muitos ao redor da mesa olharam para baixo, assustados, pois o som parecia vir do chão.


— Rabicho? — chamou Voldemort, sem alterar o seu tom de voz, baixo e reflexivo, e sem tirar os olhos do corpo que girava no alto. — Já não lhe disse para manter essa escória calada?


 


— Quem é Rabicho? — Perguntou Fudge.


 


— Rabicho é Pedro Pettigrew. — Falou Dumbledore.


 


— Pettigrew morreu, Black o matou há 14 anos atrás. — Falou Fudge.


O cão ali presente rosnou e latiu, parecia estar com raiva.


 


— Sirius volte ao normal. — Falou Dumbledore olhando para o cão.


 


Como em um piscar de olhos o cão ali sumiu, em seu lugar apareceu Sirius Black. Muitas pessoas ali gritaram.


 


— Sirius não fará mal a ninguém, eu garanto. — Falou Dumbledore.


 


— Como pode confiar em um assassino Dumbledore. Desde quando Black é animago? Não há nenhum registro dele no ministério. — Perguntou Fudge.


 


— Respondendo a sua pergunta ministro. Sou animago desde os 15 anos, e não há nenhum registro sobre mim porque eu sou um animago ilegal. E eu não sou o único que virou animago aos 15 anos. — Falou Sirius.


 


— Quem mais virou animago Black? — Perguntou Umbridge.


 


— Quem faz as perguntas sou eu Dolores. Me diz quem mais virou animago junto com você. — Falou Fudge.


 


Sirius olhou para Remo e falou:


 


— Essa doeu atéem mim. Erespondendo a sua pergunta de novo ministro James Potter e Pedro Pettigrew também viraram animago comigo. — Respondeu Sirius.


 


— Sirius tentou matar Pettigrew há 14 anos. Só não conseguiu porque Pedro explodiu a varinha matando aquelas pessoas que estavam na rua, se transformou em rato e correu para o esgoto. — Falou Dumbledore.


 


— Você quer dizer que mantemos um homem inocente preso em Azkaban por 12 anos? E que Pettigrew está vivo? — Perguntou Fudge.


 


— Exatamente. — Respondeu Harry, Rony e Hermione.


 


— Você também sabia disso Potter? — Perguntou Fudge para Harry.


 


— Desde o terceiro ano, tentei te avisar mais como o senhor não escutou, eu e Hermione e ajudamos a fugir. — Falou Harry.


 


Todos no salão arregalou os olhos.


 


— Como? — Perguntou Fudge.


 


— Vira-Tempo. — Respondeu Harry, Rony e Hermione de novo.


 


— Vamos voltar à leitura, depois esclarecemos tudo. — Falou Dumbledore.


 


Sirius sentou se do lado de Harry.


 


— Disse, M-Milorde — falou um homenzinho sentado na segunda metade da mesa, tão encolhido que, à primeira vista, sua cadeira parecia estar desocupada. E, levantando-se de um salto, saiu correndo da sala, deixando em seu rastro apenas um estranho brilho prateado.


 


Sirius e Remo se entreolharam e riram, deixando todos confuso.


 


— Como eu ia dizendo — continuou Voldemort, olhando mais uma vez para os rostos tensos dos seus seguidores —, agora compreendo melhor. Precisarei, por exemplo, pedir emprestada a varinha de um de vocês antes de sair para matar Potter.


 


— Porque ele precisa de uma varinha diferente? — Perguntou Neville.


 


Ninguém soube responder.


 


Os rostos à sua volta expressaram apenas incredulidade; como se ele tivesse anunciado que queria um braço deles emprestado.


— Nenhum voluntário? — perguntou Voldemort. — Vejamos... Lúcio, não vejo razão para você continuar a ter uma varinha.


 


 


Lúcio Malfoy ergueu a cabeça. Sua pele parecia amarela e cerosa à luz das chamas, e tinha os olhos encovados e sombrios. Quando falou, sua voz saiu rouca.


— Milorde?


— Sua varinha, Lúcio. Preciso de sua varinha.


— Eu...


Malfoy olhou de esguelha para sua mulher. Narcisa tinha o olhar fixo à frente, tão pálida quanto o marido, os longos cabelos louros descendo pelas costas, mas, sob a mesa, seus dedos finos apertaram brevemente o pulso dele. Ao seu toque, Malfoy enfiou a mão nas vestes e tirou uma varinha que passou a Voldemort, que a ergueu diante dos olhos vermelhos e examinou-a detidamente.


 


— Ela está dando forças a ele. — Falou Hermione. Nunca pensou que a mãe de Draco fosse assim.


 


— De que é?


— Olmo, Milorde — sussurrou Malfoy.


— E o núcleo?


— Dragão... fibra do coração.


— Ótimo — aprovou Voldemort. E, sacando a própria varinha, comparou os comprimentos.


 


Harry pegou a própria varinha e a examinou.


— Harry porque está examinando a sua varinha? — Perguntou Gina.


— Por nada. — Falou desviando o olhar.


 


“Tem alguma coisa errada.” Pensou Gina.


 


Lúcio Malfoy fez um movimento involuntário; por uma fração de segundo, pareceu que esperava receber a varinha de Voldemort em troca da sua. O gesto não passou despercebido ao Lorde, cujos olhos se arregalaram maliciosamente.


— Dar-lhe a minha varinha, Lúcio? Minha varinha?


Alguns dos presentes riram.


 


Muitos no salão riram também, menos Harry, Rony, Hermione, Gina, a Ordem, Fred, Jorge e Dumbledore.


 


— Dei-lhe a liberdade, Lúcio, não é suficiente? Mas tenho notado que você e sua família ultimamente parecem menos felizes... alguma coisa na minha presença em sua casa os incomoda, Lúcio?


 


— Incomoda e muito! — Falou Draco, deixando todos no salão surpreso.


 


“Então Draco Malfoy não gosta da presença de Voldemort em sua casa.” Pensou Dumbledore.


 


— Nada... nada, Milorde.


— Quanta mentira, Lúcio...


 


— Esse cara tem que aprender a mentir. — Falou Fred e Jorge juntos.


 


A voz suave parecia silvar, mesmo quando a boca cruel parava de mexer. Um ou dois bruxos mal conseguiram refrear um tremor quando o silvo foi se intensificando; ouviu-se uma coisa pesada deslizar pelo chão embaixo da mesa.


 


— A cobra. — Murmurou Harry.


 


A enorme cobra apareceu e subiu vagarosamente pela cadeira de Voldemort. Foi emergindo, como se fosse interminável, e parou sobre os ombros do mestre: o pescoço do réptil tinha a grossura de uma coxa masculina; seus olhos com as pupilas verticais não piscavam. Voldemort acariciou-a, distraído, com seus dedos longos e finos, ainda encarando Lúcio Malfoy.


 


— Ele trata a cobra como se fosse um animal inofensivo. — Falou Gina.


 


— Ninguém menos que nós dois sabe que ele gosta de cobras Gina. — Falou Harry.


 


Gina ficou pálida. Gina ainda se lembrava do basilisco, ou algumas vezes até chegava a sonhar com a gigante cobra.


 


— Desculpa. — Falou Harry olhando para Gina que apenas olhava para as próprias mãos.


 


Gina assentiu.


 


Sirius olhava aquilo muito atento, deixando um pequeno sorriso escapar nos lábios.


 


— Potter’s e seus fracos por ruivas. — Falou Sirius.


 


Harry não entendeu muito, só que Gina entendeu muito bem e corou.


 


— O que disse Sirius? — Perguntou Harry olhando para o lado.


 


— Nada. — Respondeu Sirius olhando para a frente de Harry. Harry seguiu o seu olhar e ver Gina corada.


 


“Porque ela está corada? Até que ela fica bonita assim.” Pensou Harry ainda olhando para Gina.


 


— Continua lendo Harry. — Falou Hermione, tirando Harry de seus devaneios e continuando a ler.


 


— Por que os Malfoy parecem tão infelizes com a própria sorte? Será que o meu retorno, minha ascensão ao poder, não é exatamente o que disseram desejar durante tantos anos?


— Sem dúvida, Milorde — respondeu Lúcio Malfoy. Sua mão tremeu quando secou o suor sobre o lábio superior. — É o que desejávamos... desejamos.


 


— Eles desejavam, não desejam mais. — Falou Sirius.


 


A esquerda de Malfoy, sua mulher fez um aceno rígido e estranho com a cabeça, evitando olhar para Voldemort e a cobra. À direita, seu filho Draco, que estivera mirando o corpo inerte no teto, lançou um brevíssimo olhar a Voldemort, aterrorizado de encarar o bruxo.


 


— Voldemort não é uma das pessoas mais bonitas de se verem não. É um monstro em corpo de gente. — Falou Harry.


 


— Milorde — disse uma mulher morena na outra metade da mesa, sua voz embargada pela emoção —, é uma honra tê-lo aqui, na casa de nossa família. Não pode haver prazer maior.


 


— Belatriz? — Perguntou Sirius.


 


Estava sentada ao lado da irmã, tão diferente desta na aparência, com seus cabelos negros e olhos de pálpebras pesadas, quanto o era no porte e na atitude; enquanto Narcisa sentava-se dura e impassível, Belatriz se curvava para Voldemort, porque meras palavras não podiam demonstrar o seu desejo de maior proximidade.


— Não pode haver prazer maior — repetiu Voldemort, a cabeça ligeiramente inclinada para o lado, estudando Belatriz. — Isso significa muito, Belatriz, vindo de você.


O rosto da mulher enrubesceu, seus olhos lacrimejaram de prazer.


 


— Não queiram ver uma imagem dessas. — Falou Sirius, fazendo Remo rir.


 


— Milorde sabe que apenas digo a verdade!


— Não pode haver prazer maior... mesmo comparado ao feliz evento que, segundo soube, houve em sua família esta semana?


Belatriz fitou-o, os lábios entreabertos, nitidamente confusa.


— Eu não sei a que está se referindo, Milorde.


 


— O que aconteceu? — Perguntou Sirius.


 


Harry leu as próximas linhas apenas com os olhos, de repente abriu um largo sorriso. Como ninguém estava entendendo nada leu em voz alta.


 


— Estou falando de sua sobrinha. E de vocês também, Lúcio e Narcisa. Ela acabou de casar com o lobisomem Remo Lupin. A família deve estar muito orgulhosa.


 


Sirius olhou para o lado a procura de Remo, que estava paralisado. Levantou-se e foi até o amigo.


 


— Remo, finalmente somos parentes. — Gritou puxando o amigo para um abraço.


 


O cabelo de Tonks ficou um rosa brilhante, significando felicidade.


 


Muitas meninas estavam com os olhos cheios de lagrimas.


 


Depois de muito tempo Sirius soltou Remo e gritou para todo mundo ouvir.


 


— PALMA PARA OS NOIVOS. .


 


Todos no salão bateram palmas. Remos ficou corado, o cabelo de Tonks mudou para um vermelho.


 


Por alguns minutos Remo e Tonks apenas ouviam parabéns.


 


— Vamos se sentar e voltar com a leitura. — Falou Dumbledore fazendo todos se sentar.


 


Gargalhadas debochadas explodiram à mesa. Muitos se curvaram para trocar olhares divertidos; alguns socaram a mesa com os punhos. A cobra, incomodada com o barulho, escancarou a boca e silvou irritada, mas os Comensais da Morte nem a ouviram, tão exultantes estavam com a humilhação de Belatriz e dos Malfoy. O rosto da mulher, há pouco rosado de felicidade, tingiu-se de feias manchas vermelhas.


 


Sirius fechou o punho e bateu na mesa, causando um susto em todos.


 


— Ela não é nossa sobrinha, Milorde — disse em meio às gargalhadas. — Nós, Narcisa e eu, nunca mais pusemos os olhos em nossa irmã depois que ela casou com aquele sangue-ruim. A fedelha não tem a menor ligação conosco, nem qualquer fera com quem se case.


 


— Ele não é fera, só tem um pequeno problema peludo só isso. — Falou Harry.


 


Sirius e Remo quase morreram de tanto rir. Ninguém entendeu nada, nem mesmo Harry. Quando as risadas pararam Harry voltou a ler.


 


 


— E você, Draco, que diz? — perguntou Voldemort, e, embora falasse baixo, sua voz ressoou claramente em meio aos assobios e caçoadas. — Vai bancar a babá dos filhotes?


 


— Então depois de muito tempo, vai haver outro marotinho. — Falou Sirius, fazendo Tonks e Remo corar.


 


A hilaridade aumentou; Draco Malfoy olhou aterrorizado para o pai, que contemplava o próprio colo, e seu olhar cruzou com o de sua mãe. Ela balançou a cabeça quase imperceptivelmente, depois retomou seu olhar fixo na parede oposta.


— Já chega — disse Voldemort, acariciando a cobra raivosa. — Basta.


E as risadas pararam imediatamente.


— Muitas das nossas árvores genealógicas mais tradicionais, com o tempo, se tornaram bichadas — disse, enquanto Belatriz o mirava, ofegante e súplice. — Vocês precisam podar as suas, para mantê-las saudáveis, não? Cortem fora as partes que ameaçam a saúde do resto.


 


— O que ele quis dizer com isso? — Perguntou Hermione.


 


— Ele quis dizer matar aqueles que não seguiram as tradições. — Falou Rony olhando para Hermione.


 


— Que tradições? — Perguntou Hermione de novo.


 


— A tradição é: que todos aqueles que são sangue-puro tem que se casar com sangue-puro. — Respondeu Rony.


 


— Então você quis dizer que eles vão querer matar as pessoas só porque não seguiram as tradições? — Perguntou Hermione.


 


— Sim. — Respondeu Rony.


 


— Com certeza, Milorde — sussurrou Belatriz, mais uma vez com os olhos marejados de gratidão. — Na primeira oportunidade!


 


— Não se eu não deixar. — Murmurou Remo para si próprio, apenas Tonks escutou o que ele ouviu e ficou feliz.


 


— Você a terá — respondeu Voldemort. — E, tal como fazem na família, façam no mundo também... vamos extirpar o câncer que nos infecta até restarem apenas os que têm o sangue verdadeiramente puro.


 


— Voldemort também vai ter que morrer, se quiser que só existam sangues puros. — Falou Harry.


 


— Tom não é sangue-puro? — Perguntou Gina.


— Não, ele é mestiço, como eu. — Falou Harry.


 


Gina arregalou os olhos nunca pensou que Tom era mestiço.


 


Voldemort ergueu a varinha de Lúcio Malfoy, apontou-a diretamente para a figura que girava lentamente, suspensa sobre a mesa, e fez um gesto quase imperceptível. O vulto recuperou os movimentos com um gemido e começou a lutar contra invisíveis grilhões.


— Você está reconhecendo a nossa convidada, Severo? — indagou Voldemort.


 


Todos olharam para Snape.


 


De baixo para cima, Snape ergueu os olhos para o rosto pendurado. Todos os Comensais agora olhavam para a prisioneira, como se tivessem recebido permissão para manifestar sua curiosidade. Quando girou para o lado da lareira, a mulher disse, com a voz entrecortada de terror:


— Severo, me ajude!


 


— A pessoa conhece Snape. — Falou Neville.


 


— Ah, sim — respondeu Snape enquanto o rosto da prisioneira continuava a virar para o outro lado.


 


— E Snape conhece a pessoa. — Falou Ana Abott.


 


— E você, Draco? — perguntou Voldemort, acariciando o focinho da cobra com a mão livre. Draco sacudiu a cabeça com um movimento brusco. Agora que a mulher acordara, ele parecia incapaz de continuar encarando-a.


— Mas você não teria se matriculado no curso dela — disse Voldemort. — Para os que não sabem, estamos reunidos aqui esta noite para nos despedir de Caridade Burbage que, até recentemente, lecionava na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts!


 


A professora Burbage empalideceu.


 


Ouviram-se breves sons de assentimento ao redor da mesa. Uma mulher corpulenta e curvada, de dentes pontiagudos, soltou uma gargalhada.


— Sim... a Profª Burbage ensinava às crianças bruxas tudo a respeito dos trouxas... e como se assemelham a nós...


Um dos Comensais da Morte cuspiu no chão. Em seu giro, Caridade Burbage tornou a encarar Snape.


 


— Sem educação. — Falou Hermione.


 


— Severo... por favor... por favor...


— Silêncio — ordenou Voldemort, com outro breve movimento da varinha de Lúcio, e Caridade silenciou como se tivesse sido amordaçada. — Não contente em corromper e poluir as mentes das crianças bruxas, na semana passada, a Prof Burbage escreveu uma apaixonada defesa dos sangues-ruins no Profeta Diário. Os bruxos, disse ela, devem aceitar esses ladrões do seu saber e magia. A diluição dos puros-sangues é, segundo Burbage, uma circunstância extremamente desejável... Ela defende que todos casemos com trouxas... ou, sem dúvida, com lobisomens...


 


— Não tem nenhum problema em se casar com um lobisomem, a única diferença de um cara normal é que ele não irá dormi todas as noites do mês com sua esposa. — Falou Tonks.


 


— PALMAS PARA A TONKS. — Gritou Sirius de novo.


 


E Todos no salão bateram palmas para Tonks. Após as palmas cessaram Harry continuou a ler.


 


Desta vez ninguém riu: não havia como deixar de perceber a raiva e o desprezo na voz de Voldemort. Pela terceira vez, Caridade Burbage encarou Snape. Lágrimas escorriam dos seus olhos para os cabelos. Snape retribuiu seu olhar, totalmente impassível, enquanto ela ia girando o rosto para longe dele.


 


Hermione que teve aula com a professora começou a chorar, Rony passou um braço em volta de Hermione.


 


Harry e Gina se entreolharam e deram risadas baixas.


 


—Avada Kedavra.


O lampejo de luz verde iluminou todos os cantos da sala. Caridade caiu estrondosamente sobre a mesa, que tremeu e estalou. Vários Comensais pularam para trás ainda sentados. Draco caiu da cadeira para o chão.


 


Ninguém riu, mesmo que seja engraçado Draco cair da cadeira, não tinha nada engraçado naquele momento.


 


— Jantar, Nagini — disse Voldemort com suavidade, e a grande cobra deslizou sinuosamente dos ombros dele para a lustrosa mesa de madeira.


 


— Não. — Gritou todas as Meninas.


 


— Acabou o capitulo. Quem quer ler?


 


— Eu. — Respondeu Tonks.


 


Quando Tonks ia ler o titulo do capitulo um clarão segou a todos.

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