CAPÍTULO VINTE E OITO: O ESPEL

CAPÍTULO VINTE E OITO: O ESPEL



CAPÍTULO VINTE E OITO


O ESPELHO DESAPARECIDO


 


— Eu vou ler. — Falou Rony.


— Nossa, eu achei que você nunca fosse ler. — Falou Hermione para o namorado que recebia o livro das mãos do diretor.


— Eu não sou muito fã de livros como você, é raro eu querer ler por vontade própria. — Falou Rony dando de ombros.


— Espera um minuto, James marque a hora e a data de hoje, teremos que guardar esse dia como um feriado “o dia em que Ronald Weasley quis ler sem ser ameaçado por Hermione Granger”. — Falou Lysa rindo.


— Muito engraçada você. — Falou Rony para a loira que riu.


— Mas eu nunca ameacei o Rony. — Falou Hermione confusa.


— Mas no futuro ameaça, é como se fosse uma nova versão de Molly Weasley. — Falou Rose.


— Bom, vou começar a ler em. — Avisou Rony antes que alguém voltasse a dizer algo — E o nome do capitulo é o espelho desaparecido.


 


Os pés de Harry tocaram na estrada. Ele viu a rua principal de Hogsmeade, penosamente familiar: vitrines apagadas, os contornos escuros das montanhas além, a curva da estradinha que a ligava a Hogwarts à frente, e a luz das janelas do Três Vassouras, e com um sobressalto, lembrou-se, com absoluta precisão, de como aparatara ali quase um ano antes, sustentando um Dumbledore desesperadamente fraco, tudo isso no segundo em que descia — e então, quando largou os braços de Rony e Hermione, aconteceu.


 


— O capitulo nem ao menos começou e já esta acontecendo algo. — Falou Arthur.


— Tomara que não seja algo ruim. — Falou Molly preocupada mais uma vez.


— Não sei não em Molly, se Voldemort sabe que Harry esta atrás da Horcrux, com certeza deve ter colocado um monte de comensais em Hogsmeade, sabendo que ele apareceria ali. — Falou Dumbledore.


— Existem vários feitiços que podem avisar quando alguém desaparata em um certo local. — Falou Remo.


— Tomara que eles não sejam pegos de novo. — Falou Tonks.


O ar foi cortado por um grito que lembrava o de Voldemort ao perceber que a taça fora roubada: despedaçou todos os nervos do corpo de Harry, e ele percebeu imediatamente que fora causado por sua aparição. Quando olhou para os amigos sob a capa, a porta do Três Vassouras se escancarou e uma dúzia de Comensais da Morte, de capa e capuz, correu para a rua, empunhando varinhas.


 


— Agora a coisa ficou feia mesmo em, vocês deveriam pensar que isso aconteceria né, deveriam ter pensado em algo antes de ter ido para lá sem nenhum plano. — Falou Sirius.


— Sirius, toda vez que planejamos o plano da errado. — Falou Harry dando de ombros.


— Mas isso não acontece apenas com vocês não, já aconteceu varias vezes quando o Sirius e o James planejavam, serio mesmo, e quem pagava o pato depois? O inocente Aluado. — Falou Remo fazendo varias pessoas rirem.


— Onde você se acha inocente? — Perguntou Sirius para o amigo que deu de ombros.


Harry segurou o pulso de Rony ao vê-lo erguer a varinha. Havia bruxos demais para estuporar: até porque uma tentativa denunciaria sua posição. Um dos Comensais da Morte acenou com a varinha e o grito parou, ainda ecoando nas montanhas distantes.


Accio capa! — rugiu o Comensal.


Harry segurou-a pelas dobras, mas a capa não tentou lhe escapar: o Feitiço Convocatório não a afetara.


 


— É por isso que eu amo essa capa. — Falou Al rindo — Mas infelizmente algumas pessoas consegue me achar de baixo dela. — Falou Al fazendo uma careta.


— Quem por exemplo? — Perguntou Gui.


— Minha mãe, sempre acabando com nossos planos, sabe, meu pai também nos acha quando quer. — Falou James — Falando em achar, ele ainda tem que explicar aquele negocio no seu notebook. — Falou James para o irmão que assentiu com a cabeça.


— Então, não está embaixo do seu xale, Potter? — berrou o Comensal da Morte que tentara o feitiço, e voltando-se para os companheiros: — Espalhem-se. Ele está aqui.


Seis dos Comensais saíram em sua direção: Harry, Rony e Hermione recuaram o mais rápido possível para a rua lateral mais próxima, e, por um triz, não foram pegos. Os garotos aguardaram no escuro, escutando gente correndo para cima e para baixo, os feixes de luz das varinhas dos bruxos varrendo a rua à sua procura.


 


— Quanto tempo irão ficar ai esperando? Vão embora logo. — Falou Molly como se no livro fosse fazer o que ela havia acabado de dizer.


 


— Vamos embora! — cochichou Hermione. — Desaparatar agora!


— Grande idéia — disse Rony, mas, antes que Harry pudesse responder, um Comensal gritou:


— Sabemos que você está aqui, Potter, e não tem como escapar! Nós o encontraremos!


— Estavam de prontidão — sussurrou Harry. — Armaram aquele feitiço para avisá-los da nossa chegada. Imagino que tenham feito alguma coisa para nos segurar aqui, nos encurralar...


— Que tal uns dementadores? — gritou outro Comensal da Morte. — Se os deixássemos à vontade, eles não demorariam a encontrá-lo.


 


— Irá saber quem é você e te localizar apenas pelo cervo, e se não conjurarem o patrono irão morrer, os dementadores irão encontrar vocês, estando ou não em baixo da capa. — Falou Teddy.


— Não se pode nem conjurar um cervo que eles já sabem que sou eu? — Perguntou Harry.


— Você queria o que? Conjurou um patrono no meio do Ministério. — Falou Lorcan como se fosse obvio.


— Sem contar que disse na audiência desse ano qual era a forma do seu patrono. — Falou Dumbledore que estava presente na audiência.


— Eu não precisaria ter dito se não tivessem mandado aquelas coisas atrás de mim, quer dizer, nem precisaria ter ido a uma audiência se não fosse por aqueles dementadores, quase fui expulso. — Falou Harry.


— O Lorde das Trevas não quer que ninguém mate Potter exceto ele...


— ... e os dementadores não irão matar Potter! O Lorde das Trevas quer a vida dele, e não a alma. Será mais fácil matá-lo se tiver sido beijado antes!


Ouviram-se rumores de aprovação. O temor apoderou-se de Harry: para repelir dementadores teriam que produzir Patronos, e isso os denunciaria na mesma hora.


 


— Também não é novidade que você teme essas criaturas. — Falou Rony parando a leitura por alguns minutos.


— É melhor desaparatar, Harry! — sussurrou Hermione. Enquanto ela pronunciava essas palavras, ele sentiu um frio anormal baixando sobre a rua. A luz ambiente foi sugada até as estrelas, fazendo-as desaparecer. Na escuridão de breu, Harry sentiu Hermione agarrar o seu braço e, juntos, eles rodopiaram.


 


— Por que tenho a impressão de que isso não vai dar certo. — Falou Sirius como se fosse obvio.


— É meio obvio né Sirius, Voldemort quer o Harry, e ele não admitiria que seus comensais os deixassem espaçar assim tão fácil, se tem um feitiço que avisa que alguém desaparatou em Hogsmeade, tem um feitiço que proíbe a pessoa de aparatar para outro local. — Falou Remo.


 


O ar que precisavam para se mover parecia ter se solidificado: não poderiam desaparatar; os Comensais da Morte tinham lançado os seus feitiços, eficientemente. O frio começou a cortar cada vez mais fundo na pele de Harry. Ele, Rony e Hermione recuaram para a rua lateral, tateando o caminho ao longo da parede, procurando não fazer o menor ruído. Do outro lado da esquina, deslizando silenciosamente, vinham dementadores, dez ou mais deles, com suas capas pretas e suas mãos feridas e podres visíveis porque seu negrume era mais denso do que o da rua. Poderiam sentir o medo por perto? Harry tinha certeza que sim: eles pareciam estar avançando mais depressa agora, inspirando daquele jeito arrastado e vibrante que ele detestava, saboreando o desespero no ar, fechando o cerco...


 


— Estar perto deles por alguns minutos é pouco, imagine ficar perto deles por anos. — Falou Sirius que já havia passado pela situação dita.


— Eu não agüentaria. — Falou Fred.


— Para poder agüentar você tem que ter um objetivo que te ajude a viver, sabe, algo importante que você tem que fazer, e é claro você tem que você tem que ter plena consciência de que é inocente. — Falou Sirius.


 


Ergueu a varinha: não iria, não queria, ganhar o beijo do dementador, fossem quais fossem as conseqüências. Foi em Rony e Hermione que ele pensou ao sussurrar:


— Expecto patronum!


O veado prateado irrompeu de sua varinha e atacou: os dementadores se dispersaram e ouviu-se um grito de triunfo em algum lugar fora de vista.


— É ele, lá embaixo, lá embaixo, vi o Patrono dele, era um veado!


 


— James odiava que alguém dissesse veado, e não cervo, ele chegou a brigar comigo uma vez por causa disso. — Falou Sirius.


— Mas porque brigar por causa de uma bobagem? — Perguntou Molly.


— Porque o Sirius o chamava de chifrudo e veado, e ele não gostava disso. — Respondeu Remo.


— Mas Sirius você também gosta de implicar com as pessoas, chamar ele de veado e chifrudo, o que você tinha na cabeça? — Perguntou Tonks.


— Era ele que começava me chamando de cachorro sarnento e pulguento. — Falou Sirius dando de ombros.


Harry não pode segurar o riso ao ouvir o que os dois amigos de seu pai falava.


 


Os dementadores tinham retrocedido, as estrelas estavam reaparecendo e os passos dos Comensais da Morte se tornaram mais pesados; mas, antes que Harry em seu pânico pudesse decidir o que fazer, ouviu bem perto um rangido de ferragens, uma porta se abriu do lado esquerdo da rua estreita e uma voz áspera disse:


— Potter, entre, depressa!


Ele obedeceu sem hesitação: os três se precipitaram pela porta aberta.


— Suba, não dispa a capa, fique quieto! — murmurou um vulto alto que passou por eles e saiu, batendo a porta.


 


— Tomara que seja alguém do nosso lado. — Falou Jorge.


— Se não fosse, ele com certeza já pediria para o Harry tirar a capa e faria algo para que os comensais o vissem. — Falou Gina recebendo a concordância de algumas pessoas.


Harry não fazia idéia de onde estavam, mas agora via, à luz vacilante de uma única vela, o bar sujo com o piso forrado de serragem do Cabeça de Javali. Eles correram para trás do balcão e por uma segunda porta que levava a uma escada bamba, que eles subiram o mais rápido que puderam. Desembocaram em uma sala de visitas com um tapete puído e uma pequena lareira, no alto da qual estava pendurado um grande retrato a óleo de uma garota loura que contemplava a sala com um ar de meiguice apática.


 


É claro, Aberforth. Pensou Dumbledore.


Os gritos na rua chegavam aos seus ouvidos. Ainda usando a Capa da Invisibilidade, eles foram, pé ante pé, até a janela suja e espiaram para baixo. Seu salvador, que Harry agora reconhecia como o barman do Cabeça de Javali, era a única pessoa que não estava usando um capuz.


— E daí? — berrava ele para um dos rostos encapuzados. — E daí? Vocês mandam dementadores para a minha rua, e jogo um Patrono contra eles. Não vou admitir que se aproximem de mim, já lhes disse, não vou admitir isso!


— Aquele não era o seu Patrono! — contestou um Comensal da Morte. — Era um veado, era o do Potter!


— Veado! — rugiu o barman, sacando a varinha. — Veado! Seu idiota... Expecto patronum!


Um bicho enorme e chifrudo irrompeu da varinha, e, de cabeça baixa, avançou para a rua principal e desapareceu de vista.


 


— Um bode. — Falou Tonks.


— É, já sabemos que podemos confiar nele. — Falou Hermione.


 


— Não foi isso que vi... — retrucou o Comensal da Morte, embora com menos convicção.


— O toque de recolher foi violado, você ouviu o barulho — disse um dos seus colegas ao barman. — Alguém estava na rua contrariando o regulamento...


— Se eu quiser pôr o meu gato para fora, porei, e dane-se o seu toque de recolher!


Você disparou o Feitiço Miadura?


— E se disparei? Vai me mandar para Azkaban? Me matar por meter o nariz fora da minha própria porta? Então faça isso, se é o que quer! Mas espero, para seu bem, que não tenham tocado na Marca Negra para convocá-lo. Ele não vai gostar de ser chamado para ver a mim e o meu velho gato, ou será que vai?


— Não se preocupe conosco — respondeu um dos Comensais da Morte —, preocupe-se com o seu desrespeito ao toque de recolher!


 


— Meu Merlin, que ditadura é essa? — Perguntou Hermione indignada.


— Isso é pouco do que foi a anos atrás. — Falou Sirius.


— Imagino como deve ter sido a anos atrás. — Falou Hermione.


— Eles nem ao menos perguntavam algo, já iam atacando você, sem saber se foi você ou não que desrespeitou as regras deles. — Falou Remo que conhecera pessoas que já havia passado por isso.


 


— E onde é que gente de sua laia irá traficar poções e venenos quando fecharem o meu bar? Que irá acontecer com os seus bicos?


— Você está nos ameaçando...?


— Não abro a boca, é por isso que vocês vêm aqui, não é?


— Continuo dizendo que vi um veado Patrono! — gritou o primeiro Comensal da Morte.


— Veado? — rugiu o barman. — É um bode, idiota!


— Tudo bem, nos enganamos — disse o segundo Comensal da Morte. — Desrespeite o toque de recolher outra vez e não seremos tão indulgentes!


 


— Grandes coisas para o que eles vão ser ou não. — Falou Sirius dando de ombros.


 


Os Comensais da Morte voltaram para a rua principal. Hermione gemeu de alívio, desvencilhou-se da capa e se sentou em uma cadeira de pernas bambas. Harry fechou bem as cortinas, depois retirou a capa de cima dele e de Rony. Ouviram o barman no andar térreo trancar a porta do bar e, em seguida, subir a escada.


Um objeto sobre o console da lareira chamou a atenção de Harry: um pequeno espelho retangular aprumado ali, logo abaixo do retrato da garota.


O barman entrou na sala.


— Seus idiotas infelizes — disse, rispidamente, olhando de um para outro. — Que idéia foi essa de virem aqui?


 


— Nossa, que jeito mais gentil de cumprimentar alguém que acabou de salvar. — Falou Neville ironicamente.


— Ele é sempre assim, se acostumem. — Falou Dumbledore.


— O conhece? — Perguntou Simas.


— É meu irmão, e a garota do retrato é minha irmã que morreu, Ariana. Na opinião dele, ele era o único que tinha o direito de ter a companhia de Ariana pelo quadro, e como eu sempre percebi que ela era mais chegada a ele, cedi o quadro a ele, foi a ultima vez que falamos sobre ela. — Falou Dumbledore.


— Que triste, nunca mais a viu no quadro? — Perguntou Hermione.


— Não, mas tenho fotos dela da época da nossa infância, só isso, a família se desfez depois da morte dela. — Respondeu Dumbledore.


— Imagino que deve ser difícil ter uma boa convivência com o irmão que quebrou o seu nariz. — Falou Jorge para o diretor.


— Eu não ligo para isso, na época eu já era acostumado quando ele ficava violento quando se tratava de Ariana, era meio que um modo de a proteger. — Falou Dumbledore.


 


— Obrigado — disse Harry —, não sabemos como lhe agradecer. Salvou nossas vidas.


O barman resmungou. Harry se aproximou dele, estudando o seu rosto, tentando ver sob a cabeleira e barba grisalhas e grossas. Ele usava óculos. Por trás das lentes sujas, os olhos eram muito azuis e penetrantes.


— É o seu olho que tenho visto no espelho.


Fez-se silêncio na sala. Harry e o barman se fitaram.


— Você mandou Dobby.


O barman assentiu e olhou para os lados, procurando o elfo.


— Pensei que ele estivesse com você. Onde o deixou?


— Está morto — disse Harry. — Belatriz Lestrange o matou.


O rosto do barman não demonstrou emoção. Passado um momento, ele disse:


— Lamento saber. Eu gostava daquele elfo.


 


— A ultima emoção de tristeza que vi em seu rosto foi a morte de Ariana, acho que ele se acostumou em perder pessoas queridas ao longo da vida, primeiro a prisão de meu pai, depois a morte de minha mãe e por ultimo é claro a morte de Ariana. — Falou Dumbledore.


 


Ele se virou, acendendo as luzes com toques de varinha, sem olhar para nenhum dos garotos.


— Você é Aberforth — disse Harry para as costas do homem.


Ele não confirmou nem negou, mas se curvou para acender a lareira.


— Como conseguiu isso? — perguntou Harry, atravessando a sala até o espelho de Sirius, a duplicata do que ele quebrara quase dois anos antes.


— Comprei-o de Dunga mais ou menos há um ano — disse Aberforth. — Alvo me disse o que era. Tenho tentado manter um olho em você.


 


— É Harry, a família Dumbledore gosta de proteger você. — Falou Gui soltando uma fraca risada.


— Disse que não mantinha muito contato com seu irmão. — Falou Arthur.


— Tenho mantido contato com ele quando preciso de algo, ele costuma me ignorar quando falo com ele como irmão. — Explicou Dumbledore.


— Isso é horrível, dois irmãos se tratarem assim. — Falou Molly.


— Eu até gostaria que isso acabace, mas ele continua tão insuportável quanto antes. — Falou Dumbledore de um jeito que ninguém ali havia escutado ele falar.


— Esta parecendo um adolescente falando do seu irmão desse jeito. — Falou Sirius.


— Olha quem fala, você falava do seu irmão desse mesmo jeito Sirius. — Falou Remo.


— Mas ele era chato, vivia fazendo o que minha mãe dizia, e isso eu não suportava de ninguém. — Falou Sirius dando de ombros.


— Pelo menos seu irmão te chama pelo primeiro nome, e não como Dumbledore que é meio formal demais para alguém que é seu irmão. — Falou Molly para o diretor que assentiu.


— Com todos te chamando de Dumbledore, nem parece que esse é o seu sobrenome e sim seu primeiro nome. — Falou Vic.


— Isso veio depois que tomei as responsabilidades da escola, o que não foi muito fácil no começo. — Falou Dumbledore.


— Porque não? — Perguntou Neville.


— Porque quando você é professor, você toma conta de suas turmas organizadamente, já que cada turma tem seu horário, só que quando você é diretor, você tem que tomar conta da escola inteira de uma vez só, então seu cérebro tem que trabalhar quase o dobro do que o normal, para que assim possa pensar em algo que resolva todos os problemas da escola. — Falou Dumbledore.


— Se ser monitor já é difícil, imagine ser professor e depois diretor. — Falou Rony.


— É, Rony não tem paciência para nada, ele as vezes parece querer matar os primeiros anos. — Falou Gina que já havia visto varias vezes o irmão discutir com alguns alunos novatas da escola.


— Engraçadinha. — Falou Rony para a irmã que riu — Vou voltar a ler, depois dessa grande conversa que mudou de assunto drasticamente. — Falou Rony.


 


Rony ofegou.


— A corça prateada! — exclamou. — Foi você também?


— Do que está falando? — perguntou Aberforth.


— Alguém mandou uma corça Patrono até nós!


— Com um cérebro desses, você poderia ser Comensal da Morte, filho. Não acabei de provar que o meu Patrono é um bode?


— Ah — disse Rony. — É... bem, estou com fome! — acrescentou justificando-se, e sua barriga deu um enorme ronco.


— Tenho comida — disse Aberforth, e saiu da sala, reaparecendo momentos depois com uma grande forma de pão, queijo e uma jarra de metal com hidromel, que depositou em uma mesinha à frente da lareira. Famintos, eles comeram e beberam, e por algum tempo o silêncio foi quebrado apenas pelos estalidos do fogo na lareira, o tilintar de taças e o som de mastigação.


 


— Rony deve ter comido 80% de tudo ali. — Falou Gina.


— Você me ama né Gina, não para de falar de mim. — Falou Rony para a irmã que deu de ombros.


— O que eu posso fazer, você é meu irmão, tenho a obrigação de te amar incondicionalmente. — Falou Gina.


— Já não basta a Hermione me enchendo o saco, agora tem você. — Falou Rony.


— Eu nem falei nada e vocês já me colocaram na conversa. — Falou Hermione.


— Antes você do que eu. — Falou Harry dando de ombros para a amiga que riu para ele.


 


— Certo — disse Aberforth, quando eles terminaram de comer, e Harry e Rony se afundaram, sonolentos, nas poltronas. — Precisamos pensar na melhor maneira de tirá-los daqui. Não pode ser à noite, vocês ouviram o que acontece se alguém sai à rua depois do escurecer: dispara o Feitiço Miadura, e eles cairão sobre vocês como tronquilhos em ovos de fadas mordentes. Não acho que consiga passar um bode por um veado uma segunda vez. Esperem amanhecer, quando é suspenso o toque de recolher, então, podem tornar a vestir a capa e partir a pé. Saiam direto de Hogsmeade, subam a montanha e poderão desaparatar de lá. Talvez vejam Hagrid. Está escondido com Grope em uma caverna desde que tentaram prendê-lo.


— Não vamos embora — respondeu Harry. — Precisamos entrar em Hogwarts.


— Não seja idiota, moleque — disse Aberforth.


 


— Nossa, como ele é educado e simpático. — Falou Dino sarcástico.


 


— Temos que entrar.


— O que têm de fazer — retorquiu Aberforth, inclinando-se para frente — é ir para o mais longe que puderem.


— Você não está entendendo. O tempo é curto. Precisamos entrar no castelo. Dumbledore, quero dizer, o seu irmão, queria que nós...


A luz das chamas deixou as lentes sujas dos óculos do bruxo momentaneamente opacas, de um branco forte e chapado, e Harry se lembrou dos olhos cegos de Aragogue, a aranha gigantesca.


— Meu irmão Alvo queria muitas coisas, e as pessoas tinham o mau hábito de saírem feridas enquanto ele executava os seus planos grandiosos. Afaste-se da escola, Potter, e saia do país, se puder. Esqueça o meu irmão e seus esquemas imaginosos. Ele foi para um lugar onde nada disso pode atingi-lo, e você não lhe deve nada.


 


— Ai fica difícil né, um Dumbledore me diz para fazer algo, outro diz para eu desistir desse negocio e fugir. — Falou Harry.


— Você não tem cara de que fugiria. — Falou Felipe para Harry.


— O que importa não é o que as pessoas dizem para você fazer, porque o que não falta é opção para você escolher, o que importa é você saber o que escolher o quer fazer, parar de pensar no que as pessoas querem que você faça, você tem que pensar no que quer fazer por vontade própria. — Falou Lorcan.


 


— Você não está entendendo — repetiu Harry.


— Ah, será que não? — replicou Aberforth, mansamente. — Você acha que eu não compreendia o meu próprio irmão? Acha que conhecia Alvo melhor do que eu?


— Não foi isso que quis dizer — respondeu Harry, cujo cérebro estava lento de exaustão e excesso de comida e vinho. — É que... ele me deixou uma tarefa.


— Deixou, foi? Uma tarefa boa, espero? Agradável? Fácil? O tipo de coisa que se esperaria que um garoto bruxo ainda não qualificado pudesse realizar sem muito esforço?


Rony deu uma risada meio sem graça. Hermione demonstrava tensão.


— Eu... não é fácil, não — disse Harry. — Mas tenho que...


— Tem quê? Por que tem quê? Ele está morto, não está? — retorquiu Aberforth, com rispidez. — Deixe isso para lá, moleque, antes que você acabe indo se juntar a ele! Salve-se!


— Não posso.


— Por que não?


— Eu... — Harry sentiu-se desarmado; não podia explicar, então tomou a ofensiva. — Mas você também está lutando, você está na Ordem da Fênix...


 


— Pelo jeito ele estava com a Ordem, não esta mais. — Falou Sirius.


 


— Estava. A Ordem da Fênix acabou. Você-Sabe-Quem venceu, tudo está terminado, e qualquer um que finja que é diferente está se enganando. Aqui nunca será seguro para você, Potter, ele quer muito você. Vá para o exterior, vá se esconder, salve-se. É melhor levar esses dois. — Ele indicou Rony e Hermione com o polegar. — Correrão perigo enquanto viverem, agora que todos sabem que estiveram trabalhando com você.


— Não posso ir embora. Tenho uma tarefa...


— Passe-a para outro!


— Não posso. Tem que ser eu, Dumbledore me explicou tudo...


— Ah, foi, é? E ele lhe contou tudo, foi honesto com você?


Harry queria de todo coração responder "sim", mas, por alguma razão, essa palavra simples não chegava aos seus lábios. Aberforth parecia saber o que ele estava pensando.


— Eu conhecia meu irmão, Potter. Ele aprendeu a guardar segredo no colo de nossa mãe. Segredos e mentiras, foi assim que fomos criados, e Alvo... tinha um pendor natural.


 


Dumbledore rezava para que ninguém perguntasse algo sobre o que acabara de ouvir.


 


O olhar do velho se desviou para o retrato da moça sobre o console da lareira. Era, agora que Harry olhava o ambiente com atenção, o único quadro pendurado. Não havia fotografia de Alvo Dumbledore, nem de ninguém mais.


— Sr. Dumbledore? — perguntou Hermione, timidamente. — Essa é a sua irmã? Ariana?


— É — confirmou Aberforth, lacônico. — Andou lendo Rita Skeeter, mocinha?


Mesmo à luz rosada das chamas, ficou evidente que Hermione tinha corado.


— Elifas Doge mencionou-a para nós — disse Harry, tentando poupar Hermione.


 


— Duvido que ele não irá se dirigir a Elifas como velho babão. — Falou Dumbledore.


— Como assim? — Perguntou Hermione.


— Meu irmão é muito engraçadinho, apenas isso. — Respondeu Dumbledore dando de ombros.


 


— Aquele velho babão — murmurou Aberforth, tomando um gole do hidromel. — Achava que o sol irradiava de todos os orifícios do meu irmão, é o que ele achava. Bem, muita gente tinha a mesma opinião, vocês três inclusive, pelo que vejo.


Harry ficou calado. Não queria expressar as dúvidas e incertezas sobre Dumbledore que o vinham intrigando havia meses. Tinha feito a sua escolha enquanto cavava a sepultura de Dobby; tinha decidido continuar a seguir o caminho tortuoso e arriscado que Alvo Dumbledore lhe indicara, aceitar que o diretor não tinha lhe dito tudo que gostaria de saber e, simplesmente, confiar. Não desejava voltar a duvidar, não queria ouvir nada que o desviasse do seu intento. Ele enfrentou o olhar de Aberforth, tão impressionantemente igual ao do irmão: os olhos muito azuis davam a mesma impressão de estarem radiografando o objeto que examinavam, e Harry achou que Aberforth sabia o que ele estava pensando, e o desprezava por isso.


— O professor Dumbledore tinha afeição por Harry, muita mesmo — disse Hermione, em voz baixa.


— Tinha, é? — comentou Aberforth. — É engraçado o número de pessoas por quem meu irmão tinha grande afeição, e acabaram em situação pior do que se ele as tivesse deixado em paz.


 


— E eu achava que meu irmão gostava de me contrariar, se analisássemos a diferença de personalidades de você e do seu irmão, chegaríamos a resposta de que vocês não são irmãos de sangue. — Falou Sirius.


 


— Como assim? — perguntou Hermione ofegante.


— Não se preocupe — respondeu o bruxo.


— Mas isso é uma afirmação muito grave! — replicou a garota. — O senhor... está se referindo à sua irmã?


Aberforth encarou-a sério: seus lábios se mexeram como se ele estivesse mastigando as palavras que refreava. Então desatou a falar.


— Quando minha irmã fez seis anos de idade, ela foi atacada fisicamente por três garotos trouxas. Eles a viram produzindo feitiços, quando a espionavam pela sebe que cercava o quintal: ela era pequena, não tinha controle sobre a magia, nessa idade nenhum bruxo tem. Imagino que o que viram os tenha apavorado. Eles se espremeram pela sebe e, quando ela não soube lhes mostrar o truque, exageraram ao tentar impedir a monstrinha de repeti-lo.


 


— Que horror, chamar alguém de monstrinha. — Falou Fernando.


— E você ainda não entende porque alguns bruxos não gostam de trouxas. — Falou Lila para Hermione que estava horrorizada pelo apelido que colocaram em uma criança inocente.


 


Os olhos de Hermione estavam enormes à luz das chamas: Rony parecia ligeiramente nauseado. Aberforth se levantou, alto como Alvo e inesperadamente terrível em sua cólera e na intensidade de sua dor.


— O que eles fizeram destruiu Ariana: ela nunca mais voltou ao normal. Não queria usar a magia, mas tampouco conseguia se livrar dela: o seu poder voltou-se para dentro e a enlouqueceu, irrompia dela quando não conseguia controlá-lo, e por vezes ela se tornava estranha e perigosa. Mas a maior parte do tempo era meiga, assustada e inofensiva.


"E meu pai foi atrás dos filhos da mãe que tinham feito aquilo", continuou Aberforth, "e os atacou. Por isso o prenderam em Azkaban. Ele nunca se defendeu, porque, se o Ministério soubesse da condição de Ariana, ela teria sido recolhida ao St. Mungus para o resto da vida. Seria considerada uma séria ameaça ao Estatuto Internacional de Sigilo, desequilibrada como ficara, a magia explodindo de dentro dela sempre que não conseguia refreá-la.


 


Algumas pessoas ficavam horrorizadas a cada palavra que ouviam Rony ler do livro, alguns imaginavam como Dumbledore se sentia na época em que tudo aconteceu, outros pensavam no sofrimento que a inocente menina passou.


 


"Tivemos que mantê-la a salvo e em silêncio. Mudamos de casa, espalhamos que era doentinha, e minha mãe cuidava dela e tentava mantê-la calma e feliz.


"Eu era o seu favorito." E, ao dizer isso, um encardido garoto de escola pareceu espiar através das rugas e da barba emaranhada de Aberforth. "Não era o Alvo, ele ficava sempre no quarto quando estava em casa, lendo seus livros e contando seus prêmios, mantendo em dia sua correspondência com 'os nomes mais notáveis da magia da época'", debochou Aberforth, "ele não queria se incomodar com a irmã. Ela gostava mais de mim. Eu conseguia convencê-la a comer quando não queria comer com a minha mãe, eu conseguia acalmá-la, se tinha um acesso de fúria, e, quando estava tranqüila, costumava me ajudar a alimentar os bodes.


 


— Uma perfeita companheira. — Falou Dumbledore baixinho — “Ela era tudo o que eu não fui, o mesmo a ele, foi o perfeito irmão que eu não fui”. Pensou Dumbledore.


"Então, quando completou catorze anos... entendem, eu não estava em casa. Se estivesse, poderia tê-la acalmado. Ariana se descontrolou e minha mãe já não era tão jovem quanto antes e... foi um acidente. Ariana não pôde controlar. Matou minha mãe."


Harry sentiu uma horrível mistura de pena e repulsa; não queria ouvir mais nada, mas Aberforth continuou a falar e o garoto ficou imaginando quanto tempo decorrera desde a última vez em que ele tocara nesse assunto; se, de fato, algum dia tocara.


— Esse imprevisto pôs fim à viagem de Alvo com Doguinho ao redor do mundo. Os dois vieram a Godric's Hollow para os funerais de mamãe e, em seguida, Doge partiu sozinho e Alvo se acomodou no papel de chefe de família. Aah! Aberforth cuspiu nas chamas.


— Eu teria cuidado de Ariana, e disse isso a ele, eu não fazia questão de freqüentar a escola, teria ficado em casa. Ele me disse que eu tinha que terminar minha educação, e ele assumiria as obrigações de minha mãe. Um certo revés para o sr. Gênio, pois não há prêmios por cuidar de uma irmã semilouca, para impedi-la de explodir a casa a cada dois dias. Mas ele se desincumbiu bem nas primeiras semanas... até a chegada dele.


 


— Eu me esqueci completamente de minhas obrigações depois que ele chegou, entendam, eu não tinha com quem compartilhar o que queria para o futuro, não tinha um simples amigo, e naquela época Ariana já havia desistido de se aproximar de mim, não adiantava eu dizer a elas as minhas vontades, e as vontades dela era apenas meu irmão, era tudo o que ele fazia e queria, ela sempre quis viver vendo ele fazer o que sempre gostava, mas comigo era diferente, na minha opinião ela apenas me via como irmão porque temos o mesmo sangue, afinal que irmão deixa de cuidar da própria irmã mais nova por fantasias bobas. — Falou Dumbledore.


 


Agora uma expressão realmente ameaçadora surgiu no rosto de Aberforth.


— Grindelwald. E, finalmente, meu irmão teve um igual com quem trocar idéias, alguém tão genial e talentoso quanto ele. E o cuidado com Ariana passou a um segundo plano, enquanto eles tramavam os seus planos para uma nova ordem em magia, procuravam Relíquias e faziam o que mais despertasse o seu interesse. Planos grandiosos para o benefício da bruxidade, e se uma jovem deixasse de receber atenção, que importância teria, quando Alvo Dumbledore estava trabalhando para o bem maior?


"Mas, depois de algumas semanas, eu dei um basta, dei mesmo. Já estava quase na hora de regressar a Hogwarts, então eu disse aos dois, cara a cara, como estou falando com vocês agora." E Aberforth olhou com superioridade para Harry, e não foi preciso muita imaginação para vê-lo adolescente, vigoroso e zangado, enfrentando o irmão mais velho. "Disse-lhe: é melhor desistir agora. Não pode tirá-la daqui, ela não tem condição, não pode levá-la com você, seja lá aonde quer que pretenda ir, quando estiver fazendo os seus discursos inteligentes, tentando conquistar admiradores. Ele não gostou." Os olhos de Aberforth foram brevemente ocultados pela luz das chamas nas lentes dos óculos: eles tornaram a parecer brancos e cegos. "Grindelwald não gostou de ouvir isso. Ficou irritado. Me disse que eu era um menino idiota, tentando barrar o seu caminho e do meu genial irmão... será que eu não entendia, minha pobre irmã não precisaria mais ser escondida depois que tivessem transformado o mundo, e tirado os bruxos da clandestinidade, e ensinado aos trouxas qual era o seu lugar?


 


Os alunos de ambas as casas não sabia o que dizer, não tinha perguntas, estava tudo bem explicado diante as palavras do irmão de Dumbledore.


 


"Então tivemos uma briga... e saquei a minha varinha, ele sacou a dele, e fui atingido por uma Maldição Cruciatus lançada pelo melhor amigo do meu irmão, e Alvo tentou impedi-lo e, de repente, nós três estávamos duelando, e os clarões e os estampidos assustaram Ariana, ela não os suportava..."


A cor foi sumindo do rosto de Aberforth como se ele tivesse recebido um ferimento mortal.


— ... e acho que ela quis ajudar, mas não sabia exatamente o que estava fazendo, e não sei qual de nós fez aquilo, poderia ter sido qualquer um de nós... e ela caiu morta.


 


Poucos perceberam, mas quando Dumbledore escutou “e ela caiu morta” uma lagrimas escorreu por seu rosto, sumindo após chegar a barba.


(Autora desabafando aqui: Gente, eu juro a vocês, que estou chorando agora, sério mesmo, o livro as vezes parece nos puxar para dentro dos personagens, e agora estou meia que no interior de Dumbledore, sentindo o que ele passou quando viu a irmão caída no chão)


 


Sua voz falhou ao dizer a última palavra, e ele se largou na poltrona mais próxima. O rosto de Hermione estava molhado de lágrimas e Rony estava quase tão pálido quanto Aberforth. Harry sentia apenas asco: desejou não ter ouvido aquilo, desejou poder apagar tudo de sua mente.


— Estou tão... estou tão penalizada — sussurrou Hermione.


— Foi-se — disse Aberforth, com a voz embargada. — Foi-se para sempre.


Ele limpou o nariz no punho da camisa e pigarreou.


— É claro que Grindelwald deu o fora. Ele já tinha uma história pregressa em seu país e não queria que Ariana fosse acrescentada à sua folha. E Alvo ficou livre, não? Livre do encargo da irmã, livre para se tornar o maior bruxo da...


— Ele nunca se livrou — protestou Harry.


— Perdão? — disse Aberforth.


— Nunca. Na noite em que seu irmão morreu, ele bebeu uma poção que o deixou fora de si. Ele começou a gritar, suplicando a alguém que não estava presente. "Não os machuque, não os machuque, por favor, por favor, a culpa é minha, machuque a mim..."


 


É claro, aqueles malditos pesadelos que as vezes me atormentam até hoje. Pensou Dumbledore.


É claro que ninguém sabia, mas após a morte de Ariana, Dumbledore começou a ter pesadelos com aquele fato ocorrido, em seus sonhos ele tentava a todo momento morrer no lugar da irmã, tentava ser torturado no lugar do irmão e suplicava a Grindelwald que não machucasse nenhum dos mais novos, mas isso não adiantava, e é claro era como se ele fosse obrigado a ver sua irmã morrer e antes disso seu irmão ser torturado na sua frente, era uma imagem horrível de se ver.


 


Rony e Hermione estavam de olhos arregalados para Harry. Ele jamais entrara em detalhes sobre o que acontecera na ilha do lago, os fatos que se desenrolaram depois que ele e Dumbledore voltaram a Hogwarts tinham eclipsado completamente todo o resto.


— Ele estava revivendo o passado com você e Grindelwald, sei que estava — disse Harry, lembrando-se de Dumbledore choramingando, suplicando. — Pensou que estivesse vendo Grindelwald machucar você e Ariana... foi uma tortura para ele, se você tivesse presenciado, não afirmaria que ele se livrou.


 


Snape que estava na mesa dos professores estava espantado pelo que estava ouvindo, nunca pensara que o diretor havia sofrido tanto em sua vida, na sua opinião o diretor nunca havia sofrido tanto quanto ele quando Lily morreu, quando seu esforço não valeu a pena, mas agora ele vê que estava enganado, que o diretor já havia sofrido tanto quanto ele, a perda da irmã e o distanciamento do irmão, que mesmo estando vivo e tão perto, não aceitava sua proximidade familiar.


Aberforth pareceu se perder na contemplação de suas mãos nodosas, de veias saltadas. Depois de uma longa pausa falou:


— Como pode ter certeza, Potter, de que o meu irmão não estava mais interessado no bem maior do que em você? Como pode ter certeza de que não é dispensável, exatamente como a minha irmã foi?


Uma ponta de gelo pareceu transpassar o coração de Harry.


— Não acredito. Dumbledore amava Harry — disse Hermione.


— Então, por que não lhe disse para se esconder? — retorquiu Aberforth. — Por que não lhe disse, cuide-se bem, eis como sobreviver?


— Porque — disse Harry, se antecipando a Hermione —, às vezes, a pessoa tem que pensar além da própria segurança! Às vezes, a pessoa tem que pensar no bem maior! Estamos em guerra!


— Você tem dezessete anos, moleque!


 


Esse adultos parecem não entender que eu não faço isso por mim, apenas não quero que pessoas percam pessoas como eu perdi, sei que algum dia eu posso morrer em um desses meus momentos de heróis, mas saber que morri por pessoas que amo pode me deixar feliz, prefiro morrer do que perder pessoas importantes para mim. Pensou Harry olhando para cada uma das pessoas ali em sua volta, o moreno apertava a mão de Gina entre as suas, a ruiva olhava para ele confusa as vezes e sorria fracamente, Harry olhava para o pessoal do futuro e mesmo sabendo que eles um dia iria embora, os guardaria em seu coração para sempre, e esperaria com toda sua felicidade que eles viessem ao mundo para lhe fazerem companhia, para que assim ele possa saber o que é ser um pai, o que é ouvir alguém o chamar de papai, e poder rir com todo o prazer de todas as coisas boas que viria a aparecer em sua vida.


 


— Sou maior de idade, e vou continuar lutando mesmo que você já tenha desistido!


— Quem disse que eu desisti?


— "A Ordem da Fênix acabou" — repetiu Harry. — "Você-Sabe-Quem venceu, tudo está terminado, e qualquer um que finja que é diferente está se enganando."


— Não digo que gosto disso, mas é a verdade!


— Não, não é — contestou Harry. — Seu irmão sabia como liquidar Você-Sabe-Quem e passou esse conhecimento a mim, e vou continuar até conseguir isso ou morrer. Não pense que não sei como isso poderá acabar. Há anos que sei.


 


Ele tem plena consciência de que pode morrer em uma de suas aventuras, é Lily, espero que de onde estiver tenho orgulho de seu filho, farei de tudo para que ele não te encontre tão cedo, reze para que ele ache a felicidade incondicional o mais rápido possível, e assim se torne um dos melhores pai do mundo, como aquele que no momento esta cuidando de sua pequena filha. Pensou Dumbledore.


 


Ele esperou Aberforth caçoar ou argumentar, mas o bruxo não fez isso. Apenas franziu as sobrancelhas.


— Precisamos entrar em Hogwarts — repetiu Harry. — Se não pode nos ajudar, esperaremos o dia nascer, deixaremos você em paz e tentaremos encontrar um jeito sozinhos. Se você puder, bem, agora será um bom momento para nos dizer.


Aberforth permaneceu pregado em sua poltrona, fitando Harry com olhos extraordinariamente semelhantes aos do irmão. Por fim, pigarreou, levantou-se, deu a volta à mesinha e se aproximou do retrato de Ariana.


— Você sabe o que fazer — disse ele.


Ela sorriu, virou-se e saiu, não como normalmente fazem os bruxos nos retratos, pelas molduras laterais, mas por uma espécie de longo túnel pintado atrás dela. Os garotos observaram o seu vulto franzino se retirar e, finalmente, ser engolido pela escuridão.


 


— Não entendi. — Falou Rony.


— Eu também não. — Falou Hermione confusa.


 


— Ah... quê...? — começou Rony.


— Só existe um modo de entrar agora — disse Aberforth. — Vocês devem saber que bloquearam todas as antigas passagens secretas dos dois lados, há dementadores em torno de todos os muros divisórios, patrulhas regulares dentro da escola, segundo informaram minhas fontes. O lugar nunca esteve tão fortemente guardado. Como espera fazer alguma coisa, se conseguirem entrar, com Snape na direção e os Carrow como seus assistentes... bem, a preocupação é sua, não é? Você diz que está disposto a morrer.


— Mas quê...? — perguntou Hermione, franzindo a testa para o quadro de Ariana.


 


— Então existe uma outra entrada para o castelo. — Falou Dumbledore.


— Quando achamos conhecer todo o castelo, aparece uma coisa dessas para nos surpreender. — Falou Sirius que também achava conhecer todo o castelo, até saber da sala precisa, lugar que ele nunca havia entrado na sua época escolar.


Um minúsculo ponto branco reaparecera no fim do túnel pintado, e agora Ariana retornava em direção à sala, aumentando de tamanho à medida que se aproximava. Mas havia outra pessoa em sua companhia, alguém mais alto, que vinha mancando com ar agitado. Seus cabelos estavam mais longos do que Harry jamais vira, parecia ter sofrido vários cortes no rosto, e suas roupas estavam rasgadas e puídas. Cada vez maiores se tornaram os dois vultos até suas cabeças e ombros ocuparem todo o quadro. Então, o conjunto girou para a frente na parede como uma portinhola, e surgiu a entrada de um túnel de verdade. E dele, com os cabelos demasiado crescidos, o rosto cortado, as vestes rasgadas, saiu, com dificuldade, um Neville Longbottom real, que soltou um urro de prazer, saltou do console e gritou:


— Eu sabia que você viria! Eu sabia, Harry!


— Isso sim é ter fé. — Falou Hermione soltando um fraco riso.


— Acabou o capitulo, quem quer ler? — Perguntou Rony.


 


(Autora aqui: Bom, gente primeiramente eu peço desculpas pela demora, eu queria ter postado esse capitulo na quarta, mas tive que ir no médico e ontem tive que limpar a casa, sem contar que tive que buscar minha sobrinha e durante a noite tinha que fazer as lições para o dia seguinte, sabem como é deixar a lição para o ultimo minuto, nem ultima hora não é, é ultimo minuto mesmo, espero que tenham gostado e espero também os comentários, quanto a ideia das outras duas fics, saibam que as idéias já estão sendo providenciadas, estou tentando produzir aos poucos, no momento estou mais centrada nessa fic, mas qualquer coisa eu informarei a vocês ou pedirei ajuda, afinal quem melhor que vocês para dar uma forcinha na hora da criatividade kkk’)


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (3)

  • Annabeth73

    Vc sabiaa nehh?? Que a Ariana foii estuprada? Quando eu li,eu nao havia entendido a frase,o trecho,mas depois de considerar a teoria,e reler varias vezes,eu comecei a acreditar na possibilidade desse acontecimento,poq todos os fatos seguintes e a expressao q Ab se referiu á agressão á irma,foram condizentes.Talvez a Jô só nao usou o termo,pois eh um livro para publico infanto-juvenil.Adoreiii o cap!! 

    2013-05-15
  • AnnyChase

    Por Merlin, quase morri nesse capitulo... E, eu tenho que admitir que chorei. Até agora meu rosto está grudento por causa das minhas lágrimas. Lágrimas que vieram a partir dessa parte:Esse adultos parecem não entender que eu não faço isso por mim, apenas não quero que pessoas percam pessoas como eu perdi, sei que algum dia eu posso morrer em um desses meus momentos de heróis, mas saber que morri por pessoas que amo pode me deixar feliz, prefiro morrer do que perder pessoas importantes para mim.Tipo assim, as emoções expressadas no capitulo, tudo, está demais... Eu sinceramente chorei, e tive de parar de ler por alguns minutos, porque minha visã enbaçou e eu não conseguia enxergar as letras. Você cada vez me surpreende mais, continue assim, e poste logo, por favor. Vai ser muito ruim quando essa fanfic acabar, é uma das melhores!

    2013-05-10
  • Beatrice e Nina Potter

    AH!!!!!!!!! Continua, tô louca de vontade de ver a reação de todos quando eles forem ver as lembranças de Severo, quero ver a reação principalmente do Harry, do Almofadinhas e do Aluado.

    2013-05-10
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.