CAPITULO NOVE: UM ESCONDERIJO



— É agora que o bicho vai pegar. — Falou Sirius.


A CENA PARECEU IMPRECISA E LENTA. Harry e Hermione saltaram das cadeiras e empunharam suas varinhas.


— Rápidos. — Elogiou Tonks.


— Nesses tempos ou você é rápido ou fica pra trás. — Falou Remo.


Muita gente começava apenas a entender que algo estranho acontecera; as cabeças se mantinham voltadas para o lince prateado enquanto ele sumia no ar. O silêncio se propagou em ondas frias desde o ponto em que o Patrono aterrissara. Então alguém gritou.


— Porque sempre tem que ter alguém pra colocar pânico? — Perguntou Sirius.


— Ao invés de todo mundo correr vão ficar ai parados esperando os comensais chegarem. — Falou Colin.


Harry e Hermione se precipitaram para a multidão em pânico. Os convidados disparavam em todas as direções; muitos estavam desaparatando; os feitiços que protegiam A Toca e seus arredores tinham sido anulados.


— Rony! — gritou Hermione. — Cadê você?


 


— Não entre em pânico, ele aparece. — Tranquilizou Gina a amiga que estava ao lado segurando forte a mão do namorado.


À medida que avançavam pela pista de dança, Harry viu vultos de capa e máscara surgirem na multidão; viu também Lupin e Tonks de varinhas erguidas, e ouviu ambos gritarem: "Protego!", um grito que ecoou por todos os lados...


— Rony! Rony! — chamava Hermione, quase soluçando, enquanto ela e Harry eram empurrados pelos convidados aterrorizados; o garoto agarrou a mão dela para garantir que não se separassem, ao mesmo tempo que um raio de luz passou por cima de suas cabeças; se era um feitiço de proteção ou algo mais sinistro eles não sabiam dizer...


 


— Pra que vocês querem saber se é um feitiço bom ou ruim, tem que fugir logo dai. — Falou Lily.


Harry e Hermione deram de ombros.


Então Rony apareceu. Segurou o braço livre de Hermione, e Harry sentiu-a girar no mesmo lugar; visão e audição se extinguiram quando ele foi engolido pela escuridão; sua única sensação era a mão de Hermione ao ser comprimido no espaço e no tempo, distanciando-se d'A Toca, distanciando-se dos Comensais da Morte que desciam, talvez do próprio Voldemort...


 


— Pra onde será que eles foram? — Perguntou Arthur.


— Bom, sendo Hermione que aparatou, acho que para um lugar seguro. — Falou Molly.


— Onde estamos? — perguntou a voz de Rony.


Harry abriu os olhos. Por um momento pensou nem ter deixado o local do casamento: continuavam cercados de pessoas.


— Rua Tottenham Court — ofegou Hermione. — Ande, apenas ande, precisamos encontrar um lugar para você se trocar.


 


— Ela levou vocês para um lugar trouxa. — Falou Al.


— Mais precisamente para o centro de Londres. — Falou Felipe.


— Mas, ela disse que ele precisa se trocar, que roupa ele irá usar? — Perguntou Lila.


— Vixe, o que Hermione aprontou agora, com certeza ela não vai deixar os amigos de cueca no meio da rua, por que, sabe, vai que algum gay agarra eles dois. — Falou Almofadinhas rindo.


— Cala a boca. — Falou Rony.


— Ronald, olha os modos. — Repreendeu Molly o filho que bufou e cruzou os braços.


Kingsley voltou a ler.


Harry obedeceu. Eles meio que andavam, meio que corriam pela larga rua escura, apinhada de gente que se divertia na noite, ladeada por lojas fechadas, as estrelas brilhando lá no alto. Um ônibus de dois andares passou, barulhento, e um alegre grupo de boêmios ficou olhando das janelas para eles; Harry e Rony ainda usavam vestes a rigor.


— Hermione, não temos roupas para trocar — comentou Rony, quando uma jovem caiu na risada ao vê-los.


 


— Eu também cairia na risada, sabe, se não soubesse sobre os bruxos. — Falou Hermione.


— Por que não verifiquei se tinha trazido comigo a Capa da Invisibilidade? — perguntou Harry, xingando mentalmente a própria burrice. — Carreguei-a durante todo o ano passado e...


 


— Sabemos a quem o Al puxou. — Falou James.


— É minha, carrego ela quando quiser. — Retrucou Al.


— E eu tenho o mapa do maroto. — Falou James dando de ombros.


— E eu tenho a capa e o mapa. — Falou Lily.


— Desde quando? — Perguntou os irmãos.


— Desde o meu primeiro ano, mamãe falou que se vocês podem, eu também posso, ela disse pra vocês que quando eu quisesse usar era para vocês me emprestarem. — Falou Lily em uma risada do tipo “venci”.


Os irmãos bufaram e passaram os objetos para a irmã, os gêmeos Weasley olharam para aquilo espantados.


— E vocês emprestam? — Perguntou Jorge.


— Temos duas opções, ou emprestamos. — Falou James.


— Ou morremos assassinatos por duas ruivas e um pai que fica apenas olhando. — Falou Al.


— Seu pai não faz nada? — Perguntou Fred.


— Ele é esperto. — Falou Al.


— Pode não ter sido morto por Voldemort, mas sabe que pode não acabar vivo se enfrentar uma ruiva. — Falou James.


— Quem dirá uma e meia. — Falou Al rindo.


— Uma e meia? — Perguntou Lino.


— É, mamãe já é mulher feita, agora a Lily. — Falou Al olhando para a irmã.


— Espero que não se forme uma mulher. — Falou James olhando com um olhar mortal para cada um dos meninos que estavam ali.


— SEUS IDIOTAS, CUIDEM DA VIDA DE VOCÊS, volte a ler, por favor. — Falou Lily gritando com os irmãos e mudando para um tom gentil e carinhoso.


— Uma pestinha escondida em cara de anjo, tá ai uma coisa comum entre a nossa família. — Falou Hugo olhando para a irmã ao lado que o fuzilou com os olhos.


— Você também cala a boca Hugo. — Esbravejou Rose.


— Tudo bem, eu trouxe a capa, trouxe roupas para vocês dois — disse Hermione. — Tentem apenas agir com naturalidade até... Aqui vai dar.


 


— Agir naturalmente não é uma coisa muito fácil quando se está vestindo coisas engraçadas para as outras pessoas. — Falou Dino.


As pessoas concordaram.


Ela os levou a uma rua lateral, e dali ao refúgio de uma travessa escura.


— Quando você diz que trouxe a capa e as roupas... — Harry começou a dizer, franzindo a testa para a amiga, que não levava nada nas mãos, exceto a bolsinha de contas, em cujo interior ela agora remexia.


— Isso mesmo, estão aqui — respondeu ela e, para espanto dos dois garotos, tirou da bolsa um jeans, uma camiseta, meias marrons e, finalmente, a Capa da Invisibilidade prateada.


— Caraça, como foi...?


 


— UAL, feitiço Infectável de Extensão, uma ótima escolha. — Falou Minerva impressionada.


— O mais impressionante não é a escolha do feitiço, e sim o ótimo resultado no feitiço, que na minha opinião tenho certeza que saiu esplendido. — Falou o professor de feitiços.


— Feitiço Indetectável de Extensão — respondeu Hermione. — Complicado, mas acho que o executei corretamente; enfim, consegui enfiar aqui dentro tudo que precisamos. — Ela deu uma sacudidela na bolsinha frágil que ressoou como um porão de carga, quando dentro rolaram vários objetos pesados. — Ah, droga, devem ser os livros — disse Hermione dando uma espiada —, eu tinha empilhado todos por assunto... ah, bom... Harry, é melhor ficar com a Capa da Invisibilidade. Rony, depressa, se troca logo...


 


— Haja coragem para se trocar na frente da amiga, ainda mais no meio da rua. — Falou um menino da Lufa-Lufa.


Rony ficou com as orelhas queimando de vergonha.


— Olha o lado bom, não é necessário tirar a peça mais importante. — Falou Tonks dando de ombros.


— É melhor não falar, acho que todos já sabem o que é. — Falou Remo.


— Quando foi que você fez tudo isso? — perguntou Harry, enquanto Rony despia as vestes.


— Eu lhe falei n'A Toca que tinha empacotado o essencial, lembra, caso a gente precisasse sair correndo. Arrumei a sua mochila hoje de manhã, Harry, depois que você se trocou, e guardei tudo aqui... tive um pressentimento...


— Você é um assombro, só é! — exclamou Rony, lhe entregando as vestes enroladas.


— Obrigada — disse Hermione, se esforçando para sorrir ao guardar as vestes na bolsinha. — Por favor, Harry, cubra-se com a capa!


 


— É melhor mesmo o Harry ficar embaixo da capa, caso algum comensal os encontre. — Falou Dumbledore.


Harry atirou a capa sobre os ombros e puxou-a para a cabeça, desaparecendo de vista. Começava, enfim, a avaliar o que acontecera.


— Os outros... todo o mundo no casamento...


— Não podemos nos preocupar com isso agora — sussurrou Hermione. — É atrás de você que eles estão, Harry, e deixaremos todos em maior perigo se voltarmos.


— Ela tem razão — confirmou Rony, que pareceu perceber que Harry ia contra argumentar, ainda que não pudesse ver o rosto do amigo. — A maior parte dos membros da Ordem estava presente, eles cuidarão de todos.


Harry assentiu, mas lembrou que os outros não podiam vê-lo e acrescentou:


 


— E três. — Falou James.


— Dois. — Falou Al.


— Um. — Terminou Lily.


— Porque estão contando? — Perguntou os gêmeos.


— Ele vai pensar na mamãe. — Respondeu os três.


Gina corou junto ao namorado.


— Como sabe? — Perguntou Luna.


— Quer apostar? — Perguntou Lily.


Kingsley voltou a ler.


— É. — Pensou, porém, em Gina, e o medo borbulhou como um ácido em seu estômago.


 


Cho cada vez que ouvia o nome da Weasley na leitura ficava com raiva ainda mais, e ter que ve-la com Harry não ajudava muito.


— Ainda bem que ela não apostou. — Falou Lorcan.


— Como sabiam? — Perguntou Molly.


— Sei lá. — Responderam os três.


— Potter’s e suas estranhices. — Falou Miguel rindo da cara dos três.


— Vamos, acho que temos de continuar andando — disse Hermione.


Os três tornaram a sair da rua lateral e entrar na principal, onde um grupo de homens cantava e acenava da calçada oposta.


— Só por curiosidade, por que a rua Tottenham Court? — perguntou Rony a Hermione.


— Não faço idéia, o nome simplesmente me ocorreu, mas tenho certeza de que estaremos mais seguros no mundo dos trouxas, não é onde eles esperam que estejamos.


 


— Tomara. — Falou Molly recebendo o apoiou do marido.


— Verdade — concordou Rony, olhando para os lados —, mas você não se sente um pouco... exposta?


— Que outra opção nos resta? — perguntou Hermione, se encolhendo quando os homens do outro lado da rua começaram a assoviar para ela. — Não daria para reservar quartos no Caldeirão Furado, não é? E o largo Grimmauld está fora, se o Snape ainda pode entrar lá... suponho que poderíamos tentar a casa dos meus pais, embora seja provável que eles a revistem... ah, eu gostaria que eles calassem a boca!


— Sei como se sente. — Falou Vic.


— Normal homens assoviarem pra você Vic. — Falou Fred II sem pensar.


Teddy olhou feio para Fred II que meio que se encolheu no seu canto.


— Quer dizer, quando não era casada. — Corrigiu Fred II.


— Bem feito idiota, o mais interessante é que se a Vic quer ter um marido loiro, ela vai ter, um ruivo ela vai ter e um moreno ela também vai ter. — Falou Roxanne olhando para Teddy.


— Esqueceu da opção arco-íris. — Falou Miguel rindo.


— É mesmo Teddy, não me lembro de já ter visto você na forma normal, quer dizer, na forma natural. — Falou Lily.


— Eu já vi. — Falou Vic.


— Não, imagina, a esposa não saber a aparência natural do marido. — Falou James sarcástico.


— James, da um tempo. — Reclamou Vic.


— E então Teddy, porque não volta a forma normal? — Perguntou Lysa.


Teddy soltou um suspiro de impaciência, fechou os olhos e voltou a forma normal, conseguia sentir os cabelos encurtando.


As meninas suspiraram ao ver a beleza do homem, Vic fuzilava cada uma das meninas com o olhar.


— Porque não prefere ficar com a aparência natural? — Perguntou Felipe.


— Não sei. — Respondeu Teddy mudando para a aparência com os cabelos azuis.


— Então tá, voltemos a leitura. — Falou Vic.


— Tudo bem, querida? — gritou o mais bêbado dos homens na outra calçada. — Quer tomar um drinque? Larga esse ruivo pra lá e vem tomar uma cerveja!


 


— Olha Hermione, arrasando corações. — Falou Fred rindo da menina.


— Vamos nos sentar em algum lugar — disse Hermione depressa, quando Rony abriu a boca para responder. — Olhe, esse serve, aí dentro!


 


— É isso mesmo Rony, defende ela. — Falou Fred.


Era um café pequeno e encardido aberto a noite toda. Uma leve camada de gordura cobria as mesas com tampo de fórmica, mas pelo menos estava vazio. Harry foi o primeiro a entrar no reservado, e Rony sentou ao seu lado, defronte a Hermione, que ficou de costas para a entrada e não gostou: espiava por cima do ombro com tanta freqüência que parecia ter um tique nervoso. Harry também não gostou de ficar parado; andar lhe dera a ilusão de que tinham um objetivo. Sob a capa, ele sentia os últimos vestígios da Poção Polissuco se dispersarem, permitindo que suas mãos retomassem o comprimento e a forma normais. Ele tirou os óculos do bolso e colocou-os no rosto.


Passados uns dois minutos, Rony falou:


— Sabem, não estamos muito longe do Caldeirão Furado, é logo ali em Charing Cross...


 


— Não podem. — Falou Tonks.


— Rony, não podemos! — protestou Hermione imediatamente.


— Não para se hospedar lá, mas para descobrir o que está acontecendo!


— Você sabe o que está acontecendo! Voldemort tomou o Ministério, que mais você precisa saber?


— Tá, tá, foi só uma idéia.


Os garotos recaíram em um silêncio incômodo. A garçonete que mascava chiclete se arrastou até a mesa deles e Hermione pediu dois cappuccinos: como Harry estava invisível, teria parecido estranho encomendar um para ele. Dois operários corpulentos entraram no café e se espremeram no reservado contíguo. Hermione falou quase sussurrando:


— Sugiro que procuremos um lugar sem movimento para desaparatar e sair da cidade. Uma vez lá, poderíamos mandar uma mensagem para a Ordem.


 


— É, primeiro um lugar seguro, depois tentam se comunicar com alguém. — Falou Remo.


— Então, você sabe fazer um Patrono que fala? — perguntou Rony.


— Andei praticando e acho que sei — respondeu a garota.


 


— O que significa que ela sabe, exista uma coisa que você não sabe? — Perguntou Hugo sarcástico.


— Falou o menino que já sabe fazer um patrono. — Falou Miguel.


— OQUE? VOCÊ SABE? — Perguntou Hermione surpresa.


— Aff, eu sei e dai? Papai me ensinou esse ano porque eu pedi e tal. — Falou Hugo sem muita importância.


— Aff, não é nada, quem não sabe fazer um patrono. — Falou Lily dando de ombros.


— Eu não sei. — Falou Elliz.


— Não sabe? — Perguntaram todos do futuro.


— Eu não sei. — Respondeu Elliz dando de ombros.


— Mas não é um feitiço que é preciso aprender para se defender, não existe mais nenhum dementador na nossa época mesmo. — Falou Miguel dando de ombros.


— Bom pra vocês, aquelas criaturas são repugnantes. — Falou Lila tendo calafrios só de pensar.


— Depois agente discute isso, volte a ler, por favor. — Falou Hermione.


— Bem, desde que não cause problemas para eles, embora, a essa altura, quem sabe já foram presos. Deus, isso é repugnante — acrescentou Rony, depois de tomar um gole do café cinzento que fumegava. A garçonete ouviu; lançou a Rony um olhar feio e se arrastou para anotar o pedido dos novos fregueses. O maior dos dois operários, louro e avantajado, agora que Harry reparava nele, dispensou a garçonete. Ela o encarou indignada.


 


— Muito estranho. — Falou Kingsley.


— Vamos andando, então, não quero beber essa água suja — disse Rony. — Hermione, você tem dinheiro trouxa para pagar a conta?


— Tenho, tirei tudo que tinha na poupança antes de ir para A Toca. Aposto como todos os trocados estão lá no fundo — suspirou a garota, apanhando a bolsinha de contas.


Os dois operários fizeram movimentos idênticos, e Harry inconscientemente os imitou: os três sacaram as varinhas. Rony, percebendo, com alguns segundos de atraso, o que estava acontecendo, atirou-se sobre a mesa, empurrando Hermione de lado sobre o banco. A força dos feitiços dos Comensais da Morte estilhaçou os azulejos da parede no ponto em que momentos antes estivera a cabeça de Rony, enquanto Harry, ainda invisível, ordenava: — Estupefaça!


 


— Como eles descobriram que estavam ai? — Perguntou Molly.


— É o que queremos saber. — Falou Arthur.


— Muito estranho eles acharem eles em um lugar assim e ainda mais tão rápido. — Falou Gui.


O louro grandalhão foi atingido no rosto pelo jato de luz vermelha, e desmontou para um lado, inconsciente. Seu companheiro, incapaz de ver quem lançara o feitiço, disparou outro contra Rony: reluzentes cordas negras saíram da ponta de sua varinha e amarraram o garoto da cabeça aos pés — a garçonete saiu correndo aos berros em direção à porta —, Harry lançou outro Feitiço Estuporante no Comensal de cara torta que amarrara Rony, mas errou a pontaria e o feitiço, ricocheteando na janela, atingiu a garçonete que caiu junto à porta.


 


— Ops. — Falou Harry fazendo uma careta.


Expulso! — berrou o Comensal da Morte, e a mesa em frente a Harry se desintegrou: a força da explosão atirou o garoto contra a parede e ele sentiu a varinha lhe escapar da mão e a capa escorregar do seu corpo.


 


— Ótimo, agora sabem que ele está ai. — Falou Remo.


Petrificus Totalus! — berrou Hermione, escondida, e o Comensal tombou para a frente como uma estátua aterrissando com um baque sobre os destroços de louça, mesa e café. A garota engatinhou de baixo do banco, sacudindo os cacos de um cinzeiro de vidro dos cabelos, o corpo trêmulo.


D... Diffindo — ordenou ela, apontando a varinha para Rony, que urrou de dor quando ela rasgou seu jeans no joelho, fazendo-lhe um corte fundo na perna. — Ah, me desculpe, Rony, minha mão está tremendo! Diffindo!


 


— Tente não fazer isso. — Falou Rony a namorada.


— Desculpa. — Falou Hermione.


As cordas cortadas caíram. Rony levantou-se, sacudindo os braços para recuperar a sensibilidade. Harry apanhou sua varinha e passou por cima do entulho até o banco em que estava esparramado o Comensal da Morte louro.


— Eu devia ter reconhecido esse, estava lá quando Dumbledore morreu — disse. Ele virou o corpo do Comensal mais moreno com o pé; os olhos do homem correram de Harry para Rony e Hermione.


— É o Dolohov — disse Rony. — Eu o reconheci pelos cartazes dos criminosos procurados. Acho que o grandalhão é Thor Rowle.


 


— Todos estão em Azkaban no momento. — Falou Sirius.


— É, por enquanto, porque pelo que parece eles fugiram de algum modo. — Falou uma menina da Corvinal.


— Temo que comunicar isso ao ministro, pra ver se tem uma solução para isso. — Falou Tonks.


— Porque ele não está vindo nos acompanhar na leitura? — Perguntou um menino da Lufa-Lufa.


— Ele anda ocupado, com um caso mais complicado. — Falou Kingsley dando uma breve olhada para Umbridge.


“Eu não posso ser presa, tenho que ao menos acabar com o Potter, ou... fazer algo que o atinja.” Pensava Umbridge olhando para as crianças do futuro.


— Não interessa qual é o nome deles! — exclamou Hermione, ligeiramente histérica. — Como foi que nos encontraram? Que vamos fazer?


De algum modo, o pânico da amiga clareou a cabeça de Harry.


— Tranque a porta — disse a Hermione —, e, Rony, apague as luzes.


Ele contemplou o paralisado Dolohov, pensando rápido enquanto a fechadura girava e Rony usava o desiluminador para mergulhar o bar na escuridão. Harry ouvia ao longe os homens que tinham mexido com Hermione mais cedo, gritando para outra moça.


 


— Esquece esses bêbados e vão logo para a melhor parte, onde estará todos seguros. — Falou Neville.


— Que vamos fazer com eles? — sussurrou Rony para Harry no escuro; e em tom ainda mais baixo: — Matá-los? Eles nos matariam. E quase conseguiram agora há pouco.


Hermione estremeceu e recuou um passo. Harry sacudiu a cabeça.


— Só precisamos apagar a memória deles. É melhor assim, despistaremos os dois. Se os matarmos, ficaria óbvio que estivemos aqui.


 


— É, mas quem irá fazer o feitiço? — Perguntou Lila.


Harry e Rony se olharam e olharam para Hermione.


— Você é quem manda — disse Rony, parecendo profundamente aliviado. — Mas nunca lancei um Feitiço de Memória.


— Nem eu — falou Hermione —, mas conheço a teoria.


Ela inspirou profundamente para se acalmar, apontou a varinha para a testa de Dolohov e ordenou: — Obliviate!


Na mesma hora, os olhos do bruxo se tornaram desfocados e vagos.


 


— Funcionou. — Falou Teddy.


As pessoas olhavam para Hermione surpresos enquanto a mesma estava corada de vergonha, não gostava de chamar atenção das pessoas.


— Como uma pessoa tão inteligente pode ir para a Grifinória? — Perguntou Lisa Turpin.


— O que? Você quer dizer que pessoas inteligentes não podem ir para a Grifinória? — Perguntou Alicia Spinnet.


— Não, é que inteligência é a qualidade de uma pessoa da Corvinal. — Respondeu Lisa.


— Então você quer dizer que não pode haver pessoas corajosas na Corvinal como pessoas inteligentes na Grifinória? — Perguntou Colin Creevey.


— Não, ela não quis dizer isso, só quis dizer que os alunos são separados por suas qualidades, e que a qualidade da Corvinal é a inteligência, por isso parece estranho a Hermione ser tão inteligente mas o estranho é que o Chapéu seletor a mandou para a Grifinória sendo que o mais provável era que ele iria para a Corvinal. — Falou Marietta Edgecombe . que estava ao lado de Lisa.


— O chapéu seletor quis mesmo me mandar para a Corvinal, mas mudou de ideia. — Falou Hermione.


— Também, haja coragem para se meter em diversas aventuras que poderiam lhe matar. — Falou Ernesto McMillan.


— Não é o fato de ter coragem pra participar dessas aventuras, é o fato de pensar que seus amigos precisarão da sua ajuda para sobreviver, eu nunca abandonaria meus amigos por medo, faria o máximo de mim para ajuda-los, mas nunca os abandonaria sem tentar. — Falou Hermione.


Muitos das pessoas sejam alunos sejam professores olhavam para Hermione, surpresos por sua coragem e lealdade, Minerva olhava emocionada para a menina, a lealdade dela lembrava a lealdade dos marotos (sem contar a de Pettigrew).


Depois de ver que ninguém mais falaria Kingsley voltou a ler.


— Genial — aplaudiu Harry, dando-lhe palmadinhas nas costas. -Cuide do outro e da garçonete, enquanto Rony e eu limpamos a bagunça.


— Limpar a bagunça?! — exclamou Rony correndo os olhos pelo bar parcialmente destruído. — Por quê?


— Você não acha que podem ficar imaginando o que aconteceu quando recuperarem a consciência e se virem em um lugar que parece que foi bombardeado?


— Ah, certo, é...


Rony teve um pouco de dificuldade para sacar a varinha do bolso.


— Não admira que eu não consiga puxar a varinha, Hermione, você trouxe o meu jeans velho, está pequeno.


— Ah, sinto muito — sibilou Hermione, enquanto arrastava a garçonete para um lugar em que não a vissem das janelas. Harry a ouviu resmungar onde Rony podia enfiar a varinha para ficar mais à mão.


 


Hermione corou furiosamente e recebeu de Gina um olhar malicioso.


Quando o bar voltou à condição anterior, eles levantaram os Comensais da Morte para recolocá-los no reservado e escoraram um de frente para o outro.


— Mas como foi que eles nos encontraram? — perguntou Hermione, olhando de um homem inerte para outro. — Como souberam onde estávamos?


Ela se virou para Harry.


 


— Não pode ser o rastreador. — Falou Tonks.


— Mas, então como eles o acharam? — Perguntou Sirius preocupado que eles trombassem com mais algum comensal.


— E se a fizessem uma palavra tabu? — Perguntou Snape falando pela primeira vez desde o começo da leitura na noite passada.


— Como assim uma palavra tabu? — Perguntou Minerva.


— Uma palavra proibida que se eles usassem seriam rastreados imediatamente. — Explicou Snape revirando os olhos por não entender o que era uma palavra tabu.


— Sim, mas que palavra, mas ai teria que ser uma palavra que saibam que apenas Harry fala, e existem milhões de palavras no mundo. — Falou Filius.


— É claro, a palavra seria Voldemort. — Falou Dumbledore.


— Como? — Perguntou Dafne Greengrass.


— Harry é um dos poucos que dizem Voldemort, os outros falam você-sabe-quem, comensais da morte fala Lorde das Trevas, e eu digo Tom Ridlle. — Falou Dumbledore.


— Mas, Harry não é o único que diz esse nome, tem pessoas da Ordem. — Falou Sirius.


— O que os coloca em perigo. — Falou Remo temendo por Tonks.


— Será... será que você ainda está carregando o rastreador, Harry?


— Não pode estar — ponderou Rony. — O rastreador caduca quando se completa dezessete anos, é a lei bruxa, não se pode colocá-lo em um adulto.


— Até onde sabemos — respondeu Hermione. — Mas e se os Comensais da Morte encontraram um jeito de colocá-lo em um adulto?


— Mas Harry não esteve perto de um Comensal nas últimas vinte e quatro horas. Quem poderia ter recolocado um rastreador nele?


Hermione não respondeu. Harry sentiu-se contaminado, maculado: teria sido realmente assim que os Comensais encontraram os três?


— Se eu não posso usar magia e vocês não podem usar magia perto de mim, sem revelarmos a nossa posição... — começou ele.


— Não vamos nos separar! — retrucou Hermione com firmeza.


 


— Mas para não se separar precisam de um lugar seguro. — Falou Astória.


Dumbledore olhou surpreso para a aluna da sonserina, era raro ouvir um comentário da turma da sonserina na leitura, imaginava em uma escola que não houvesse as diferenças, e vendo esse simples comentário tinha um pouco mais de esperança.


— Cala a boca Astória. — Falou Dafne ao lado de Pansy.


— Vem fazer calar o recalcada. — Falou Astória deixando a irmã morrendo de raiva.


— Porque está se preocupando se eles estejam bem ou não, se eu me lembre você não é nada desses idiotas. — Falou a irmã.


— Eles nunca fizeram mal para mim, porque eu iria querer o mal a eles? — Perguntou Astória como se fosse obvio.


— Isso porque você não viu o que eles fizeram ao Draco hoje. — Falou Pansy olhando com raiva para os Grifinórios.


— É claro que eu vi, estava com eles quando eles falaram tudo aquilo na frente do Malfoy. — Falou Astória dando de ombros fazendo pouco caso do que havia visto.


— E você ainda deixou eles falarem aquilo? — Perguntou Pansy indignada.


Astória revirou os olhos.


— Eu não sou nada do Malfoy, porque teria que me intrometer quando a conversa é com ele e não comigo? Ele apenas recolheu o que plantou, e, além disso, se vocês não perceberam, o Malfoy está grandinho demais, por isso não precisa de ninguém pra protegê-lo. — Falou Astória.


“Colheu o que plantou.” Pensava Draco nas palavras da menina.


— Já chega dessa discussão, voltem a leitura. — Repreendeu Snape os alunos fazendo com que os outros o olhassem surpresos.


— Precisamos de um lugar seguro para nos esconder — lembrou Rony. — Nos dê um tempo para pensar.


— Largo Grimmauld — disse Harry. Os outros dois ficaram pasmos.


— Não seja tolo, Harry, o Snape pode entrar lá.


— O pai de Rony disse que puseram na casa feitiços contra ele, e, mesmo que não tenham funcionado — continuou, vendo que Hermione começava a protestar —, e daí? Juro que não há nada que eu gostasse mais do que topar com o Snape!


— Mas...


— Hermione, que outro lugar nós temos? É a nossa melhor possibilidade. Snape é apenas um Comensal. Se ainda estou carregando o rastreador, teremos hordas deles atrás de nós aonde quer que formos.


 


— É melhor saírem da rua o quanto antes. — Falou Alicia Spinnet.


— Concordo. — Falou Gina não gostando do namorado em perigo.


Harry deu um leve aperto na mão da garota em forma de transmitir segurança a ela.


A garota não teve argumentos, embora seu rosto dissesse que gostaria de ter tido. Enquanto destrancavam a porta do bar, Rony acionou o desiluminador para reacender as luzes do local. Então, quando Harry contou três, eles reverteram os feitiços nas três vítimas e, antes que a garçonete e os Comensais da Morte acabassem de despertar sonolentos, os garotos tinham mais uma vez girado e desaparecido na escuridão compressora.


Segundos mais tarde, os pulmões de Harry se expandiram agradecidos e ele abriu os olhos: estavam parados no meio do pequeno largo mal cuidado que já conheciam. Casas altas e dilapidadas os cercavam de todos os lados. O número doze era visível aos garotos, porque tinham sabido de sua existência pela boca de Dumbledore, o fiel do segredo, e os três correram para a casa verificando, a intervalos, se não estavam sendo seguidos ou observados. Rapidamente galgaram os degraus de pedra e Harry tocou a porta uma vez com a varinha. Ouviram uma série de cliques metálicos e o barulho de uma corrente, por fim a porta se abriu, rangendo, e eles entraram depressa.


 


“Então é ai que eles se encontram, na antiga casa dos Black’s.” Pensava Umbridge.


Quando Harry fechou a porta às suas costas, as velhas luminárias a gás se acenderam, lançando uma luz bruxuleante no corredor. O lugar tinha a aparência que ele lembrava: lúgubre, cheio de teias, os contornos das cabeças dos elfos penduradas na parede lançando sombras misteriosas sobre a escada. Compridas cortinas escuras ocultavam o retrato da mãe de Sirius. A única coisa fora do lugar era o porta-guarda-chuvas feito com perna de trasgo, que estava tombado de lado, como se Tonks tivesse acabado de derrubá-lo.


 


— É engraçado como ela sempre tropeça no mesmo lugar acordando aquela velha insuportável. — Ralhou Sirius fazendo uma careta ao se lembrar do quadro da mãe.


— Credo, o Largo Grimmauld era tão feio assim? — Perguntou Elliz fazendo uma careta.


— Vai falar que nunca entrou lá? — Perguntou Sirius.


— É claro que eu já entrei, sabe, as vezes quando vamos passar as férias em Londres nós fica lá, mas a casa que eu me lembro é uma casa bem iluminada, pintada a cores claras, nada de pó ou sujeira, sabe, limpinha e moderna com coisas trouxas. — Respondeu Elliz.


— Nossa, quem fez essa reforma naquela casa feia? — Perguntou Tonks.


— Não sei, mas não me lembro de nenhuma casa feia não. — Falou Teddy.


— Depois agente discute isso. — Falou Kingsley.


— Acho que alguém esteve aqui — sussurrou Hermione, apontando para o objeto.


— Isso pode ter acontecido quando a Ordem deixou a casa — murmurou Rony em resposta.


 


— É verdade. — Falou Remo olhando para Tonks.


 


— Então, onde estão os feitiços que lançaram contra Snape? —perguntou Harry.


— Talvez só sejam ativados se ele aparecer, não? — arriscou Rony. Eles permaneceram juntos ainda no capacho da entrada, com as costas voltadas para a porta, receando entrar no resto da casa.


— Bem, não podemos ficar aqui para sempre — disse Harry, dando um passo à frente.


— Severo Snape?


A voz de Olho-Tonto sussurrou no escuro, fazendo os três se sobressaltarem.


 


— Credo, imagina ouvir a voz de uma pessoa morta? — Falou Evan Abercrombie se arrepiando de medo.


— O que será que Moody fez? — Se perguntava Sirius.


— Não somos Snape! — Harry ainda pôde responder com a voz rouca, mas uma espécie de jato de ar frio foi lançada contra ele e sua língua enrolou para trás, impedindo-o de continuar. Antes que tivesse tempo de sentir a boca por dentro, no entanto, a língua tornou a desenrolar.


Os outros dois pareciam ter experimentado a mesma sensação desagradável. Rony engulhava; Hermione gaguejou:


— Deve t-ter s-sido o F-feitiço da Língua Presa que Olho-Tonto armou contra o Snape!


Cauteloso, Harry deu mais um passo à frente. Alguma coisa se mexeu nas sombras do fim do corredor, e, sem lhes dar tempo de falar, um vulto se ergueu do tapete, alto, cor de poeira e ameaçador. Hermione gritou e foi acompanhada pela Sra. Black, pois as cortinas negras do retrato repentinamente se abriram; o vulto cinzento deslizou para eles, cada vez mais rápido, seus cabelos até a cintura e a barba esvoaçando às costas, o rosto fundo, descarnado, as órbitas vazias; horrivelmente familiar, pavorosamente mudado, ele ergueu um braço murcho e apontou-o para Harry.


— Não! — gritou o garoto, e, embora tivesse erguido a varinha, não lhe ocorreu nenhum feitiço. — Não, não fomos nós! Não o matamos...


 


— Credo, que coisa horrível, já não basta ouvir gente morta tem que ver gente morta também. — Falou Ana Abbott.


A menção da palavra "matamos", o vulto explodiu formando uma grande nuvem de poeira: tossindo, os olhos lacrimejando, Harry olhou para os lados e viu Hermione agachada junto à porta, cobrindo a cabeça com os braços, e Rony, trêmulo da cabeça aos pés, lhe dando palmadinhas desajeitadas no ombro e dizendo:


— Está tudo b-bem... já p-passou...


A poeira rodopiava em torno de Harry como uma névoa, refletindo a luz azulada do gás, enquanto a sra. Black continuava a berrar.


— Sangues-ruins, lixo, estigmas de desonra, manchas de vergonha sobre a casa dos meus pais...


— CALA A BOCA! — berrou Harry apontando a varinha para ela, e, com um estampido e um clarão de faíscas vermelhas, a cortina tornou a se fechar silenciando a mulher.


— Porque não tira esse quadro dai? — Perguntou Luna.


— Se você souber como me avisa que eu tiro na hora. — Respondeu Sirius.


— Já tentamos Luna, mas não conseguimos. — Falou Molly simpática.


— Aquele... Aquele era... — choramingou Hermione, enquanto Rony a ajudava a se levantar.


— Era — confirmou Harry —, mas não era realmente ele, era? Só uma coisa para apavorar o Snape.


Teria dado resultado, perguntou-se Harry, ou Snape teria explodido a aparição horripilante, displicentemente, como fizera com o verdadeiro Dumbledore? Os nervos ainda vibrando, ele saiu à frente dos amigos pelo corredor, à espera de que um novo terror se revelasse, mas nada se mexeu exceto um camundongo correndo pelo rodapé.


— Antes de prosseguir, acho melhor fazer uma verificação — cochichou Hermione e, erguendo a varinha, ordenou: — Homenum revelio!


Nada aconteceu.


 


— Não funcionou? — Perguntou uma menina do primeiro ano.


— É um feitiço para revelar presença humana, como nada aconteceu quer dizer que ninguém está ai, quer dizer, nenhum humano. — Falou Sirius.


— Bem, você acabou de levar um grande susto — disse Rony gentilmente. — Para que serviu esse feitiço?


 


— Eu começaria a desconfiar do Rony. — Falou Fred.


— Porque? — Perguntou Roy confuso.


— Esse não é o Rony que agente conhece, sabe, gentil, que fica elogiando a Hermione e tudo mais. — Falou Jorge rindo da cara do irmão.


— Idiotas. — Resmungou Rony.


— Deixem seu irmão em paz. — Falou Molly para os gêmeos que estenderam as mãos para cima em forma de rendição.


— Serviu para o que eu queria que servisse! — respondeu Hermione, bastante zangada. — Era um feitiço para revelar presença humana, e não tem ninguém aqui exceto nós!


— E o velho Poeirão — acrescentou Rony, olhando para o lugar no tapete de onde saíra o espectro.


 


— Vendo por esse lado, pra que agente vive limpando aquela casa sendo que vai ficar cheio de poeira de novo, não adianta nada. — Falou Gina.


— Estamos sendo tratados como elfos domésticos, só que sem a satisfação do trabalho. — Falou Rony recebendo um tapa no braço da namorada que olhava para ele zangada, ele riu da cara dela.


— Não tem graça. — Falou Hermione.


— Não pra você. — Murmurou Rony.


— O que disse? — Perguntou Hermione estreitando os olhos.


— Eu? Eu disse alguma coisa Harry? — Perguntou Rony para o amigo que estava rindo deles e que negou com a cabeça — Tá vendo, eu não disse nada. — Falou Rony rindo.


— Hum. — Falou Hermione olhando de Harry para Rony.


— É, agora temos certeza. — Falou Rose.


— Vocês são assim desde a escola. — Falou Hugo.


— Um encobrindo o outro. — Falou Lily rindo da cara dos meninos.


— Voltemos a leitura agora. — Falou Harry vendo Hermione e Gina abrirem a boca para falarem alguma coisa, recebeu um olhar feio da namorada por isso.


Alguns metros dali uma japonesa os observavam com raiva.


— Vamos subir — disse Hermione assustada, e, lançando um olhar para o mesmo ponto, subiu à frente a escada rangedeira para a sala de visitas no primeiro andar.


Ao chegar, acenou com a varinha para acender as velhas luminárias a gás. Então, estremecendo na sala ventosa, empoleirou-se no sofá com os braços apertados em volta do corpo. Rony foi à janela e afastou uns dois centímetros a pesada cortina de veludo.


— Não vejo ninguém lá fora — informou. — E eu diria que, se Harry ainda tivesse o rastreador, eles teriam nos seguido até aqui. Eu sei que não podem entrar na casa, mas... que foi, Harry?


O garoto soltara um grito de dor: sua cicatriz recomeçara a queimar ao mesmo tempo que algo lampejou por sua mente como uma luz forte incidindo sobre a água. Ele viu uma grande sombra e sentiu uma fúria que não era sua percorrer seu corpo, violenta e breve como um choque elétrico.


 


— O que está acontecendo? — Perguntou Lily.


— Não sabe? — Perguntou Harry.


— Não. — Responderam James, Al e Lily.


— É quando Harry sente as emoções de Voldemort. — Respondeu Dumbledore.


— Mas é assim? Quer dizer, a cicatriz do papai nem é lembrada mais por ele, é como se não existisse, não sabia que ele sentisse isso em relação a Voldemort. — Falou Lily.


— Não é como se ele fosse falar né Lily, sabe que papai não gosta de falar sobre isso. — Falou James.


— Isso é verdade, só fui saber disso aos 11 anos. — Falou Al.


Todos arregalaram os olhos.


— E por livros ainda. — Falou Al rindo.


— Foi a ultima vez que o Al foi a uma biblioteca por vontade própria. — Falou Rose rindo.


— Há é mesmo, eu lembro, mas porque exatamente você achou que precisaria ir a uma biblioteca para descobrir algo? — Perguntou Scorpius.


— Há, porque na seleção as pessoas ficaram apontando para mim e cochichando com as pessoas do lado, eu achei estranho isso, não é como se eu fosse famoso e tal e as pessoas me conhecessem assim, e tipo piorou a situação quando chamaram meu nome para a seleção. — Falou Al bagunçando os cabelos de nervosismo.


— Isso aconteceu comigo. — Falou Rose.


— E comigo. — Falou Hugo.


— Há, deve ser porque seus pais são conhecidos em Hogwarts, e vocês são bem parecidos com eles, deve ser por isso. — Falou Minerva.


— Também fizeram isso quando eu fui fazer a seleção. — Falou Elliz com vergonha.


— Mas ai já é estranho, não é? — Perguntou Sirius.


— Eu perguntei para uma menina lá, e ela falou que é porque o ultimo Black que eles conheciam foi Sirius Black, como ela disse mesmo... Há é... “O primeiro a fugir de Azkaban sem ajuda de pessoas de fora.” — Falou Elliz fazendo como se fosse uma placa no ar.


— Só por isso? — Perguntou Sirius.


— Imagina, é uma coisa pouca fugir de Azkaban sendo que você está cercado de dementadores e tal, e teria que nadar quilômetros até chegar a costa. — Falou James fazendo cara de pouco caso.


Sirius riu.


Depois disso voltaram a leitura.


— Que foi que você viu? — perguntou Rony, avançando para o amigo. — Você o viu na minha casa?


— Não, eu só senti raiva, ele está realmente enraivecido...


— Mas isso poderia ser n'A Toca! — exclamou Rony em voz alta. — Que mais? Não viu mais nada? Ele estava amaldiçoando alguém?


— Não, eu só senti raiva... e não saberia dizer...


Harry se sentiu atormentado, confuso, e Hermione não ajudou muito ao perguntar amedrontada:


— A sua cicatriz novamente? Afinal, que está acontecendo? Pensei que essa ligação tivesse sido fechada!


 


— Hermione, para de falar como se tudo fosse fácil. — Falou Gina.


— Mas Gina, isso é importante ué. — Falou Hermione.


— Hermione, pra você tudo é fácil, mas se coloca no lugar dele, não é como se você lesse e já tivesse prática, não é como um Alohomora. — Falou Rony.


— Tá bom, eu paro de dizer como se tudo fosse fácil. — Falou Hermione.


Kingsley voltou a ler.


— Fechou, por algum tempo — murmurou Harry; sua cicatriz ainda doía dificultando a concentração. — Acho que recomeçou a abrir, sempre que ele se descontrola, é como costumava...


— Então, você tem que fechar sua mente! — disse Hermione esganiçada. — Harry, Dumbledore não queria que você usasse essa ligação, queria que você a fechasse, é para isso que devia usar a Oclumência! Do contrário, Voldemort pode plantar falsas imagens em sua mente, lembra...


— Lembro, sim, obrigado — respondeu o garoto entre os dentes; não precisava que Hermione lhe dissesse que Voldemort já usara essa mesma ligação entre eles para atraí-lo a uma armadilha, nem que isso causara a morte de Sirius. Desejou que não tivesse contado aos amigos o que sentira e vira; isso tornara Voldemort mais ameaçador, como se ele estivesse forçando a janela da sala. A dor em sua cicatriz estava aumentando e ele a repelia: era como se resistisse ao impulso de enjoar.


Ele deu as costas a Rony e Hermione, fingindo examinar a velha tapeçaria com a árvore genealógica da família Black pendurada na parede. Então Hermione deu um grito agudo: Harry sacou a varinha e se virou, um Patrono prateado entrou pela janela da sala de visitas e aterrissou no chão diante deles, onde assumiu a forma de uma doninha e a voz do pai de Rony.


— Família a salvo, não responda, estamos sendo vigiados.


 


— Graças a Merlin. — Falou Molly.


— Vocês saíram de lá bem na hora. — Falou Gui.


O Patrono se dissolveu no ar. Rony deixou escapar um som entre um choro e um gemido e se largou no sofá: Hermione sentou-se com ele, apertando seu braço.


— Eles estão bem, eles estão bem! — sussurrou ela, e Rony ao mesmo tempo ria e a abraçava.


— Harry — disse ele por cima do ombro de Hermione —, eu...


— Não tem problema — respondeu Harry nauseado de dor na cabeça. — É sua família, claro que está preocupado. Eu sentiria o mesmo. — Lembrou-se de Gina. — Eu sinto o mesmo.


 


Gina sorriu pela preocupação, isso mostrava que ele se preocupava com ela mesmo, que ele queria protegê-la, e que ele gostava dela de verdade.


Cho fechou os punhos de raiva.


A dor em sua cicatriz foi atingindo o auge, queimando como no jardim d'A Toca. Ao longe, ele ouviu Hermione dizer:


— Eu não quero ficar sozinha. Podemos usar os sacos de dormir que trouxemos e acampar aqui hoje à noite?


Ele ouviu Rony concordar. Não conseguiria resistir à dor por mais tempo: tinha que se entregar.


— Banheiro — murmurou e saiu da sala o mais depressa que pôde, sem correr.


 


— Lá vem. — Murmurou Harry.


Gina ficava triste por saber que Harry era praticamente forçado a sentir essas coisas momentâneas.


Quase não chegou lá. Trancando a porta com as mãos trêmulas, ele agarrou a cabeça latejante e se largou no chão. Então, em uma explosão de agonia, sentiu a raiva que não lhe pertencia se apoderar de sua alma, viu uma sala comprida, iluminada apenas pela lareira, e o Comensal grandalhão e louro no chão, berrando e se contorcendo, e um vulto mais leve em pé ao lado dele, empunhando a varinha, e Harry falando com uma voz fria e cruel.


— Mais, Rowle, ou vamos encerrar logo e dar você para Nagini comer? Lord Voldemort não tem certeza se desta vez irá lhe perdoar... Foi para isso que me chamou, para me dizer que Harry Potter tornou a escapar? Draco, dê a Rowle mais uma amostra do nosso desagrado... Faça isso ou sinta pessoalmente a minha ira!


 


Todos olharam par Draco que estava pálido, o menino pensava o que tinha na cabeça para participar de uma coisa dessas, sabia que era fraco para essas coisas de tortura e morte, todos voltaram a atenção para a leitura, Draco vendo que ninguém mais o olhava e colocou a cabeça entre as mãos pensando na burrada faria na vida, e com a descoberta recomeçou a pensar nas palavras dos gêmeos, tinha que fazer algo para mudar isso, e rápido.


Uma tora de madeira caiu na lareira: as chamas se avivaram, sua claridade bateu no rosto pálido, aterrorizado e fino... com a sensação de emergir de águas profundas, Harry arquejou várias vezes e abriu os olhos.


Estava estatelado no frio piso de mármore negro, seu nariz a centímetros de um dos rabos de serpente prateados que sustentavam a grande banheira. Sentou-se. O rosto magro e petrificado de Malfoy parecia gravado em sua retina. Harry se sentiu nauseado com a cena que vira, com o uso que Voldemort estava fazendo de Draco.


 


“Ele sentiu pena de mim.” Pensava Draco absorvendo as palavras ditas pelo homem que lia o livro.


Houve uma forte batida na porta e Harry se sobressaltou ao ouvir a voz de Hermione.


— Harry, você quer a sua escova de dentes? Eu a trouxe.


— Quero, beleza, obrigado — disse ele, procurando manter a voz descontraída ao se levantar para deixar a amiga entrar.


 


— Acabou, quem vai ler agora? — Perguntou Kingsley olhando para todos.


 


— Eu vou. — Falou Cath pegando o livro.

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