CAPITULO VINTE E DOIS: AS RELI

CAPITULO VINTE E DOIS: AS RELI



— As relíquias da morte. — Falou Miguel.


— Ainda vamos falar disso. — Falou Hermione entediada.


Harry caiu, arquejando no capim, e se levantou depressa. Pareciam ter aparatado no canto de um campo ao anoitecer; Hermione já estava correndo em círculo à volta deles, gesticulando com a varinha.


Protego totalum... Salvio hexia...


— Aquele parasita traiçoeiro! — arfou Rony, saindo debaixo da Capa da Invisibilidade e atirando-a para Harry. — Hermione, você é um gênio, um gênio completo, nem acredito que nos safamos!


Cave inimicum... eu não disse que era chifre de erumpente? Não disse? Agora a casa dele explodiu!


— Bem feito — comentou Rony, examinando o jeans rasgado e os cortes nas pernas. — Que acha que farão com ele?


— Ah, espero que não o matem! — gemeu Hermione. — Foi por isso que eu quis que os Comensais da Morte vissem o Harry antes de sairmos, para saberem que o Xenofílio não estava mentindo!


— Mas por que me esconder? — perguntou Rony.


 


— Porque você devia estar de cama na Toca Rony. — Respondeu Hermione.


 


— Porque acham que você está de cama com sarapintose, Rony! Eles seqüestraram Luna porque o pai apoiava Harry! Que aconteceria com a sua família se soubessem que você está com ele?


— Mas e os seus pais?


— Estão na Austrália — respondeu Hermione. — Devem estar bem. Não sabem de nada.


— Você é um gênio — repetiu Rony, assombrado.


— E é mesmo, Hermione — concordou Harry, com fervor. — Não sei o que faríamos sem você.


Seu rosto se iluminou sorridente, mas imediatamente ficou sério.


— E a Luna?


— Bem, se eles estiverem dizendo a verdade e ela ainda estiver viva... — começou Rony.


— Não diga isso, não diga isso! — guinchou Hermione. — Ela precisa estar viva, precisa!


— Então estará em Azkaban, suponho — disse Rony. — Mas, se vai sobreviver à prisão... muita gente não...


— Vai sobreviver — afirmou Harry. Ele não suportaria pensar na alternativa. — Ela é durona, a Luna, muito mais do que se imaginaria. Provavelmente está ensinando aos companheiros de prisão tudo a respeito de zonzóbulos e narguilés.


 


— Seria um ótimo jeito de se distrair. — Falou Luna.


— Espero que você tenha razão — disse Hermione. E passou as mãos pelos olhos. — Eu teria tanta pena de Xenofílio se...


— ... se não tivesse acabado de tentar nos vender para os Comensais da Morte, sim — completou Rony.


Os garotos armaram a barraca e se retiraram para o seu interior, onde Rony preparou o chá para todos. Depois de se salvarem por um triz, a barraca fria e bolorenta parecia um lar, seguro, familiar e amigo.


— Ah, por que fomos lá? — gemeu Hermione, depois de alguns minutos de silêncio. — Harry estava certo, foi uma repetição de Godric's Hollow, uma completa perda de tempo! As Relíquias da Morte... quanta besteira... embora — um pensamento repentino parecia ter lhe ocorrido — aquilo possa ser tudo invenção dele, não? Provavelmente não acredita nem um pouco nessas Relíquias, só queria nos dar corda até os Comensais da Morte chegarem!


 


— Não, ele acredita mesmo nas relíquias. — Falou Luna.


— Acho que não — disse Rony. — É muito mais difícil inventar histórias quando se está sob pressão do que vocês imaginam. Descobri isso quando os seqüestradores me pegaram. Foi muito mais fácil fingir que era o Lalau, porque eu conhecia alguma coisa sobre ele, do que inventar alguém inteiramente novo. O velho Lovegood estava sob uma baita pressão, tentando garantir que não fôssemos embora. Acho que nos contou a verdade, ou o que ele pensa que seja a verdade, só para sustentar a conversa.


— Bem, suponho que não faça diferença — suspirou Hermione. — Mesmo que estivesse sendo sincero, nunca ouvi tanto absurdo na minha vida.


— Mas calma aí — replicou Rony. — Também disseram que a Câmara Secreta era um mito, não foi?


— Mas as Relíquias da Morte não podem existir, Rony!


 


— Eu concordo com o Rony, quer dizer, a história pode até ser mentira, mas quem garante que os objetos não existem, Hermione você tem que parar de acreditar apenas em coisas que possam ter provas para ser verdadeiramente concreta. — Falou Gina.


— Como você pode pensar que é verdade? — Perguntou Hermione a ruiva


— Hermione, tenho certeza de que se fosse a professora Minerva ter dito sobre as Relíquias, e acreditasse nos objetos você também acreditaria. — Falou Gina.


— Quando você leu pela primeira vez sobre a câmara no primeiro ano, você acreditou mesmo que ela existisse? — Perguntou Harry.


— Não, afinal os diretores procuraram na escola inteira vestígios sobre a câmara e não encontraram. — Respondeu Hermione.


— É a mesma coisa das relíquias, só que com certeza a câmara é mais fácil de achar do que as relíquias, afinal, a câmara estaria em algum lugar do castelo, diferente das relíquias que podem estar em qualquer lugar do mundo. — Falou Rony.


— Tudo bem, já discutimos mais de uma vez sobre estas relíquias, vamos voltar a ler. — Falou Hermione fazendo sinal para que Miguel voltasse a ler.


 


— Você não pára de dizer isso, mas uma delas pode. A Capa da Invisibilidade do Harry...


— "O conto dos três irmãos" é uma história — disse Hermione, com firmeza. — Uma história sobre o medo que os seres humanos têm da morte. Se sobreviver fosse tão simples quanto se esconder sob a Capa da Invisibilidade, já teríamos tudo de que precisamos!


— Não sei. Uma varinha invencível seria de bom tamanho — disse Harry, girando entre os dedos a varinha de ameixeira-brava que tanto detestava.


— Isso não existe, Harry!


— Você disse que tem havido uma quantidade de varinhas: a Varinha da Morte ou que nome tenham...


— Tudo bem, mesmo que você queira se iludir, a Varinha das Varinhas é real, e a Pedra da Ressurreição? — Ela desenhou com os dedos pontos de interrogação em torno do nome, e seu tom escorria sarcasmo. — Não há magia que possa ressuscitar os mortos, e pronto!


 


— Eles não voltam inteiramente, de acordo com a história eles voltam como se fossem um fantasma, a diferença é que o fantasma tem mais sentimentos que pessoas trazidas pelo uso da pedra. — Falou Dumbledore.


— Quando a minha varinha entrou em contato com a de Você-Sabe-Quem, minha mãe e meu pai apareceram... e Cedrico...


— Mas não voltaram realmente do além, não é? — disse Hermione. — Essas pálidas imitações não são pessoas de fato ressuscitadas.


— Mas ela, a garota da história, não voltou de verdade, voltou? A história diz que uma vez que a pessoa morre, seu lugar é junto aos mortos. Mas o segundo irmão ainda chegou a vê-la e a falar com ela, não foi? Até conviveu com ela por algum tempo...


Harry viu preocupação e outra coisa menos facilmente definível na expressão de Hermione. Então, quando a garota olhou para Rony, ele percebeu que era medo: Harry a deixara apavorada com essa conversa de viver com gente morta.


— Então, aquele tal Peverell que está enterrado em Godric's Hollow — acrescentou, depressa, tentando parecer irredutivelmente são —, você não sabe nada dele?


 


— Boatos de pessoas antigamente conhecidas somem conforme as antigas gerações vão morrendo, os pais param de falar sobre essas pessoas e ai os boatos somem. — Falou Sirius.


— Ele quis dizer por exemplo, sabe, por exemplo se um grande bruxo morre, os pais costumam falar sobre as aventuras desses tais bruxos para seus filhos, mas ai os filhos não contam para seus futuros filhos e assim a imagem da pessoa e o que ela fez acaba, as pessoas acabam por se esquecerem delas. — Explicou Remo.


 


— Não — respondeu Hermione, parecendo aliviada com a mudança de assunto. — Procurei o nome dele depois que vi a marca no túmulo; se tivesse sido alguém famoso ou feito alguma coisa importante, estaria em um dos nossos livros. O único lugar em que consegui encontrar o nome "Peverell" foi em A nobreza natural: uma genealogia dos bruxos. Pedi o livro emprestado a Monstro — explicou quando Rony ergueu as sobrancelhas. — Lista as famílias de sangue puro que agora estão extintas pela linhagem masculina. Aparentemente, a família Peverell foi uma das primeiras.


 


— Como assim extintas pela linguagem masculina? — Perguntou uma menina que aparentava ser do primeiro ano, ela estava sentada junto dos alunos da Sonserina.


— Os Peverell devem ter tido apenas filhas, porque ai depois de casadas seus filhos perderam seus sobrenomes paternos, já que quando a mulher se casa seu sobrenome principal é do marido. — Explicou Rose.


— Extintas pela linhagem masculina? — repetiu Rony.


— Quero dizer que o nome morreu — explicou Hermione —, há séculos, no caso dos Peverell. Mas eles talvez ainda tenham descendentes, sob um nome diferente.


Então ocorreu a Harry, com absoluta clareza, a lembrança que fora despertada com a menção do nome Peverell: um velho imundo brandindo um feio anel na cara do funcionário do Ministério, e ele exclamou em voz alta:


— Servolo Gaunt!


— Desculpe? — disseram Rony e Hermione ao mesmo tempo.


Servolo Gaunt! O avô de Você-Sabe-Quem! Na Penseira! Com Dumbledore! Servolo Gaunt disse que descendia dos Peverell!


 


— Nossa, Voldemort esta ligado a tudo que vocês descobrem. — Falou Gina.


— Então alguém da família Gaunt já herdou o nome Peverell? — Perguntou Lila.


— Exatamente. — Falou Hugo como se fosse obvio.


Rony e Hermione pareciam perplexos.


— O anel, o anel que virou uma Horcrux, Servolo Gaunt disse que tinha o brasão dos Peverell nele! Eu o vi sacudindo o anel na cara do funcionário do Ministério, quase o enfiou no nariz do homem!


— O brasão dos Peverell? — perguntou Hermione, vivamente. — Você viu como era?


— Na verdade, não — respondeu Harry, tentando lembrar. — Pelo que pude ver, não tinha nenhum ornato, talvez alguns riscos. Eu só o vi realmente de perto depois de rachado.


Harry percebeu a compreensão nos olhos subitamente arregalados de Hermione. Rony olhava de um para outro, abismado.


— Caramba... vocês acham que foi o mesmo símbolo outra vez? O símbolo das Relíquias?


 


— Esse anel, Voldemort poderia ter descoberto sobre ele e o feito de Horcrux se soubesse que tinha um grande valor, seja para família dele ou um grande valor comercial. — Falou Neville.


— Sim, pode ter sido o anel que estávamos falando, ainda mais sabendo que ele foi rachado, por que poderia ter sido rachado depois da alma de Voldemort ter sido destruída. — Falou Dumbledore.


— Por que não? — perguntou Harry agitado. — Servolo Gaunt era um babaca velho e ignorante que vivia como um porco, e só se importava com a sua ancestralidade. Se aquele anel tivesse sido legado através dos séculos, ele talvez nem conhecesse realmente o seu valor. Não havia livros naquela casa e, pode crer, ele não era do tipo que lê contos de fadas para os filhos. Teria gostado de pensar que os riscos na pedra eram um brasão porque, na cabeça dele, ter sangue puro transformava a pessoa praticamente em realeza.


— Sei... e isso é tudo muito interessante — disse Hermione, cautelosa —, mas, Harry, se você estiver pensando o que eu acho que está pensando...


— E por que não? Por que não? — perguntou Harry, abandonando a cautela. — Era uma pedra, não era? — Ele olhou para Rony em busca de apoio. — E se fosse a Pedra da Ressurreição?


O queixo de Rony despencou.


— Caramba... mas será que ainda funcionaria, se Dumbledore o rachou...


— Funcionaria? Funcionaria? Rony, nunca funcionou! Não existe Pedra da Ressurreição! — Hermione se erguera de um pulo, parecendo impaciente e zangada. — Harry, você está tentando encaixar tudo na história das Relíquias...


 


— Hermione esta sempre acabando com a nossa graça. — Falou Harry entediado.


Encaixar tudo? Hermione, tudo se encaixa sozinho! Sei que o símbolo das Relíquias da Morte estava naquela pedra! Gaunt disse que descendia dos Peverell!


— Um minuto atrás você disse que nunca viu direito o símbolo que havia na pedra!


— Onde acha que o anel está agora? — perguntou Rony a Harry. -Que foi que Dumbledore fez com ele depois que o rachou?


Mas a imaginação de Harry já voava adiante, muito além da de Rony e Hermione...


Três objetos, ou Relíquias, que, se unidas, tornarão o seu dono senhor da Morte... senhor... conquistador... vencedor... Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte...


E ele se viu possuidor das Relíquias, enfrentando Voldemort, cujas Horcruxes não eram páreo... nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... seria essa a resposta? Relíquias contra Horcruxes? Haveria afinal uma forma de garantir que ele é quem triunfaria? Se fosse o senhor das Relíquias da Morte, seria salvo?


 


— Harry você tem uma imaginação muito fértil. — Falou Gui.


— Imaginar não mata. — Falou Harry dando de ombros.


— Harry?


Ele, porém, nem ouvia Hermione: tinha apanhado a Capa da Invisibilidade e corria os dedos por ela, o tecido maleável como água, leve como o ar. Ele nunca vira nada igual em seus quase sete anos no mundo bruxo. A capa era exatamente o que Xenofílio descrevera: uma capa que real e verdadeiramente torna o seu usuário invisível, e dura para todo o sempre, ocultando-o de forma constante e impenetrável, seja quais forem os feitiços que se lancem sobre ela.


Então, com uma exclamação, ele se lembrou...


— Dumbledore estava com a minha capa, na noite em que meus pais morreram!


Sua voz tremeu e ele sentiu o sangue afluir ao seu rosto, mas não ligou.


— Minha mãe disse a Sirius que Dumbledore tinha pedido a capa emprestada! Foi para isso! Queria examiná-la, porque achava que fosse a terceira Relíquia! Ignoto Peverell está enterrado em Godric’s Hollow... — Harry andava às cegas pela barraca, sentindo que se abriam novos horizontes de verdade para todos os lados. — Ele é meu antepassado! Descendo do terceiro irmão! Tudo faz sentido!


 


— Mas se você for parente do terceiro irmão, e Servolo Gaunt que dizia ser descendente do segundo irmão, que é avô de Voldemort, isso não torna você e Voldemort parentes? — Perguntou Simas.


— Bom, é o que parece. — Falou Minerva.


— Ótimo, tudo o que eu precisava é saber que eu e Voldemort somos parentes. — Falou Harry com a voz mais desanimada do mundo.


— Mas Harry, se você ver por esse lado, você é parente de todas as pessoas que tenha um parente puro-sangue, antigamente as famílias puro-sangue se juntavam com o casamento, casando um filho com a filha de uma pessoa que também seja puro sangue, você pode até ser parente do Rony. — Falou Sirius — Eu era parente do James, eu não sei de quem a sua avó era filha, mas sei que ela era uma Black antes de casar. — Falou Sirius.


— Era melhor você não ter nem imaginado que poderia ser parente do Rony, porque se você for parente dele é parente da Gina também. — Falou Hermione divertida.


Miguel riu e logo depois percebendo que ninguém falaria mais nada, voltou a ler.


Sentiu-se armado de certeza em sua crença nas Relíquias, como se a simples idéia de possuí-las o protegesse, e se sentia exultante quando se voltou para os outros dois.


— Harry — tornou a chamar Hermione, mas ele estava ocupado, desamarrando a bolsa ao seu pescoço, seus dedos muito trêmulos.


— Leia isso — disse à amiga, empurrando a carta da mãe nas mãos dela. — Leia! Dumbledore estava com a capa, Hermione! Para que mais ele iria querê-la? Ele não precisava de uma capa, era capaz de lançar um Feitiço da Desilusão tão poderoso que se tornava completamente invisível sem vestir nada!


 


— Então era isso que você e Grindelwald faziam, estavam a procura das relíquias, por isso ele retornou a Godrics Hollow, sabia que um Peverell que todos acreditam ser um dos três irmãos estava enterrado lá. — Falou Harry a Dumbledore.


— Sim, ele imaginava que se Ignoto estava lá, algum descendente dele também poderia estar. — Confirmou Dumbledore.


— Mas ele só poderia encontrar procurando de descendente em descendente se fosse a capa, porque a varinha foi roubada por uma pessoa qualquer, e a pedra não se sabe quem a encontrou. — Falou Fred.


— Bom, mas se Gaunt estava em posse da pedra, e sabia que era o brasão da família Peverell, então o anel foi mesmo encontrado por um descendente do segundo irmão. — Falou Tonks.


Alguma coisa caiu no chão e rolou, reluzindo, para baixo de uma poltrona: deslocara o pomo de ouro junto com a carta. Harry se abaixou para apanhá-lo. Então, a recém-aberta fonte de fabulosas descobertas lhe atirou mais uma dádiva, e o choque e o assombro irromperam nele, fazendo-o gritar:


 


— Será que a pedra pode estar dentro do pomo? — Perguntou Gina.


— Será? — Perguntou Hermione olhando para Dumbledore que ao menos disse uma palavra sobre deixar a pedra para Harry dentro do pomo.


— ESTÁ AQUI DENTRO! Ele me deixou o anel... está no pomo de ouro!


— Você... você acha?


Ele não conseguiu entender por que Rony parecia tão surpreso. Era tão óbvio, tão claro para Harry: tudo se encaixava, tudo... sua capa era a terceira Relíquia e, quando ele descobrisse como abrir o pomo, teria a segunda, e depois só precisaria encontrar a primeira Relíquia, a Varinha das Varinhas, e então...


Foi como se a cortina descesse sobre um palco iluminado: toda a sua excitação, toda a sua esperança e felicidade se extinguiram de um golpe, e ele ficou parado no escuro, e o glorioso encantamento se rompeu.


 


— Imagino que você entendeu. — Falou Dumbledore.


— Descobriu o que? — Perguntou Harry.


— Vamos ler, tenho certeza que vocês entenderão. — Falou Dumbledore fazendo sinal para que Miguel voltasse a ler.


— É isso que ele está procurando!


A mudança no seu tom de voz fez Rony e Hermione parecerem ainda mais apavorados.


 


— Quem esta procurando? — Perguntou Simas confuso.


— Você-Sabe-Quem está procurando a Varinha das Varinhas.


 


— Voldemort esta procurando por ela, por que acha que só essa varinha poderia vencer a do Harry. — Falou Cath como se fosse obvio.


 


Harry deu as costas para os rostos incrédulos e tensos dos amigos. Sabia que era verdade. Tudo fazia sentido. Voldemort não estava procurando uma nova varinha; estava procurando uma velha varinha, de fato muito velha. Harry se encaminhou para entrada da barraca, esquecido de Rony e Hermione, e contemplou a noite, refletindo...


Voldemort fora criado em um orfanato trouxa. Ninguém teria lhe falado sobre Os contos de Beedle, o bardo quando era criança, da mesma forma que Harry nunca ouvira falar deles. Poucos bruxos acreditavam nas Relíquias da Morte. Seria provável que Voldemort soubesse de sua existência?


 


— Mas e se ele tivesse perguntado a Olivaras e o feitor de varinha ter mencionado os boatos que possa ter ocorrido antigamente, de pessoas que saíram por ai dizendo que estava em posse da varinha? — Perguntou Rony.


— Afinal, quem mais saberia de varinhas, que um feitor de varinhas? — Perguntou Scorpius como se fosse obvio.


Harry perscrutou a escuridão... se Voldemort tivesse sabido das Relíquias da Morte, certamente as teria procurado, e feito qualquer coisa para possuí-las: três objetos que tornavam o seu dono senhor da Morte? Se tivesse ouvido falar das Relíquias, talvez nem tivesse precisado das Horcruxes para começar. Será que o simples fato de ter pego uma Relíquia para transformá-la em uma Horcrux não demonstrava que ele não conhecia esse grande segredo do mundo bruxo?


 


— Mas se ele soubesse que o anel tem um poder tão fascinante ele nunca teria ao menos largado esse anel, teria deixado em sua posse, onde ele mesmo poderia verificar se estava em segurança. — Falou Lorcan.


 


Isto significava que Voldemort estava procurando a Varinha das Varinhas sem compreender o seu total poder, sem saber que era uma das três... pois a varinha era uma Relíquia que não poderia ser escondida, cuja existência era a que se conhecia melhor... o rastro sangrento da Varinha das Varinhas mancha as páginas da história da magia.


 


— Mas para ele se transformar em um novo dono da varinha, ele teria que matar o ultimo que a pertence. — Falou Dumbledore sem ao menos perceber.


— Mas de qualquer jeito se ele achar a varinha, ele com certeza vai matar o antigo dono. — Falou Parvati.


— Você por acaso sabe quem possa estar em posse dessa varinha, Alvo? — Perguntou Minerva ao diretor.


Dumbledore pensou no que responder, se responderia a verdade ou se mentiria, não é que não confiava nas pessoas ali, mas é que seria perigoso demais entregar a todas aquelas pessoas que era o verdadeiro dono da varinha, ainda mais que aqueles alunos poderia comentar com outras pessoas e isso colocaria toda a escola em perigo se fosse a procura dele na escola, então logo tomou sua decisão.


— Não, nem ao menos imagino quem possa estar em posse da varinha, ou se ela ainda existe. — Respondeu Dumbledore.


— Como assim se ainda existisse? — Perguntou Rony.


— Uma pessoa pode pensar que a varinha só traria problema, e quisesse que esses problemas acabassem, sabe, matar por causa de uma varinha é pura infantilidade, alguém pode simplesmente ter a quebrado. — Explicou Dumbledore.


— Falando assim até parece uma varinha comum. — Falou Gina.


— Quando se fala em quebrar uma varinha, todas são iguais, você pode encontrar a varinha mais poderosa do mundo, mas se você tentar quebrá-la com a mão ela irá quebrar como se fosse uma varinha comum, sem nenhuma diferença, ela  não é inquebrável. — Explicou Dumbledore.


Harry fitou o céu nublado, curvas de prata e cinza-enfumaçado deslizando pela face branca da lua. Sentiu-se delirante de assombro com as suas descobertas.


Tornou a entrar na barraca. Foi um choque ver Rony e Hermione parados exatamente onde os deixara, Hermione ainda segurando a carta de Lílian, Rony a seu lado, ligeiramente ansioso. Será que não percebiam o quanto tinham avançado nos últimos minutos?


— É isso aí — anunciou Harry, tentando atraí-los para o fulgor de sua espantosa certeza. — Isto explica tudo. As Relíquias da Morte são reais, e tenho uma... talvez duas...


Ele mostrou o pomo de ouro.


— ... e Você-Sabe-Quem está procurando a terceira, mas ele não sabe... acha que é apenas uma varinha poderosa...


— Harry — disse Hermione, aproximando-se dele e devolvendo a carta de Lílian —, lamento, mas acho que você entendeu errado, tudo errado.


— Mas você não está vendo? Tudo se encaixa...


 


— Ela não vai acreditar em você até que você mostre a pedra ou a varinha. — Falou Rony.


— Não, não se encaixa. Não se encaixa, Harry, você está se deixando levar por seu entusiasmo. Por favor — disse Hermione, quando ele começou a falar —, por favor, me responda apenas uma coisa. Se as Relíquias da Morte realmente existissem e Dumbledore soubesse disso, soubesse que a pessoa que possuísse as três seria o senhor da Morte... Harry, por que não lhe teria dito isso? Por quê?


Ele tinha a resposta.


— Foi você quem disse, Hermione! Tenho que encontrar as Relíquias sozinho! É uma busca!


— Mas eu só disse isso para convencer você a procurar os Lovegood! — exclamou Hermione, exasperada. — Não acreditava realmente em Relíquias!


 


— E outra coisa Hermione, não é como se o Harry fosse fazer apenas o que Dumbledore quer, por exemplo, se ele quiser ir atrás das Relíquias, deixa ele ir ué, ele não tem que ficar esperando a confirmação de Dumbledore para poder ir fazer alguma coisa. — Falou Rony.


— Eu concordo com o Rony. — Falou Gina.


Harry não lhe deu atenção.


— Dumbledore normalmente me deixava descobrir as coisas sozinho. Ele me deixava experimentar a minha força, correr riscos. Isso me parece o tipo de coisa que ele faria.


— Harry, isso não é um jogo, não é um treino! É para valer, e Dumbledore lhe deixou instruções claras: encontre e destrua as Horcruxes! O símbolo não significa nada, esqueça as Relíquias da Morte, não podemos nos desviar...


 


— Hermione, não foi Dumbledore que nos fez nos desviar, você que cismou dizendo que isso poderia ter sido um sinal que Dumbledore havia deixado. — Falou Harry.


Harry mal a escutava. Virava e revirava o pomo de ouro nas mãos, em uma semi-expectativa de que o objeto se abrisse, revelasse a Pedra da Ressurreição, provasse à Hermione que ele tinha razão, que as Relíquias da Morte eram reais.


Ela apelou para Rony.


— Você não acredita nisso, acredita?


Harry ergueu a cabeça. Rony hesitou.


 


— Duvido que ele vá concordar comigo. — Falou Harry.


— Não sei... quero dizer... tem umas coisinhas que se encaixam -respondeu ele, sem graça. — Mas quando examinamos o conjunto... — Ele inspirou profundamente. — Acho que temos que nos livrar das Horcruxes, Harry. Foi o que Dumbledore nos disse para fazer. Talvez... talvez a gente deva esquecer essa história de Relíquias.


— Obrigada, Rony — disse Hermione. — Farei a primeira vigia.


E ela passou por Harry a passo firme e se sentou à entrada da barraca, transformando esse ato em um veemente ponto final.


Harry, no entanto, mal dormiu aquela noite. A idéia das Relíquias da Morte tinha se apoderado dele, e não o deixou descansar porque sonhos agitados espiralavam por sua mente: a varinha, a pedra e a capa, se ao menos pudesse possuir as três...


Abro no fecho... mas o que era esse "fecho"? Por que não poderia ter a pedra agora? Se ao menos tivesse a pedra, poderia fazer essas perguntas a Dumbledore pessoalmente... e, no escuro, Harry murmurou palavras para o pomo, tentando tudo, até ofidioglossia, mas a bolinha de ouro não se abriu...


 


— É sempre assim, quando estamos empolgado as coisas nunca acontecem como queremos. — Falou Lily.


E a varinha, a Varinha das Varinhas, onde se escondia? Onde Voldemort a estaria procurando agora? Harry desejou que sua cicatriz ardesse e lhe mostrasse os pensamentos de Voldemort, porque, pela primeira vez na vida, os dois estavam unidos no mesmo desejo... Hermione, é claro, não gostaria dessa idéia... mas, por outro lado, ela não acreditava... Xenofílio de certa forma tivera razão... Limitada. A mente estreita. Fechada. A verdade é que ela estava apavorada com a idéia das Relíquias da Morte, principalmente com a Pedra da Ressurreição... e Harry tornou a comprimir a boca contra o pomo, beijando-o, quase engolindo-o, mas o frio metal não cedeu...


Já estava quase amanhecendo quando se lembrou de Luna, sozinha em uma cela em Azkaban, cercada por dementadores, e de repente sentiu-se envergonhado. Esquecera-se da amiga em sua febril contemplação das Relíquias. Se ao menos pudessem salvá-la, mas dementadores tão numerosos seriam virtualmente inatacáveis. Agora que pensava nisso, ainda não experimentara conjurar um Patrono com a varinha de ameixeira-brava... precisava fazê-lo pela manhã...


 


— Não precisa ficar envergonhado Harry, se eu estivesse tão empolgado por uma coisa tão legal tanto quanto as relíquias eu também me esqueceria por um minuto. — Falou Luna com sua voz sempre gentil e simpática.


Se ao menos houvesse um jeito de obter uma varinha melhor...


E o desejo pela Varinha das Varinhas, a Varinha da Morte, imbatível, invencível, devorou-o mais uma vez...


Eles levantaram acampamento na manhã seguinte e continuaram viagem em meio a um monótono aguaceiro. A chuva os acompanhou até o litoral, onde acamparam aquela noite, e continuaram a semana inteira atravessando paisagens encharcadas, que Harry achou desoladas e deprimentes. Seu único pensamento eram as Relíquias da Morte. Era como se tivessem acendido uma chama dentro dele que nada, nem a categórica descrença de Hermione nem as persistentes dúvidas de Rony, conseguiria extinguir. Contudo, quanto maior a intensidade do desejo pelas Relíquias, menos alegre ele se tornava. Harry culpava Rony e Hermione: sua decidida indiferença era tão ruim quanto a chuva incessante para aguar o seu ânimo. Nenhum deles, no entanto, conseguia corroer sua certeza, que continuava absoluta. A crença do garoto nas Relíquias e o seu desejo de possuí-las o consumiam de tal modo que ele se sentia isolado dos amigos e sua obsessão pelas Horcruxes.


 


— Nossa, você esta mesmo obsessivo, só obsessão mesmo para ficar semanas pensando na mesma coisa. — Falou Lily.


— Mas esse é um assunto que chamaria a atenção de qualquer pessoa. — Falou Fred II.


— É, imagine você saber que pode estar em posse de uma capa da invisibilidade, de uma pedra que trás pessoas mortas a vida e poder pensar que poderia ser uma pessoa invencível. — Falou Roxanne concordando com o irmão.


— Na minha opinião, a obsessão de ser uma pessoa invencível pode chegar a mudar até o lado em que a pessoa esta, sabe, você esta no lado do bem, mas ai imaginando ser uma pessoa invencível pode te fazer ir para o lado do mal, a pessoa tem que ter um pensamento muito maduro, que sabe identificar o que é o certo, e que na hora certa saiba dar um basta no assunto. — Falou Elliz.


— Concordo. — Falou Dumbledore.


— Obsessão? — exclamou Hermione, em um tom baixo e furioso, quando Harry se descuidou e usou essa palavra certa noite, depois que a amiga o censurara pela falta de interesse em localizar outras Horcruxes. — Não somos nós que temos uma obsessão, Harry! Somos nós que estamos tentando fazer o que Dumbledore queria que fizéssemos!


O garoto, porém, ficou insensível à crítica velada. Dumbledore deixara o símbolo das Relíquias para Hermione decifrar e, em sua persistente convicção, deixara a Pedra da Ressurreição escondida no pomo de ouro. Nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... senhor da morte... por que Rony e Hermione não entendiam?


Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte — citou Harry, calmamente.


— Pensei que fosse Você-Sabe-Quem que devíamos estar combatendo — retorquiu Hermione, e Harry desistiu de convencê-la.


 


— Hermione, você nunca quis ser tão forte para poder ajudar as pessoas? — Perguntou Lysa.


— Sim, mas o que as relíquias tem haver com isso? — Perguntou Hermione.


— Simples, em posse das relíquias ele seria forte o suficiente para poder ajudar as pessoas. — Explicou Lysa.


— Mas se estamos indo atrás das Horcrux, estaremos ajudando as pessoas do mesmo jeito. — Falou Hermione como se fosse obvio.


— Sim, mas quem pensa na mesma forma que você quando esta tão obcecado por uma coisa. — Falou Lysa.


Mesmo o mistério da corça prateada, que os outros dois insistiam em discutir, parecia menos importante a Harry agora, uma atração secundária vagamente interessante. A única outra coisa que lhe importava era que sua cicatriz recomeçara a formigar, embora ele fizesse o possível para esconder o fato dos amigos. Procurava a solidão sempre que aquilo acontecia, mas ficava desapontado com o que via. A qualidade das visões que Voldemort partilhava com ele tinha se alterado; elas haviam se tornado borradas, oscilantes, como se entrassem e saíssem de foco. Harry conseguia apenas divisar as formas indistintas de um objeto que parecia um crânio, e algo como uma montanha, mais sombra do que substância. Acostumado a imagens nítidas como a realidade, ficou desapontado com a mudança. Preocupava-se que a ligação entre ele e Voldemort tivesse se danificado, uma ligação que ambos temiam e ele valorizava, a despeito do que dissera a Hermione. Por alguma razão, Harry vinculava essas imagens vagas e pouco satisfatórias à destruição de sua varinha, como se fosse culpa da varinha de ameixeira-brava ele não poder mais penetrar a mente de Voldemort tão bem quanto antes.


 


— Acho que o fato de sua varinha estar quebrada, não tem nada haver com o fato da vinculação de suas mentes terem sido danificadas. — Falou Dumbledore.


À medida que as semanas passavam imperceptíveis, Harry não pôde deixar de notar, mesmo através de sua abstração, que Rony parecia estar assumindo as responsabilidades. Talvez porque estivesse resolvido a compensar o fato de tê-los abandonado; talvez porque a apatia de Harry galvanizasse suas qualidades latentes de liderança, Rony era quem estava encorajando e exortando os amigos à ação.


— Faltam três Horcruxes — não cansava de repetir. — Precisamos de um plano de ação, vamos! Onde ainda não procuramos? Vamos repassar. O orfanato...


O Beco Diagonal, Hogwarts, a Casa dos Riddle, Borgin & Burkes, Albânia, todo lugar, onde sabiam que Tom Riddle morara ou trabalhara, estivera de visita ou matara alguém, Rony e Hermione escarafunchavam, e Harry participava apenas para Hermione não aborrecê-lo. Teria se contentado em se sentar sozinho em silêncio, tentando ler os pensamentos de Voldemort, procurando descobrir mais alguma coisa sobre a Varinha das Varinhas, mas Rony simplesmente insistia em se deslocar para lugares cada vez mais improváveis, e Harry percebia que era para mantê-los em movimento.


— Nunca se sabe — era o constante refrão de Rony. — Upper Flaguey é uma aldeia bruxa, ele pode ter querido morar lá. Vamos dar uma olhada.


 


— Sim, é uma das aldeias que costuma ter mais moradores bruxos, mas não é uma das mais conhecidas, não sei se Voldemort já pensou em morar em algum lugar, acho que os pensamentos dele naquela época estava mais focada em como se tornar imortal. — Falou Dumbledore.


Essas freqüentes surtidas em território bruxo os levavam ocasionalmente a avistar seqüestradores.


— Dizem que alguns são tão maus quanto Comensais da Morte —comentou Rony. — Os que me pegaram eram meio patéticos, mas Gui acha que alguns são realmente perigosos. Disseram no Observatório Potter...


— No quê? — perguntou Harry.


 


— Eu ia perguntar o que era isso, mas parece que Harry já fez isso por mim. — Falou Gui.


Observatório Potter, não disse a vocês que esse era o nome? Do programa que estou sempre tentando sintonizar no rádio, o único que diz a verdade sobre o que está acontecendo! Quase todos os programas estão seguindo a diretriz de Você-Sabe-Quem, todos exceto o Observatório Potter. Eu realmente queria que vocês ouvissem, mas é difícil sintonizar...


Rony passou a noite usando a varinha para batucar vários ritmos na caixa do rádio, fazendo os botões girar. Ocasionalmente, pegava trechos de conselhos para tratar varíola de dragão, e uma vez, alguns compassos de "Um caldeirão de amor quente e forte". Enquanto batucava, Rony tentava acertar a senha, murmurando seqüências aleatórias de palavras.


— Normalmente, a senha é uma referência a alguma coisa da Ordem. Gui tinha realmente o dom de adivinhá-las. Vou acabar encontrando...


 


— Na minha opinião essa foi uma boa idéia para que pessoas do bem sempre estejam informadas sobre o que anda acontecendo. — Falou Minerva.


 


Somente em março, a sorte, finalmente, favoreceu Rony. Harry estava sentado à entrada da barraca, de vigia, olhando distraidamente para uma moita de muscaris que tinham rompido o solo gelado, quando Rony gritou animadamente do interior da barraca.


— Achei, achei! A senha era "Alvo"! Entra aqui, Harry!


Despertado pela primeira vez, em dias, de sua contemplação das Relíquias da Morte, Harry entrou rápido na barraca e encontrou Rony e Hermione ajoelhados no chão ao lado do pequeno rádio. Hermione, que dava brilho na espada de Gryffindor só para se ocupar, estava sentada boquiaberta, olhando para o minúsculo objeto, que irradiava uma voz muito conhecida.


— ... pedimos desculpas por nossa temporária ausência do éter, por força de várias visitas dos encantadores Comensais da Morte em nossa área.


— Nossa é o Lino Jordan! — exclamou Hermione.


 


— Estamos juntos. — Falou Lino batendo os punhos nos de Fred e Jorge que sorriam para o amigo.


 


— Eu sei! — confirmou Rony com um grande sorriso. — Legal, não?


— ... agora encontramos um novo local seguro — ia dizendo Lino — e tenho o prazer de informar que dois dos nossos colaboradores regulares estão hoje aqui conosco. Noite, rapazes!


— Oi.


— Noite, River.


— River, é o Lino — explicou Rony. — Todos têm codinomes, mas em geral dá para sacar...


— Psiu! — fez Hermione.


— Mas antes de ouvir as novidades de Royal e Romulus — continuou Lino — vamos tirar um minuto para noticiar as mortes que a Rede de Rádio Bruxa e o Profeta Diário não acham importante mencionar. É com grande pesar que informamos aos nossos ouvintes os assassinatos de Ted Tonks e Dirk Cresswell.


 


Instantaneamente os olhos de Tonks se encheram de lagrimas, e não demorou muito para que a primeira lagrima escorresse por seu rosto, logo a mulher escondeu seu rosto no peito de Remo, que passou o braço em volta de seus ombros, em forma de transmitir conforto para moça que já soluçava baixinho.


Ficaram no mínimo três minutos em silencio, as meninas de todo o salão mesmo não conhecendo Ted lamentavam a morte do grande bruxo.


Harry sentiu uma náusea despencar em suas entranhas. Ele, Rony e Hermione se entreolharam horrorizados.


— Um duende de nome Gornope também foi morto. Acredita-se que o nascido trouxa Dino Thomas e um segundo duende, que estariam viajando com Ted Tonks, Cresswell e Gornope, possam ter escapado. Se Dino estiver nos ouvindo, ou se alguém tiver conhecimento do seu paradeiro, seus pais e irmãs estão desesperados por notícias.


 


— Imagino como minha mãe estava igual uma louca. — Falou Dino.


— Qualquer mãe estaria. — Falou Molly.


"Enquanto isso, em Gaddley, uma família de trouxas de cinco pessoas foi encontrada morta em sua residência. As autoridades trouxas estão atribuindo suas mortes a um escapamento de gás, mas membros da Ordem da Fênix me informam que a causa foi uma Maldição da Morte — mais uma prova, como se precisássemos de alguma, de que a matança de trouxas está se tornando apenas um esporte amador sob o novo regime.


"E, finalmente, lamentamos informar que os restos mortais de Batilda Bagshot foram descobertos em Godric s Hollow. Aparentemente, ela morreu há vários meses. A Ordem da Fênix informa que seu corpo apresentava sinais inconfundíveis de ferimentos infligidos por magia das Trevas.


 


— Mais precisamente por aquela coisa. — Falou Gina se referindo a Nagini.


 


"Eu gostaria de convidar os nossos ouvintes a fazer conosco um minuto de silêncio em memória de Ted Tonks, Dirk Cresswell, Batilda Bagshot, Gornope e dos trouxas anônimos, mas não menos dignos do nosso pesar, assassinados pelos Comensais da Morte."


 


Tonks ao ouvir o nome de seu pai soltou mais um soluço, não tinha ao menos forças para olhar as pessoas ali, não conseguiria sustentar os olhares sabendo o motivo da maioria deles.


O locutor silenciou e Harry, Rony e Hermione o acompanharam. Uma parte de Harry desejava ouvir mais, a outra temia o que poderia ouvir a seguir. Era a primeira vez em muito tempo que ele se sentia totalmente ligado ao mundo exterior.


Obrigado — ouviram a voz de Lino. — E agora o nosso colaborador habitual, Royal, nos trará novas informações sobre o efeito que a nova ordem bruxa está causando no mundo trouxa.


— Obrigado, Riverdisse uma voz inconfundível, grave, comedida, reconfortante.


— Kingsley! — exclamou Rony.


— Nós sabemos! — disse Hermione, pedindo silêncio.


 


— Ela só falta colocar uma fita na sua boca para que você pare de falar. — Falou Fred tentando fazer ao menos uma graça, para que ao menos o clima triste que emanava todo o salão se desviasse ao menos por alguns segundos.


— Os trouxas ainda ignoram a origem de seus problemas embora continuem sofrendo pesadas baixas — disse Kingsley. — Entretanto, a todo momento, ouvimos histórias verdadeiramente inspiradoras de bruxos e bruxas que arriscam a própria segurança para proteger amigos e vizinhos trouxas, muitas vezes sem que eles o saibam. Gostaria de apelar a todos os nossos ouvintes que se mirem nesses exemplos, talvez lançando feitiços protetores em residências trouxas de sua rua. Muitas vidas poderiam ser salvas se tomassem essa simples providência.


 


— Meu pai estava falando esses dias que o departamento de Auror esta tentando se juntar a policia trouxa, para que assim eles pudessem ajudar aos policiais a cuidar da segurança dos trouxas. — Falou Rose.


— É uma ótima idéia, mas se caso os trouxas não aceitem a ajuda? — Perguntou Arthur.


— Ai eles terão que ter as memórias apagadas, esquecer tudo o que sabem dos bruxos, porque pode ser que algumas pessoas não estejam prontas para saber da nossa existência. — Explicou Rose.


— É uma ótima idéia a deles. — Falou Dumbledore.


Sentia um certo orgulho, de saber que Harry e Rony tinham idéias muito boas para proteção de pessoas.


— E, Royal, o que você responderia aos ouvintes que afirmam que em tempos perigosos como os que vivemos "os bruxos vêm em primeiro lugar"? — perguntou Lino.


— Eu diria que o passo seguinte a "os bruxos vêm em primeiro lugar" ê "os de sangue puro vêm em primeiro lugar" — respondeu Kingsley. — Somos todos humanos, não? Toda vida humana tem o mesmo valor e merece ser salva.


— Muito bem colocado, Royal, e você tem o meu voto para ministro da Magia, se conseguirmos sair dessa confusão — disse Lino. — E agora passamos a palavra a Rômulo, que vai apresentar o nosso popular "Amigos de Potter".


— Obrigado, River — agradeceu outra voz muito conhecida; Rony começou a falar, mas Hermione o impediu com um sussurro.


— Sabemos que é Lupin!


 


— Eu já teria gritado com a Hermione, ela pode falar e vocês não. — Falou Gina em proteção do irmão que a olhou espantada.


— Rômulo, você continua a sustentar, como tem feito nas vezes em que compareceu ao nosso programa, que Harry Potter continua vivo?


— Sustento — respondeu ele, com firmeza. — Não me resta a menor dúvida de que os Comensais da Morte anunciariam amplamente a morte dele se tivesse ocorrido, porque vibrariam um golpe mortal no moral dos que resistem ao novo regime. O Menino-Que-Sobreviveu continua a ser um símbolo de tudo por que estamos lutando: o triunfo do bem, o poder da inocência, a necessidade de continuar resistindo.


Uma onda de gratidão e vergonha perpassou Harry. Lupin o perdoara, então, pelas coisas terríveis que dissera em seu último encontro?


— E que diria a Harry, se soubesse que ele o está ouvindo, Rômulo?


— Diria que estamos todos com ele em espírito — respondeu Lupin e após uma leve hesitação. — E diria para seguir os seus instintos, que são bons e quase sempre corretos.


 


— Também, é filho da Lily. — Falou Sirius.


Harry olhou para Hermione, cujos olhos estavam cheios de lágrimas.


— Quase sempre corretos — repetiu ela.


— Ah, eu não contei a vocês? — disse Rony, surpreso. — Gui me disse que Lupin voltou a viver com Tonks! E que ela está ficando enorme.


 


— Acabei de saber que ficarei gorda na gravidez. — Falou Tonks com a voz abafada por estar o rosto no peito do marido, ouviram a leve risada dela.


— ... e as novas notícias sobre os amigos de Harry Potter que estão sofrendo por sua lealdade? — perguntava Lino a Lupin.


— Bem, como os nossos fiéis ouvintes sabem, vários partidários de Harry Potter foram presos, inclusive Xenofílio Lovegood, outrora editor de O Pasquim.


— Pelo menos ele ainda está vivo! — murmurou Rony.


— Soubemos também nas últimas horas que Rúbeo Hagrid — os três prenderam a respiração e quase perderam o fim da frase —, o conhecido guarda-caça de Hogwarts, escapou por um triz de ser capturado nos terrenos da Escola, onde correm boatos de que ele teria dado uma festa em sua casa com o tema "Apóie Harry Potter". Hagrid, entretanto, não foi levado preso, e acredita-se que esteja foragido.


 


— Eu não acredito que ele fez isso, afinal cadê ele? — Perguntou Harry a Dumbledore.


— Bom, ele não pode vir, teve que fazer uma visita a algum família, resolveu ir de ultima hora. — Falou Dumbledore.


 


— Suponho que ter um meio-irmão de quase cinco metros de altura ajude a pessoa a escapar dos Comensais da Morte, não? — comentou Lino.


— Isso lhe daria uma certa vantagem — concordou Lupin, solenemente. — Posso acrescentar que, embora aqui no Observatório Potter aplaudamos a iniciativa dele, gostaríamos de insistir com os partidários mais devotados de Harry que não sigam o exemplo de Hagrid. Festas do tipo "Apóie Harry Potter" são absolutamente insensatas no clima atual.


 


— Eu achava que o Hagrid era louco, mas agora sei que ele é muito mais que isso. — Falou Rony fazendo Hermione deixar um sorriso aparecer.


— Sem a menor dúvida, Rômulo — concordou Lino —, portanto, sugerimos que continuem a demonstrar sua devoção ao homem com a cicatriz em forma de raio ouvindo o Observatório Potter! Agora vamos às notícias do bruxo que está se mostrando tão esquivo quanto Harry Potter. Gostaríamos de nos referir a ele como o Chefão dos Comensais da Morte e, para comentar alguns boatos delirantes que circulam a seu respeito, eu gostaria de apresentar um novo colaborador: Rodent.


— Rodent? — admirou-se outra voz conhecida, e Harry, Rony e Hermione exclamaram juntos:


— Fred!


— Não... será o Jorge?


— Acho que é o Fred — tornou Rony, aproximando o ouvido do rádio, quando o gêmeo, qualquer que fosse, protestou:


 


— Nossa, fico feliz que vocês me tratam como um gêmeo qualquer, sempre soube que vocês me amassem tanto assim. — Falou Fred dramático.


Harry, Rony e Hermione reviraram os olhos por causa do drama que Fred havia feito.


— Não sou o Rodent, nem pensar, já disse que queria ser o Rapier!


— Ah, está bem então. Rapier, pode nos dar a sua interpretação das várias histórias que temos ouvido sobre o Chefão dos Comensais da Morte?


— Pois não, River. Os nossos ouvintes conhecem, a não ser que tenham se refugiado no fundo de um laguinho no jardim ou lugar semelhante, a estratégia usada por Você-Sabe-Quem em que ele permanece nas sombras para criar certo clima de pânico. Vejam bem, se todas as notícias de gente que o avistou forem genuínas, deve ter bem uns dezenove Você-Sabe-Quem andando por aí.


— O que naturalmente convém a ele — comentou Kingsley. — O mistério está criando mais terror do que sua real aparição.


— Concordo — disse Fred. — Então, pessoal, vamos tentar nos acalmar um pouco. As coisas já estão bem ruins sem precisarmos inventar nada. Por exemplo, essa nova idéia de Você-Sabe-Quem ser capaz de matar com um olhar. Isto quem faz é o basilisco. Um teste simples é verificar se aquilo que está olhando para vocês tem pernas. Se tiver, pode fixá-la nos olhos sem medo, embora haja a probabilidade de ser a última coisa que você fará na vida, se for realmente Você-Sabe-Quem.


 


Muitos ali riram do que Fred havia dito.


Pela primeira vez em muitas semanas, Harry estava rindo: sentia o peso da tensão deixá-lo.


— E os boatos de que não param de avistá-lo no exterior? — perguntou Lino.


— Bem, quem não iria querer umas férias agradáveis depois de todo o trabalho pesado que tem feito? — respondeu Fred. — Pessoal, a questão é: não se deixem embalar pela falsa sensação de segurança achando que ele está fora do país. Talvez esteja, talvez não, e é inegável que, quando ele quer, consegue se deslocar mais rápido do que Severo Snape ameaçado com um xampu, portanto, não confiem que ele esteja muito distante se estiverem planejando se arriscar. Nunca pensei que me ouviria dizer isso, mas a segurança vem em primeiro lugar!


 


Todo o salão gargalhou ao mencionar Snape fugindo de um xampu, menos os professores e o próprio Severo Snape que continuou com a costumeira seriedade, logo que o salão se acalmou de tanta risada Miguel voltou a ler.


— Obrigado por suas palavras sensatas, Rapier — disse Lino. — Caros ouvintes, chegamos ao final de mais um Observatório Potter. Não sabemos quando será possível voltarmos ao ar, mas podem ter certeza de que voltaremos. Não parem de girar os botões dos rádios: a próxima senha será "Olho-Tonto". Mantenham-se mutuamente protegidos, mantenham a fé. Boa noite.


O botão do rádio girou e as luzes do painel de sintonia se apagaram. Harry, Rony e Hermione continuavam a sorrir. Ouvir vozes conhecidas e amigas fora um tônico extraordinário; Harry se acostumara de tal modo ao seu isolamento que quase esquecera que havia outras pessoas resistindo a Você-Sabe-Quem. Era como acordar de um longo sono.


 


— Eu diria mais que é um pesadelo, sono é uma palavra muito fraca a ponto do que vocês estão passando. — Falou Arthur que quase não se pronunciara na leitura.


— Bom, hein? — comentou Rony, feliz.


— Genial — disse Harry.


— Que coragem a deles — suspirou Hermione, com admiração. — Se forem apanhados...


— Bem, eles não param em lugar algum, não é? Como nós — disse Rony.


— Mas você escutou o que Fred disse? — perguntou Harry, animado; agora que a irradiação terminara, seus pensamentos retornaram à sua devoradora obsessão. — Ele está no exterior! Continua procurando a varinha, eu sabia!


— Harry...


— Qual é, Hermione, por que você está tão determinada a não admitir isso? Vol...


 


— NÃO. — Gritou as três mesas do salão, menos a da Sonserina, muitos alunos da mesa da Sonserina levaram um susto ao ouvir todo mundo gritando.


— E agora, irão apanhá-los. — Falou Molly mais uma vez preocupada.


— HARRY, NÃO!


— ... demort está procurando a Varinha das Varinhas!


— Esse nome é Tabu! — berrou Rony, levantando-se de um pulo ao som de um forte estalo no exterior da barraca. — Eu o avisei, Harry, eu o avisei, não podemos mais dizer esse nome... temos que refazer a proteção ao nosso redor... depressa... foi assim que nos encontraram...


Mas Rony parou de falar e Harry entendeu por quê. O bisbilhoscópio sobre a mesa acendera e começara a rodopiar; ouviram vozes cada vez mais próximas, ásperas e excitadas. Rony puxou o desiluminador do bolso e clicou-o: as luzes se apagaram.


— Saiam daí com as mãos para o alto! — disse uma voz rascante na escuridão. — Sabemos que vocês estão aí dentro! Temos meia dúzia de varinhas apontadas para vocês e não estamos ligando para quem vamos amaldiçoar!


 


— Droga, as coisas não vão ficar boas agora. — Falou Gui.


— Acabou, quem quer ler? — Perguntou Miguel.


— Eu vou. — Falou Scorpius.

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