CAPÍTULO VINTE E SEIS: GRINGOT

CAPÍTULO VINTE E SEIS: GRINGOT



CAPÍTULO VINTE E SEIS


GRINGOTES


— Eu vou. — Falou Dino.


Simas passou o livro para Dino que estava ao seu lado.


— Gringotes. — Falou Dino.


— O assalto vai ser nesse capitulo. — Falou Molly preocupada.


Será que tem mesmo muitos dragões do Gringotes. Pensou Hagrid.


 


Os planos estavam traçados, os preparativos feitos; no quartinho mínimo, um único fio de cabelo negro, comprido e grosso (tirado do suéter que Hermione usara na Mansão dos Malfoy) estava enrolado em um frasquinho sobre o console da lareira.


— E você estará usando a varinha dela — disse Harry, indicando com a cabeça a varinha de nogueira —, portanto, acho que estará bem convincente.


Hermione olhou assustada, quando a apanhou, como se a varinha pudesse picar ou morder.


— Odeio essa coisa — disse em voz baixa. — Realmente odeio. Parece que não se amolda bem, que não funciona direito comigo... é como um pedaço dela.


 


— Esse fio de cabelo é de quem? — Perguntou Parvati.


— Deve ser de Bellatriz, já que eles vão assaltar o cofre dela. — Respondeu Gina.


 


Harry não pôde deixar de lembrar como Hermione desconsiderara a sua repulsa pela varinha de ameixeira-brava, insistindo que ele estava imaginando coisas quando achou que não funcionava tão bem quanto a dele, dizendo-lhe que só precisava praticar. Preferiu, porém, não repetir para amiga o próprio conselho; achou que a véspera da tentativa de assalto ao Gringotes era o momento errado para antagonizá-la.


— Provavelmente ajudará quando você tiver assumido a personagem — disse Rony. — Pense no que essa varinha já fez!


— Mas é disso que estou falando! — retorquiu Hermione. — Esta é a varinha que torturou os pais de Neville, e quem sabe quantas pessoas mais? Esta é a varinha que matou Sirius!


Harry não pensara nisso: olhou para varinha e sentiu um brutal impulso de parti-la, cortá-la ao meio com a espada de Gryffindor, que estava apoiada na parede ao seu lado.


 


— Eu teria feito isso sem parar para pensar um minuto. — Falou Sirius dando de ombros.


 


— Sinto falta da minha varinha — reclamou Hermione, infeliz. — Gostaria que o Sr. Olivaras pudesse ter feito outra para mim também.


O fabricante de varinhas mandara uma nova para Luna naquela manhã. Nesse momento, a garota estava no quintal, testando o seu potencial ao sol do entardecer. Dino, que perdera a varinha para os seqüestradores, a observava, tristonho.


Harry olhou para varinha de pilriteiro que pertencera a Draco Malfoy. Ficou surpreso, mas satisfeito, em descobrir que ela funcionava tão bem com ele quanto a de Hermione. Lembrando o que Olivaras lhe dissera sobre o mecanismo secreto das varinhas, Harry julgou entender qual era o problema de Hermione: a amiga não conquistara a lealdade da varinha de nogueira tomando-a pessoalmente de Belatriz.


 


 


— Porque eu iria querer que essa varinha me respondesse completamente? — Perguntou Hermione dando de ombros.


 


A porta do quarto se abriu e Grampo entrou. Harry levou instintivamente a mão ao punho da espada e puxou-a para perto de si, mas, na mesma hora, arrependeu-se do gesto: percebeu que o duende vira. Procurando suavizar o momento embaraçoso, disse:


— Estivemos verificando umas coisinhas de última hora, Grampo. Avisamos a Gui e Fleur que estamos partindo amanhã e que não precisam se levantar para se despedir.


Tinham sido inflexíveis neste ponto, porque Hermione precisaria se transformar em Belatriz antes de saírem, e quanto menos Gui e Fleur soubessem ou suspeitassem do que iam fazer, melhor. Explicaram também que não retornariam. Como tinham perdido a velha barraca de Perkins, na noite em que foram pegos pelos seqüestradores, Gui lhes emprestara outra. Estava, agora, guardada na bolsinha de contas, e Harry ficou impressionado ao saber que Hermione a protegera dos seqüestradores pelo simples expediente de enfiá-la dentro da meia.


 


— Nossa, como consegue pensar em uma coisa dessa estando em perigo, eu nunca conseguiria pensar nisso. — Falou Lila impressionada.


 


Embora fossem sentir falta de Gui, Fleur, Luna e Dino, sem falar dos confortos de casa que tinham usufruído nas últimas semanas, Harry ansiava pela hora de escapar do confinamento do Chalé das Conchas. Estava cansado de verificar se estariam sendo ouvidos, cansado de ficar trancado em um quarto minúsculo e escuro. E, principalmente, ansiava por se livrar de Grampo. Contudo, exatamente como e quando se separariam do duende sem entregar a espada de Gryffindor ainda eram perguntas paras quais Harry não encontrara respostas. Tinha sido impossível decidir como iriam fazer isso, porque o duende raramente deixava Harry, Rony e Hermione a sós por mais de cinco minutos por vez: "Ele podia dar aulas a minha mãe", rosnava Rony quando os longos dedos do duende apareciam nas bordas das portas. Com o aviso de Gui em mente, Harry não podia deixar de suspeitar que Grampo estivesse alerta para uma possível trapaça. Hermione desaprovava tão vigorosamente a traição planejada que Harry desistira de tentar lhe pedir idéias sobre a melhor maneira de executá-la; Rony, nas raras ocasiões em que tinham conseguido roubar alguns momentos à presença de Grampo, não propusera nada melhor do que "Simplesmente teremos que improvisar, colega".


 


— Esta vendo mamãe, Grampo esta tendo mais sucesso que você. — Falou Fred irritando a mãe.


 


Harry dormiu mal aquela noite. Ainda deitado nas primeiras horas da manhã, pensou no seu estado de ânimo na véspera de se infiltrarem no Ministério da Magia e lembrou-se de sua determinação, quase uma excitação. Agora, experimentava choques de ansiedade e dúvidas persistentes: não conseguia se livrar do medo de que tudo fosse correr mal. Não parava de dizer a si mesmo que o plano deles era bom, que Grampo sabia o que iam enfrentar, que estavam bem preparados para todos os obstáculos que pudessem encontrar; ainda assim, sentia-se inquieto. Uma ou duas vezes ouviu Rony se mexer, e teve certeza de que o amigo também estava acordado, mas dividiam a sala de estar com Dino, por isso, Harry não falou nada.


 


— Há vocês dormem no mesmo cômodo desde os 11 anos, não deve ser nada ruim, já sabem quem ronca e quem não ronca, quem fala dormindo e quem não fala. — Falou Lila.


 


Foi um alívio quando deu seis horas e eles puderam sair dos sacos de dormir, se vestir na penumbra e sair furtivamente para o jardim, onde deveriam encontrar Hermione e Grampo. A manhã estava gélida, mas havia pouco vento, agora em maio. Harry ergueu os olhos paras estrelas que ainda refulgiam palidamente no céu escuro e escutou o mar avançando e recuando no rochedo: ia sentir falta daquele som.


 


— É um ótimo lugar para ficar, como eu havia dito antes. — Falou Gina.


 


Plantinhas verdes irrompiam agora pela terra vermelha na sepultura de Dobby; dentro de um ano, o local estaria coberto de flores. A pedra branca gravada com o nome do elfo já adquirira uma aparência gasta. Ele percebia que não poderiam ter enterrado Dobby em um lugar mais bonito, mas entristecia-o pensar que o deixaria para trás. Contemplando a cova, ele tornou a se perguntar como o elfo teria sabido aonde ir para salvá-los. Distraidamente, passou os dedos na bolsinha ainda pendurada ao pescoço, e sentiu, através do couro, o caco pontiagudo de espelho no qual tinha certeza de que vira o olho de Dumbledore. Então, o ruído de uma porta abrindo o fez virar a cabeça.


 


— Ou um olho parecido com o de Dumbledore. — Falou Rony.


 


Belatriz Lestrange atravessava o jardim ao seu encontro, acompanhada por Grampo. Enquanto andava, ia guardando a bolsinha de contas no bolso interno de outro conjunto de velhas vestes que trouxera do largo Grimmauld. E, embora Harry soubesse perfeitamente que era, de fato, Hermione, não conseguiu refrear um arrepio de repugnância. Ela estava mais alta do que ele, seus longos cabelos negros ondulavam pelas costas, seus olhos espelhavam desdém ao pousarem nele; mas, quando falou, Harry ouviu a voz da amiga através da voz grave de Belatriz.


— O gosto dela foi nojento, pior do que raiz-de-cuia! Ok. Rony, vem cá para eu poder dar...


— Certo, mas lembre, não gosto de barba comprida demais...


— Ah, pelo amor de Deus, a questão não é ficar bonito...


— Não é por isso, é que atrapalha! Mas gostei do meu nariz mais curto, tente deixá-lo como da última vez.


 


— Você não acha que esta querendo demais não? — Perguntou Hermione.


— É claro que não. — Respondeu Rony.


 


Hermione suspirou e se pôs a trabalhar, murmurando baixinho enquanto transformava vários traços na aparência de Rony. Precisava receber uma identidade completamente falsa, e eles estavam confiando que a aura maligna que Belatriz desprendia o protegesse. Entrementes, Harry e Grampo deveriam se ocultar sob a Capa da Invisibilidade.


— Pronto — exclamou Hermione. — Que acha, Harry?


Ainda era possível distinguir Rony sob o disfarce, mas, pensou Harry, só porque o conhecia muito bem. Os cabelos do amigo estavam agora longos e ondulados, ele tinha barba e bigodes castanhos e espessos, nenhuma sarda, um nariz curto e largo e sobrancelhas grossas.


— Bem, ele não faz o meu tipo, mas dará para o gasto — disse Harry. — Vamos então?


 


— Já sabemos qual o seu tipo Harry. — Falou Jorge rindo.


 


Os três olharam para o Chalé das Conchas, escuro e silencioso sob a luz evanescente das estrelas, então se viraram e seguiram para o ponto, pouco além do muro divisório, onde cessava o efeito do Feitiço Fidelius e poderiam desaparatar. Transposto o portão, Grampo falou:


— É agora que devo subir, Harry Potter, não?


Harry se curvou e o duende subiu em suas costas, cruzando as mãos na frente do seu pescoço. Ele não era pesado, mas Harry não gostou do contato com o duende e a força surpreendente com que se agarrava às suas costas. Hermione tirou a Capa da Invisibilidade da bolsinha de contas e atirou-a sobre os dois.


 


— Ótimo, virei um cavalo para ficar carregando ele. — Falou Harry revirando os olhos.


— Ele deve estar tão feliz por estar sendo carregado por um bruxo, acho que ele deve estar imaginando que quem é o escravo é você e o senhor é ele. — Falou Gui.


— Folgado. — Murmurou Harry.


 


— Perfeito — disse, abaixando-se para verificar os pés do amigo. — Não se vê nada. Vamos.


Harry girou com Grampo nos ombros, concentrando-se com todas as forças no Caldeirão Furado, a estalagem por onde se entrava no Beco Diagonal. O duende apertou-o ainda mais quando penetraram a escuridão compressora, e, segundos depois, os pés de Harry tocaram na calçada e ele abriu os olhos em Charing Cross. Os trouxas passavam apressados com a expressão deprimida de quem acordou cedo demais, inconscientes da existência da pequena estalagem.


O bar do Caldeirão Furado estava quase deserto. Tom, o estalajadeiro corcunda e desdentado, polia os copos atrás do balcão; uns dois bruxos que conversavam em voz baixa no canto oposto olharam para Hermione e recuaram paras sombras.


 


— Eu devo imaginar como é ver uma pessoa olhar para mim e sentir medo. — Falou Hermione.


— Você tem que ser Bellatriz, então você precisa agir como ela. — Falou Molly.


 


— Madame Lestrange — murmurou Tom, quando Hermione passou, e inclinou a cabeça subservientemente.


— Bom dia — disse Hermione no momento em que Harry passava por ela, ainda sob a capa, levando Grampo nas costas, e viu o ar surpreso de Tom.


— Gentil demais — sussurrou Harry no ouvido da amiga ao saírem para o pequeno pátio interno. — Você precisa tratar as pessoas como se fossem lixo!


— Ok, ok!


 


— Não é como se fosse a coisa mais fácil do mundo. — Falou Hermione.


 


Hermione puxou a varinha de Belatriz e bateu de leve em um tijolo na parede de aspecto comum à sua frente. Na mesma hora, os tijolos começaram a girar e se deslocar: apareceu uma abertura no meio deles, que foi se ampliando e, por fim, formou um arco para estreita rua de pedras que era o Beco Diagonal.


Estava silencioso, ainda não era hora de abrirem as lojas, e havia raros compradores por ali. A via torta e calçada de pedras estava muito diferente do lugar movimentado que fora quando Harry a visitara no primeiro ano de Hogwarts, anos atrás. Muito mais lojas fechadas com tábuas, embora vários novos estabelecimentos dedicados às Artes das Trevas tivessem sido abertos desde sua última visita. A própria imagem de Harry encarava-o nos pôsteres colados sobre muitas vitrines, sempre legendada com os dizeres Indesejável Número Um.


 


— Esse povo não tem o que fazer mesmo, ficar perdendo tempo criando esses cartazes. — Falou Lily entediada.


 


Várias pessoas esfarrapadas se encolhiam nos batentes das portas. Ele as ouviu gemer para os poucos transeuntes, esmolando ouro, insistindo que eram realmente bruxos. Havia um homem com uma bandagem ensangüentada sobre o olho.


Quando começaram a andar pela rua, os mendigos avistaram Hermione. Todos pareciam desaparecer à sua aproximação, puxando os capuzes sobre os rostos e fugindo o mais depressa que podiam. Ela acompanhou-os com o olhar, curiosa, até que o homem com o curativo ensangüentado se colocou cambaleante em seu caminho.


 


— Como podem fazer uma coisa dessas com pessoas inocentes. — Falou Cath com dó.


— Onde eles vêem que esse é um mundo melhor? Eu fico pensando o que os comensais tem na cabeça para escolherem uma coisa dessas paras pessoas que não tem nada haver. — Falou Sirius.


 


— Meus filhos! — berrou, apontando para ela. Sua voz era entrecortada, aguda, ele parecia louco. — Onde estão meus filhos? Que foi que ele fez com os meus filhos? Você sabe, você sabe!


— Eu... eu realmente... — gaguejou Hermione.


O homem se atirou sobre ela, procurando agarrar sua garganta: então, com um estampido e um clarão vermelho, ele foi arremessado ao chão, inconsciente. Rony ficou parado ali, a varinha ainda no ar e uma expressão de choque visível apesar da barba. Apareceram rostos às janelas de ambos os lados da rua, enquanto um grupinho de transeuntes de aparência próspera juntou as vestes com as mãos e saiu quase correndo, ansioso para deixar o local.


A entrada dos garotos no Beco Diagonal não poderia ter sido mais conspícua; por um momento, Harry ficou em dúvida se não seria melhor irem embora logo e tentar pensar em um plano diferente. Antes que pudessem andar ou se consultar, no entanto, ouviram um grito às suas costas.


— Ora se não é Madame Lestrange!


 


— Um comensal com certeza. — Falou Remo.


 


Harry girou nos calcanhares e Grampo apertou seu pescoço: um bruxo alto e magro com uma densa cabeleira grisalha e um nariz longo e curvo vinha ao seu encontro.


— É Travers — sibilou o duende ao ouvido de Harry, mas naquele momento o garoto não conseguiu lembrar quem era Travers. Hermione se empertigou ao máximo e disse com o maior desprezo que conseguiu reunir:


 


— Esse não é um dos comensais que foram atrás de Xenofilio? — Perguntou Tonks.


— Vamos ler para descobrir. — Falou Miguel.


 


— E o que é que você quer?


Travers parou de chofre, visivelmente ofendido.


— Ele é outro Comensal da Morte! — murmurou Grampo, e Harry se encostou de lado em Hermione para repetir a informação ao seu ouvido.


— Só quis cumprimentá-la — disse Travers, friamente —, mas se a minha presença não é bem-vinda...


Harry reconheceu a voz; Travers era um dos Comensais da Morte que fora chamado à casa de Xenofílio.


— Não, não, de modo algum, Travers — Hermione apressou-se a responder, tentando corrigir o seu erro. — Como vai?


— Bem, confesso que estou surpreso de vê-la por aqui, Belatriz.


— Sério? Por quê? — perguntou Hermione.


— Bem. — Travers tossiu. — Ouvi dizer que os moradores da Mansão dos Malfoy estavam confinados em casa, depois da... ah... fuga.


 


— Que meigo, eles estão de castigo. — Falou Sirius sarcástico.


 


Harry desejou que Hermione mantivesse o sangue-frio. Se aquilo fosse verdade, Belatriz não devia estar andando em público...


— O Lorde das Trevas perdoa aqueles que o serviram mais lealmente no passado — disse Hermione, em uma magnífica imitação do tom mais insolente de Belatriz. — Talvez o seu crédito com ele não seja tão bom quanto o meu, Travers.


Embora o Comensal da Morte se mostrasse ofendido, pareceu também menos desconfiado. Baixou, então, os olhos para o homem que Rony acabara de estuporar.


— Como foi que ele a ofendeu?


— Não faz diferença, não tornará a fazê-lo — disse Hermione, friamente.


— Alguns desses bruxos sem varinha podem ser importunos — comentou Travers. — Não faço objeção quando estão apenas mendigando, mas, na semana passada, uma delas chegou a me pedir para defender o seu caso no Ministério. Sou bruxa, senhor, sou bruxa, me deixe lhe provar! — disse, com voz de falsete para imitá-la. — Como se eu fosse lhe entregar a minha varinha... mas de quem é a varinha — perguntou Travers, curioso — que você está usando no momento, Belatriz? Ouvi dizer que a sua foi...


 


— Pelo jeito todos souberam que vocês roubaram a varinha de Belatriz. — Falou Gina.


 


— A minha varinha está aqui — respondeu Hermione, friamente, erguendo a varinha de Belatriz. — Não sei que boatos anda ouvindo, Travers, mas parece estar lamentavelmente mal informado.


O bruxo pareceu um pouco surpreso ao ouvir isso, e se virou, então, para Rony.


— Quem é o seu amigo? Não o estou reconhecendo.


— Este é Dragomir Despard — apresentou-o Hermione; tinham decidido que um falso estrangeiro seria o disfarce mais seguro para Rony. — Ele não fala muito inglês, mas tem simpatia pelos objetivos do Lorde das Trevas. Veio da Transilvânia para conhecer o nosso novo regime.


— Verdade? Como está, Dragomir?


Como você? — respondeu Rony, estendendo a mão.


Travers esticou dois dedos e apertou a mão de Rony como se tivesse medo de se sujar.


 


— Eu que deveria ter nojo desse homem. — Falou Rony.


 


— Então que traz você e o seu... ah... simpático amigo tão cedo ao Beco Diagonal? — perguntou Travers.


— Preciso visitar o Gringotes.


— Infelizmente, eu também. O ouro, o vil metal! Não podemos viver sem ele, mas confesso que deploro a necessidade de conviver com os nossos amigos de dedos longos.


Harry sentiu as mãos de Grampo apertarem por um momento o seu pescoço.


— Vamos, então? — disse Travers, convidando Hermione a prosseguir.


 


— O plano já começou a falhar, além dos duendes vocês terão que enganar esse comensal. — Falou Gui.


 


A garota não teve escolha senão seguir ao seu lado pela sinuosa rua de pedras até o local em que o alvíssimo Gringotes se destacava sobre lojas vizinhas. Rony acompanhou-os meio de viés, e Harry e Grampo os seguiram.


Um Comensal da Morte vigilante era a última coisa de que precisavam, e o pior era que Harry não via meios de se comunicar com Hermione e Rony, estando Travers ao lado da bruxa que supunha ser Belatriz. Cedo demais, chegaram às escadas de mármore que levavam às grandes portas de bronze. Tal como Grampo os prevenira, os duendes de libre que normalmente flanqueavam a entrada tinham sido substituídos por dois bruxos, ambos segurando longas e finas varas de ouro.


— Ah, os honestímetros — suspirou Travers, teatralmente —, tão rudimentares... mas tão eficientes!


E começou a subir os degraus, acenando com a cabeça à esquerda e à direita para os bruxos, que ergueram as varas e as passaram de alto a baixo por seu corpo. Os honestímetros, Harry sabia, detectavam feitiços de ocultamento e objetos mágicos escondidos. Sabendo que tinha apenas segundos, Harry apontou a varinha de Draco para cada um dos guardas e, duas vezes, murmurou: "Confundo!" Despercebido por Travers, que olhava através das portas de bronze para o saguão interno, os guardas estremeceram brevemente quando os feitiços os atingiram.


 


— Esta bem mais difícil do que invadir o ministério. — Falou Jorge.


 


 


— É, mas no ministério tinha muitas pessoas em sua volta, e tiveram que se separar, mas os feitiços para descobrir invasores dos duendes são bem bons, o que quer dizer que é ruim para os três, e a dificuldade é sair depois do banco. — Falou Gui.


 


Os cabelos longos e negros de Hermione ondularam às suas costas quando subiu as escadas.


— Um momento, madame — disse um dos guardas, erguendo o honestímetro.


— Mas você acabou de fazer isso! — exclamou Hermione, na voz autoritária e arrogante de Belatriz. Travers se virou, as sobrancelhas erguidas. O guarda ficou aturdido. Olhou para o seu fino honestímetro de ouro e em seguida para o colega, que falou com a voz ligeiramente pastosa:


— É, você acabou de revistá-los, Mário.


Hermione continuou a subir, Rony ao seu lado, Harry e Grampo trotando invisíveis em sua cola. O garoto olhou para trás ao cruzar o portal do banco: os guardas coçavam a cabeça.


Dois duendes estavam postados diante das portas internas, que eram feitas de prata e exibiam o poema alertando para terrível retribuição que aguarda os ladrões potenciais. Harry ergueu os olhos e de repente ocorreu-lhe uma lembrança muito nítida: parado naquele exato lugar, no dia em que completara onze anos, o aniversário mais fantástico de sua vida e Hagrid lhe dizendo: "Não te disse? Só um louco tentaria roubar o banco." Naquele dia, Gringotes lhe parecera um lugar assombroso, o repositório encantado de um tesouro em ouro que ele nunca soubera possuir, e nem por um instante poderia ter sonhado que voltaria ali para roubar... Segundos depois, porém, eles estavam no vasto saguão de mármore do banco.


 


— São poucos os que tem uma idéias dessas. — Falou Gui.


— Ainda mais querendo roubar um dos cofres mais protegidos do banco. — Falou Arthur.


 


O longo balcão era ocupado por duendes sentados em banquinhos altos, que atendiam os primeiros clientes do dia. Hermione, Rony e Travers se dirigiram a um velho duende que examinava, com um óculo, uma grossa moeda de ouro. Hermione deixou Travers passar sua frente a pretexto de explicar algumas características do saguão a Rony.


O duende jogou a moeda que tinha nas mãos para o lado e falou sem se dirigir a ninguém em particular "Leprechaun", em seguida, cumprimentou Travers, que lhe entregou uma chaveta de ouro. O duende examinou-a e restituiu-a.


Hermione se adiantou.


— Madame Lestrange! — disse o duende, evidentemente surpreso. — Céus! Que... que posso fazer hoje pela senhora?


— Quero entrar no meu cofre — respondeu Hermione.


O velho duende pareceu se encolher ligeiramente. Harry olhou para os lados. Não só Travers estava por perto observando, mas vários outros duendes tinham levantado a cabeça do seu trabalho para olhar Hermione.


— A senhora tem... identificação? — perguntou o duende.


— Identificação? Nun... nunca me pediram identificação antes!


— Eles sabem! — sussurrou Grampo ao ouvido de Harry. — Devem ter sido avisados de que poderia aparecer um impostor!


 


— Sim, os bruxos quando suspeitam avisam aos duendes, tentarão verificar a varinha que Hermione esta em posse, quando verem que é a de Belatriz vão saber que são as pessoas que roubaram a varinha, ou seja, Harry, Rony e Hermione. — Falou Gui.


— A sua varinha será suficiente, madame — disse o duende. Ele esticou a mão trêmula, e, em um aflitivo lampejo de percepção, Harry teve certeza de que os duendes do Gringotes sabiam que a varinha de Belatriz tinha sido roubada.


— Aja agora, aja agora — sussurrou Grampo outra vez —, a Maldição Imperius!


Harry ergueu a varinha de pilriteiro sob a capa, apontou-a para o velho duende e sussurrou pela primeira vez na vida:


— Império!


Uma curiosa sensação percorreu seu braço, uma sensação de quentura ardida que pareceu fluir do seu cérebro, e descer pelos tendões e veias que o ligavam à varinha e à maldição que acabara de lançar. O duende apanhou a varinha de Belatriz, examinou-a atentamente e, então, exclamou:


 


— Eu não acredito que você usou uma das maldições. — Falou Hermione.


— Era isso, ou iríamos ser mandado para mansão Malfoy novamente. — Falou Harry, se sentia envergonhado por ter usado tal feitiço.


 


— Ah, a senhora mandou fazer uma nova varinha, madame Lestrange!


— Quê? — disse Hermione. — Não, não, essa é a minha...


— Uma nova varinha? — indagou Travers, aproximando-se outra vez do balcão; os duendes a toda volta continuavam a observar. — Mas, como poderia ter feito, que fabricante de varinha usou?


Harry agiu sem pensar: apontou a varinha para Travers e murmurou mais uma vez:


— Império!


— Ah, sim, estou vendo — disse Travers, olhando para varinha de Belatriz —, é muito bonita. E está funcionando bem? Sempre acho que as varinhas precisam ser amaciadas, concorda?


 


— Hermione deve estar tão confusa quanto eu quando ela explica aquelas coisas difíceis com aquelas palavras difíceis. — Falou Rony.


— Tão confusa quanto os dois guardas que foram confundidas. — Falou Gina.


 


Hermione parecia absolutamente aturdida, mas, para enorme alívio de Harry, ela aceitou, sem comentário, a bizarra virada nos acontecimentos.


O velho duende atrás do balcão bateu palmas e um duende jovem se aproximou.


— Precisarei dos cêmbalos — disse ao duende, que correu e voltou logo depois com uma bolsa de couro que parecia cheia de metais soltos e que ele entregou ao seu superior. — Ótimo, ótimo! Então, se quiser me acompanhar, madame Lestrange — convidou-a o velho duende, saltando do banquinho e desaparecendo de vista —, levarei a senhora ao seu cofre.


 


— Se vocês quiserem desistir deveriam desistir agora, depois que estiverem naquela profunda caverna não poderão voltar sem a Horcrux, e com certeza é melhor vocês irem agora que ainda estão tendo sucesso, porque se descobrirem de vocês agora, terão que tentar outra vez em outro dia, mas com certeza a segurança do banco estará bem mais protegido e com muitos mais comensais de vigia, vocês teriam que ser muito rápidos para poderem confundir todos. — Falou Gui.


— Resumindo vocês só tem essa chance. — Falou Vic.


— Como será que eles irão conseguir voltar para superfície depois de estarem com a Horcrux? — Perguntou Arthur.


— Se o descobrirem é capaz de deixarem eles lá em baixo sem o carrinho para voltarem, irão mandar comensais para lá, o que significa que eles não terão como voltar se o descobrirem. — Respondeu Gui.


— Há, vocês planejam uma loucura atrás da outra, primeiro aquela transferência pelo ar, depois a invasão ao Ministério, ai logo em seguida ir até Godric         ‘s Hollow e ainda por cima seguir aquela velha. — Falou Molly.


— Como iríamos saber que ela na verdade era a cobra. — Falou Harry.


— Mas mesmo que não soubessem, tudo bem que vocês foram para lá apenas para uma coisa boa, mas tentar roubar o gringotes foi a maior loucura que vocês já resolveram fazer. — Falou Molly.


— É, seguir aranhas também foi a maior loucura que o Harry me fez fazer. — Falou Rony.


— Ainda bem que eu não fui nessa vez, tudo bem que aranha não é meu maior medo, mas ver milhares faria com que a pessoa mais corajosa do mundo ficasse com medo. — Falou Hermione.


— É Hermione, sabemos que aranhas não é seu medo, mas no terceiro ano que você quase desmaiou de medo quando um bicho papão virou a professora Minerva e disse que você levou bomba, eu nunca havia visto um medo daquele. — Falou Rony.


— Eu me lembro disso, coitada da menina, quase morreu de tanto medo. — Falou Remo.


— Há, mas deve existir outros medos mais engraçados. — Falou Sirius.


 


Ele reapareceu na extremidade do balcão, saltitando feliz ao encontro da cliente, o conteúdo da bolsa de couro ainda tilintando. Travers agora estava parado, muito quieto, de boca aberta. Rony atraía as atenções para o estranho fenômeno olhando confuso para o bruxo.


— Espere... Bogrode!


Outro duende contornou correndo o balcão.


— Temos instruções — disse ele, curvando-se para Hermione —, me perdoe, madame Lestrange, mas recebemos ordens especiais com relação ao cofre de sua família.


Ele cochichou pressuroso ao ouvido de Bogrode, mas o duende sob o efeito da maldição se livrou dele.


— Estou ciente das instruções. Madame Lestrange quer visitar o seu cofre, família muito antiga... velhos clientes... acompanhem-me, por favor...


 


— Quando eu fui lá pela primeira vez teve um duende que me olhou tão estranho, ou a aparência do duende é estranha de nascença, ou por causa da velhice ou sei lá. — Falou Harry dando de ombros.


 


E ainda tilintando, ele se dirigiu apressado a uma das muitas portas de saída do saguão. Harry olhou para Travers, que continuava pregado no mesmo lugar, parecendo anormalmente alheado, e tomou uma decisão: com um aceno da varinha, fez o bruxo acompanhá-los e se dirigir mansamente para porta e o corredor de pedra rústica além, iluminado por archotes.


 


— É melhor mesmo levarem ele, por que se não seria estranho ele ficar ali parado no meio do saguão. — Falou Gui.


 


— Estamos enrascados, eles suspeitam — disse Harry, quando a porta bateu às costas deles e despiu a Capa da Invisibilidade. Grampo pulou dos seus ombros; nem Bogrode nem Travers manifestaram a menor surpresa ao súbito aparecimento de Harry Potter entre eles. — Amaldiçoei-os com a Imperius — acrescentou, em resposta às indagações confusas de Hermione e Rony sobre Travers e Bogrode, ambos agora parados, com o olhar vazio. — Acho que não fiz com força suficiente, não sei...


E outra lembrança perpassou sua mente, da verdadeira Belatriz Lestrange gritando quando ele tentou usar uma Maldição Imperdoável pela primeira vez: É preciso querer usá-las, Potter!


 


— Quantas vezes você já viu essa mulher? Tudo bem que você com certeza deve ter raiva dela, mas chegar ao ponto de usar uma Maldição Imperdoável. — Falou Tonks.


— A raiva que ele tem deve ter passado do limite quanto a Bellatriz, isso pode acontecer varias vezes, ainda mais quando uma pessoa que já fez tanto mal a muitas pessoas e uma delas uma pessoa que é importante para você. — Falou James.


 


— Que faremos? — perguntou Rony. — Damos o fora já, enquanto podemos?


— Se pudermos — disse Hermione, olhando para porta que dava acesso ao saguão principal, e além da qual ninguém sabia o que estava acontecendo.


— Chegamos até aqui, proponho que continuemos — disse Harry.


— Ótimo! — disse Grampo. — Então, precisamos de Bogrode para controlar o vagonete, eu não tenho mais autoridade. Mas não haverá espaço para o bruxo.


Harry apontou a varinha para Travers.


— Império!


O bruxo se virou e saiu pelo trilho escuro a passos rápidos.


 


— O que será que você mandou ele fazer? — Perguntou Al para Harry.


— Não sei, poderia ter mandado ele andar, ou se esconder, qualquer coisa que o deixe longe de nós e dos outros duendes. — Falou Harry dando de ombros.


— Com certeza é melhor ele ficar bem longe dos outros duendes. — Falou Scorpius.


 


— Que é que você mandou ele fazer?


— Se esconder — disse Harry, apontando a varinha para Bogrode, que assobiou para chamar um vagonete que surgiu do escuro, sacolejando pelos trilhos, em sua direção. Harry teve certeza de ouvir gritos no saguão principal quando embarcaram, Bogrode na frente com Grampo, Harry, Rony e Hermione espremidos atrás.


 


— Eu odeio ter que andar nesses carrinhos, da um enjôo muito grande. — Falou Gina fazendo careta.


 


Com um tranco, o vagonete deu partida e começou a acelerar: passaram velozes por Travers, que se contorceu para dentro de uma fenda na parede, depois o veículo começou a serpear e fazer curvas por um verdadeiro labirinto, sempre descendo. Harry não conseguia ouvir nada com o barulho do carro sobre os trilhos: seus cabelos voavam enquanto evitavam estalactites, se aprofundavam em alta velocidade na terra, mas ele não parava de olhar para trás. Poderiam ter deixado enormes pegadas ao passar; quanto mais pensava no assunto, tanto mais idiota lhe parecia ter disfarçado Hermione de Belatriz, ter trazido a varinha da bruxa, quando os Comensais da Morte sabiam que tinha sido roubada...


 


— Ao menos vocês sabem improvisar a ponto de tudo dar certo, independente do que estão fazendo. — Falou Felipe.


 


Estavam mais fundo do que Harry jamais penetrara no Gringotes; fizeram uma curva fechada em alta velocidade e viram, tarde demais, uma cascata jorrando com violência sobre os trilhos. Harry ouviu Grampo gritar "Não!", mas não houve tempo de frear: eles a atravessaram disparados. A água encheu os olhos e a boca de Harry: não conseguia ver nem respirar; então, com uma guinada súbita e irresistível, o vagonete capotou e eles foram atirados para fora. Harry ouviu o veículo se despedaçar contra a parede do labirinto, ouviu Hermione gritar alguma coisa e se sentiu planar de volta ao chão, como se não tivesse peso, e aterrissar sem dor no piso da passagem de pedra.


 


— Provavelmente feitiço amortecedor. — Falou Dumbledore.


— Vocês estão sem o carrinho, como irão voltar? — Perguntou Cath.


— E o que era aquela água? — Perguntou Fernando olhando para Gui.


— A queda do ladrão, é uma água que desfaz todos os encantamentos. — Respondeu Gui.


— Mas tem como essa água transmitir aos duendes lá em cima que os encantamentos que Hermione Rony usavam foram desfeitos? — Perguntou Lorcan.


— Isso eu não sei, é um dos segredos dos duendes, eu acho que o desvio do carrinho dos trilhos foi feito quando a água desfez o encantamento e assim perceberam que eles eram impostores tentando penetrar no banco. — Respondeu Gui.


— Mas e agora como eles vão voltar para cima? — Perguntou Lysa.


— No banco em que eu trabalhava nunca aconteceu um assalto, então eu não sei, pode ser que os duendes junto dos segurança vão os buscar para assim os prenderem, ou os deixarão lá como punição, mas acho que a ultima opção não é muito provável, já que eles não podem perder nenhum dos tesouros de ninguém. — Respondeu Gui.


 


— F-feitiço Amortecedor — gaguejou Hermione, quando Rony a pôs de pé: mas, para seu horror, Harry viu que a amiga deixara de ser Belatriz. Em vez disso, usava vestes largas e encharcadas, e era ela própria; Rony estava novamente ruivo e imberbe. Eles foram percebendo isso ao se entreolharem, apalpando os próprios rostos.


— A Queda do Ladrão! — exclamou Grampo, se levantando e olhando para o dilúvio sobre os trilhos às suas costas, que Harry agora sabia que fora mais do que água. — Lava todos os encantamentos, todos os disfarces mágicos! Já sabem que há impostores em Gringotes e acionaram as defesas contra nós!


 


— Porque ele não mencionou isso antes? — Perguntou Rose como se fosse obvio.


— Eu disse que ele tentaria passar a perna em vocês, mas se o pegarem com vocês ele irá ser conhecido como duende traidor, e se levarem vocês para Voldemort junto da espada com certeza ele nunca ficaria com a espada, já que Voldemort nunca faria um acordo com criaturas que na opinião dele são inferiores. — Falou Gui.


— Vocês têm que ir logo até o cofre. — Falou Elliz.


 


 


Harry viu Hermione verificando se ainda levava a bolsinha de contas e enfiou depressa a mão sob o blusão para certificar-se de que não havia perdido a Capa da Invisibilidade. Virou-se, então, e viu Bogrode sacudindo a cabeça aturdido: a Queda do Ladrão aparentemente desfizera a Maldição Imperius.


— Precisamos dele — disse Grampo —, não poderemos entrar no cofre sem um duende do Gringotes. E precisamos dos cêmbalos!


 


— A capa nunca sumiria, já que seu encantamento é próprio nela, não é um feitiço que foi colocado lá para que ficasse invisível. — Falou Dumbledore.


 


Império! — Harry disse; sua voz ecoou pela passagem de pedra e ele sentiu mais uma vez a sensação intoxicante de controle que emanava do cérebro para varinha. Bogrode voltou a se submeter à sua vontade, sua expressão de atordoamento se alterou para de cortês indiferença, enquanto Rony corria a apanhar a bolsa de couro com as ferragens de metal.


— Harry, acho que estou escutando gente vindo! — disse Hermione e, apontando a varinha de Belatriz para cascata, gritou: — Protego! — Eles viram o Feitiço Escudo interromper o jorro de água encantada ao subir passagem acima.


— Bem pensado — disse Harry. — Mostre-nos o caminho, Grampo!


— Como vamos sair daqui? — perguntou Rony, enquanto corriam pela escuridão atrás de Grampo, Bogrode ofegando em seus calcanhares como um cachorro velho.


 


— Também estamos querendo saber. — Falou Hugo.


 


— Vamos nos preocupar com isso quando for a hora — respondeu Harry. Estava tentando escutar: pensou ter ouvido alguma coisa metálica batendo e se mexendo ali perto. — Grampo, ainda falta muito?


— Não muito, Harry Potter, não muito...


E, ao virarem um canto, depararam com a coisa para qual Harry estivera preparado, mas que ainda assim fez todos estacarem de repente.


 


— Então vocês viram, já estava demorando e eu estava achando que não teria mais no banco de Londres. — Falou Gui.


— Viram o que? — Perguntou Miguel.


— Vocês vão ver, volte a ler. — Falou Gui.


 


Um dragão gigantesco achava-se acorrentado no chão à frente, barrando o acesso a quatro ou cinco dos cofres mais profundos do banco. As escamas do animal tinham se tornado pálidas e flocosas durante a longa prisão subterrânea; seus olhos estavam rosa-leitoso: as duas patas traseiras tinham pesadas argolas das quais saíam correntes ancoradas em enormes estacas enterradas no solo rochoso. Suas grandes asas, espiculadas e fechadas junto ao corpo, teriam enchido a câmara se ele as abrisse, e quando virou a feia cabeça para eles, rugiu com um estrondo que fez a rocha tremer, escancarou a boca e cuspiu um jato de fogo, fazendo-os retroceder rapidamente.


 


— Então tem mesmo dragões lá, impressionante. — Falou Hagrid.


— Impressionante? Não acho nada impressionante nisso, iremos morrer queimados. — Falou Hermione.


— Ele é parcialmente cego. — Falou Gui.


— Mas isso é repugnante, fazer isso a uma criatura como essa passar por tanto sofrimento. — Falou Hagrid.


— Não sou eu que o deixo cego Hagrid, então não reclame para mim. — Falou Gui.


— Como colocam eles ai? — Perguntou Elliz.


— Eles são levados quando ainda são filhotes, os tratadores da Romênia cuidam deles ali até que eles estejam pronto para servir aos duendes. — Falou Gui.


— Esses duendes querem tudo ao seus pés, além de criticar os bruxos eles fazem os dragões de escravos. — Falou Hagrid.


 


— Ele é parcialmente cego — arquejou Grampo —, e por isso é ainda mais feroz. Mas temos meios de controlá-lo. Ele sabe o que esperar quando trazemos os cêmbalos. Me dê a bolsa aqui.


Rony passou a bolsa para Grampo e o duende tirou de dentro pequenos instrumentos de metal que, quando agitados, produziam um barulho como o de martelos e bigornas em miniatura. Grampo os distribuiu: Bogrode aceitou os dele, obedientemente.


— Vocês sabem o que fazer — disse Grampo a Harry, Rony e Hermione. — O dragão sabe que sentirá dor quando ouvir o barulho: recuará e Bogrode deverá encostar a palma da mão na porta do cofre.


 


— O barulho desse negocio é horrível. — Falou Gui.


 


O grupo tornou a avançar pelo canto, sacudindo os cêmbalos, e os ruídos ecoaram pelas paredes rochosas, brutalmente amplificados, dando a Harry a impressão de que os ossos de seu crânio vibravam com a zoeira. O dragão soltou outro rugido rouco e retrocedeu. Harry o viu tremer e, ao se aproximar, reparou nas cicatrizes deixadas por fundos cortes em sua cara, imaginou que aprendera a temer espadas em brasa quando ouvisse o som dos cêmbalos.


— Faça-o pôr a mão na porta! — Grampo insistiu com Harry, que apontou a varinha para Bogrode. O velho duende obedeceu, comprimiu a palma da mão contra a madeira, e a porta do cofre se dissolveu, revelando uma espécie de caverna, atulhada do chão ao teto de moedas e taças de ouro, armaduras de prata, peles de estranhas criaturas, algumas com longas espinhas dorsais, outras com asas caídas, poções em frascos cravejados de pedras e um crânio ainda usando uma coroa.


— Procurem, rápido! — disse Harry, enquanto todos se precipitavam para dentro do cofre.


 


— Nossa, tanta coisa. — Falou Lila impressionada.


 


Ele descrevera a taça de Hufflepuff para Rony e Hermione, mas, se fosse a outra, a Horcrux desconhecida, que estivesse guardada no cofre, ele não sabia que aparência teria. Mal tivera tempo de olhar ao seu redor, quando ouviram um ruído abafado: a porta reaparecera, encerrando-os ali dentro, e eles foram mergulhados na mais absoluta escuridão.


— Não se preocupem, Bogrode poderá nos soltar — disse Grampo, ao mesmo tempo que Rony gritava, surpreso. — Será que não podem acender as suas varinhas? E andem logo, temos muito pouco tempo!


Lumos!


 


— Esse duende esta muito folgado, além de não ter avisado sobre a queda do ladrão quer ficar mandando. — Falou Rony.


— Imagino que esse deve ser o momento mais feliz da vida dele. — Falou Gui.


 


Harry girou a varinha acesa pelo cofre: a luz incidiu sobre jóias cintilantes, ele viu a falsa espada de Gryffindor em uma prateleira alta, entre um emaranhado de correntes. Rony e Hermione tinham acendido as varinhas também e agora examinavam as pilhas de objetos que os cercavam.


— Harry, poderia ser...? Aiii!


Hermione gritou de dor e Harry iluminou-a em tempo de ver uma taça cravejada de pedras escorregando de sua mão: mas, ao cair, o objeto rachou e se transformou em uma inundação de taças, e, um segundo depois, com grande estrépito, o chão ficou coberto de taças idênticas rolando para todos os lados, a original indistinguível das demais.


— Ela me queimou! — choramingou Hermione, chupando os dedos vermelhos.


 


— São a junção de dois feitiços, o duplicador e o abrasador, tudo que você tocar irá se multiplicar e queimar sua pele, as copias não tem valor é claro. — Falou Gui.


— Mas tem um limite para se duplicar? — Perguntou Hugo.


— Não, ele irá multiplicar matando as pessoas esmagados pelo peso do ouro. — Respondeu Gui.


— Então eles tem menos tempo, até os seguranças chegarem ou até o ouro esmagar eles. — Falou Minerva.


— Não fico surpreso que ninguém nunca tentara roubar esse lugar. — Falou Hermione.


 


— Eles juntaram dois feitiços, o Duplicador e o Abrasador! -disse Grampo. — Tudo que tocarmos queimará e multiplicará, mas as cópias não têm valor... e se continuarem a mexer no tesouro, acabarão morrendo esmagados pelo peso do ouro em expansão!


— Ok, não toquem em nada! — recomendou Harry, desesperado, mas, no momento em que dizia isso, Rony acidentalmente empurrou uma das taças caídas com o pé e mais vinte surgiram de repente e, enquanto Rony saltava no mesmo lugar, parte do seu sapato queimou ao contato com o metal em brasa.


— Fiquem parados, não se mexam! — pediu Hermione, segurando Rony.


— Olhem apenas! — disse Harry. — Lembrem-se, a taça é pequena e de ouro, tem uma gravação, duas asas, ou então vejam se localizam o símbolo de Ravenclaw em algum lugar, a águia...


 


— Eu ainda não posso acreditar que um objeto que a taça que pertenceu a Helga tenha virado uma Horcrux, como ele conseguirá isso? — Perguntou Susana Bones.


— Voldemort trabalhou em uma loja que tinha vários objetos valiosos que pertenceram a pessoas importantes, e trabalhando em um lugar desse ele pode conhecer pessoas que saibam onde encontrar esse objetos, ou até mesmo pessoas que estão em posse do objeto, eu mesmo já conheci uma mulher que dizia estar em posse da taça, mas nunca se confirmou, se Voldemort soube disso ele foi até ela, fingiu ser amigo dela e depois que ela lhe mostrou a taça a matou e pegou o objeto. — Falou Dumbledore.


— Ravenclaw na tinha família, quer dizer, ela teve uma filha que sumiu junto do Diadema, a filha dela com certeza morreu a muitos anos, ela pode ter escondido o Diadema, ou passado para outra pessoa. — Falou Cho.


— Ele com certeza não pode falar com a filha dela a procura do Diadema, afinal ela morre bem antes dele nascer. — Falou Marietta.


— Mas a filha de Ravenclaw ainda esta aqui. — Falou Luna fazendo todos olharem para ela, ela olhava confusa para Cho e Marietta que mencionavam que Voldemort nunca poderia ter falado com a filha de Ravenclaw.


— Não seja tola Luna, como ela poderia estar aqui? Ela morreu algum tempo depois de Hogwarts ser fundada. — Falou Cho rindo da menina que ainda olhava para ela confusa.


— Você que esta sendo tola, ela esta aqui desde sempre, ou você é tão cega que nunca a viu? — Perguntou Luna.


— Pode nos explicar melhor Srta. Lovegood? — Perguntou Dumbledore.


— A filha de Ravenclaw, ela morreu sim, mas... — Luna não pode terminar.


— Se ela morreu como ela poderia estar aqui? — Perguntou Cho debochando de Luna.


— Quieta Srta. Chang, poderia continuar Srta. Lovegood? — Perguntou Dumbledore interessado em Luna.


— É claro diretor, bom a filha de Ravenclaw esta aqui sim, não em carne e osso, e sim em forma de fantasma, ela disse que quando ela morreu ela escolheu vir para cá como fantasma, eu converso bastante com ela, mas ela não costuma confiar nas pessoas, ela diz que um dia foi enganada, vocês nunca a viram? — Perguntou Luna.


— Não. — Responderam varias pessoas da mesa da Corvinal.


— Mas Luna a fantasma da Corvinal é a Mulher Cinzenta. — Falou Cho.


— E de quem você acha que eu estou falando? — Perguntou Luna.


— Não é possível. — Falou Cho não acreditando.


— Sim, é verdade, eu até havia me esquecido dela já que ela não costuma chamar muito a atenção igual aos outros fantasmas, ela é bastante tímida. — Falou Dumbledore.


— Sim, ela até me contou varias coisas. — Falou Luna.


— Eu nunca soube como ela morreu. — Falou Marietta.


— Há eu sei, ela disse que quando ela fugiu da mãe dela com o Diadema a mãe dela mandou o Barão Sangrento atrás dela, já que ele sempre fora apaixonado por ela, mas ai quando ela disse que não voltaria ele a matou e depois que viu o que fez com a mulher que amava se matou também, ela diz que é por isso que ela não gosta de falar com ele. — Falou Luna.


— Credo, que história horrível. — Falou Marietta.


— E ela nunca falou para você onde escondeu o Diadema? — Perguntou Minerva.


— Não, ela nunca falou sobre isso para mim, quando perguntei ela desconversou e eu não quis perguntar mais. — Respondeu Luna.


— O que mais vocês falaram? — Perguntou Dumbledore.


— Há, falamos de varias coisas, ela me contou de lugares que ela passou depois de fugir da mãe dela, mas ela contava tudo misturado, ela parecia não querer que eu soubesse qual fora o lugar em que ela morreu, diz que eu sou esperta demais e que juntaria alguns pontos chegando no resultado. — Falou Luna com cara de confusa — Confesso que fiquei bem confusa com o que ela disse. — Acrescentou Luna.


— Em que lugares exatamente ela disse que passou? — Perguntou Dumbledore.


— Há, vários lugares, Rússia, disse que passou por vários lugares diferentes da Inglaterra, Romênia também e que lá quase foi morta por vários dragões, ela disse que conheceu um dos fundadores da escola de magia da França, Estados Unidos também e disse que teve a coragem de passar na Albânia, aquela floresta que quase ninguém tem coragem de ir. — Respondeu Luna fazendo Dumbledore arregalar os olhos de surpresa.


— Ela esteve na Albânia? — Perguntou Dumbledore não acreditando.


— Sim, ela disse que lá seria um ótimo lugar para que pudesse enganar o barão e assim despistar ele da cola dela. — Respondeu Luna — Mesmo sendo perigoso aquele lugar deve ser legal lá. — Falou Luna nem percebendo a expressão do diretor.


— Em que lugar exatamente a filha de Ravenclaw foi encontrada pela ultima vez, onde exatamente o barão a matou? — Perguntou Dumbledore ao diretor da Corvinal.


— Bom, eu não sei, diz que o barão apenas chegou aqui com a moça nos braços morta, e que depois se matou, não respondeu nem ao menos aos outros fundadores o que havia acontecido, ninguém sabia que ele mesmo havia matado ela, nem mesmo eu, já que isso foi contada pela própria moça que virou fantasma. — Respondeu o diretor da Corvinal.


— Mas porque todo esse interesse na história da menina Alvo? — Perguntou Minerva.


— Porque se ela era a única pessoa a saber onde estava o Diadema, ela seria a única pessoa em que Voldemort poderia se informar em busca do objeto. — Respondeu Dumbledore.


— Acha mesmo que ela responderia algo a ele? Nem ao menos contou a Luna. — Falou Harry.


— Voldemort é esperto, fingiu ser amigo do professor Slughorn, poderia muito bem fingir ser amigo da fantasma para assim conseguir a confiança dela e poder saber onde ela escondeu o Diadema. — Falou Dumbledore.


— Se for assim temos que conversar com ela. — Falou Minerva.


— Ela nem ao menos falou para menina que é muito amiga dela, ela não irá confiar em nós tão cedo. — Falou Dumbledore.


— Mas Alvo, você é diretor da escola, ela deve explicações a você. — Falou Minerva.


— Não Minerva, ela não deve explicações a mim, eu sou apenas Diretor da escola enquanto ela é filha de uma das fundadoras, ela é praticamente uma das herdeiras que se estivesse viva poderia fazer o que quisesse com Hogwarts, independente do que eu falaria ou fosse querer. — Falou Dumbledore — Bom, vamos voltar a ler, depois resolvemos o assunto desse Diadema, estamos quase a descobrir o esconderijo da taça. — Falou Dumbledore fazendo sinal para que voltassem a ler.


 


Eles apontaram a luz da varinha para todos os cantos e reentrâncias, virando-se cautelosamente sem sair do lugar. Era impossível não roçar em nada; Harry fez rolar para o chão uma volumosa cascata de galeões falsos que se juntaram às taças, e agora quase não havia espaço para os pés deles, e o ouro reluzia, abrasador, transformando o cofre em um forno. A luz da varinha de Harry percorreu escudos e elmos feitos por duendes e guardados em prateleiras que iam até o teto. Sempre mais alto, ele erguia a varinha até que, de repente, incidiu sobre um objeto que fez o seu coração dar um salto e sua mão tremer.


— Está lá, está lá em cima!


 


— As coisas já estão ruins ai no chão, como irão ir até lá em cima sem tocar em exatamente nada? — Perguntou Rose.


— Ta ai uma coisa difícil de acontecer, chegar lá em cima sem tocar em nada. — Falou Scorpius.


 


Rony e Hermione apontaram suas varinhas para o lugar indicado fazendo com que a pequena taça cintilasse sob um foco triplo: a taça que pertencera a Helga Hufflepuff e passara ao poder de Hepzibá Smith, de quem fora roubada por Tom Riddle.


 


— Hepzibá Smith, ela é uma parente de Helga? — Perguntou Tonks.


— Pode ser que sim, o sobrenome de Helga pode ter acabado depois que ela teve uma filha ou uma neta que depois de casar mudou o sobrenome para o sobrenome do marido. — Falou Sprout.


 


— E como vamos chegar lá em cima sem tocar em nada, pô? — perguntou Rony.


Accio taça! — ordenou Hermione, que evidentemente esquecera, em seu desespero, o que Grampo lhes dissera durante as sessões de planejamento.


— Não adianta, não adianta! — rosnou o duende.


— Então o que faremos? — perguntou Harry, olhando feio para ele. — Se você quiser a espada, Grampo, terá de nos ajudar mais... espere! Posso tocar nas peças com a espada? Hermione, me dê a espada aqui!


Hermione apalpou as vestes por dentro, tirou a bolsinha de contas, remexeu nela por alguns segundos, então tirou a espada brilhante. Harry segurou-a pelo punho incrustado de rubis e encostou a ponta da lâmina em uma garrafa de prata próxima, que não se multiplicou.


— Se eu pudesse enfiar a ponta da espada em uma alça... mas como vou chegar lá em cima?


 


— Também queremos saber. — Falou Hugo.


 


A prateleira em que repousava a taça estava fora de alcance, até mesmo para Rony que era o mais alto. O calor do tesouro encantado desprendia-se em ondas, e o suor escorria pelo rosto e as costas de Harry enquanto procurava encontrar um meio de chegar à taça; ouviu, então, o dragão rugir do outro lado da porta do cofre e o som dos cêmbalos sempre mais alto.


Aparentemente, estavam realmente encurralados: não havia saída exceto pela porta, e uma horda de duendes vinha se aproximando pelo outro lado. Harry olhou para Rony e Hermione e viu terror em seus rostos.


— Hermione! — chamou Harry, quando o tilintar se tornou mais forte. — Tenho que chegar lá em cima, temos que nos livrar...


Ela ergueu a varinha, apontou-a para o amigo e sussurrou:


— Levicorpus!


 


— Eu e o James usávamos bastante esse feitiço. — Falou Sirius.


— Meu pai já me acordou usando esse feitiço. — Falou James fazendo os amigos rirem.


 


Guindado para o alto pelo tornozelo, Harry bateu em uma armadura e as réplicas, como corpos incandescentes, encheram o espaço apertado. Com gritos de dor, Rony, Hermione e os dois duendes foram atirados contra outros objetos, que também começaram a se replicar. Meio soterrados por uma onda crescente de tesouros em brasa, eles se debateram e gritaram enquanto Harry enfiava a espada na alça da taça de Hufflepuff e a enganchava na lâmina.


Impervius! — guinchou Hermione, em uma tentativa de proteger a si, Rony e os duendes do metal em combustão.


Então o grito mais aterrorizante fez Harry olhar para baixo: Rony e Hermione estavam cercados por tesouros até a cintura, lutando para impedir Bogrode de escorregar para baixo da maré crescente, mas Grampo submergira, deixando visíveis apenas as pontas dos seus longos dedos.


Harry agarrou os dedos do duende e puxou-os. Grampo, coberto de bolhas, reapareceu aos poucos, urrando.


 


— Bem feito para ele, terá que sofrer muito para conseguir essa espada. — Falou Sirius dando de ombros.


 


Liberacorpus! — berrou Harry, e, com um estrondo, ele e Grampo caíram sobre a superfície do tesouro em progressão, e a espada voou da mão de Harry. — Segure-a! — berrou ele, resistindo à dor das queimaduras em sua pele, quando Grampo tornou a subir em seus ombros, decidido a evitar a massa abrasadora que se expandia. — Cadê a espada? Tinha a taça enganchada nela!


O tinido de metal do outro lado tornava-se ensurdecedor... era tarde demais...


— Ali!


Foi Grampo quem a viu, e ele quem se atirou para espada e, naquele instante, Harry percebeu que o duende nunca esperara que eles cumprissem a palavra dada. Com uma das mãos segurando firme um punhado de cabelos de Harry, para não cair no mar de ouro quente, Grampo agarrou o cabo da espada e ergueu-a no alto, fora do alcance de Harry.


 


— Eu não acredito que ele fez isso. — Falou Hermione indignada.


— Eu disse a você, disse que ele passaria a perna em vocês. — Falou Gui dando de ombros — Mas para má sorte dele, a espada pode sumir em segundos caso um grifinório precise dela, ele não pode ser dono dela não pertencendo a casa da Grifinória. — Falou Gui.


— Mas a espada já esteve em posse de Snape, e ele é da Sonserina. — Falou Simas.


— Só esteve em posse dele porque ele foi diretor da escola, e a espada já estava no escritório do diretor quando ele se tornou também diretor. — Falou Gui.


 


A pequena taça de ouro, espetada pela alça na lâmina da espada, foi arremessada no ar. Com o duende ainda montado nele, Harry mergulhou e apanhou-a e, embora a sentisse queimar sua pele, não a soltou, mesmo quando incontáveis taças irromperam do seu punho caindo sobre seu corpo. Nesse instante, o cofre se abriu e ele se viu deslizando, sem controle, sobre uma avalanche desmesurada de ouro e prata incandescente que o carregava, e a Rony e Hermione, para câmara externa.


Sem tomar consciência da dor das queimaduras por todo o corpo, e ainda carregado pela onda de tesouros replicantes, Harry enfiou a taça no bolso e esticou a mão para recuperar a espada, mas Grampo desaparecera. Escorregando dos ombros de Harry quando pôde, correra a se abrigar entre os duendes que os cercavam, brandindo a espada e gritando "Ladrões! Ladrões! Socorro! Ladrões!". E sumiu entre a multidão que avançava, armada com adagas, e que o aceitou sem discutir.


 


— Traidor. — Falou Harry com raiva.


 


Deslizando sobre o metal quente, Harry se levantou com dificuldade e entendeu que só havia uma saída.


Estupefaça! — berrou, e Rony e Hermione se juntaram a ele: jatos de luz vermelha voaram contra a multidão de duendes, alguns tombaram, mas outros continuaram a avançar e Harry viu vários guardas bruxos aparecerem correndo pelo canto da passagem.


O dragão preso soltou um rugido, e um jorro de chamas voou sobre as cabeças dos duendes: os bruxos fugiram, curvados, voltando pelo caminho que tinham vindo, e uma inspiração, ou loucura, acometeu Harry. Apontando a varinha paras grossas algemas que prendiam a fera no chão, berrou:


— Relaxo!


 


— Você ficou maluco? Vai soltar um dragão? Quer morrer? — Perguntou Rony para o amigo.


Harry apenas deu de ombros.


 


As algemas se abriram estrepitosamente.


— Por aqui! — berrou Harry e, ainda lançando Feitiços Estuporantes, disparou em direção ao dragão cego.


— Harry... Harry... que é que você está fazendo? — bradou Hermione.


— Subam, subam, andem logo...


O dragão não percebera que estava livre: o pé de Harry encontrou a dobra de sua perna traseira e o garoto usou-a para subir em seu dorso. As escamas do animal eram duras como aço: ele nem pareceu sentir. Harry estendeu a mão; Hermione se guindou para o alto; Rony montou atrás dos dois e, no segundo seguinte, o dragão sentiu que estava livre.


Com um rugido, empinou-se nas patas traseiras: Harry firmou os joelhos contra seu corpo, agarrou-se com força às escamas espiculadas e as asas do dragão se abriram, derrubando, como pinos de boliche, os duendes aos berros, e o animal levantou vôo. Harry, Rony e Hermione, deitados em seu dorso, rasparam no teto quando o animal rumou para abertura na passagem, perseguido pelos duendes, atirando adagas que resvalavam em seus flancos.


 


— Legal, fugir em cima de um dragão. — Falou Dino.


— Legal vai ser quando os trouxas virem esse dragão voando por cima de Londres. — Falou Minerva — Já não bastava virem um carro voando. — Falou Minerva olhando para Harry e Rony que soltaram um sorriso amarelo.


 


— Nunca sairemos daqui, é grande demais! — gritou Hermione, mas o dragão abriu a boca e arrotou chamas explodindo o túnel cujos pisos e teto racharam e desmoronaram. Usando a força, o dragão abria caminho com as garras e o corpo. Harry mantinha os olhos bem fechados para protegê-los do calor e da poeira. Ensurdecido pela colisão das pedras e os rugidos do dragão, só lhe restava agarrar-se ao seu dorso, na expectativa de ser atirado longe a qualquer momento; então, ele ouviu Hermione berrar:


Defodio!


 


— Daqui a pouco todo o lugar vai desmoronar. — Falou Rony.


 


Ela estava ajudando o dragão a alargar a passagem, cavando o teto, enquanto o animal forcejava para subir em direção ao ar fresco e se distanciar dos duendes com seus guinchos e batidas de metal; Harry e Rony a imitaram, rompendo o teto a poder de feitiços. Eles passaram pelo lago subterrâneo e a enorme fera que rastejava e rosnava pareceu sentir a liberdade e o espaço à sua frente, enquanto, às costas, a passagem era entupida pelo movimento da cauda cristada, grandes pedaços de rocha, gigantescas estalactites partidas; o ruído metálico produzido pelos duendes foi ficando mais abafado e, à frente, as chamas expelidas pelo dragão desimpediam o seu avanço...


 


— Com certeza vão passar pelo saguão. — Falou Teddy.


 


Então, com a força dos seus feitiços somada à força bruta do dragão, eles finalmente abriram uma saída da passagem para o saguão de mármore. Duendes e bruxos gritaram e correram a se proteger, e o dragão encontrou espaço para abrir as asas: virou a cabeça chifruda para o fresco ar exterior que sentia além e partiu; com Harry, Rony e Hermione ainda agarrados ao seu dorso, ele abriu caminho pelas portas de metal, deixando-as dobradas e penduradas nas dobradiças, e se encaminhou vacilante para o Beco Diagonal, de onde se lançou em direção ao céu.


 


— Acabou o capitulo. — Falou Dino.


— Roubar o gringotes e ainda por cima conseguir fugir em cima de um dragão, vocês tem muita sorte. — Falou Neville impressionado.


 


(Autora aqui: Peço desculpas pelo capitulo com tantas partes curtas, não sei se vocês perceberam, mas em alguns diálogos, eu tentei fazer o maior possivel)

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Comentários (3)

  • Victórie Weasley Lupin

    Se eles falam isso com Grigotes imagina quando eles entrarem em Hogwarts, kkk eles vão ter um treco!!! kkkkkkk                                                                               Adorei o capitulo.                                                                                  Bjss e abraços,                                                                                         Vicky.

    2013-06-14
  • Clenery Aingremont

    Ansiosa para quando eles forem para Hogwarts e, enfim, a batalha final. Ansiosa pelas fanfics que você disse que faria depois dessa, e ansiosa sobre o desfecho dessa história emocionante!Como você vai encerrar? Você vai mostrar como fica o futuro depois deles, né? Porque a maioria das fanfics deixa nós pensando como aconteceria...Marlene, James e Lílian morreram e deixaram muitas saudades. Sirius, Tonks e Remo tem que sobreviver =((((((

    2013-04-18
  • AnnyChase

    Demais! Eu simplesmente amo esse capitulo, um dos meus preferidos...

    2013-04-17
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