CAPÍTULO DEZESSETE: O SEGREDO

CAPÍTULO DEZESSETE: O SEGREDO



— O segredo de Batilda. — Falou Molly.


— Que tipo de segredo? — Perguntou Arthur.


— É, pode ser bom ou ruim. — Falou Rony.


— Tomara que seja bom. — Falou Gina temendo que fosse algo ruim.


 


— Harry, pare.


— Que foi?


Tinham acabado de alcançar o túmulo do Abbott desconhecido.


— Tem alguém ali. Alguém nos observando. Sinto. Ali, perto dos arbustos.


 


— Quem será em? — Perguntou Fred.


 


Eles ficaram muito quietos, abraçados, olhando a densa sebe escura em torno do cemitério. Harry não conseguia enxergar nada.


— Tem certeza?


— Vi uma coisa se mexer. Poderia jurar que vi...


Ela o largou para deixar livre a mão da varinha.


— Estamos parecendo trouxas — lembrou Harry.


— Trouxas que acabaram de depositar flores no túmulo dos pais! Harry, tenho certeza de que há alguém ali!


 


— Será que é Batilda? — Perguntou Minerva.


— Vai saber. — Falou Vic.


 


Harry pensou no História da magia diziam que o cemitério era mal-assombrado: e se...? Então, ele ouviu um ruído abafado e viu um montinho de neve deslocada no arbusto para o qual Hermione apontara. Fantasmas não deslocam neve.


 


— Nunca ouvi falar sobre assombrações no cemitério de lá. — Falou James.


— E você por acaso sabe sobre algo da vila? Nunca leu a história da criação da vila, como vai saber. — Falou Lily revirando os olhos.


— É, não é como se algo sobre essas assombrações fosse cair do céu para o seu cérebro. — Falou Hugo.


 


— É um gato — disse Harry, após alguns segundos — ou um pássaro. Se fosse um Comensal da Morte já estaríamos mortos. Mas vamos sair daqui e poderemos tornar a vestir a capa.


 


— Se fosse eu no lugar de vocês já teria saído correndo. — Falou Cath.


 


Eles olharam para trás várias vezes enquanto se dirigiam à saída do cemitério. Harry, que não se sentia tão corajoso quanto fingia estar quando tranqüilizou Hermione, ficou feliz de alcançar o portão e a calçada escorregadia. Tornaram, então, a se cobrir com a Capa da Invisibilidade. O bar estava mais cheio do que antes: vozes em seu interior agora cantavam a canção natalina que tinham ouvido ao se aproximar da igreja. Por um momento, Harry pensou em sugerir que se refugiassem ali, mas, antes que pudesse falar, Hermione murmurou:


— Vamos por aqui. — E puxou-o pela rua escura, que saía da aldeia, na direção oposta àquela da qual tinham vindo. Harry divisou ao longe o ponto em que os chalés terminavam e a estradinha entrava em campo aberto. Eles caminharam o mais rápido que ousaram, passaram por outras tantas janelas em que cintilavam luzes multicoloridas, os contornos de árvores de Natal erguendo sombras através das cortinas.


— Como vamos encontrar a casa da Batilda? — perguntou Hermione, que tremia um pouco e não parava de espiar por cima do ombro. — Harry? Que acha? Harry?


 


— Algo deve ter chamado sua atenção. — Falou Gina baixinho para que apenas Harry escutasse, o namorado assentiu ao seu lado.


 


Ela puxou-o pelo braço, mas Harry não a escutara. Estava olhando para uma massa escura onde acabavam as casas. No momento seguinte, ele acelerou o passo, arrastando Hermione; ela escorregou um pouco no gelo.


— Harry...


— Olhe... olhe aquilo, Hermione...


— Não estou... ah!


Ele estava vendo; o Feitiço Fidelius devia ter se extinguido com James e Lílian. A sebe crescera livremente nos dezesseis anos desde que Hagrid retirara Harry dos escombros ainda espalhados pelo capim, que chegava à cintura. A maior parte do chalé permanecia de pé, embora inteiramente coberta de hera escura e neve, mas o lado direito do andar superior explodira; por ali, Harry estava seguro, o feitiço se voltara contra quem o lançara. Ele e Hermione pararam ao portão, contemplando as ruínas do que tinha sido, no passado, uma casa exatamente como as vizinhas.


 


— Continua do mesmo jeito? — Perguntou Hermione.


— Sim, é como se fosse um monumento bruxo. — Falou Remo.


— É, não pode ser reconstruída ou completamente derrubada. — Respondeu Sirius.


 


— Por que será que ninguém a reconstruiu? — sussurrou Hermione.


— Talvez não se possa reconstruí-la? Talvez seja como os ferimentos produzidos pelas Artes das Trevas que não são curáveis?


Ele passou a mão para fora da capa e segurou o portão muito enferrujado e coberto de neve, sem querer abri-lo, mas tentando, simplesmente, tocar alguma parte da casa.


— Você não vai entrar, vai? Parece perigoso, pode... ah, Harry, olhe! Seu toque no portão parecia ter bastado.


Erguera-se uma placa diante deles, através do emaranhado de urtigas e ervas daninhas, como uma flor bizarra que crescesse instantaneamente e, na inscrição dourada na madeira, ele leu:


 


Neste local, na noite de 3 1 de outubro de 1981,


Lílian e James Potter perderam a vida.


Seu filho, Harry, é o único bruxo


a ter sobrevivido à Maldição da Morte.


Esta casa, invisível aos trouxas, foi mantida


em ruínas como um monumento aos Potter


e uma lembrança da violência


que destruiu sua família.


 


A toda volta desse texto conciso, havia rabiscos feitos por outros bruxos que tinham visitado o local em que O-Menino-Que-Sobreviveu realizara tal feito. Alguns assinaram seus nomes em tinta perpétua; outros gravaram as iniciais na madeira, outros, ainda, deixaram mensagens. As mais recentes, que se destacavam, reluzentes, sobre os dezesseis anos de grafitos mágicos, diziam mais ou menos o mesmo:


 


"Boa sorte, Harry, onde quer que esteja." "Se ler esta mensagem, Harry, saiba que estamos com você!" "Viva Harry Potter."


 


— Eu nunca pensei que isso existia. — Falou Harry.


— Eu passei lá um tempo depois que fugi de Azkaban. — Falou Sirius.


 


 


— Eles não deviam ter rabiscado a placa! — comentou Hermione, indignada.


Harry, porém, sorriu para ela.


— É genial. Fico feliz que tenham escrito. Eu...


E se calou. Um vulto muito agasalhado capengava pela estradinha em sua direção, recortado pela iluminação clara, na praça ao longe. Harry achou, embora fosse difícil julgar, que era o vulto de uma mulher. Ela se movia com lentidão, possivelmente receosa de escorregar no chão nevado. Suas costas curvadas, sua corpulência, seu andar arrastado, tudo indicava uma idade muito avançada. Eles observaram sua aproximação em silêncio. Harry estava aguardando para ver se ela entraria em um dos chalés pelo caminho, mas sabia, instintivamente, que não faria isso. Por fim, ela parou a uns poucos metros dos dois e, simplesmente, ficou ali no meio da rua congelada, encarando-os.


 


— Ela não pode estar vendo vocês. — Falou Gina.


— Mas parece que vê. — Falou Teddy.


— Moody me viu uma vez embaixo da capa, quer dizer, não era ele, era o impostor do quarto ano. — Falou Harry.


— É, mas ele te viu por causa do olho, ela velha não tem o olho igual ao dele. — Falou Tonks.


 


Ele não precisou que Hermione beliscasse seu braço. Praticamente não havia chance de que a mulher fosse trouxa: estava parada de olhos pregados em uma casa que lhe seria inteiramente invisível se não fosse bruxa. Mesmo supondo que fosse uma bruxa, no entanto, era um comportamento estranho sair em uma noite tão fria, simplesmente para contemplar uma velha ruína. Pelas regras da magia normal, ela não deveria poder vê-los. Contudo, Harry tinha a estranha impressão de que sabia da presença deles ali, e também sabia quem eram. No momento em que ele chegou a essa inquietante conclusão, a mulher ergueu a mão enluvada e fez sinal para que se aproximassem.


Hermione se achegou a Harry sob a capa, seu braço comprimindo o dele.


— Como é que ela sabe?


 


— É, com certeza ela deve estar vendo vocês, mas como? — Perguntou Remo.


— É, em toda minha vida de maroto ninguém conseguiu nos achar debaixo daquela capa. — Falou Sirius.


 


Ele sacudiu a cabeça. A mulher tornou a chamá-los, mais energicamente. Harry poderia pensar em muitas razões para não obedecer, contudo, suas suspeitas a respeito da identidade dela tornavam-se mais fortes a cada segundo em que continuavam parados, se encarando na rua deserta.


Seria possível que estivesse esperando por eles todos esses longos meses? Que Dumbledore lhe tivesse dito para esperar porque Harry acabaria aparecendo? Não seria provável que fosse a coisa que se mexera nas sombras do cemitério e os seguira até ali? Até a sua capacidade de senti-los sugeria um poder àla Dumbledore, que ele jamais encontrara. Harry, por fim, falou, fazendo Hermione ofegar sobressaltada.


 


— Você vai falar? Nem sabe quem é ela. — Falou Hermione.


— Se eu não perguntar eu nunca irei saber mesmo. — Falou Harry dando de ombros.


 


— A senhora é Batilda?


O vulto agasalhado assentiu e tornou a lhes fazer sinal para se aproximarem.


 


Não sabia que Batilda tinha esse talento de ver pessoas de baixo de uma capa da invisibilidade, para isso ela teria que no mínimo saber o funcionamento dessa capa e achar um modo de poder ver atravez dela. Pensou Dumbledore desconfiado.


 


Sob a capa, Harry e Hermione se entreolharam. Ele ergueu as sobrancelhas, Hermione fez um aceno breve e nervoso com a cabeça.


Os dois foram ao encontro da mulher e, na mesma hora, ela deu meia-volta e saiu manquejando pelo caminho que viera. Conduzindo-os pela fileira de casas, entrou por um portão. Os garotos a seguiram por um caminho ladeado por um jardim quase tão crescido quanto o que tinham acabado de deixar. Ela se atrapalhou um instante com a chave à porta, abriu-a e se afastou para deixá-los entrar.


 


— Sempre achei que mesmo depois de velhos os bruxos nunca deixam de usar magia. — Falou Hermione.


— A maioria que eu conheço não deixa. — Falou Dumbledore.


 


A bruxa cheirava mal, ou talvez fosse a casa: Harry torceu o nariz ao passarem por ela, e tirou a capa. Agora ao seu lado, o garoto percebeu como era miúda; curvada pela idade, mal alcançava o seu peito. A bruxa fechou a porta, as juntas dos dedos azuis e manchados contra a tinta descascada, então se virou e espiou o rosto de Harry. Seus olhos tinham cataratas e pregas fundas de pele transparente, e todo o seu rosto era riscado de pequenas veias rompidas e manchas marrons. Ele ficou em dúvida se a mulher realmente poderia vê-lo; e, mesmo que pudesse, o que veria se não o trouxa careca cuja identidade ele roubara?


O odor de velhice, de poeira, de roupas sujas e de comida rançosa piorou quando ela retirou o xale preto roído de traças, revelando uma cabeleira branca e rala que deixava visível o couro cabeludo.


 


— Que nojo, eu nunca pensei que a autora de história da magia fosse uma pessoa assim e que tivesse uma casa assim. — Falou Rose com nojo.


 


— Batilda? — repetiu Harry.


Ela tornou a assentir. Harry percebeu a presença do medalhão contra sua pele; a coisa ali dentro, que por vezes batia, acabara de despertar; ele a sentia pulsar através do ouro frio. Será que entendia que a coisa que a destruiria estava tão perto?


Batilda passou por eles arrastando os pés, empurrando Hermione para o lado como se não a tivesse visto e desapareceu, provavelmente em uma sala de visitas.


— Harry, não me sinto muito segura — sussurrou Hermione.


— Olhe o tamanho dela, acho que poderíamos dominá-la, se fosse preciso — comentou Harry. — Escute, devia ter lhe dito, eu já sabia que não está batendo bem da bola. Muriel chamou-a de gagá.


 


— Mas com as mentiras que Muriel conta quem acreditaria nisso? — Perguntou Fred dando de ombros.


— O mais espantoso é saber que aquela velha falava a verdade. — Falou Jorge.


 


— Entre! — convidou Batilda da sala vizinha. Hermione se assustou e agarrou o braço de Harry.


 


— Estranho Hermione ter se assustado só porque ouviu a mulher falar. — Falou Rony.


 


— Tudo bem — disse ele, tranqüilizando-a, e entrou à sua frente. Batilda andava vacilante pela sala, acendendo velas, mas o lugar continuava muito escuro, para não falar de sua extrema sujeira. Os pés de Harry esmagavam uma grossa camada de poeira e seu nariz sentia, sob o odor de mofo e umidade, algo pior, talvez carne estragada. Perguntou-se quando teria sido a última vez que alguém viera à casa de Batilda para verificar se estava tudo bem. Ela parecia ter esquecido seus dotes de magia, porque se atrapalhava acendendo as velas, seus punhos de renda em constante risco de pegar fogo.


 


— Estou achando muito estranho o fato dela não estar usando um pingo de magia. — Falou Gina.


— Você não é a única que esta achando isso. — Falou Lily.


 


— Deixe-me ajudá-la — ofereceu-se Harry, tirando os fósforos de sua mão. Ela o observou terminar de acender os tocos de vela sobre pires por toda a sala, precariamente equilibrados sobre pilhas de livros e mesinhas laterais cheias de copos rachados e bolorentos.


A última superfície em que Harry localizou uma vela foi uma cômoda bombée, em que havia um grande número de fotografias. Ao acender a vela, a chama se refletiu nos vidros e porta-retratos de prata empoeirados. Ele viu as fotos se mexerem brevemente. Enquanto Batilda apanhava umas achas de lenha para a lareira, Harry murmurou "Tergeo". A poeira desapareceu das fotos e ele viu imediatamente que faltava uma meia dúzia delas nos porta-retratos mais trabalhados. Ficou em dúvida se Batilda ou outra pessoa as teria removido. Então, a visão de uma foto mais ao fundo da coleção atraiu sua atenção, e ele a apanhou.


 


— Quem deve ser em? — Perguntou Cath.


— Quem vai saber? — Perguntou Fernando.


— Sera que é alguém a ver com esse tal segredo dela? — Perguntou Lysa.


— Só lendo para saber mesmo. — Respondeu James.


 


Era o ladrão de cabelos dourados e rosto risonho, o rapaz que se empoleirara no peitoril da janela de Gregorovitch, sorrindo indolentemente para Harry, em seu porta-retrato de prata. E ocorreu-lhe instantaneamente onde o vira antes: em A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore de braço dado com Dumbledore, e devia ser lá que estavam as fotos desaparecidas: no livro de Rita.


 


Então o ladrão era na verdade Grindelwald? Pensou Dumbledore.


— Sei quem é o ladrão. — Falou Dumbledore.


— E quem é? — Perguntou Harry curioso.


— Se não disserem até o próximo capitulo eu respondo vocês. — Respondeu Dumbledore sorridente.


 


— Sra... srta. Bagshot? — disse ele, e sua voz tremeu um pouco. -Quem é ele?


Batilda estava parada no meio da sala observando Hermione acender o fogo para ela.


— Srta. Bagshot? — repetiu Harry, e adiantou-se com a foto nas mãos, no instante em que as achas pegavam fogo na lareira. Batilda ergueu os olhos ao ouvi-lo, e a Horcrux bateu mais rápido em seu peito. — Quem é esse rapaz? — perguntou Harry, estendendo a foto. Batilda olhou solenemente para a foto e em seguida para Harry.


— A senhorita sabe quem é? — insistiu em um tom mais lento e alto do que o normal. — Esse rapaz? A senhorita o conhece? Como é o nome dele?


 


— Deve ser algum parente, ou amigo, em geral uma pessoa próxima. — Falou Molly.


— Com certeza. — Concordou Dumbledore.


 


Batilda tinha um ar hesitante. Harry sentiu uma horrível frustração. Como Rita fizera aflorar as lembranças da bruxa?


— Quem é esse rapaz? — perguntou, mais uma vez, em voz alta.


— Harry, que está fazendo? — indagou Hermione.


— A foto, Hermione, é do ladrão, o ladrão que roubou Gregorovitch! Por favor! — pediu ele a Batilda. — Quem é?


Ela, porém, continuou olhando calada.


 


— Ela não usa magia e quase não fala, o que essa velha tem? — Perguntou Gui intrigado.


 


— Por que a senhora nos pediu para acompanhá-la, sra... srta... Bagshot? — perguntou Hermione, também alteando a voz. — A senhora queria nos dizer alguma coisa?


Sem dar sinal de ter ouvido Hermione, Batilda agora se adiantou para Harry. Com um pequeno movimento de cabeça, ela espiou para o hall de entrada.


— Quer que a gente vá embora? — perguntou ele.


Ela repetiu o gesto, desta vez apontando primeiro para ele, depois para si mesma e, em seguida, para o teto.


— Ah, certo... Hermione, acho que ela quer que eu suba com ela.


— Está bem, vamos.


Quando, porém, Hermione começou a andar, Batilda sacudiu a cabeça com surpreendente energia, e mais uma vez apontou para Harry, depois para si mesma.


 


— Credo Harry ela quer que você vá sozinho. — Falou Al rindo.


— Isso me deu uma boa idéia para zoar com o seu pai. — Falou Fred II rindo.


— Esse ai não tem educação nem com os adultos. — Falou Roxanne.


— O bom é que seu pai não liga para o que nós falamos. — Falou Fred II para James.


— Exagera que você vai ver o que ele vai fazer com você. — Falou James.


— Porque? — Perguntou Fred II curioso.


— Papai uma vez quase que quebrou a varinha do James uma vez, digamos que James passou da conta nas brincadeiras. — Falou Lily.


 


— Quer que eu vá com ela, sozinho.


— Por quê? — perguntou Hermione, e sua voz soou alta e ríspida na sala iluminada a velas; a velha sacudiu levemente a cabeça de leve ao ouvir o barulho.


— Talvez Dumbledore tenha dito para entregar a espada a mim e somente a mim?


— Você realmente acha que ela sabe quem você é?


— Acho — respondeu Harry, olhando para os olhos esbranquiçados fixos nos dele. — Acho que sabe.


— Bem, então ok, mas seja rápido, Harry.


— Vá na frente — disse Harry a Batilda.


 


— Eu não iria. — Falou Gina.


 


Ela pareceu entender, porque passou por ele e se encaminhou para a porta. Harry olhou para trás e sorriu querendo tranqüilizar Hermione, mas não sabia se a amiga teria visto o seu gesto; ela parou apertando o corpo com os braços em meio à sujeira iluminada a velas, o olhar na estante. Quando Harry foi saindo da sala, sem que Hermione ou Batilda vissem, ele guardou, no paletó, o porta-retrato de prata com a foto do ladrão desconhecido.


Os degraus eram altos e estreitos: Harry se sentiu tentado a colocar as mãos nas nádegas da corpulenta Batilda para garantir que não caísse de costas por cima dele, o que parecia extremamente provável. Devagar, arquejando um pouco, ela subiu ao primeiro andar, virou à direita e levou-o para um quarto de teto baixo.


Estava muito escuro e fedia horrivelmente: Harry acabara de divisar a borda de um penico embaixo da cama quando Batilda fechou a porta e até isso foi engolido pela escuridão.


 


— Credo, imagine ficar trancado dentro de um quarto com uma velha? — Perguntou Simas com repugnância.


— Há, para o Harry essa é uma das coisas mais tranqüilas que aconteceu em sua vida. — Falou Neville.


 


Lumos — disse Harry, e sua varinha acendeu. Levou um susto: Batilda se aproximara dele naqueles segundos de escuridão, e ele nem a ouvira.


— Você é Potter? — sussurrou ela.


— Sim, sou.


Ela assentiu lenta e solenemente. Harry sentiu a Horcrux batendo depressa, mais depressa do que o seu próprio coração: foi uma sensação desagradável e enervante.


 


— Não parece que a Horcrux esta sentindo medo por estar sentindo a espada por perto. — Falou Fernando.


 


— A senhora tem alguma coisa para mim? — perguntou Harry, mas a bruxa pareceu se distrair com a ponta acesa de sua varinha. — A senhora tem alguma coisa para mim? — repetiu ele.


Então, ela fechou os olhos e várias coisas aconteceram ao mesmo tempo: a cicatriz de Harry ardeu dolorosamente; a Horcrux vibrou tanto que o peito do suéter do garoto chegou a mexer; o quarto escuro e fétido se dissolveu momentaneamente. Ele sentiu uma súbita sensação de alegria e falou com uma voz aguda e fria: segure-o!


 


— Esta na mente de Voldemort? — Perguntou Minerva.


— Parece que sim. — Respondeu Harry.


 


Harry oscilou sem sair do lugar: o quarto escuro e malcheiroso pareceu tornar a se fechar ao seu redor; ele não sabia o que acabara de acontecer.


— A senhora tem alguma coisa para mim? — perguntou, pela terceira vez, bem mais alto.


— Aqui — sussurrou ela, apontando para um canto. Harry ergueu a varinha e viu os contornos de uma penteadeira muito cheia sob uma janela com cortinas.


Desta vez, Batilda não foi à frente. Harry passou entre ela e a cama desfeita, a varinha erguida. Não queria tirar os olhos dela.


 


— Estou estranhando mais ainda agora, Voldemort pediu para segurar você mais a única pessoa que esta com você é Batilda. — Falou Miguel.


— Batilda entregaria mesmo Harry a Voldemort? — Perguntou Arthur.


— Não, essa pode não ser Batilda. — Respondeu Dumbledore.


— Mas ainda temos que saber como ela viu os dois embaixo da capa e ainda por cima usando a poção polissuco. — Falou Rony.


 


— Que é? — indagou ao chegar à penteadeira em que havia uma pilha de alguma coisa que, pelo cheiro e aspecto, parecia roupa de cama suja.


— Ali — disse ela apontando para a massa informe.


E, no instante em que ele virou a cabeça e varreu com o olhar o amontoado confuso à procura de um punho de espada, um rubi, ela fez um movimento estranho: Harry percebeu-o pelo canto do olho; o pânico fez com que se voltasse e o horror o paralisou ao ver o velho corpo se despojar e uma grande cobra sair do lugar onde fora o pescoço da bruxa.


 


— É isso, era a cobra, com certeza Voldemort sabe sobre a capa do Harry, e deve pensar que apenas ele tem uma, além do fato que a cobra pode sentir o calor do corpo de uma pessoa a muitos metros. — Falou Gui.


— É, saber que é a cobra explica tudo. — Falou Minerva.


— Agora Harry e Hermione não podem ser pegos por ela. — Falou Gina preocupada com o namorado e o amigo.


 


A cobra atacou-o quando ele ergueu a varinha: a força da mordida em seu braço fez a varinha girar para o alto em direção ao teto, sua luz rodopiou sem direção pelo quarto e se apagou: então, um poderoso golpe de cauda em seu diafragma deixou-o completamente sem ar: ele tombou de costas sobre a penteadeira, no meio do monte de roupa imunda...


Harry rolou para o lado, evitando, por um triz, o rabo da cobra, que golpeava a penteadeira onde ele estivera um segundo antes; cacos da superfície de vidro choveram sobre ele quando bateu no chão. Lá de baixo, ele ouviu Hermione chamar:


— Harry?


 


— Nossa, imagine você estar andando e de repente escutar uma movimentação muito estranha acima de você. — Falou Lila.


— Deve ser horrível. — Falou Parvati.


 


Não conseguiu, porém, repor ar suficiente nos pulmões para responder: então uma massa lisa e pesada esmagou-o contra o chão e ele a sentiu deslizar por cima dele, forte, musculosa...


— Não! — ofegou, preso ao chão.


Sim — sussurrou a voz. — Sssim... seguro você... seguro você...


— Accio... Accio varinha...


Nada aconteceu, porém, e ele precisava das mãos para tentar empurrar para longe a cobra que se enrolava em torno do seu tronco, tirando-lhe o ar, comprimindo a Horcrux contra seu peito, um círculo de gelo que pulsava de vida, a centímetros do seu próprio coração disparado, e seu cérebro se inundava de luz branca e fria, obliterando todo pensamento, sua respiração sufocada, passos distantes, tudo indo...


Um coração de metal batia fora do seu peito, e agora ele estava voando, voando sentindo o triunfo em seu coração, sem precisar de vassoura nem de testrálio...


 


— O coração de metal é a Horcrux. — Falou James.


— Ninguém sabia. — Falou Lysa revirando os olhos rindo.


— Há, engraçadinha. — Falou James fazendo a menina rir ainda mais.


— Parece que a mudança repentina da Horcrux foi porque ela poderia estar perto de outra Horcrux. — Falou Rose.


 


Harry foi bruscamente acordado na escuridão fedorenta; Nagini o soltara. Ele se levantou com ajuda dos braços e viu a cobra recortada contra a luz do corredor: ela atacou, e Hermione atirou-se para o lado com um grito. Seu feitiço se desviou e bateu na janela cortinada, despedaçando-a. O ar gelado encheu o quarto no momento em que Harry mergulhou para evitar mais uma chuva de cacos de vidro e seu pé escorregou em um objeto cilíndrico — sua varinha...


Ele se abaixou e apanhou-a, mas agora o quarto estava dominado pela cobra, que golpeava com o rabo; Hermione não estava à vista e, por um momento, Harry pensou o pior, mas ouviu, então, um estampido alto e um clarão vermelho, e a cobra voou pelo ar atingindo com força o rosto do garoto; ao subir, volta a volta, o animal foi desenrolando, em direção ao teto. Harry ergueu a varinha, mas, ao fazê-lo, sua cicatriz queimou mais dolorosamente, mais intensamente do que fizera em anos.


— Ele está vindo! Hermione, ele está vindo!


 


— Já não basta a Horcrux também tem a cicatriz. — Falou Hugo.


 


Enquanto Harry berrava, a cobra caiu, sibilando ferozmente. Instaurou-se o caos: a cobra destruiu as prateleiras na parede e cacos de porcelana voaram para todo lado no momento em que Harry saltava por cima da cama e agarrava a forma escura que ele sabia ser Hermione...


Ela gritou de dor ao ser puxada por cima da cama: a cobra tornou a armar um bote, mas Harry sabia que algo pior do que o animal estava a caminho, talvez já estivesse no portão, sua cabeça ia rachar de dor na cicatriz...


A cobra avançou quando ele deu um salto veloz, arrastando Hermione junto; quando Nagini atacou, Hermione gritou: "Confringo!", e o feitiço voou pelo quarto, explodindo o espelho do guarda-roupa e ricocheteando contra eles, quicando do chão ao teto; Harry sentiu o calor do feitiço queimar o dorso de sua mão. Cacos do espelho cortaram-lhe a face no momento em que, puxando Hermione, saltou da cama para a penteadeira desmantelada e, dali, direto para a janela estilhaçada e o vácuo, o grito dela ecoando pela noite enquanto rodopiavam pelo ar...


Então, sua cicatriz se rompeu e ele era Voldemort e estava correndo pelo quarto fétido, as mãos longas e brancas agarrando o peitoril da janela ao vislumbrar o homem careca e a mulher miúda girarem e desaparecerem, e ele gritou enfurecido, um grito que se fundiu ao da garota e ecoou pelos jardins escuros e se sobrepôs ao repique dos sinos da igreja no dia de Natal.


 


Saíram bem na hora em. — Falou Molly aliviada.


 


E seu grito foi o grito de Harry, sua dor, a dor de Harry... que pudesse acontecer ali, onde acontecera antes... ali, à vista da casa onde ele chegara tão perto de saber o que era morrer... morrer... a dor era tão terrível... irrompia do seu corpo... mas, se não tinha corpo, por que sua cabeça doía tanto, se estava morto, como poderia senti-la de forma tão insuportável, a dor não cessava com a morte, não ia...


A noite úmida de ventania, duas crianças vestidas de abóboras atravessavam a praça bamboleando, e as vitrines das lojas cobertas de aranhas de papel, todos os adornos baratos e kitsch dos trouxas simbolizando um mundo em que eles não acreditavam... e ele seguia deslizando, aquele senso de propósito e poder e correção que sempre experimentava nessas ocasiões... não raiva... isso era para almas mais fracas que ele... mas triunfo, sim... esperara por isso, desejara isso...


— Bonita fantasia, moço!


 


— Uma criança pelo jeito que fala. — Falou Elliz horrorizada por pensar que a criança poderia morrer a qualquer hora.


 


Ele viu o sorriso do menino vacilar quando se aproximou o suficiente para espiar sob o capuz da capa, viu o medo anuviar o rostinho pintado: então a criança deu meia-volta e fugiu correndo... por baixo da veste, ele acariciou o punho da varinha... um simples movimento e a criança jamais chegaria à mãe... mas desnecessário, muito desnecessário...


E, ao longo de uma rua mais escura, ele caminhou, e agora seu destino estava finalmente à vista, o Feitiço Fidelius desfeito, embora os moradores ainda não soubessem... e ele fez menos ruído do que as folhas mortas que esvoaçavam pela calçada quando se emparelhou com a sebe escura e espiou por cima...


 


— O dia em que seus pais morreram. — Falou Sirius.


— Você não ia dormir na casa deles aquele dia? — Perguntou Remo.


— Não, eu fui visitar o tumulo da Dorcas e da Lene, não sabia se iria pra lá então falei que iria dormir no meu apartamento. — Respondeu Sirius pensando que se estivesse lá poderia ter ajudado seu melhor amigo.


 


Eles não tinham fechado as cortinas, viu-os claramente na pequena sala de visitas, o homem alto de cabelos negros e óculos, fazendo baforadas de fumaça colorida saírem de sua varinha para divertir o menininho de cabelos negros e pijama azul. A criança ria e tentava pegar a fumaça, segurá-la em sua mãozinha fechada...


Uma porta abriu e a mãe entrou, dizendo palavras que ele não pôde ouvir, seus longos cabelos acaju caindo pelo rosto. O pai ergueu o filho do chão e entregou-o à mãe. Atirou a varinha sobre o sofá e se espreguiçou, bocejando...


 


Gina sentiu seus olhos se umedecerem ao imaginar a cena.


 


O portão rangeu um pouco quando ele o abriu, mas James Potter não ouviu. Sua mão branca tirou a varinha de sob a capa e apontou-a para a porta que se abriu com violência.


Já cruzara a porta quando James chegou correndo ao hall. Foi fácil, fácil demais, ele nem chegara a apanhar a varinha...


— Lílian, pegue Harry e vá! É ele! Vá! Corra! Eu o atraso...


Detê-lo, sem uma varinha na mão!... Ele riu antes de lançar a maldição...


— Avada Kedavra!


O clarão verde inundou o hall apertado, iluminou o carrinho de bebê encostado à parede, fez os balaústres da escada lampejarem como raios e James Potter caiu como uma marionete cujos cordões tivessem sido cortados...


 


Harry olhou em volta depois de ouvir um soluço atrás de si, a maioria das meninas estavam com seus olhos cheios de lagrimas, olhou para a ruiva que estava abraçado a si e constatou que ela também chorava.


 


Ele ouviu a mulher gritar no primeiro andar, encurralada, mas, enquanto tivesse bom senso, ela, pelo menos, nada teria a temer... ele subiu a escada, achando graça nos esforços que ela fazia para se entrincheirar no... ela também não tinha varinha... como eram idiotas e confiantes em julgar que sua segurança eram os amigos, que as armas poderiam ser postas de lado mesmo por instantes...


Ele arrombou a porta, atirou para o lado a cadeira e as caixas apressadamente empilhadas para defendê-la com um displicente aceno da varinha... e ali estava ela, a criança nos braços. Ao vê-lo, Lílian largou o filho no berço às suas costas e abriu bem os braços, como se isso pudesse adiantar, como se ocultando-o esperasse ser escolhida como alvo...


— O Harry não, o Harry não, por favor, o Harry não!


— Afaste-se, sua tola... afaste-se, agora...


— Harry não, por favor, não, me leve, me mate no lugar dele...


— Este é o meu último aviso...


— Harry não! Por favor... tenha piedade... tenha piedade... Harry não! Harry não! Por favor... farei qualquer coisa...


— Afaste-se... afaste-se, garota...


Ele poderia tê-la afastado do berço à força, mas lhe pareceu mais prudente liquidar todos...


 


— Credo, eu não sei o que faria com uma pessoa cruel assim, acho que eu pensaria em cada coisa horrível para acontecer com ela, digo, acontecer com Voldemort. — Falou Dino.


 


O clarão verde lampejou pelo quarto e ela tombou como o marido. Todo esse tempo, a criança não gritara: sabia ficar em pé segurando as grades do berço, e ergueu os olhos para o rosto do intruso com uma espécie de vivo interesse, talvez achando que fosse seu pai escondido sob a capa, e que ele produziria mais luzes bonitas, e sua mãe reapareceria a qualquer momento, rindo...


Ele apontou a varinha certeiramente para o rosto do menino: queria ver acontecer, a destruição desse perigo inexplicável. A criança começou a chorar: notara que ele não era James. Não gostava de bebê chorando, nunca fora capaz de suportar as criancinhas choramingando no orfanato...


— Avada Kedavra!


Então ele sucumbiu: não era mais nada exceto dor e terror e precisava se esconder, não aqui nos destroços da casa em ruínas, onde a criança estava presa, aos berros, mas longe... longe...


— Não — gemeu ele.


A cobra se arrastou pelo chão imundo e atravancado, e ele matara o garoto, contudo ele era o garoto...


— Não...


 


— Quando diz que ele é o garoto quer dizer que ele matou a si próprio? — Perguntou Lila.


— Sim. — Respondeu Hermione revirando os olhos de tédio.


 


Agora estava parado á janela estilhaçada da casa de Batilda, absorto nas lembranças de sua maior perda, e a seus pés a enorme cobra rastejava pelos cacos de porcelana e vidro... ele baixou os olhos e viu algo... algo inacreditável...


— Não...


— Harry, está tudo bem, você está bem!


Ele se abaixou e apanhou a foto amassada. Ali estava ele, o ladrão desconhecido, o ladrão que ele estava procurando...


— Não... eu a deixei cair... eu a deixei cair...


— Harry, tudo bem, acorde, acorde!


Ele era Harry... Harry, e não Voldemort... e a coisa que fazia o ruído abafado não era uma cobra. Abriu os olhos.


— Harry — sussurrou Hermione. — Você está se sentindo... bem?


— Estou — mentiu ele.


 


— Pelo jeito você e Voldemort reviram o ladrão na mesma noite. — Falou Lino.


 


Estava na barraca, deitado em uma das camas baixas do beliche, sob uma montanha de cobertores. Percebia que era quase manhã pela quietude e friagem, a luz pálida além do teto da barraca. Ele estava encharcado de suor; sentia o suor nos lençóis e cobertores.


— Escapamos.


— Sim — disse Hermione. — Precisei usar o Feitiço de Levitação para deitar você no beliche, não consegui levantá-lo. Você esteve... bem, você não esteve muito...


Havia olheiras arroxeadas sob seus olhos castanhos e ele viu uma pequena esponja em sua mão: Hermione estivera enxugando o rosto dele.


— Você esteve doente — ela terminou a frase. — Muito doente.


— Quanto tempo faz que partimos?


— Horas. Está quase amanhecendo.


— E eu estive... o quê, inconsciente?


— Não, exatamente — respondeu Hermione constrangida. — Esteve gritando e gemendo e... coisas — acrescentou em um tom que deixou Harry inquieto. Que teria feito? Berrara maldições como Voldemort; chorara como o bebê no berço?


— Não consegui retirar a Horcrux de você — disse Hermione, e ele percebeu que a amiga queria mudar de assunto. — Ficou presa, presa no seu peito. Deixou uma marca, lamento. Tive de usar o Feitiço de Corte para soltá-la. A cobra também o mordeu, mas limpei o ferimento e apliquei um pouco de ditamno... —


Ele arrancou do corpo a camiseta suada que usava e olhou para baixo. Havia uma oval escarlate sobre seu coração, onde o medalhão o queimara. Viu também as marcas de furos quase cicatrizadas em seu braço.


 


— Ótimo, ser mordido por uma cobra pela segunda vez. — Falou Harry entediado.


— Segunda vez? — Perguntou Molly.


— É, quando eu matei o basilisco com a espada uma de suas presas entrou no meu braço. — Explicou Harry.


— Basiliscos são venenosos, quase não se existe antídotos para esse veneno. — Falou Miguel Corner.


— Há, lagrimas de fênix, a fênix de Dumbledore derramou lagrimas no meu machucado. — Respondeu Harry.


 


— Onde guardou a Horcrux?


— Na minha bolsa. Acho que não devíamos usá-la por um tempo.


Ele se recostou nos travesseiros e fitou o rosto atormentado e cinzento de Hermione.


— Não devíamos ter ido a Godric's Hollow. Foi minha culpa, minha inteira culpa, sinto muito.


— Não foi sua culpa. Eu quis ir também, realmente pensei que Dumbledore tivesse deixado a espada lá para você.


— É, bem... entendemos mal, não foi?


— Que aconteceu, Harry? Que aconteceu quando ela o levou pra cima? A cobra estava escondida em algum lugar? E simplesmente saiu e a matou e atacou você?


— Não. Ela era a cobra... ou a cobra era ela... todo o tempo.


 


— Mais uma pessoa morta pelas vontades de Voldemort. — Falou Teddy.


 


— Q-quê?


Ele fechou os olhos. Ainda podia sentir o cheiro da casa de Batilda em seu corpo: isso tornava o episódio pavorosamente vivido.


— Batilda devia estar morta havia algum tempo. A cobra estava... estava dentro dela. Você-Sabe-Quem levou-a para Godric's Hollow para esperar. Você tinha razão. Ele sabia que eu voltaria.


— A cobra estava dentro dela?


Ele reabriu os olhos: Hermione parecia revoltada, nauseada.


— Lupin disse que haveria magia que jamais imagináramos existir — respondeu Harry. — Ela não quis falar na sua frente porque era a linguagem das cobras, pura ofidioglossia, eu não percebi, mas é claro que a entendi. Uma vez no quarto, a cobra mandou uma mensagem a Você-Sabe-Quem, ouvi a transmissão em minha cabeça, senti-o excitado, disse para me segurar lá... então...


 


— Por isso do susto de Hermione, ela havia escutado as palavras em ofidioglosia e deve ter se assustado. — Falou Rony.


 


Lembrou-se da cobra saindo do pescoço de Batilda: Hermione não precisava conhecer os detalhes.


— ... ela se transformou, se transformou em uma cobra e me atacou.


Harry baixou os olhos para as marcas dos furos.


— Não era para me matar, só para me segurar ali até Você-Sabe-Quem chegar.


Se ele ao menos tivesse conseguido matar a cobra, teria valido a pena tudo... Desgostoso, sentou-se e atirou as cobertas para o lado.


— Harry, não, tenho certeza que precisa descansar!


— Você é que precisa dormir. Sem querer ofender, você está com uma cara horrível. Estou ótimo. Vou fazer a vigia por um tempo. Onde está minha varinha?


Ela não respondeu, olhou-o apenas.


— Onde está minha varinha?


Ela mordeu os lábios e as lágrimas encheram seus olhos.


 


— Eu não acredito que vocês perderam a varinha. — Falou Rony.


 


— Harry...


— Onde está minha varinha?


Hermione se abaixou para apanhá-la ao lado da cama e entregou-a.


A varinha de azevinho e fênix estava quase partida ao meio. Um frágil fio de pena de fênix mantinha as metades penduradas. A madeira rachara inteiramente. Harry apanhou o objeto como se fosse um organismo vivo que tivesse sofrido um grave ferimento.


Não conseguiu pensar direito: tudo pareceu uma fusão de pânico e medo. Estendeu, então, a varinha para Hermione.


— Conserte-a. Por favor.


— Harry, acho que quando se parte assim...


— Por favor, Hermione, tente!


— R-reparo.


A parte pendurada da varinha tornou a emendar. Harry empunhou-a.


— Lumus!


A varinha soltou uma faisquinha e se apagou. Harry apontou-a para Hermione.


— Expelliarmus!


 


— Sei que deve estar bravo comigo mas não precisava ter apontado para mim. — Falou Hermione.


— Desculpa. — Falou Harry.


 


A varinha de Hermione sacudiu, mas não se soltou de sua mão. A fraca tentativa de magia foi demais para a varinha, que tornou a se partir em dois. Harry contemplou-a, consternado, incapaz de absorver o que estava vendo... a varinha que sobrevivera a tanto...


— Harry — Hermione sussurrou tão baixinho que ele quase não pôde ouvi-la. — Sinto muito mesmo. Acho que fui eu. Quando estávamos indo embora, entende, a cobra avançou para nós, então lancei um Feitiço Detonador e ele ricocheteou para todo lado e deve ter... deve ter atingido...


— Foi um acidente — disse Harry, maquinalmente. Sentia-se vazio, atordoado. — Encontraremos... encontraremos um jeito de consertá-la.


— Harry, acho que não conseguiremos — disse Hermione, as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Lembra... lembra o Rony? Quando partiu a varinha no acidente com o carro? Nunca mais foi a mesma, ele teve que comprar uma nova.


 


— É, a minha já não estava muito nova, e quebrada então. — Falou Rony.


 


Harry pensou em Olivaras, seqüestrado e refém de Voldemort, em Gregorovitch, que estava morto. Como iria encontrar uma varinha nova?


— Bem — replicou Harry, em um tom falsamente objetivo —, bem, acho que por ora precisarei pedir a sua emprestada. Enquanto vigio.


O rosto brilhando de lágrimas, Hermione entregou a varinha e Harry saiu, deixando-a sentada junto à cama dele, nada mais desejando senão ficar longe da amiga.


 


— Acabou. — Falou Molly — Quem vai ler?


— Eu vou. — Falou Parvati pegando o livro.


 


 


(GENTE HOJE É MEU NIVER, ESTOU FELIZ QUE EU ESTEJA CONSEGUINDO MANTER A FIC MESMO NÃO ESTANDO TENDO CONTADO COM NOSSA OUTRA AUTORA. QUE SE CHAMA PRISCILA, SE NÃO PERCEBERAM, ESPERO QUE GOSTEM DO CAPITULO, QUERO AGRADECER A NOSSA QUERIDA LEITORA CAROLINA BELUZZO QUE MESMO NÃO A CONHECENDO PESSOALMENTE ESTA SE TORNANDO UMA ÓTIMA AMIGA)


ATÉ A PROXIMA O.O

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Comentários (2)

  • Nathália Pina

    Continue postando ! E parabens atrasado :)

    2013-01-21
  • Stephany Black Potter

    OMG!!! Faz tempo que não leio o livro 7 mas acho que o proximo capitulo o Rony salva o Harry não é. E toda hogwarts vai saber os medos dele e a Hermione vai bater nele. Meudeus eu to esperando por este capitulo desde que soube que era o HP7. Poste o proximo capitulo que eu estou lendo e não pretendo desisitir e coloque bastante conversa sobre o livro no proximo capitulo.Outro capituo que estou doida para ler é o dá mansão black onde a hermione é torturada e o Dobby fala (mas oumenos) "Dobby não quer matar ninguem Dobby só quer ferir gravemente" é muito engraçadoContinue postanto!!! Adios 

    2013-01-15
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