NA AMÉRICA



- “Você é um gatinho, Harry!” – dizia uma irritada Miriam M’Bea, imitando o sotaque na nova treinadora dos Cannons – Quem essa loira aguada pensa que é?

- A nova treinadora do time – resmungou Gina – E uma assanhada também.

- Uma vagabunda! – rugiu Helga – “Negão gostoso”, é? Quando ela andou te experimentando?

Toni M’Bea controlou o riso com dificuldade. Se ele sabia o que era bom para si próprio, era melhor não irritar a esposa naquele momento. Toni havia recomendado Ivanova como treinadora do time. Havia jogado com ela na Inglaterra e depois nos Estados Unidos e apreciava o conhecimento que a ex-artilheira da seleção da Bulgária tinha do quadribol. Apesar do jeito destrambelhado, Vera Ivanova era uma exímia conhecedora do esporte. Quando atuavam juntos, ela freqüentemente fazia observações primorosas sobre esquemas táticos e armação de jogadas. Havia sido Vera quem havia influenciado os búlgaros a darem uma chance a Krum na seleção quando esse era ainda apenas um adolescente. Vitor admitia que a antiga capitã da seleção do seu país havia ensinado tudo ele que sabia hoje.

- Não apenas sobre quadribol – disse uma vez o apanhador a Toni, com o mais próximo de um sorriso que conseguia ostentar no rosto sisudo.

Os boatos relatavam que Vera Ivanova, após o divórcio, não perdoava nada do sexo masculino que se movesse sobre duas pernas. Uma das lendas mais freqüentes é que a bruxa havia tatuado na parte interna da coxa a frase “Não faço prisioneiros”. Enfim, diziam que era uma “matadora”. O africano, que conviveu com a loira em treinos, viagens e concentrações, sabia que parte da fama era apenas folclore que a própria fazia questão de alimentar. Vera havia se casado muito jovem e antes dos vinte anos de idade já tinha dois filhos, que ao final do casamento ficaram com o marido, na Bulgária. Não obstante, sempre falava nos filhos com carinho e parecia se dar muito bem com eles, apesar da distância.

É verdade que era muito “atirada”, como diziam os bruxos mais conservadores. E muito ousada também. Não se importava em invadir a parte masculina dos vestiários e nem esperar a sua vez de tomar banho naqueles vestiários onde não havia separação. E dava em cima dos homens descaradamente. Mas sempre de homens solteiros e desimpedidos. Embora tivessem ficado amigos, a loira nunca se insinuou para cima do africano, sabendo que ele era fiel à esposa. Esse último detalhe Toni explicava baixinho para Helga, que assentiu ligeiramente aliviada.

- Mas é bom ela não ficar te chamando de “gostoso” – advertiu a Sra. M’Bea.

- É melhor do que “gatinho” – caçoou o batedor, olhando maliciosamente na direção do assento de Harry, que ficou imediatamente corado.

A chegada do time, familiares, amigos e namoradas no aeroporto já havia sido uma epopéia. Todos os Weasleys resolveram comparecer. Molly chorava como se os filhos caçulas estivessem embarcando para o além-túmulo ao invés dos Estados Unidos. O Sr. Weasley fazia inúmeras perguntas para um entediado Blas Zabini a respeito do funcionamento das aeronaves. Os gêmeos Fred e Jorge forneciam discretamente às crianças M’Bea e ao pequeno Dylan um mini-repertório completo das Geminialidades Weasleys. Repórteres bruxos pareciam brotar do solo, junto com os fotógrafos inconvenientes. Felizmente Dan Carter não estava por perto, por certo cuidando do queixo quebrado pelo soco de Draco.

No avião Rony segurava desesperadamente a mão de Hermione, praguejando contra essa maldita invenção trouxa. O ruivo teve um péssimo pressentimento quando o comandante do avião anunciou que passariam por uma zona de turbulência.

- Céus, turbulência não pode ser algo bom! – havia resmungado.

Mesmo Draco, que já havia utilizado aquele meio de transporte trouxa, não gostava muito desses objetos voadores e sacolejantes. Os demais, entretanto, encaravam a viagem com naturalidade. Inclusive Harry e Gina, que nunca haviam entrado dentro de um avião, estavam tranqüilos, na verdade muito entretidos um no outro, o tempo todo abraçados, para notar alguma turbulência externa. A turbulência na verdade estava dentro do peito de Harry.

Os anos em que ficara afastado de Gina ou de qualquer outra garota tornaram Harry mais tímido e inseguro do que antes. Não sabia se abraçava e beijava Gina (o que era a sua vontade) ou se pedia permissão à garota para isso. Gina, na verdade vinha agindo de maneira superprotetora. A ruiva ficara realmente assustada com a sua última crise e parecia disposta a cuidar do rapaz. Bem, ela já fazia isso quando namoraram da primeira vez. Carlinhos Weasley lhe dissera uma ocasião que era bom se acostumar com os cuidados excessivos que as (poucas) mulheres da família Weasley dedicavam aos filhos, maridos e namorados. Essas mulheres não acreditavam que os homens pudessem se virar sozinhos. Finalmente, vencido pelo cansaço, o rapaz recostou-se á ruiva e adormeceu. Agradecido pelo fato do seu amigo Rony estar tão apavorado com a viagem que não iria caçoar dele pelos cuidados excessivos da irmã.
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Toni orientava a todos no terminal de bagagens. O africano e a esposa já haviam viajado várias vezes de avião e explicavam pacientemente que a bagagem estaria disponível na esteira rolante dentro de minutos. De repente os jogadores dos Cannons e agregados perceberam um murmúrio excitado próximo de onde estavam. Algumas garotas, todas vestidas iguais, com roupas verdes escuras exclamavam excitadas: “Potter!”, “Olhem, são os irmãos Weasleys e o M’Bea!”. Claro que as garotas eram bruxas e várias eram conhecidas de longa data de Harry e de seus amigos. Eram as jogadoras do time das Harpias de Holyhead, orgulho do País de Gales e o único time do Reino Unido formado só por jogadoras.

Uma delas, que Harry não conhecia, mas que tinha um desagradável sotaque norte-americano, parou na frente do jovem, avaliando-o.

- Então você é Harry Potter – disse com desdém – Pensei que fosse mais alto. Desculpe a franqueza, mas você não parece grande coisa.

Harry não se incomodou com o comentário. Ainda estava meio grogue do sono agitado no vôo e da poção que Hermione lhe havia dado. Já havia se acostumado com comentários como esse. Geralmente achavam que ele era mais alto, mais velho ou de aparência mais ameaçadora. Muitos julgavam que alguém que havia dado cabo de “você-sabe-quem” deveria ter um porte mais impressionante.

- Alguns bruxos que estão hoje mortos ou em Azkaban acharam a mesma coisa – disse de maneira desafiadora Gina, ao lado do rapaz e segurando no seu braço.

- Oi, Gina, Harry, tudo bem? – cumprimentou-os uma morena baixa e encorpada, postando-se estrategicamente entre a jogadora antipática e o casal. Era Marisa Brants, batedora e atual capitã do time das Harpias. Havia estudado em Hogwarts, onde foi a primeira garota a jogar como batedora do time da Corvinal.

- Desculpem a minha colega de time – falou a capitã de maneira apaziguadora – Ela às vezes não sabe manter a boca fechada – completou, lançando um olhar de censura na direção da outra.

- Se você diz... – zombou a jogadora num tom arrogante, afastando-se despreocupadamente.

Marisa explicou a Harry, Gina e Rony, que havia se aproximado, que o time feminino estava vindo do Canadá, onde fizera dois amistosos e faria mais alguns jogos também nos Estados Unidos. Inclusive estava programada uma partida com os próprios Cannons, fato que Malfoy confirmou posteriormente.

Livrando-se gentilmente das jogadoras que vieram conversar com ele, Toni afastou-se para não chamar atenção dos trouxas que olhavam a cena com algum interesse. Virando-se distraído, chocou-se com a jogadora arrogante. Ia se desculpando quando uma expressão súbita de choque o paralisou. A mulher parecia igualmente paralisada, mas recuperou-se primeiro. Colocando um cinismo desagradável na voz, disse para o africano:

- Ora, ora, se não é o grande herói.

Harry, Gina, Rony e Hermione, que havia se acercado dos amigos, perceberam a expressão tensa de M’Bea e o olhar de desprezo que recebia da jogadora. Era óbvio que se conheciam. E era óbvio também que não era um reencontro feliz. Os filhos de Toni vieram ao encontro do pai, juntamente com Helga. A família parou ao lado do patriarca, percebendo que havia algo errado. A hostilidade era quase palpável. A mulher de sotaque americano avaliou depreciativamente Helga e os garotos e disse, novamente cheia de cinismo:

- Não me diga que casou com a escrava, M’Bea – e sorriu de maneira enigmática.

Certamente aquilo havia sido demais. Toni deu um passo na direção da jogadora, cujo sorriso zombeteiro sumiu imediatamente. Percebendo o perigo, a mulher enfiou a mão no blazer verde-escuro atrás do bolso da varinha, mas o africano foi mais rápido. Harry já o havia visto fazer o truque durante a guerra. Ele simplesmente conjurou a varinha que apareceu na sua mão num piscar de olhos. E esta estava apontada para o coração da oponente, que havia ficado visivelmente assustada.

- Toni? – disse Helga insegura. As crianças também olhavam o pai assustadas.

- Não vale a pena, Toni – a voz tranqüilizadora, com leve sotaque búlgaro pertencia a treinadora Ivanova. Ela tinha a mão sobre o braço do batedor, que parecia um rochedo de tão tenso. E virando-se para a outra jogadora, subitamente paralisada, vociferou: - Cai fora, sua idiota!

Ainda dirigindo um olhar arrogante na direção de Toni, ela se afastou, tentando mostrar alguma dignidade, mas andando bem rápido para se juntar às colegas, distraídas demais apreciando os apetrechos trouxas do aeroporto de Boston para notar o incidente.

- Essa é a tal... – ia perguntando a treinadora. Helga parecia fazer a mesma pergunta com os olhos.

- A própria – desabafou o africano sem esperar que a pergunta fosse formulada – O pequeno demônio em pessoa – e se afastou com os filhos em busca das bagagens que começavam a chegar, deixando a esposa e a treinadora com ares igualmente abismados.

- Que diabos aconteceu? – perguntou Rony, a poucos metros dali. Ele parecia finalmente recuperar a cor, perdida durante as turbulências do vôo.

- Gostaria muito de saber – respondeu Harry muito sério.
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Os bruxos ingleses adoram objetos antigos como penas, pergaminhos e velas que se acendem com feitiços. Adoram também carruagens, guiadas por magia ou animais mágicos como os testráslios que puxam aquelas de Hogwarts. Buxos norte-americanos são bem diferentes. Dirigem automóveis modernos enfeitiçados, usam réplicas de aparelhos trouxas como lâmpadas, máquinas de escrever e gravadores. Hermione, que havia devorado livros sobre as diferenças culturais entre a Inglaterra e a América, explicava isso aos amigos enquanto se dirigiam ao setor reservado do aeroporto, uma área que o ministério da magia local havia destinado aos bruxos. Ao adentrarem a área, todos levaram um susto.

Havia uma verdadeira multidão esperando pelos jogadores dos Cannons. Velhotes americanos com roupas laranjas misturavam-se a jovens cabeludos com bonés da mesma cor. Garotas tão histéricas quanto as inglesas gritavam e pediam autógrafos para Harry, Rony e Toni. O tradicional batalhão de fotógrafos estava de prontidão e uma confusa entrevista coletiva foi armada de improviso.

- Caracas! – exclamava Rony, piscando com os flashs disparados pelos fotógrafos.

- Ei, Potter! É verdade que você vem jogar na América? – era a pergunta mais freqüente. Mas perguntavam também se Harry havia se recuperado da dependência da poção para dormir, não faltando indagações sobre a sua vida sexual e afetiva.

Draco também era muito questionado. A sua jogada de comprar o time dos Cannons por uma pechincha (para os padrões dos Estados Unidos) estava sendo considerada na América o melhor negócio da história desde que os trouxas ingleses compraram a ilha de Manhatan dos índios por uns poucos trocados. Ele era tratado como um fenômeno no mundo dos negócios e publicações bruxas especializadas em economia imploravam por entrevistas exclusivas.

Toni M’Bea, que havia jogado no país, e Rony Weasley, a quem muitos times queriam contratar a algum tempo, eram bastante disputados pela imprensa. Até Hermione deu declarações a uma publicação médica, interessada em ampliar o campo de atuação dos curandeiros através dos quadribol. E Ivanova, a quem os jornalistas já conheciam de longa data, divertia a todos com suas tiradas atrevidas.

- Por que você aceitou treinar os Cannons ao invés de continuar com a carreira de jogadora?

- Porque é muito excitante ter um bando de caras prontos para satisfazer todas as minha vontades, se é que vocês me entendem – respondeu a loira cheia de segundas intenções.

- E as garotas do time? – perguntou uma jornalista.

- Elas que arrumem uns caras para satisfazer as vontades delas, ora! – replicou maliciosamente.

- Afinal, o que você e o time vieram procurar na América? – perguntou um jornalista moreno, com acentuado sotaque espanhol.

- O time veio encontrar um pouco de paz e ritmo de jogo. Quanto a mim, um pouco de sexo seria bom – disse muito séria, arrancando grandes gargalhadas de toda a imprensa.

- Não olhe para mim – disse Toni, fingindo se defender de um possível ataque – Eu sou casado!

- Acho bom essa assanhada se lembrar disso! – sussurrou Helga ameaçadoramente.
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Eram nove horas da noite, horário da costa leste norte-americana. Hermione impediu os adultos, jogadores de quadribol, de dormir a fim de se acostumarem com o fuso horário da América. Um micro-ônibus mágico, que se desviava dos obstáculos como o Nôitebus Andante britânico, mas que se locomovia de maneira muito mais suave e delicada e era infinitamente mais confortável, havia conduzido o time (e os agregados) a uma propriedade nos arredores da cidade de Boston. Uma imensa e belíssima propriedade, diga-se de passagem.

Malfoy explicou a todos que um parente distante a havia construído para férias na América há anos atrás e pouco tinha usufruído dela. Draco a alugara por uma ninharia e alguns elfos profissionais (na América eram raros os elfos domésticos servos) construíram um campo de treino de quadribol com medidas oficiais. Era quase uma réplica da propriedade do loiro na Inglaterra, só que com muito mais árvores em volta e tão isolada da estrada que quase não eram necessários feitiços para escondê-la de trouxas curiosos. Na vizinhança moravam bruxos ricos e famosos. Atores e roqueiros bruxos, milionários corredores de vassoura, a nata do mundo dos negócios mágicos e do quadribol dos Estados Unidos. Apenas duas milhas abaixo, na estrada sinuosa, localizava-se a residência de Max Brankovitch, o mais famoso jogador de quadribol do país.

Algumas pessoas conversavam na sala de estar depois do jantar (delicioso) servido por elfos contratados por Malfoy. Na varanda, ao sabor da brisa fresca de verão, Hermione advertia Rony:

- Se essa loira grandalhona der em cima de você, eu juro que azaro ela! – dizia a medibruxa, o rosto corado de raiva.

Rony amava Hermione de qualquer maneira. Mas a amava muito mais quando a garota perdia o controle. Quando ela mostrava que não era apenas a “sabe-tudo” incrivelmente inteligente de quem ele tanto se orgulhava. Quando ela era apenas a sua garota. Era tão bom dizer isso! A “sua” garota! E quando ela tinha ciúme dele. E quando ela se entregava aos seus carinhos.

- E não ria de mim, Senhor Weasley! – disse Hermione, interpretando equivocadamente o sorriso no rosto do namorado. Mas ela tinha que admitir que era um belo sorriso. Rony e Toni M’Bea possuíam os sorrisos mais lindos que ela conhecia. Harry também tinha um sorriso muito bonito, pena que sorrisse tão pouco nos últimos tempos.

- Não estou rindo de você – disse Rony de maneira sedutora, trazendo-a para junto dele. Ela tinha que admitir também que o ruivo era muito convincente quando queria.

- Granger, eu posso ter uma palavra com você? – disse uma voz já conhecida. Era Ivanova, que estava a poucos metros do casal e tinha um sorriso na face.

- Eu... – ia gaguejando Hermione, ligeiramente constrangida, perguntando-se se a outra havia presenciado seu ataque de ciúme.

- Tudo bem, Mione – disse Rony, as orelhas ligeiramente vermelhas – Eu estou aqui na sala.

Quando o goleiro dos Cannons retirou-se, Vera Ivanova, ainda com seu sorrisinho zombeteiro disse:

- Não se preocupe. Não tenho boas lembranças dos ruivos. Seu homem está a salvo. Prefiro os morenos. Negros também não são ruins, sabe?

- Ora essa... – ia retrucando Hermione indignada, pronta para defender Helga e Gina daquela ninfomaníaca.

- Calma, menina, eu estou brincando! – disse a búlgara de maneira apaziguadora – Eu não ataco homens comprometidos. Principalmente quando percebo que eles são loucos pelas namoradas, como é o caso do seu ruivo.

- É mesmo? – perguntou Hermione desconfiada.

- Você não acreditou naquela baboseira que eu disse pros jornalistas no aeroporto, não é?

- Bem...

- OK, você acreditou. Eu sou bem convincente às vezes. Mas aquilo era só parte do show. Eu tenho um namorado na França. Algo mais ou menos firme. E eu já fui casada e tenho dois filhos adolescentes. Sou uma mulher muito mais responsável do que pareço. Pode apostar nisso.

- Fico contente em saber – falou Hermione de maneira sincera.

- Mas não foi pra falar de mim que eu atrapalhei o seu namoro com o Weasley. Eu gostaria que você fizesse um relatório das condições físicas de todos os jogadores, inclusive dos reservas.

- Bem, eu já fiz – respondeu Hermione muito satisfeita em ver que a treinadora se espantou com a sua eficiência e também estava contente por ter mais alguém que se preocupava com a saúde dos atletas – Antes de dormir eu deixo no seu quarto.

- Perfeito! – exclamou Vera – Sabe, Granger, eu gosto de você. Você é inteligente e durona. Como todas as garotas deveriam ser. Tudo mundo fala muito de você, sabe?

- Sério? – perguntou Hermione surpresa – Mas, por que falam de mim?

- Bem, Vitor me falava muito de você. Quase todo o time da Bulgária tinha curiosidade de conhecer a garota que ganhou o coração da “Águia dos Bálcãs”. Ele sempre dizia como você era inteligente e bonita. Ele esteve muito tempo apaixonado e pensava que você gostava do Potter na época. Depois ficou arrasado quando você começou a namorar o ruivo. Tive que consolá-lo, sabe?

- Imagino que sim – disse Hermione de maneira irônica.

- E eu conheço uma jornalista francesa fanática por tudo associado a Harry Potter – prosseguiu a mulher mais velha, ignorando o comentário - de uns tempos pra cá ela anda fascinada por você. Quase me implorou para eu te apresentar a ela quando a gente voltar para a Europa. A garota quer escrever uma biografia sua.

- Biografia minha? – boquiabriu-se a jovem bruxa. Ela já havia notado que desde o final da guerra havia muita gente interessada na sua pessoa. Sempre suspeitou que era em virtude de sua amizade com Harry. Mas... Biografia?

- É, garota! Você é uma celebridade, acostume-se com isso.

- Ora essa – disse Hermione mais para si mesma do que para a sua interlocutora – Biografia... – repetiu ainda sem acreditar.
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Os três jovens que viajaram como reservas do time subiram finalmente para os respectivos quartos. Havia dezenas deles na residência. As crianças também já haviam sido postas para dormir, mesmo Miriam que se julgava no direito de ficar acordada até mais tarde. Na sala, Vera Ivanova conversava com os jogadores. Helga, Hermione e Malfoy também acompanhavam a conversa com interesse. Todos fingiram ignorar quando Andy e sua namorada Amanda retiraram-se discretamente, provavelmente para o mesmo quarto.

- Presidente do time ou não, se você acender esse troço fedorento, eu juro que te lanço uma azaração – dizia Vera para Draco que fazia menção de acender um charuto.

- É um hábito trouxa insuportável – concordou Toni.

Apesar das ameaças ao charuto de Malfoy, o clima da sala era agradável e Vera entreteve a todos com algumas histórias engraçadas do mundo do quadribol. Ela tinha trinta e sete anos e a quase vinte jogava profissionalmente. Havia se casado e se divorciado muito cedo, por isso tinha filhos quase adultos, com os quais se correspondia sempre e aos quais encontrava sempre que possível. Como havia dito a Hermione, era realmente bem mais séria do que se poderia imaginar e a hostilidade de Helga e Gina para com ela se dissipou rapidamente. Principalmente quando brincou, para a infinita contrariedade de Harry, que ele precisava se alimentar melhor.

- Precisamos colocar alguma carne sobre esses seus ossos, gatinho - disse bagunçando ainda mais os já bagunçados cabelos do jovem.

- Toni – chamou Harry, muito mais para desviar a atenção de si próprio (já começava ficar rubro de vergonha) – O que aconteceu no aeroporto? Quem era aquela jogadora das Harpias?

Todos os olhares da sala se voltaram para o africano. Helga, que conversava animadamente com Toledo e Gina, afastou-se e se sentou ao lado do marido.

- Mary Shapiro é nome dela – disse o batedor como se o nome trouxesse lembranças desagradáveis.

- Vamp Shapiro – disseram os demais jogadores quase ao mesmo tempo – Como Hermione olhava os amigos sem entender, Harry explicou:

- A mais desleal jogadora de quadribol que já existiu. Dizem que ela joga de batedora só porque é a posição em que mais se machuca o adversário. Ela faz o Crabbe parecer bonzinho.

Vince Crabbe, antigo capanga de Draco na Sonserina, era um dos batedores mais desleais que jogavam no quadribol inglês. Já havia sido ameaçado de expulsão da Liga e era de longe o recordista em receber punições.

- O Crabbe é apenas um idiota sem talento que tenta intimidar os outros com o uso de violência – ponderou Toni – Mas Vamp Shapiro é maléfica. Ela é muito boa, mas prefere machucar os adversários.

- Eu nem a reconheci sem aqueles cabelos verdes que costumava usar – disse Gina – Mas, ela não tinha sido banida do quadribol?

- A desgraçada sempre dá um jeito de continuar jogando – explicou Ivanova – E ela tem muitos fãs, sabe?

- Ela até parou de tingir o cabelo de verde – refletiu Toni – Acho que para parecer um pouco mais séria.

- Mas, afinal – quis saber Rony – o que você tem com ela?

O africano suspirou longamente. Depois, olhou preocupado para sua esposa. Essa se recostou ao marido e disse baixinho:

- Eu realmente não me importo que eles saibam, Toni.

- Muito bem – disse o batedor – É uma longa história. E não sei se é muito bonita.
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NO PRÓXIMO CAPÍTULO, A HISTÓRIA DE TONI E HELGA. VOCÊS NÃO ESTÃO CURIOSOS???
E AÍ, GOSTARAM DA TREINADORA IVANOVA??

AGUARDO REVIEWES!!!










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