JUSTIÇA SEJA FEITA



ALGUNS AVISOS:

A) Tenho recebido comentários pedindo para não matar o Harry nessa fic. Ora, o que vocês pensam que eu sou? Um assassino? Um serial killer? Garanto que Harry Potter NÃO vai morrer nessa fic. NÃO NESSE CAPÍTULO. HUAHAHAHAHAHAHAHAHAH (risada diabólica!).

B) Como vocês podem ver nesse capítulo, alguns personagens tiveram um destino diferente daquele dado pela amada J.K. no livro 6. Não vou dizer exatamente o que, pra não estragar a surpresa de quem não leu esse livro. Os que já leram saberão do que eu estou falando. Eu tomei a liberdade de mudar um pouco algumas coisas em benefício dessa trama. Espero que vocês não se importem.


CAPÍTULO 25


Rony tinha razão quando dissera que Harry era mais do que seu amigo, mais do que seu irmão. Nunca teve dúvida disso. Por isso, doía o fato do amigo e de Hermione, que também era mais do que sua irmã carregarem o peso da proximidade com o “garoto que sobreviveu”. Eles não seriam mais felizes se suas vidas não tivessem se cruzado?

Dali a algumas horas, Harry iria para audiência no ministério. Todos os seus amigos fizeram questão de acompanhá-lo. Todos queriam mostrar ao maldito ministério mágico e à sapa velha chamada Dolores Umbridge que estavam ao seu lado. Que não importava o quão desonesta fosse a campanha contra ele, que não importava o quanto estivessem interessados em ferrar a sua vida, seus amigos estariam onde sempre estiveram: junto dele.

Harry sempre fora contido em seus gestos e em seus sentimentos. E não era só a descrição natural dos ingleses. Havia sido criado num ambiente onde não se toleravam abraços e gentilezas. Principalmente para com ele. Talvez por isso, raramente dava demonstrações físicas de seu afeto pelas pessoas. Talvez por isso Rony, seu “irmão”, tenha ficado tão surpreso quando se aproximou e colocou um braço sobre o seu ombro.

Bem mais alto que Harry, o gesto só foi possível porque Rony fitava o vazio da janela do seu quarto na Toca, debruçado sobre o batente. O ruivo andava muito calado nos últimos dias. Mesmo no estado catatônico que Harry vinha se encontrando era possível perceber que algo não ia bem naquela cabeça com cabelos cor de fogo.

- Eu devia ter percebido! – disse Rony baixinho, como se a revelação fosse muito dolorosa - Que droga de amigo que eu sou! Precisou o Malfoy perceber que você não estava bem! O Malfoy! – repetiu, agora muito mais alto.

- Ficar na Inglaterra e recusar propostas vantajosas do exterior não foi o bastante? – perguntou Harry calmamente.

- Não, acho que não foi – respondeu o ruivo sinceramente – Era óbvio que algo estava errado com você. Acho que Hermione tinha razão, sabe? Eu queria mesmo que você estivesse aqui, jogando quadribol comigo.

- E o que há de errado nisso? Sim, Rony, Hermione tinha razão. Quando disse que você era o melhor amigo que alguém poderia ter. Você é O Cara. Obrigado.

Rony virou-se e pela primeira vez desde que começaram a conversar encarou o amigo intrigado:

- Obrigado por que?

- Em primeiro lugar por você existir. Depois, por ter me apresentado à única família que tive até hoje. Valeu, cara!

Antes que Rony pudesse responder, ambos ouviram um soluço vindo da porta do quarto. A dona do soluço atravessou a penumbra do aposento e abraçou os dois amigos ao mesmo tempo.

- Vocês são tão fofos! – disse Hermione, a voz abafada, pois tinha o rosto escondido no peito de Harry.

- Fofos não! – protestaram Harry e Rony ao mesmo tempo.

Atraída pelo barulho, Gina que estava sem sono, caminhou lentamente até o quarto que Rony dividia com Harry na Toca. A ruiva presenciou, do corredor onde estava, o abraço que Hermione dera no irmão e no ex-namorado. O “Trio Maravilha”, pensou a ruiva sorrindo. Quanta inveja ela tivera de Hermione e de Rony por partilharem por tanto tempo da amizade e dos segredos de Harry! O seu Harry. Os três agora riam como crianças. Não era justo ela ficar com ciúme do irmão e da melhor amiga por privarem de novo daquela velha intimidade com o rapaz que amava. Não depois das coisas horríveis que dissera a ele. Gina afastou-se daquela cena com um ligeiro aperto no coração, tendo certeza que não merecia participar dela. Muito tempo depois, quando Hermione entrou no quarto que dividiam, ela dormia e sonhava que Harry lhe mandava um beijo, antes de partir para muito longe, deixando-a com os braços estendidos no vazio. Hermione arrumou o travesseiro da amiga e delicadamente enxugou uma lágrima que teimava em atravessar as brumas do seu sono.
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Saíram do apartamento do Beco Diagonal, pois a imprensa do mundo mágico havia acampado à porta da sorveteria Florean. Como a Toca era, desde a guerra, protegida por mil feitiços, ninguém se aventurou a chegar muito perto da residência dos Weasleys. Um único desavisado que chegou a algumas centenas de metros da casa, fugiu apavorado, com talos de couve saindo pelos ouvidos e nabos brotando do nariz. Isso afastou os jornalistas intrometidos, mas a azaração não havia sido fruto de alguma antiga maldição que rondava a Toca, e sim obra de uma certa ruiva que reconheceu o asqueroso Dan Carter rondando as imediações.

O clima durante o café da manhã era muito melhor do que nos últimos dias. Uma atarefada, mas feliz Molly, auxiliada por Dobby, que viera desde Hogwarts até a residência dos Weasleys para prestar solidariedade a Harry, realizava um feitiço para ampliar a mesa junto a qual uma pequena multidão aguardava os famosos petiscos da matriarca da família. Estavam presentes todos os Weasleys, Angelina, noiva de Jorge, Hermione, todo o recém-formado time do Cannons (à exceção, é claro, de Cole e Lynch) e Draco Malfoy. Quando todos apreciavam os ovos com bacon e demais quitutes, um estalo de aparatação foi ouvido e nada mais nada menos do que o Professor Alvo Dumbledore em pessoa entrou nos jardins da residência, para onde a mesa ampliada havia sido transferida e onde as pessoas tomavam café aproveitando a brisa quente da manhã de verão.

- Bom dia a todos – disse de maneira jovial o ancião. Sem grande cerimônia o velho professor assumiu um lugar na ponta da mesa, perto de Arthur Weasley e como os demais, se serviu de uma generosa quantidade de ovos com salsichas, brioches e suco de abóbora. Tal como fazia em Hogwarts, Dumbledore esperou que todos terminassem de comer para se manifestar. Harry olhou para o antigo diretor da prestigiada escola com simpatia. Estava agora aposentado e cuidava da instituição que o jovem jogador de quadribol criara após a guerra, responsável pelos órfãos e crianças bruxas sem lar. Lentamente o antigo diretor se levantou e pediu a palavra. Parecia muito bem disposto, mas era inegável que o peso dos anos já se fazia presente sob as vestes elegantes que envergava.

- Muito bem – começou ele – Estou contente de ver que tantas pessoas estão aqui dispostas a oferecer a sua solidariedade ao nosso amigo Harry – disse o professor, fitando o seu antigo discípulo com um entusiasmo encorajador.

- É isso aí, Professor! – disse de maneira animada, Fred Weasley, calando-se em seguida ao receber um olhar reprovador da mãe por interromper o homem mais velho.

- Muito obrigado, meu caro Fred, ou Jorge talvez – disse sorrindo – Gostaria de dizer exatamente o que nos espera hoje e o que podemos fazer.

Rony sorriu. Era a hora da pausa dramática que Dumbledore gostava de fazer, intencionalmente ou não, para prender a atenção de todos.

- Como o jovem Sr. Wood já teve a oportunidade de dizer a todos, creio eu, a convocação de Harry perante a Alta Corte dos bruxos é uma das maiores atrocidades e um dos maiores arbítrios que tive o desprazer de presenciar nessa minha longa vida.

- Apoiado, Professor! – exclamou o advogado.

- Contudo – Dumbledore continuou – não sejamos ingênuos. Dolores é uma mulher má e rancorosa. Ela não apoiava a maneira como a Ordem da Fênix conduzia a luta contra Voldemort – vários gemidos foram ouvidos quando o diretor pronunciou o nome – e quer usar o Harry aqui para se vingar de todos nós. Infelizmente ela tem aliados no Ministério. Pessoas que adorariam humilhar o Escolhido, ainda que para isso tenham que rasgar os pergaminhos da lei.

- E o atual ministro, Professor? – perguntou Hermione – O que ele pensa disso?

- Infelizmente, minha cara Hermione – ponderou o homem mais velho – Georgius Blackwell é um homem fraco e sem personalidade, que prefere fazer coisas que agradem o mundo mágico e não gosta de se comprometer tomando partido. Enfim, um político com tudo que isso tem de negativo. Sua posição é simples, embora mesquinha: Ele deixará para Dolores a função de desmoralizar Harry. Medida que, se for do agrado do mundo bruxo, ele capitalizará em proveito próprio. Do contrário, irá atirar sua fiel servidora aos lobos e agirá como se não tivesse nenhuma responsabilidade nas injustiças cometidas. Por isso é importante demonstrarmos o nosso apoio a Harry. E, por acaso, eu faço parte da Alta Corte que o julgará. Na verdade espero que nem mesmo haja julgamento. Severo é da mesma opinião que eu.

- Severo Snape! – quase gritou Rony, cuspindo parte do seu suco de abóbora.

- Sim, o professor Snape – corrigiu Dumbledore calmamente – Ele também faz parte da Alta Corte.

- Ah não! – gemeu Rony.

- Devo dizer, uma vez que vejo que muitos aqui ainda guardam alguns ressentimentos – disse o professor, lançando um olhar ligeiramente contrariado para o ruivo – que o Professor Snape é tão contra esse processo quanto todos os presentes aqui. O fato dele não simpatizar com Harry não nubla, felizmente, o seu senso de justiça. Se formos a julgamento, o que eu não acredito, o voto de Severo certamente será a contra a arbitrariedade cometida por Dolores.

- Só acredito vendo – cochichou Rony para Gina e Hermione que estavam próximas a ele.
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O que mais os aurores, ou qualquer tipo de funcionário do Ministério da Magia detesta, são manifestações públicas de bruxos. Quando muitos bruxos se reúnem, costumam mandar às favas as leis sobre sigilo em relação aos trouxas e depois sobra para os obliviadores e outros abnegados servidores do mundo mágico a tarefa de acertar as coisas, o que significa apagar as memórias dos trouxas, o que normalmente dá muito trabalho.

E o trabalho de hoje não seria fácil. Alguns amaldiçoavam silenciosamente Dolores Umbridge, aquela maldita batráquia, por tentar levar Harry Potter a julgamento, o que a maioria dos funcionários sabia, era uma vingança mesquinha ainda relacionada com o período da guerra contra Voldemort. A maioria dos funcionários tinha uma certa simpatia por Harry, sobretudo aqueles originários de famílias trouxas. Por isso não se empenhavam muito em coibir as manifestações contra o ministério que tomavam alguns quarteirões e nem se importaram em recolher os cartazes mágicos que xingavam o governo bruxo em geral e ofendiam Umbridge em particular.

Fred e Jorge chegaram mais cedo para organizar os seus amigos e clientes das Geminialidades Weasleys espalhados pela pacata rua de Londres, agora apinhada também de trouxas, que provavelmente imaginavam que alguém estava gravando algum comercial muito criativo ou fazendo as externas de um filme muito maluco.

Harry e seus amigos mais chegados aparataram a poucos quarteirões do ministério e foram andando até o prédio. Malfoy teve a idéia (apreciada por Dumbledore) de criar um efeito dramático, com o Escolhido chegando perante o governo caminhando calmamente e cheio de amigos ao seu lado.

A caminhada, contudo, havia sido tudo, menos calma. Os filhos de Toni e a esposa juntaram-se a Harry e ao já numeroso grupo de acompanhantes. M’Bea, Andy, o batedor brasileiro, e os irmãos Nebseys, antigos batedores dos Trasgos Diagonais faziam uma respeitável parede de músculos que afastava jornalistas agressivos e indesejáveis e abria caminho entre a multidão. À porta do Ministério, Harry foi beijado por Miriam, pela sua mãe Helga e pela Sra. Weasley. Recebeu abraços e tapinhas nas costas de vários amigos, inclusive um de Hagrid que acabara de chegar, que o atirou a alguns metros de distância. Apenas Harry e o advogado seriam permitidos na sala de audiência. Estranhamente ele se sentia bem naquele dia. Tivera o sono agitado de sempre, mas conseguiu dormir algumas horas. Vestindo um terno escuro trouxa muito elegante, despediu-se finalmente de Gina, Rony e Hermione e entrou na cabine telefônica que o conduziria às entranhas da burocracia do mundo mágico. O mesmo que ele havia salvado e agora pretendia destruí-lo
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Alvo Dumbledore levantou-se de maneira altiva e pediu a palavra:

- Não só quero reforçar as palavras iniciais ditas pelo Sr. Wood, como protestar pelo absurdo de submeter um jovem que já se sacrificou tanto a uma injustiça sem precedentes no mundo mágico. Quero que fique registrado que não aprovo, como membro da Alta Corte Dos Bruxos, esse arremedo de justiça que querem impingir a Harry Potter. Creio que seria no mínimo mais decente se esquecêssemos tudo isso e fôssemos para casa tomar um chá.

- Posso oferecer um chá a você, Alvo, se você precisar tanto – disse Dolores Umbridge, tentando ser sarcástica.

- Receio que não aceitaria nada vindo de você, minha cara Dolores. Você tem o dom estranho de envenenar tudo o que toca – respondeu educadamente o professor, arrancando risadas de muitos membros da Alta Corte e dos jornalistas que acompanhavam a audiência. Até o ministro Georgius Blackwell parecia segurar o riso com alguma dificuldade.

- Hem, hem – pigarreou a assistente do ministério à guisa de atenção do público – Então podemos começar... O que foi agora? – perguntou contrariada ao ver que Alvo Dumbledore continuava em pé, sinal de que não havia terminado sua intervenção.

- Minha cara Dolores... Você sabe que como membro mais velho dessa corte tenho direito a falar sempre que achar que devo acrescentar algo a essa farsa, digo, audiência. E tenho o direito de permitir que mais alguém se manifeste. E meu caro amigo Severo Snape quer dizer algumas coisas.

- Vamos ouvi-lo então – disse a mulher, aparentando um súbito e estranho contentamento. Não era segredo para ninguém que o antigo professor de poções de Hogwarts não nutria simpatia alguma pelo Escolhido. Rony, que havia se infiltrado na área reservada à imprensa com sua irmã, Toledo e Fred, gemeu alto (“Ah, não, ele não!”). Todo vestido de negro como sempre e parecendo mais velho e mais cansado, Severo Snape levantou-se de maneira imponente e falou calmamente, a voz amplificada por um feitiço:

- O senhor Potter cometeu uma indiscrição, mas não um crime ao se deixar viciar em uma substância que é controlada rigorosamente. Isso prova que ele é um fraco e talvez um fracassado digno de pena, mas não faz dele um criminoso.

- Seu grande filho da puta seboso! – berrou Fred Weasley – Fracassado é você, seu morcego anêmico!

O tumulto se instaurou no recinto. Umbridge exigia aos berros que a área da imprensa fosse esvaziada. Os jornalistas berravam de volta em nome da liberdade de informação. Fred lançou um pozinho no ar e logo jornalistas e funcionários públicos estavam gargalhando e se coçando, aumentando a balbúrdia. De alguma maneira Rony havia saltado os metros e a cerca que separavam a área da imprensa da área onde os membros da Alta Corte se reuniam e apontava a sua varinha para Snape que reagiu rapidamente lançando um feitiço na direção do ruivo. Harry, com seus rápidos reflexos de quadribol, atirou-se sobre o amigo e com um gesto com sua mão direita rebateu o feitiço lançando Snape no colo de uma idosa colega que gemeu de dor, reclamando da artrite.

Quase meia hora transcorreu até que a ordem fosse restaurada. Fred e Rony haviam fugido no meio da confusão. Toledo acertara um bom chute na canela de um auror que tentava prendê-la sem motivo e Gina, depois de empurrar, bater e azarar vários funcionários que tentavam expulsá-la da área de imprensa, acomodou-se alguns lugares mais à direita, incógnita com seus cabelos agora loiros e curtos, fruto de um feitiço de camuflagem que aprendera durante a guerra.

- Vocês viram os desordeiros dos amigos do Potter em ação! – berrava uma colérica Umbridge, enquanto alguns funcionários ainda se coçavam e abafavam risadinhas constrangedoras, efeito do ”Pó Animado”, mais um produto das famosas “Gemialidades Weasleys” – Esse tribunal deveria condenar esse viciado criador de casos a uma temporada em Azkaban! – gritou a mulher, muito vermelha.

- Isso é uma abuso de autoridade imperdoável! – protestou veementemente Olívio Wood, arrancando aplausos da área de imprensa, agora totalmente ocupada por adeptos do Escolhido.

Segundos antes, Harry observara que um bilhete enviado por Draco Malfoy, que também ocupara um lugar no meio dos jornalistas, havia chegado às mãos do seu advogado. Olívio, pouco antes de protestar contra Umbridge, havia lido o bilhete e um discreto sorriso havia se formado em seu rosto. Observara também Malfoy fazer um sinal positivo a Severo Snape que havia retomado o seu lugar entre os membros da Alta Corte. Como se esperasse por alguma deixa, o Professor Dumbledore levantou-se novamente e pediu a palavra, agora de maneira mais enérgica, uma vez que Umbridge parecia incontrolável nos seus resmungos e imprecações contra Harry Potter.

Como sua auxiliar não se mostrava disposta a permitir que o mais velho membro da Alta Corte se pronunciasse, o que era seu direito legítimo, o ministro Blackwell em pessoa resolveu se manifestar: Calou Umbridge com um feitiço silenciador e permitiu que Alvo Dumbledore falasse mais uma vez.

- Obrigado, Sr. Ministro – disse o professor de maneira polida – Finalmente alguém a fim de fazer valer a lei – disse baixinho com ligeiro ar de contrariedade, mas claro para que todos ouvissem, e depois, num tom de voz mais alto: - Quero saber se existe uma testemunha do suposto delito cometido por Harry Potter.

- Ora essa, é claro que existe! – disse Umbridge, livrando-se finalmente do feitiço silenciador.

- Então penso que deveríamos ouvi-la – ponderou o velho professor. Se o Sr. Wood não se importar, é claro.

- Não me importo, professor – declarou o advogado – Mas – disse de repente, como se guardasse um trunfo para aquele momento – A Lei Internacional que rege os procedimentos legais entre os seres do mundo mágico é muito clara, no Artigo 4, Convenção da Transilvânia...

- Sei, de 1.921 – interrompeu Umbridge entediada – Por favor, Sr. Wood, vá direto ao assunto.

- Uma vez ouvida a testemunha de um delito, inocenta-se o acusado se a mesma não mantiver as acusações – recitou Wood, parecendo muito satisfeito.

- Mas seu cliente pode ficar encrencado se ela mantiver – respondeu a velha bruxa muito satisfeita - O senhor e seu cliente querem correr o risco?

- Nada nos daria mais prazer – afirmou o advogado, parecendo muito feliz, um sorriso imenso iluminando o rosto largo.

Harry sorriu. Ele não tinha nada a temer se a suposta testemunha falasse a verdade. Nunca havia visto mais gordo o sujeito que havia sido preso. Desde que vira o rosto do homenzinho no jornal, dissera isso para o seu advogado e seus amigos. Havia comprado ilegalmente a poção, mas num estabelecimento legalmente registrado na Travessa do Tranco. Duvidava que um malandro de rua, como a suposta testemunha de acusação que Dolores Umbridge mandara buscar no quinto subsolo do ministério, tivesse colocado as mãos algum dia em algo tão sofisticado como a fortíssima poção para dormir sem sonhos.

Minutos depois, parecendo muito assustado, um homenzinho magro e bastante baixo entrou escoltado por dois aurores corpulentos na sala de audiências. Um banco de testemunha foi improvisado e o sujeito se acomodou da melhor maneira, as pernas balançando, bem longe do solo.

- O senhor poderia dizer seu nome e ocupação? – perguntou Umbridge à testemunha.

- Archibald Kowalski. Quanto à profissão... Sabe como é, uma coisa aqui, outra ali – disse o homem, hesitante, amarfalhando mais ainda a ponta do paletó puído.

- Qual o motivo da sua prisão?- perguntou de novo a bruxa.

- Bem, eu procurava algumas substância para vender em Leeds, sabe? Sou de lá, embora o meu pai fosse um bruxo polonês e minha mãe uma trouxa daquela cidade...

- Hem, hem – pigarreou a bruxa, interrompendo as divagações da testemunha - Entre as substâncias que o senhor procurava estava a poção ND-32, também conhecida como poção para dormir sem sonhar? – perguntou a auxiliar do ministério de maneira teatral. Aquele era para ser o seu golpe de misericórdia no Escolhido.

- Ah, não senhora – respondeu o homenzinho de maneira surpreendente – Precisa de muito dinheiro pra conseguir isso. Eu procurava um pouco de uísque de fogo falsificado e talvez uma cerveja amanteigada que o pessoal fabrica lá no Tranco.

Murmúrios excitados foram ouvidos na área de imprensa. Dois ou três membros da Alta Corte que cochilavam se aprumaram imediatamente. Dolores Umbridge parecia confusa e insegura agora.

- Mas... O senhor declarou que vendeu a poção ND ao acusado! – disse Umbridge transtornada.

- Ah, não senhora, eu nunca disse isso – defendeu-se o malandro – Eu disse que achava que vi Harry Potter na Travessa do Tranco e ouvi dizer que ele comprava umas coisas proibidas. Mas eu nunca presenciei. Eu disse pra aquele moço do ministério quando ele me prendeu comprando cerveja falsificada. Mas ele ficou falando umas coisas e confundiu minha cabeça.

- Exijo a anulação dessa audiência e meu cliente vai processar o Ministério! Ah, vai sim! – disse um triunfante Wood, sua voz se destacando na balbúrdia que se seguiu. Umbridge parecia chocada demais para dizer qualquer coisa. A essa altura a segurança já tinha desaparecido e vários jogadores de quadribol da Liga Inglesa, além dos amigos dos Cannons e torcedores vestidos de laranja, haviam se infiltrado no recinto e lançavam impropérios aos representantes ministeriais. Os aurores visivelmente não se esforçavam muito para restaurar a ordem.

Finalmente, tendo a voz bastante amplificada, o ministro Georgius Blackwell declarou encerrada a audiência e inocentou Harry de todas as acusações. A sala explodiu de contentamento como se comemorasse uma grande vitória no quadribol. Demorou um pouco até que todos percebessem que O Escolhido estava de pé pedindo a palavra.

- Sr. Ministro! – gritou Harry Potter – Eu acho que tenho o direito de me pronunciar.

- Ele tem o direito! – assentiu em voz alta Alvo Dumbledore.

- Muito bem, Sr. Potter – concordou desconfiado o ministro da magia. Dolores Umbridge parecia que iria desfalecer. O rosto estava contraído como se sentisse muita dor ou um cheiro bastante desagradável.

- Gostaria de fazer uma pergunta ao meu advogado, senhor – disse Harry respeitosamente.

- Faça logo e vamos acabar com isso – respondeu a mais alta autoridade do mundo mágico, com visível mau humor.

- Depois da declaração de inocência ouvida aqui, eles não podem mais me acusar desse crime não é mesmo, Olívio?

- Claro que não – disse o advogado surpreso – Nem se você se declarar culpado no Profeta Diário.

- Muito bem. Então eu aproveito a presença de todos e me declaro culpado. Culpado de ter ingerido uma única substância ilegal durante quase dois anos – e virando-se na direção de Dolores Umbridge, mostrou uma fina cicatriz na mão direita, fruto de um castigo que aquela mulher horrorosa havia lhe impingido no passado – Eu não costumo contar mentiras, sabe? Não costumava quando vocês não acreditavam que Voldemort tinha voltado e não vou começar agora.

Um silêncio sepulcral caiu no recinto enquanto Harry olhava fixamente para a antiga Alta Inquisidora de Hogwarts. Há alguns anos gostaria de ter dito algumas verdades para aquela figura desprezível e essa era uma boa oportunidade. Estava realmente feliz que houvesse tantas pessoas presentes para ouvir essas verdades.
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1- CASO VOCÊS NÃO TENHAM NOTADO, A CICATRIZ QUE HARRY MOSTROU PARA A SAPA VELHA, É UMA REFERÊNCIA AO LIVRO 5 (HPEAOF), QUANDO A MONSTRA ESTAVA EM HOGWARTS ENCHENDO A PACIÊNCIA DE TODOS.

2- NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO. HARRY VAI DIZER POUCAS E BOAS, MAS NÃO SÓ ISSO.

3- PARA AQUELES QUE SENTIRAM FALTA DE “BABY” JANE, A MAIS NOVA FÃ DE HARRY, NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO. A MOÇA VOLTA COM TUDO!

4 – OBRIGADO PELOS COMENTÁRIOS. RAQUEL, LILY E MILA POTTER, ONDE ANDAM VOCÊS?!?????????







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Comentários (1)

  • bebelbenedito

    estou adorando a fic!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    2013-12-18
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