MAGIA EXCESSIVA



- Engraçado como Draco Malfoy disse a mesma coisa, ou seja, que não ia dar certo.

Hermione estava ficando boa em compartilhar refeições amigáveis com sonserinos. Primeiro Draco Malfoy, que lhe havia oferecido um emprego no novo time dos Cannons, agora Jane O’Neal, a maior sensação do quadribol das Irlanda. A medibruxa havia acabado de dizer que não via nenhuma possibilidade de dar certo um relacionamento amoroso entre ela e seu amigo Harry.

- Não me entenda mal, Jane – explicou Hermione – O fato de não ter nenhum interesse romântico no Harry não quer dizer que eu não ame aquele garoto. E é exatamente por isso e por conhecê-lo tão bem quanto a mim mesma é que eu não acredito que vocês possam ser um casal. Vocês não combinam em nada.

- Você tem certeza que não há mesmo nada entre vocês? – perguntou Jane desconfiada – Não sei se acredito muito nesse negócio de amor fraternal entre rapazes e moças...

Hermione bufou irritada. Era absolutamente cansativo ter que explicar ao mundo todo desde os seus quatorze anos de idade que ela e Harry eram apenas grandes amigos. Que Harry era o irmão que ela gostaria de ter tido. Que amava Harry sem nenhum interesse romântico. Parece que essa refeição não seria tão amigável assim afinal.

- Escute aqui, Jane O’Neal! – disse Hermione irritada – Eu não sei como são as coisas no seu planeta. Mas, no meu, já que você me julga uma extraterrestre, homens e mulheres podem sim ser amigos e se amarem sem que haja sexo no meio disso. Nesses dez anos em que eu conheço o Harry, eu o vi a beira da morte várias vezes, eu o vi sangrar, quebrar membros seus e dos outros, chorar, rir, desmaiar, fazer coisas idiotas e tenho certeza que fomos mais íntimos do que muitos casais jamais o serão. Então não me diga que temos mais do que uma amizade de irmãos! Eu morreria por ele e tenho certeza que ele morreria por mim, o que é mais do que muitos irmãos fariam um pelo outro! E, diferentemente de algumas amigas minhas, que gostariam de lançar em você algumas maldições imperdoáveis, eu não me importo que Harry saia com você. Apenas sei que não vai dar certo!

- Uau! – disse Jane depois de um momento de silêncio surpreso.

- E depois – acrescentou Hermione – Eu e Rony Weasley reatamos.

- O ruivo? – perguntou a jogadora da Irlanda.

- O ruivo – afirmou a medibruxa como que desafiando a outra a fazer algum comentário sobre isso.

- Você é bem esperta mesmo! – disse Jane alegremente, piscando para Hermione – Sabe, conheço algumas jogadoras que já saíram com ele. Pelo que dizem, nenhuma se arrependeu. Dizem que ele...

- Eu não preciso ouvir isso – interrompeu Hermione, muito contrariada pelo fato do “seu homem” ser o assunto de mulheres assanhadas – Eu conheço muito bem as suas qualidades, se é que você me entende.

Jane estava agora rindo da irritação de Hermione e aliviada por perceber o real foco afetivo da moça morena de cabelos crespos. Então aquela garota inteligente e bonita não era realmente uma rival.

- Por que você acha que eu e Harry não podemos ser um...

- Casal? – completou Hermione.

- Sim.

- Não me leve a mal – disse mais calma a amiga de Harry – Eu não estou julgando você pela vida que leva. Não é da minha conta. Mas você gosta de ser o centro das atenções, você gosta do glamour que a profissão de jogador oferece. Harry é exatamente o oposto disso. Ele passou a vida inteira tentando ser um bruxo comum. Ele não teria paciência com festas, comerciais e jantares elegantes. Harry é exatamente o contrário disso. Ele só está no quadribol porque gosta do jogo, não da badalação que ele oferece. Provavelmente ele jogaria de graça e no fundo de um quintal com o mesmo prazer que jogaria a final da Liga Européia ou da Copa Mundial. Não sei se eu fui clara...

- Bastante – ponderou Jane – Mas, e se eu dissesse que é exatamente o que você me contou que me atrai no seu amigo?

- Eu acreditaria, é claro. Mas mesmo assim não daria certo.

- Eu realmente não entendo você, Hermione. Afinal, você faz ou não objeção do Harry sair comigo?

- Nenhuma.Exatamente porque eu sei que não vai dar certo. Harry já está apaixonado. Acho que seria bom ele sair com outras pessoas, pois isso vai ajudá-lo a perceber que ele não pode viver sem essa pessoa.

A declaração de Hermione parecia ter realmente afetado a jogadora. Ela descansou por um momento as mãos entrelaçadas sobre a mesa. O semblante sério como quem refletia sobre algo muito difícil de se chegar a uma conclusão. Então, como se todas as peças de um quebra-cabeças particularmente difícil tivessem enfim se encaixado, deixou escapar:

- Gina Weasley!

- Bingo! – disse Hermione ironicamente.

- Como eu sou burra! – exclamou, mas para si mesma do que para alguém em particular - Então não é por você que ele é apaixonado! Mas, eles não tinham se separado?

- É uma longa história... – disse Hermione, mas com ar de quem não pretendia contá-la.

Jane O’Neal teve vontade de sair à rua e matar todos os informantes que contratara (alguns a peso de ouro) em busca de informações sobre o Eleito. Eles a notificaram sobre a dependência química de Harry, sobre o passado do rapaz junto com os seus tios trouxas detestáveis, sobre a amizade com Rony Weasley, até mencionando boatos maldosos que ela se recusara a dar crédito. Mas, todos, absolutamente todos os idiotas disseram que o rapaz era apaixonado por Hermione Granger e que tinham uma situação não resolvida. Por isso ela resolvera tirar a coisa toda a limpo pessoalmente. Malditos incompetentes! Bem que Tess, sua fiel secretária, havia alertado que Harry era ainda apaixonado pela garota Weasley. Droga! Precisava começar a dar mais crédito à sua amiga.

- Escute, Hermione – disse a garota muito séria – Eu sou uma boa sonserina. E se há alguma coisa que nós sonserinos sabemos é quando uma batalha está perdida. Eu realmente gosto do Harry, mas não vou querer ficar com ele só enquanto a Weasley tem outros planos. Eu vou tentar conquistá-lo, mas se eu perceber que não tenho futuro, saio do caminho e parto pra outra.

- Assim tão simples? – perguntou Hermione surpresa,

- Não, não assim tão simples – disse maliciosamente – Eu não usei todas as minhas armas ainda.

Hermione, de maneira inesperada, estendeu-lhe um frasco que retirou da bolsa de couro que carregava.

- Harry deve tomar isso se começar a passar mal – disse, a seriedade profissional mais uma vez ocupando espaço – Ele tem a poção, mas costuma esquecer de tomá-la.

- Você é mesmo incrível! – disse Jane, visivelmente impressionada.

- Talvez – disse Hermione com frieza – A propósito: a essa altura todo mundo já deve estar sabendo da surra que eu dei em Tristan Garfield...

- Até eu fiquei sabendo – falou a jogadora muito animada – As notícias correm no nosso mundo.

- Pois é. Harry me ensinou a usar os punhos e eu também sei algumas azarações particularmente dolorosas. Eu não me importo que você saia com o Harry. Mas se você magoá-lo ou feri-lo de algum modo, eu vou atrás de você – sibilou Hermione, encarando a outra jovem, deixando claro que falava sério – E garanto que você vai se arrepender do que seja lá que tenha feito a ele.

- É muito justo – concordou Baby Jane, devolvendo-lhe o olhar sério – E muito grifinório também de sua parte, eu suponho.
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TERÇA FEIRA, VÉSPERA DO ANIVERSÁRIO DE VINTE E UM ANOS DE HARRY:


Draco Malfoy estava furioso. Ah, aqueles desgraçados iam descobrir da pior maneira possível que não se deve provocar um Malfoy! Se bem que eles não queriam realmente provocá-lo. Queriam provocar e ferrar a vida de Harry Potter. Era de se esperar que deixassem o cara em paz depois do fiasco do julgamento. Mas não.

Draco se imaginou (apenas por um momento, é claro) um cara cheio de bons sentimentos como o santarrão do Potter, que arriscou a pele para salvar o mundo mágico, só para ser perseguido por idiotas como aquela imbecil da Dolores Umbridge e agora esse tal de Artemius Garfield. Uma das coisas das quais Draco mais se envergonhava era de ter feito parte daquela ridícula Brigada Inquisitorial de Hogwarts da sapa velha quando tinha quinze anos de idade. Ok. Naquela época ele era um moleque estúpido e mimado, que morria de inveja do “Santo Potter”. Mas, agora, que ele e o Eleito estavam do mesmo lado, eles iam ver só! E aqueles velhos desgraçados dos donos do time. Ameaçando-o de vender os Cannons. Ah, isso não ia ficar assim! Não mesmo. Ele não era um maldito grifinório bonzinho. Era um sonserino maquiavélico e ia “jogar o jogo”, como dizia aquela fina e falecida flor de pensamento humanista, o seu pai. Só que, como bom sonserino e melhor Malfoy ainda, iria jogar o jogo de acordo com as sua próprias regras.

Eram três horas da tarde. Malfoy pediu que Pansy lhe trouxesse uma poção contra a dor de cabeça. A única boa notícia que recebera no dia foi que Hermione Granger havia socado Tristan Garfield no St. Mungus. Ficara feliz que alguém dessa família sebosa e insuportável tenha recebido um castigo merecido. Embora desconfiasse que Hermione bater no irmão do chefe do Departamento de Esportes Mágicos do Ministério da Magia do Reino Unido não fosse fazer muito bem para o time que ele presidia.

Primeiro chegaram M’Bea e Vitor Krum. Depois Cris Toledo e Andy Lopes, que estavam hospedados provisoriamente na Mansão Malfoy. Logo em seguida o técnico Lynch e Apolo “Cool” Cole, seguidos de Gina Weasley e seu irmão Rony, de mãos dadas com Hermione Granger. “Mãos dadas!”, pensou Malfoy, “Aquele não era decididamente um bom dia”. Por via das dúvidas solicitou a Pansy uma dose dupla da poção para dor de cabeça.

Todos foram se acomodando no espaçoso escritório da presidência do clube de quadribol, excepcionalmente instalado no moderno complexo comercial Wizard Buseness Center, na parte nobre do Beco Diagonal. Por fim chegou Harry Potter. Ele parecia um pouco melhor e mais corado nos últimos dias. Acenou de maneira simpática para todos em volta, mesmo para os intragáveis Lynch e Cole. “O senhor bondade em pessoa”, pensou Malfoy de mau humor, mas se arrependeu em seguida. Potter era realmente um sujeito decente e até ele estava ficando irritado com as sacanagens que o governo bruxo cometia contra o seu jogador.

Quando todos esperavam o início da reunião, o sempre eficiente Zabini introduziu na sala Angelina Johnson. A estrela do time dos Tornados provavelmente prometia ser a grande rival dos Cannons na Liga Inglesa e na próxima Copa da Grã-Bretanha.

- Calma, pessoal – disse a jovem negra, percebendo a surpresa que sua presença causava. Não que não fosse bem-vinda, afinal era noiva de Jorge Weasley, irmão de Rony e Gina. Apenas era estranho ver uma jogadora do rival naquela que deveria ser uma reunião do time laranja – Eu estou aqui como presidente do sindicato dos jogadores – explicou a artilheira.

- Bom, eu vou ter que explicar do início – disse Malfoy, tomando a dose dupla de sua poção, e vendo os olhares melosos trocados entre Weasley e Granger, pensou se não seria bom também tomar uma poção contra náuseas.
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Quarenta minutos mais tarde, elfos domésticos (remunerados, como Malfoy fez questão de explicar para Hermione) serviam drinques e refrigerantes para um grupo de bruxos indignados. O presidente do clube havia explicado detalhadamente a situação: Aquele gol espetacular que Harry marcara no jogo de domingo levantara desconfiança nos membros do Departamento de Esportes Mágicos de uso de “magia excessiva” e uma investigação havia sido solicitada, que enquanto durasse, afastaria Mergulho Potter de qualquer competição oficial e poderia bani-lo para sempre do quadribol se fosse comprovada alguma irregularidade.

Era considerada magia excessiva o uso de feitiços ilícitos numa partida de quadribol. Excessiva, pois alguma magia era necessária para fazer uma pessoa voar de vassoura a quinze metros de altura. Mas era terminantemente proibido enfeitiçar as goles, os balaços, o pomo, os jogadores adversários ou do próprio time.

Não se sabe se antes ou depois de Hermione quebrar o nariz de Tristan, seu irmão Artemius, chefe do Departamento que regulava o quadribol e demais esportes mágicos (caçadas de animais mágicos, corridas de vassouras, duelo e esgrima bruxa etc) solicitara a abertura de uma investigação contra Harry, alegando que havia sido muito suspeito aquele arremesso certeiro de mais de sessenta metros que o jovem havia executado. Graças aos seus prestativos (e bem pagos) informantes, Malfoy ficou sabendo das maquinações poucos minutos depois delas terem se iniciado. Por isso havia convocado uma reunião de emergência com todo o time e chamara Angelina, presidente do sindicato dos jogadores da Inglaterra e País de Gales.

- Nós não vamos permitir que esses idiotas prejudiquem o Harry mais uma vez – disse a jogadora dos Tornados muito irritada. Fora interpelada por Malfoy no meio de uma seção de amassos muito promissores com o seu noivo na sua casa e não estava para brincadeiras – Depois, se banirem Harry, eles vão comprometer toda a temporada de quadribol da Inglaterra e prejudicar os times e os jogadores que foram ou seriam contratados. É um absurdo! Eu vi Harry fazer jogadas como aquela várias vezes, até mesmo em treinos em Hogwarts. O que eles estão pensando? Que ele deixou a sua varinha invisível?

- É que o Potter não precisa usar varinha para fazer feitiços – explicou Draco.

- Você está brincando, não é mesmo? – perguntou Lynch – Nem “você-sabe-quem” era capaz de fazer isso.

- Certo – disse Malfoy friamente – Acho que foi por isso que Potter deu cabo do sujeito.

O irlandês não retrucou, mas parecia bastante impressionado. Cole olhava para Harry como se ele tivesse alguma cabeça a mais e três ou quatro braços de sobra. Entre os amigos de Harry isso não era de forma alguma uma novidade. Desde o seu penúltimo ano em Hogwarts, Harry era capaz de fazer vários feitiços só movendo as mãos, o que era bem impressionante. O rapaz não gostava de fazer propaganda disso, pois com razão, achava que já chamava atenção em demasia.

- Certo – disse Angelina – Mas eu confio no Harry e tenho certeza que ele não faria nada desonesto.

- Ora, como vocês tem tanta certeza disso? – falou Cole de maneira depreciativa – Estamos falando de um cara que gosta muito de aparecer, não é mesmo?

Antes que qualquer pessoa pudesse responder, Toni M’Bea, do alto dos seus quase dois metros de altura, havia se levantado com uma rapidez surpreendente para um homem do seu tamanho e agarrado o jogador jamaicano pelas suas elegantes vestes bruxas, arrastando-o da poltrona onde estava sentado.

- Por favor, Toni – disse Harry de forma apaziguadora.

- Sim, Toni, só não estrague muito a cara dele – disse Rony de maneira selvagem, também avançando sobre Cole, mas seguro por Hermione – Eu também gostaria de bater um pouco nesse metido.

- Eu conheci seu irmão, sabe? – disse Toni para o jamaicano, que tentava se recuperar depois de ser atirado num canto da sala como se fosse um monte de trapos – Ele valia mais do que você jamais vai valer na vida.

- Sim, ele é um grande cara morto – retrucou Apolo Cole com um sorriso sarcástico de desafio – Porque foi burro o suficiente para seguir os grandes heróis, não é mesmo?

Toni M’Bea ergueu o punho gigantesco, o que foi suficiente para que o outro se encolhesse e todos em volta se preocupassem. Como havia feito durante a guerra com a traidora Irena Miller, o africano agarrou a mão de Apolo que havia sacado a varinha, esmagando-a, fazendo com que o objeto mágico fosse solto e rolasse pelo carpete. O jamaicano ofegava de espanto e dor.

- Por favor, Toni – pediu novamente Harry.

- Eu só vou dizer uma coisinha para o nosso “companheiro” aqui – praticamente rosnou o africano. Depois, soltando o desafeto que se encolheu no chão, massageando a mão ferida, disse olhando-o diretamente nos olhos: - Seu irmão Terry morreu sabendo que há coisas na vida pelas quais vale a pena viver e outras pelas quais vale a pena morrer. Todos nós lutamos na guerra sabendo disso. Pense, enquanto você estiver levando essa vida inútil de jogador medíocre que você é, como seria o mundo se todos pensassem que é mais fácil fugir. Pense no que seria dos seus pais trouxas lá na Jamaica. Sim, seu panacão, eu sei que os seus pais são trouxas e que Terry tinha uma esposa trouxa e um filho mestiço. Você nunca se perguntou quem paga os estudos do seu sobrinho, não é? Você é importante demais para se perguntar coisas assim sem importância, não é mesmo?

- Por favor, Toni – disse pela terceira vez Harry. Ele sabia onde o amigo iria chegar. Muitas viúvas e familiares de vítimas da guerra haviam recebido uma generosa quantia em dinheiro do fundo criado pelo Ministério da Magia, mas que tinha no Eleito o principal doador. Toni também contribuíra com quantias razoáveis.

- Desculpe, Harry – disse o africano – Mas não é por que você é nobre demais que eu vou deixar esse idiota falar bobagens a seu respeito – e virando-se de novo para Apolo Cole, M’Bea vociferou com seu impressionante timbre de voz: - São caras como Harry e eu que ajudamos a engordar a ridícula ajuda do ministério. SE VOCÊ ACHA QUE NÓS SOMOS CRETINOS QUE GOSTAMOS DE APARECER, SEJA O CARA CRETINO E QUE GOSTA DE APARECER TAMBÉM E AJUDE AS PESSOAS, OUVIU BEM, SEU MERDA? – gritou Toni, abalando a sala, que parecia que havia sido sacudida por uma abalo sísmico.

- Eu... eu não sabia – gaguejou Apolo.

- O que você não sabe daria para encher várias enciclopédias bruxas e trouxas... – zombou o batedor de Uganda. Depois, virando-se para os demais, parecendo arrependido pelo descontrole momentâneo, desculpou-se: - Acho que me excedi um pouco. Desculpe, Draco, mas hoje não estou em condições de discutir mais nada. Tenham um bom dia.
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Sete e meia da noite. Harry se olhava no espelho, sentindo-se meio idiota por estar tão preocupado com a aparência. Normalmente era Rony quem se esmerava nas roupas e na arrumação pessoal antes de se encontrar com garotas. Depois da confusão da tarde no escritório de Draco, o jovem pensou seriamente em cancelar o encontro com Jane O’Neal. Na verdade ele nem sabia porque iria a esse encontro. A sua decisão foi uma reação idiota à visão de Gina dançando com aquele batedor. E depois descobriu que a ruiva nem tinha nada com o sujeito. “Admita, Potter, você é um imbecil que vai morrer virgem e infeliz”, cutucou-o mais uma vez o seu famoso e implacável monstro interior.

- Ora, cale a boca! – berrou de repente, tentando calar o ser monstruoso que mandava mensagens infames para a sua cabeça.

- Mas nós nem falamos nada... – disse Hermione, segurando o riso e se fazendo de ofendida.

- Tsc, tsc – fez Rony, abanando a cabeça em sinal de desaprovação – Brigando consigo próprio... Essa tensão do encontro com Baby Jane não está lhe fazendo nada bem.

Parados à porta da suíte, seus melhores amigos apreciavam, sem que Harry houvesse percebido, sua cuidadosa arrumação pessoal.

- Acho que vou ligar para ela e dizer que não vou ao encontro – disse o “garoto que sobreviveu” de maneira muito séria, uma leve náusea voltando a incomodá-lo. Odiava admitir que mais aquela armação do governo bruxo o havia afetado bastante. Sem mencionar a explosão de Toni contra Apolo Cole.

- Calma, Harry – disse Hermione de maneira muito profissional – Venha, sente-se aqui – a jovem apontou para a cadeira que ficava próxima ao espelho no qual Harry estava se mirando há pouco - Agora respire...

- Ei, é apenas um encontro, cara – disse Rony, tentando animar o amigo.

- O Harry não está assim só por causa do encontro, Ronald – repreendeu-o Hermione com uma entonação de voz que demonstrava que ele não estava sendo muito sensível, como sempre – Ele ainda não está bem e o estresse de hoje deve estar provocando um certo mal-estar, não é mesmo, Harry? – perguntou a medibruxa de maneira muito profissional.

- Bota mal estar nisso, amiga – ofegou Harry.

- Tome, beba um pouco dessa poção – ofereceu-lhe a jovem o conteúdo de um pequeno frasco. Daqui duas horas você toma outra dose.

Mais tarde, após a partida de Harry, Rony e Hermione estavam enlaçados assistindo um filme antigo trouxa no parelho de televisão na sala de Rony.

- Mi, você acha que o Harry vai... quer dizer, você sabe... – gaguejou o ruivo.

- Transar com Jane O’Neal – disse Hermione objetivamente.

- Bem... É.

- Não sei, Ronald. E não se atreva a perguntar isso ao Harry. Já chega a pressão dele ser virgem quase aos vinte e um anos. Mas, você quer saber? Isso não faz a menor diferença.

Rony ficou em silêncio durante os minutos seguintes. Sua mente viajando por caminhos longos e tortuosos, sua atenção bem longe do filme que era exibido na TV. O que não era normal, pois o ruivo adorava filmes trouxas. Era capaz de assistir ao mesmo filme várias vezes. Principalmente os filmes de ação. Mas não dispensava também romances e comédias.

- Diga, Ronald – falou Hermione, tirando o namorado dos seus devaneios – Eu conheço você muito bem. O que está incomodando essa sua cabeça ruiva?

- Você. Eu não entendo você, sabe? – disse o jovem, levantando-se e se afastando momentaneamente da agradável sensação que era ter a garota aconchegada junto a si.

- O que você não entende? – perguntou Hermione de maneira jovial.

- Bem, todo mundo sempre torceu para que o Harry ficasse com a Gina. Você sempre me disse que o Harry gostava dela, mesmo antes dele perceber isso. E agora...

- Agora eu pareço não me importar que o Harry saia com Jane O’Neal ou transe com ela. É isso?

- Sim, é isso.

- Rony, querido, você sabe o quanto eu amo o Harry e o quanto eu amo a sua irmã. Eu sinto que não importa o que aconteça, eles vão ficar juntos.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Eles se amam. Nenhuma Jane O’Neal vai mudar isso. Eu apenas não quero que o Harry tenha a sensação de que perdeu alguma coisa se não encontrar com a garota. Sua irmã teve namorados, mas ela não esqueceu o Harry. É mais forte do que eles.

- Gostaria de ter a sua convicção – disse Rony de maneira resignada e apertando a namorada contra o seu corpo. Sim, aquela era uma sensação muito agradável.
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NO PRÓXIMO CAPÍTULO, SEM FALTA, TCHAN, TCHAN, TCHAN, TCHAN... O QUE ACONTECEU ENTRE HARRY POTTER E JANE O'NEL
SERIA A "PREOCUPAÇÃO" DO RONY PROCEDENTE??? NÃO PERCAM...



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