ABRINDO O JOGO



AVISO IMPORTANTE!

1- DE NOVO MUDEI A ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS (BERNARDO FUGINDO DOS OVOS E TOMATES): OS CASAMENTOS (H/G E R/Hr) FICAM PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO, QUE É O EPÍLOGO! COM DIREITO A REGGAE E TUDO! E MAIS QUADRIBOL!

2- LEIAM “LEMBRANÇAS DO VELHO MALFOY”!

3- BOA LEITURA!













CAPÍTULO 57



Durante anos Pansy Parkinson foi a melhor amiga de Draco Malfoy. Se os pais de Draco não estivessem mortos, talvez tentassem um casamento entre eles, num daqueles arranjos ridículos, comuns entre famílias bruxas puro-sangue antigas e ricas. Talvez Pansy tenha gostado dele dessa forma algum dia e tenha alimentado algumas ilusões românticas. Mas isso passou. Ela foi, sobretudo nos últimos dois anos de Hogwarts, a pessoa a quem Draco havia confidenciado boa parte das suas angústias e das suas dúvidas.

Ele tinha certeza que os pais da amiga apoiariam de maneira entusiasmada o Lorde das Trevas se tivessem certeza da vitória dele. Como bons aristocratas que eram, apreciariam muito um mundo onde o poder do sangue e da riqueza fosse importante, mas eram apenas admiradores discretos, que de forma alguma arriscariam a sua boa vida lutando numa guerra incerta.

Pansy cursou uma ou duas universidades bruxas na França durante a guerra sem se formar realmente em nada. Provavelmente levaria uma vida de futilidade se Draco não tivesse lhe oferecido o emprego como sua assessora quando assumiu a presidência dos Cannnons. Onde ela se mostrara mais competente do que o amigo imaginava. Nunca mais voltaram a falar sobre política depois da guerra, mas o loiro imaginava, que como Zabini, a garota houvesse percebido que aquele mundo com o qual sonhavam os Comensais da Morte e (secretamente) muitos bruxos da classe alta havia se esfumaçado completamente após a guerra. Draco achou que ela fosse suficientemente perspicaz para aceitar o inevitável. Aqueles que simpatizavam com mestiços, trouxas e “sangues-ruins” haviam vencido e estavam no poder. E que esse mundo não era melhor ou pior do que qualquer outro.

Mas não. A idiota tinha que atraiçoá-lo.
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Horas antes da partida dos Cannons contra as Harpias, Severo Snape comparecera em pessoa no escritório de Draco.

- Você foi visto visitando a sua tia em Azkaban – disse sem cerimônia e sem preâmbulos o ex-espião da Ordem da Fênix – Provavelmente deixou-lhe uma varinha. Que ela misteriosamente não usou.

Depois desse comentário chocante (bem do agrado do ex-professor), Severo explicou que dois aurores estavam presos no Ministério da Magia. Dois traidores não identificados na época da guerra. Adeptos de Voldemort. Remo Luppin e sua esposa Ninfadora vinham fazendo um ótimo trabalho como espiões do ministério. Desde de que assumira interinamente, Snape iniciou uma investigação tão rigorosa quanto sigilosa a fim de descobrir possíveis adeptos das trevas ainda infiltrados no ministério. E descobriu que havia homens de negócios e outras figuras respeitáveis do mundo bruxo que ainda defendiam aquelas idéias extremistas derrotas na guerra. Interrogados sob veritasserum os aurores, que tiveram sua memória devassada pelos homens de confiança de Snape, relataram a visita de Draco Malfoy a sua tia. Pedindo sigilo, que os adeptos das trevas tiveram prazer em conceder, julgando que os interesses do jovem fossem tão escusos quanto os deles.

- Eu jamais estive em Azkaban! – indignou-se Draco – Nem mesmo quando Lucio esteve preso lá. Por que eu iria visitar aquela lunática da minha tia?

- Mas, Severo...

- Eu andei investigando, Draco – interrompeu o ministro interino – Quando ocorreu a suposta visita, você estava na América do Sul.

- E por que, diabos, você disse que eu visitei Bella, então? – perguntou Draco irritado.

- Avaliar a sua reação – retrucou calmamente Snape – Eu precisava ter certeza absoluta.

- Agora que você já terminou com o seu joguinho – vociferou Malfoy – Pode me explicar o que está acontecendo?

E Severo explicou. Com certeza poção polissuco. O visitante contava com a cumplicidade dos aurores para que sua visita passasse desapercebida. Mas, no caso de alguma coisa não sair como o esperado, jogaria o ministério na direção errada, investigando Draco Malfoy, enquanto o verdadeiro culpado se escondia.

- Bella sabia sobre o casamento do seu amigo Potter. Algo que nem eu sabia ainda – disse Severo – Pense, Draco, quem teria acesso a uma parte sua como um fio de cabelo para preparar a poção e estaria tão próximo para saber do casamento do Potter e da jovem Weasley.

E Draco pensou. E a resposta era óbvia.
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- Por favor, Pansy. Não ofenda a minha inteligência perguntando o que eu quero com você a essa hora.

- Mas...

- Toda hora passando a mão no meu cabelo, tirando fios de cabelo das minhas roupas. Você andou fazendo poção polissuco ultimamente, Pansy? Como anda minha tia Bellatriz? Tem levado varinhas para ela nos últimos tempos?

Pansy Parkinson ficou calada por vários segundos. Ela realmente não imaginou que seria descoberta em sua traição tão rapidamente. Finalmente a garota manifestou-se. E havia uma frieza na sua voz nunca vista por seu amigo.

- Eu pensei que todos estavam enganados sobre você, sabe? Eu disse que você só estava fingindo. Mas não, você tornou-se um lacaio de Harry Potter e daqueles traidores e sangues-ruins que o cercam!

- E eu pensei que você tivesse percebido o mundo em que nós vivemos hoje! Você acha que existe espaço ainda para essas idéias fanáticas?

- Eu não aceito viver num mundo onde o sangue não tem a menor importância! Você sabe como está minha família hoje? – gritou a jovem.

- Pelo que eu sei, todos estão em ótima forma e aproveitando muito bem o seu dinheiro – ironizou Draco.

- Sim, mas nós não temos mais poder, prestígio, influência! Meu pai nem mesmo conseguiu se candidatar para o Grande Conselho!

- Estou morto por dentro... – disse o loiro mais uma vez com ironia.

- NÃO OUSE ZOMBAR DE MIM, DRACO! – gritou Pansy – VOCÊ ACHA QUE EU SOU ALGUMA IDIOTA?

- Só os idiotas perguntam isso – retrucou Draco calmamente – Sabe por que eu chamei você aqui, Pansy?

A amiga de Draco acenou negativamente.

- Por que eu esperava que você tivesse uma boa desculpa para a sua traição. Tipo, seus parentes estão sendo usados como refém. Você está sob ameaça de morte ou sob uma maldição Império. Severo Snape queria colocar você em Azkaban imediatamente. Mas o idiota do seu amigo aqui imaginou que você tinha um bom motivo para a sua traição suja! Você vê, acho que a convivência com aqueles grifinórios está me afetando.

- Você deveria ter chamado seus amigos do ministério, Draco – disse Pansy com um uma expressão lunática. Draco assustou-se ligeiramente. Ele nunca havia visto aquela expressão na sua amiga. Ainda mostrando-se calmo, o loiro advertiu:

- Eu não disse para Severo Snape que você viria aqui hoje. Eu gosto realmente de você, sabe? Eu queria te dar uma chance. Até de fugir, uma vez que você é uma idiota!

- Não, eu não vou fugir – disse a jovem, puxando a varinha – Você lembra como eu era ruim em feitiços? Pois é, eu melhorei. Eu tenho treinado. Adeus, Draco. Eu sinto muito que acabe assim. AVADA KEDAVRA!
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A última coisa de que o loiro se lembrava era da luz verde e das palavras “amigáveis” de Pansy Parkinson pronunciando a maldição da morte. Bom, se isso é a morte, inegavelmente é bem pior do que imaginou.

Tudo, absolutamente tudo doía e o pior é que alguém com a cara, a cicatriz e os olhos verdes de Harry “testa rachada” Potter olhava para ele com ar preocupado.

- Ah, Potter, se for você mesmo aí me encarando e eu não estiver morto, por favor, me traga uma cerveja amanteigada gelada. Sabe como é, morrer dá a maior sede.

Potter não disse nada. Apenas puxou a cadeira onde se acomodava mais para perto da cama e o abraçou. Draco Malfoy não sabia o que fazer. Ser abraçado pelo Potter Perfeito talvez realizasse a fantasia de nove entre dez garotas bruxas e também de alguns marmanjos menos ortodoxos, por assim dizer. Mas Draco, a princípio não sabia o que dizer ou o que fazer. Quando se preparava para emitir um dos seus famosos comentários ácidos, algo aconteceu com ele.

Começou a tremer incontrolavelmente, como se fosse afetado por mil convulsões. Tinha uma vontade insana de chorar e berrar e se agarrou a Harry Potter, que conteve os seus tremores, segurando-o firmemente. Era constrangedor. Logo ele, que sempre havia sido tão controlado. Aquilo durou bem uns dez minutos. E o tempo todo Potter o segurou como se ele pudesse quebrar. O pior é que tinha a impressão de que realmente quebraria se não fosse amparado pelo “garoto que sobreviveu”.
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Pansy Parkinson havia lançado sobre Draco uma maldição da morte, uma das “Maldições Imperdoáveis”, que davam a quem as invocasse uma sentença de prisão perpétua em Azkaban.

Acontece que não basta lançar uma maldição como essa esperando que o seu oponente simplesmente caia morto. O falso professor Moody havia dito isso para os quartanistas de Hogwarts, sete anos atrás. Bellatriz Lestrange zombara de Harry Potter quando o garoto, no ano seguinte, tentara lançar-lhe uma maldição cruciatus, outra das chamadas “Imperdoáveis”. Harry não possuía na época nem poder nem maldade para tanto.

Pansy, Draco reconhecia, apesar da grande amizade dos dois, havia se formado na escola como uma bruxa pouco acima da mediocridade, melhor apenas no seu ano em Hogwarts do que Crabe e Goyle na Sonserina. Talvez se ela tivesse a oportunidade de lançar-lhe uma segunda maldição o loiro estaria morto nesse momento. Mas não teve. Harry Potter não havia permitido.

Após a vitória sobre as Harpias, no vestiário festivo dos Cannons, Toni M’Bea e Vera Ivanova deram por falta do sarcástico e arrogante presidente do time. Estranhamente Zabini esperava o time laranja na saída do vestiário com ar preocupado.

- Onde está o “Grande Presidente”? – perguntou um feliz e irônico Rony Weasley.

- Aquele cabeçudo pode estar em perigo – explicou rapidamente o assessor de Draco.

Malfoy disse que tinha um encontro importante e Blás Zabini, que tinha ouvido um trecho da conversa com Severo Snape, desconfiava da sua antiga colega de Hogwarts, Pansy. Havia entreouvido a história da traição e, diferentemente do loiro, imaginava que a jovem Parkinson, se fosse realmente uma traidora, não teria com o amigo apenas uma conversa civilizada. Zabini não era exatamente um sujeito corajoso. Ele jamais havia se envolvido com os Comensais da Morte e queria distância da Srta. Parkinson se ela fosse uma. Mas precisava defender aquele que lhe pagava o salário. Essa era o máximo de lealdade a se esperar de um sonserino, constatou Toni sombriamente.

Ainda com os cabelos molhados do banho após a partida, os jogadores, acompanhados por Hermione e Ivanova, desaparataram da porta do estádio no Beco Diagonal e aparataram na frente do edifício que abrigava a sede provisória das Organizações Potter-Malfoy, frustrando uma multidão vestida de laranja, disposta a comemorar mais um triunfo com os seus ídolos.

Ao subir correndo as escadas (havia feitiços que os impediam de aparatar dentro do prédio) que conduziam ao escritório de Draco, todos viram assustados a luz verde que não deixava dúvidas. Aqueles que lutaram na guerra conheciam muito bem uma maldição de morte. Antes que Pansy pudesse lançar uma segunda, que provavelmente seria fatal, foi desarmada por Harry. E nocauteada por um soco certeiro de Toni.
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- A desgraçada tentou me matar! – repetia Draco a todo instante.

- Descanse agora – disse novamente Hermione após examiná-lo.

Eram duas horas da manhã e apenas Harry e Hermione estavam no quarto do hospital St. Mungus. A jovem medibruxa explicou a natureza da crise que Malfoy tivera oras atrás. A maldição recebida, mesmo não tendo força suficiente para matá-lo, causava cedo ou tarde uma crise nervosa que descontrolava os movimentos, provocava espasmos musculares, crises de choro, tremores, taquicardia e mais uma infinidade de sintomas que variavam de pessoas para pessoa.

Harry, Rony e outros combatentes da Força Aérea haviam sofrido com Avada Kedavras. Infelizmente havia os que sucumbiram perante maldições lançadas com ódio e competência por Comensais da Morte. Felizmente, aqueles que lançaram essa maldição sobre os rapazes que Hermione mais amava no mundo, eram bruxos medíocres como a amiga de Malfoy. Mas, uma Hermione que na época não tinha a experiência dos dias atuais, presenciara dos meninos crises semelhantes à do loiro. E por isso exigiu que Harry ficasse por perto, impedindo que os tremores e as convulsões do presidente dos Cannons se tornassem mais violentas sem alguém a ampará-lo, enquanto ela conferenciava com os outros curandeiros.

- Quem diria – brincou a jovem curandeira – Você abraçado ao Harry! Estavam tão bonitinhos assim...

- Você não respeita um pobre moribundo, Doutora Granger – rosnou Draco, a voz ficando cada vez mais enrolada em função da poção que Hermione lhe dera para dormir.

- Ele está melhor. Até já está reclamando e fazendo piadinhas cretinas – falou Harry, arrumando a coberta sobre o seu sócio e se retirando em seguida do quarto.
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Nos dias subseqüentes os jornais bruxos entraram em polvorosa. A tentativa de assassinato sofrida por Draco trazia de volta as lembranças dos horrores da guerra. Reportagens atestavam que o jovem Malfoy, “que tanto se esforçou para seguir um caminho correto na vida” não merecia ser atacado “covarde e perfidamente por uma amiga, convertida ao partido das trevas”.

- Ele está bem e está descansando – disse Harry à mídia do mundo bruxo.

Harry, Hermione e Toni (capitão do time dos Cannons) eram os únicos a dar declarações.

- É verdade que você vai assumir o comando dos negócios das Organizações Potter-Malfoy, Potter? – questionou um jornalista de uma publicação de economia, que fazia sucesso junto ao público bruxo rico dos países de língua inglesa.

- Malfoy reassumirá dentro em breve – explicou o Eleito – Eu apenas vou representá-lo em algumas reuniões.

Na verdade Harry ficou feliz pelo fato de que só no final da outra semana haveria novos jogos da Liga Britânica. Na semana que se seguiu à internação do seu sócio, o rapaz teve que cumprir, pela primeira vez na vida, o papel de homem de negócios. Acompanhado o tempo todo por Gui Weasley e por Olívio Wood, ele compareceu a jantares, reuniu-se com investidores, assinou documentos e foi obrigado a distribuir cumprimentos e sorrisos mais do que em qualquer outro momento dos seus vinte e um anos de vida.

Ao fim dos dias, estava esgotado, com câimbras no maxilar e tinha vontade de vomitar todas as refeições. Ficava tão preocupado com possíveis erros cometidos, que a comida dos almoços ou jantares de negócios lhe caía muito mal no estômago. Se não fosse Gina encontrar quase todas as noites com ele, no seu apartamento, no Beco Diagonal, ou na Toca, Harry teria enlouquecido.

- Ah, isso é muito bom – suspirava o rapaz, enquanto a ruiva lhe massageava os ombros tensos.

– Meu pobre homem de negócios – confortou-o a menina.

- Sério, não sei como o Malfoy agüenta essa vida – disse Harry, pela primeira vez sentindo pena do loiro – Prefiro mil vezes jogar contra os batedores dos Vagamundos de Wigtown do que negociar com aqueles japoneses! “Non, ‘Ary Potero-san’” – imitou Harry de maneira hilária os bruxos japoneses – “Nós non queremos controrar o time dos ‘Canoros’, apenas queremos todas as suas ações, ‘Ary Potero-san’, e queremos mudar o uniforme para uma ‘coro’ mais discreta, né?”

Gina gargalhou com vontade. Harry sabia ser engraçado quando queria. Gui, o seu irmão, havia lhe dito que o noivo era um ótimo e duro negociador. Havia obtido junto aos japoneses um grande acordo. Os bruxos nipônicos investiriam uma boa soma nas Organizações Potter-Malfoy, que na prática era a proprietária dos Cannons. Teriam o direito de vender uniformes e suvenires do time laranja no país deles, negociar as partidas ao vivo para o Japão através da TV Bruxa local (“A magia da informação, agora no Oriente”) e ainda negociar produtos das Gemialidades Weasley nas lojas especializadas em artigos de quadribol, sem prejuízo para os gêmeos e para a parcela da empresa que estava sob a responsabilidade da organização de Draco e Harry. E tudo isso sem permitir que os orientais se apropriassem do time e mudassem, para o desespero dos fãs, a cor laranja para uma “coro” mais discreta.

- “Ary Potero-san” merece descanso – brincou com ele Gina – E merece relaxar também – sussurrou no ouvido do rapaz, arrepiando-o inteiro.

- E a senhora saberia como fazer isso, futura Senhora Potter? – perguntou o garoto, sedutor.

- Tenho algumas idéias a respeito – disse a ruiva antes de beijá-lo.
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- Você dobrou mesmo aqueles japoneses, Potter – dizia Draco Malfoy no dia seguinte - Estou impressionado!

O loiro já estava bastante bem e começando a reclamar da comida do hospital e ficar impaciente com a inatividade. Hermione, contudo, e os demais curandeiros, acharam por bem mantê-lo sob observação por mais uns dias. Ninguém sabia ao certo o que uma maldição de morte, ainda que lançada de maneira ineficiente, poderia causar.

Foi um Draco estranhamente bem humorado naquela manhã, contudo, que elogiava o desempenho empresarial do sócio.

- Anh, Malfoy – disse Harry um tanto sem jeito – Eu tomei algumas medidas enquanto você estava sendo proibido de discutir os negócios pelos curandeiros.

- Oh, não! – gemeu o loiro de maneira teatral – Aposto que você doou mais alguns milhões para as criancinhas pobres, como um maldito comunista que você é.

- Isso também – retrucou Harry tranqüilamente – Na verdade foram os japoneses que garantiram esses milhões para demonstrar boa vontade. “Responsabilidade social”, como dizem os trouxas.

- Potter, você arrancou dinheiro para a caridade dos japoneses? – perguntou Draco impressionado – Isso foi antes ou depois de ameaçá-los com Cruciatus?

- Ah, isso foi fácil. Eu apenas fechei um acordo para os Cannons jogarem no Japão no ano que vem.

- Espero que eles nos paguem pelos jogos.

- Pagarão muito bem – sorriu Harry orgulhoso.

- Então, o que mais você andou aprontando na minha ausência?

- Você sabe, que não fica bem para o Gui trabalhar no Banco Gringotes com o seu pai sendo ministro da magia. As pessoas diriam que ele favoreceria o governo e o banco dos duendes é absolutamente independente.

- Eu sei. Eu convidei o seu cunhado para trabalhar conosco na semana passada. Ele não deu... espere aí! Você conseguiu convencê-lo a trabalhar nas Organizações Potter-Malfoy em tempo integral?

- Na verdade, sim! E Olívio Wood também.

- Wood? Ele disse pra mim que não sairia do sindicato. O que você usou para convencê-los? Maldição Império?

- Não, eu apenas pedi para eles.

- “Eu apenas pedi para eles” – imitou Draco a voz grave de Harry – Você é uma figura mesmo, Potter! Apenas pediu para eles...

- Você aprova?

- Se eu aprovo? É claro que aprovo, seu tonto! E obrigado de novo, Potter. Está se tornando monótono esse negócio de você salvar a minha pele.

- Eu salvei você antes? – perguntou Harry surpreso.

- “Apenas” de Azkaban, cara. Sabe, a minha vida não era grande coisa na época, mas ainda assim era a única que eu tinha. Obrigado.
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Harry estava realmente feliz naquela quarta-feira. Quase eufórico. Conseguiu convencer Hermione, que sabia dirigir e possuía um cartão de crédito trouxa, a alugar uma automóvel e rumaram, ele, a amiga e o casal de irmãos Weasleys para as imediações de Chudley, que não ficava muito longe da Toca, onde o rapaz disse que precisava mostra-lhes uma coisa.

- Por que não podemos simplesmente aparatar? – perguntou Rony.

- Porque não é possível na área que vamos visitar- explicou Harry cheio de segredos.

A viagem havia realmente sido agradável. Eles almoçaram num pequeno pub a beira da estrada e a presença daqueles quatro jovens parecia arejar o sisudo estabelecimento. O dono do pub deu de boa vontade a sobremesa sem cobrar. Disse que não era todo dia que a casa recebia jovens tão simpáticos como eles.

Após a refeição, o automóvel, guiado por Hermione, dirigiu-se para uma região aparentemente despovoada. Harry orientou a amiga para que fizesse uma curva numa parte da estrada onde não havia placas e que não parecia conduzir a lugar algum. Realizada a manobra, saíram, como que por encanto, numa área com gramados muito verdes, que separavam algumas casas bonitas umas das outras.

Sempre orientada pelo amigo, Hermione estacionou o carro em frente a um dos gramados com um caminho de pedras que conduzia a uma das belas residências do lugar.

- Vamos entrar – disse Harry muito animado.

Era uma bela casa. Uma sala de estar ampla, com lareira, um espaçoso escritório e biblioteca anexos, uma aconchegante sala de jantar, além de uma cozinha e copa ocupavam o térreo. Nos dois andares acima, havia quatro quartos muito espaçosos, todos com banheiros próprios, além de outro escritório menor e definitivamente mais aconchegante ainda. Havia também um banheiro independente, além dos dois do andar térreo.

- Bom, ninguém vai ficar apertado nessa casa – disse Rony de bom humor.

- Tudo isso é um condomínio para bruxos que querem sossego – explicou Harry – O vocalista das Esquisitonas mora na primeira casa, logo na entrada. Gostou da casa, Gina?

- É linda! – disse a garota, com ar sonhador.

- Bom, ainda bem que você gostou. É nossa!

- Sério?

- Hamham – concordou Harry – A empresa bruxa que comprou a área e construiu o condomínio faliu. Malfoy comprou-o para investir e diversificar os nossos lucros, como ele diz. Contratamos uma firma para administrar as vendas e... adivinhem!

- Você comprou essa casa? – arriscou Rony.

- A imobiliária que está operando as vendas está tão contente e ganhando tantos galeões que me deu essa casa. Na verdade eles deram uma para mim e a do lado para o Malfoy.

- Nossa! – repetia Gina a todo momento, incapaz de expressar a felicidade que sentia.

- Não acredito que o Malfoy vai mudar da mansão da família – disse Hermione.

- Mas ele não vai mesmo! “O que eu faria numa casa com apenas quatro quartos, Potter?” – imitou Harry a voz arrastada de Draco Malfoy – “Não há nem mesmo uma masmorra para aprisionar os inimigos!”

Enquanto os irmãos Weasleys e Hermione riam da imitação de Harry, esse parecia esconder alguma coisa. Quando a amiga estava para perguntar o que o perturbava, o Eleito perguntou a ela e a Rony:

– Vocês não acharam ainda uma casa, não é mesmo?

O casamento dos amigos estava próximo, mas estava difícil encontrar um imóvel que agradasse Hermione. Cogitavam até mesmo ficar na Toca ou no apartamento do Beco Diagonal, enquanto não encontrassem uma residência que os agradasse.

- Ainda não, Harry – disse Hermione insegura.

- Vocês a aceitariam? – perguntou Harry, tímido – Como presente de casamento? Ela é idêntica a essa. Bem, só a biblioteca é um pouco maior. Imaginei que a Mione gostaria.

- Você está nos dando uma casa de presente? – perguntou Rony, abismado – A casa do Malfoy?

- O Harry já explicou que o Malfoy não quer a casa, Rony – ralhou com ele a irmã.

- De repente, se vocês não ficarem com a casa, pode vir morar aqui algum bruxo rico esnobe – choramingou Harry – Eu e Gina detestaríamos isso, não é mesmo?

- Sim, isso faria a gente muito infeliz!– disse a ruiva, segurando-se para não rir.

- Escutem, Rony e Mione – falou Harry muito sério – Eu já disse que vocês foram a primeira família que eu tive. Não, escute antes, Rony! – interrompeu ao amigo, que pretendia manifestar-se – Não importa o que vocês digam ou pensem, eu sempre estarei em débito com vocês. Essa casa não é nada, perto do que vocês representam para mim. Perto do que vocês fizeram por mim Eu nem mesmo paguei por ela. Peço que vocês aceitem. Vocês me fariam muito feliz. Por favor.

Quando Harry acabou o discurso, Hermione tinha o ar de quem estava prestes a chorar. Rony abria e fechava a boca, como um peixe tirado do aquário, e mudo como um.

- Vocês vão aceitar, não é? – perguntou Gina – Vocês não fariam isso com o Harry. E se um Comensal da Morte viesse morar na casa ao lado? E se um trasgo montanhês rico a comprasse? E se algum sonserino perverso...

- Ta legal, Gina! – interrompeu-a Rony – Nós já entendemos. Você... – disse Rony, apontando o dedo para o amigo. Mas não encontrava palavras. Estava muito emocionado – Ah, vem cá! – disse por fim, abraçando Harry.

Como se fosse uma jogada ensaiada por Vera Ivanova, Hermione abraçou os dois garotos e Gina abraçou a amiga.

Hum-hum – pigarreou da porta Draco Malfoy – Vejo que cheguei a tempo de participar da festividade chorosa dos meus amigos grifinórios. Mas nada de abraços, por favor. Odeio amassar as vestes.
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Draco Malfoy recebera alta naquela tarde. Para fugir do assédio da imprensa bruxa, havia se refugiado no condomínio Parque dos Magos (era o nome do empreendimento). Goyle o havia conduzido até o local, na companhia de Jane O’Neal. A garota, aliás, o visitava sempre que conseguia escapar dos treinos do seu time na Irlanda. Na verdade, ele morreria se admitisse, mas estava se sentindo muito só. Uma das poucas pessoas que considerava amiga tentara matá-lo a serviço, talvez, de Comensais da Morte que não percebiam que não havia mais lugar no mundo para aquele tipo obsessão com a pureza do sangue, tão a gosto dos lunáticos que se perfilaram ao lado do Lorde das Trevas.

Aqueles grifinórios, por sua vez, não saíram do seu lado. Toni, com esposa e filhos, Hermione, Harry e até mesmo o “Ruivo Maluco” Weasley e sua irmã mostraram preocupação com ele mais do que já recebera em algum momento de sua vida. Sabia que iria encontrá-los no Parque dos Magos. Não sabia exatamente porque, mas era perto daquelas pessoas que queria estar nesse momento.

- Espero que tenha aceitado o presente do Potter, Weasley – disse o loiro com a sua voz arrastada – Não adianta. Eu não vou querer aquela casa de volta. Ela não tem classe o suficiente para uma pessoa como eu.

- O Harry deu uma casa para vocês? – perguntou Jane incrédula – Puxa! Bem que o Draco disse que você era demais!

- Ele disse, é? – perguntou Harry interessado.

- Eu estava sob o efeito de analgésicos – desconversou Draco, assumindo uma ligeira cor rosada.

– Ele falou que gostava do Harry depois daquele jogo na Irlanda – falou Gina, apreciando o constrangimento do presidente dos Cannons.

- Claro que eu gosto do Potter – retrucou Malfoy impaciente – Ele me faz ganhar milhões de galeões.

- Vamos, admita, Draco – disse Baby Jane – Você o elogiou a viagem inteira.

- Eu disse – respondeu o loiro como quem encerra a questão – Foram as poções analgésicas.

- Sei – rendeu-se aparentemente a jogadora da Irlanda, mas sem acreditar em uma palavra do que o loiro dizia.
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De uma forma geral, Norman Benton odiava e queria distância do mundo trouxa. Sentia profundo desprezo pelos trouxas e pelos bruxos que insistiam em se confraternizar com eles. Seu sonho era viver num mundo em que o nascimento, a família e a pureza do sangue se impusessem na sociedade bruxa e se impusessem sobre o mundo dos trouxas.

Mas tinha que admitir que os hotéis trouxas da Inglaterra eram bem melhores do que os hotéis bruxos. Ele adorava aquele país. Seus conterrâneos norte-americanos não davam a devida importância à linhagem e às tradições familiares. Nunca foram capazes de produzir um líder como Voldemort. Pena que o Lorde das Trevas sucumbiu, derrotado por esses amantes de trouxas e de sangues ruins. Benton, um homem rico e consultor de uma infinidade de empresas bruxas, tinha um objetivo na vida: restaurar a crença salutar na superioridade dos bruxos de puro sangue. Sutilmente ele tentava passar essas idéias para aqueles que pagavam pelos seus serviços. Discretamente buscava organizar aqueles que eram solidários com as sua idéias.

Apesar dos reveses que sofrera junto ao jovem Senhor Malfoy (*) e com a impossibilidade de organizar aqueles que partilhavam das suas idéias na Inglaterra, derrotados inapelavelmente por esse patético Arthur Weasley, o Senhor Benton entendia que a sua estada nesse lado do Atlântico não havia sido de todo perdida. Não até aquele momento.

- Quem diria, o racista nojento aprecia hotéis trouxas – zombou dele uma moça de cabelos rosa chiclete.

- Por favor, Senhora Luppin – advertiu um homem vestido todo de preto, com longos cabelos ligeiramente oleosos – Assim o nosso convidado nojento vai pensar que não gostamos que americanos nojentos visitem o nosso país – acrescentou de maneira sarcástica, um brilho maldoso faiscando nos seus olhos negros.

Norman Benton foi surpreendido e quase gritou, quando ao acender a luz dera de cara com três pessoas na sua suíte. A moça de cabelos cor de rosa, que fora chamada de Senhora Luppin, o ainda ministro interino Severo Snape e um homem alto, pálido e de cabelos grisalhos.

- Aceita um drinque, Benton? – perguntou o homem pálido calmamente, servindo-se de um cálice do excelente vinho que o americano havia encomendado naquele dia e não havia sequer experimentado.

- O que diabos significa isso? – vociferou o ianque – Eu vou informar ao ministério!

– Pode informar, meu caro – caçoou Severo Snape – eu ainda sou o ministro, lembra?

- Mas o que...

- O nome Pansy Parkinson representa alguma coisa para você? – interrompeu-o o ministro interino.

- É claro que não!

- Ele respondeu depressa demais – zombou a moça de cabelos rosas – O nome dela está em todos os jornais bruxos.

- Pansy Parkinson está presa e confessou que um norte-americano está tentando estabelecer conexões na Inglaterra com antigos simpatizantes de Voldemort – explicou o homem pálido – Infelizmente para nós e felizmente para você, ela nunca viu o sujeito.

- Vocês não possuem prova alguma de que eu esteja reunindo homens de negócios e empresários – disse o americano, parecendo aliviado com o fato de nunca ter se apresentado para peões inúteis como aquela Parkinson.

A risada estridente da moça de cabelos cor de chiclete assustou e arrepiou Norman Benton. Os homens também sorriam.

- Engraçado – disse Snape – Ninguém havia mencionado homens de negócios e empresários.

- Vocês... vocês... – atrapalhou-se o homem de negócios.

– Sei, não temos provas. Reunir-se com homens de negócios, mesmo suspeitos de simpatia com o lado das trevas, não constitui crime. Ainda. – disse Severo friamente.

- Mas nós vamos lhe dar um recado, Senhor Benton – disse o homem pálido.

- Ou enfiar o recado no seu rabo, se você se fizer de besta de novo – acrescentou a moça.

- Arthur Weasley mandou vocês, não é?

- Não, o ministro não tem tempo para perder com insetos como você – desdenhou Snape.

- Tarefas como a de assustar baratas, ele delega para pessoas como nós, que estamos acostumados a lidar com a escória – disse a garota, com um visível ar enojado.

- A verdade é que não queremos você na Inglaterra. E antes que você diga que tem o direito de ir para onde quiser, eu digo que você não tem – apartou o homem pálido.

- Se eu souber que você andou se reunindo com outros insetos como você, Benton, o Ministério da Magia do Reino Unido vai esmagá-lo – ameaçou o ministro interino – Você não gostaria de nos ter como inimigos, eu garanto.

- Eu sou um cidadão bruxo norte-americano...

- Sim, você é – concordou o homem de cabelos grisalhos – E o vice-presidente da comunidade bruxa do seu país lhe mandou um recado.

- Aquele sangue ruim! – protestou o ianque.

- Sim – concordou de novo o homem pálido – Aquele “sangue ruim”, o Senhor Julius Halfenus Armstrong III (**) disse que está de olho em você. E mandou que a gente...Como ele falou mesmo, querida? – perguntou para a moça, com quem parecia ter muita intimidade.

- Mandou a gente chutar a sua bunda branca e aristocrática – ela explicou.

– Resumindo, Benton – disse Severo Snape como quem encerra uma discussão – Nós não gostamos de você, seu vice-presidente não gosta de você. Você tem até a manhã de amanhã para sumir desse país. Senão...

- O ministro recém eleito também mandou um recado para você – disse a jovem dos cabelos rosas.

– Se ele souber de qualquer coisa sua que prejudique uma das pessoas que ele ama, você será um homem morto – explicou-lhe Severo Snape.

- Essa ameaça é... é...

- Ah, não é uma ameaça, Benton – disse o ex-professor quase sorrindo – É um comunicado. E eu mesmo vou matá-lo. E teria um prazer imenso em fazer isso.
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(*) Capítulo 39.

(**) O vice americano apareceu pela primeira vez no capítulo 44.


















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