MUITA EMOÇÃO VIRÁ



- Então é isso, Arthur – disse o Professor Severo Snape, ministro interino da magia do Reino Unido – Ninguém sabe como aquela varinha foi parar na sela de Bellatriz Lestrange e nem a razão pela qual ela não tentou usá-la.


– Bem, Severo, isso apenas confirma a necessidade dos meus termos.


Arthur Weasley vinha sendo pressionado a aceitar a indicação de ministério da magia da Grã Bretanha. Numa sala do ministério, ele se reunia com o atual ministro Severo Snape, Alvo Dumbledore, Quim Shacklebolt e mais três membros do Grande Conselho Bruxo, a quem cabia a escolha da mais alta autoridade do mundo bruxo britânico.


- Quais seriam os seus termos, Senhor Weasley? – perguntou um homem corpulento, com uma bem aparada barba grisalha.


- Eu quero o reconhecimento oficial do governo à Ordem da Fênix e verbas para o seu funcionamento – disse tranqüilamente o homem ruivo de meia idade – Quero segurança integral para Harry Potter, para os pais de Hermione Granger e para a minha família. E quero pessoas da minha confiança cuidando desta segurança.


- Ora, mas isso é... – ia dizendo um outro membro do Conselho.


- Isso é o mais sensato a fazer – interrompeu Snape – Alguém tentou libertar Bellatriz. Alguém a vem informando sobre tudo o que ocorre com Harry Potter. Alguns bruxos ricos e preconceituosos não estão gostando do atual status do mundo bruxo.


- Se vocês não conseguirem convencer o Conselho, eu não aceito o cargo – deliberou o Sr. Weasley tranqüilamente – Eu não tenho apetite pelo poder. Se vocês negarem o meu pedido, irei organizar a Ordem por conta própria para zelar pela minha família e pelas pessoas próximas a ela.


- E criaria uma força ilegal paralela ao poder do Ministério – constatou o homem de barba.


- É uma maneira de ver as coisas – retorquiu friamente Arthur.


- Sua filha vai se casar com Harry Potter, não é mesmo? – perguntou um homem idoso com uma calva brilhante, que usava uma chamativa túnica púrpura.


- Não vejo a relevância disso – retrucou o Sr. Weasley.


- O fato de você não vê-la não significa que ela não exista – disse o homem de púrpura – Os membros do conselho ficariam felizes em ter um ministro que conta com o apoio do Eleito. Há boatos assustadores sobre o poder do garoto Potter. É verdade que ele consegue fazer mágica sem varinha?


- Desculpe, senhores, mas essa reunião esta se afastando dos seus objetivos – apartou Alvo Dumbledore, que até então se mantinha em silêncio – Arthur não está aqui para falar de Harry Potter. Sim, acima de tudo Arthur é amigo do rapaz, assim como eu. Mas não iremos usá-lo como garoto propaganda ou exibi-lo como um trunfo perante o Conselho. Se vocês acham que ele se deixaria manipular dessa forma, não o conhecem. Todos deveriam estar preocupados com aqueles que parecem querer a volta das trevas entre nós.


- Por isso, professor – disse o homem de barba – Não seria mal se Potter estiver ao lado do ministério.


- Oh, mas ele estará – tranqüilizou-o o ex-diretor de Hogwarts – Mas não por lealdade ao ministério e sim por lealdade a Arthur Weasley, assim como todos nós estaremos, diga-se de passagem – acrescentou o homem idoso, seus olhos brilhando atrás dos seus pequenos óculos de meia lua. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


- Você apoia a indicação de Arthur Weasley para ministro da magia da Grã-Bretanha? – perguntou uma jornalista.


- Você vai mesmo se casar com Gina Weasley? – perguntou praticamente ao mesmo tempo uma repórter da TV Bruxa (“a magia da informação chegando ao seu lar”).


- A resposta é sim – disse tranqüilamente Harry – Para as duas perguntas.


A última e mais aguardada etapa da entrevista coletiva dos Cannons envolvia Harry Potter, Gina Weasley e Draco Malfoy. O compromisso entre Harry e Gina e a eleição do ministro da magia haviam se sobreposto ao quadribol, embora os três entrevistados fizessem o possível para voltar ao esporte sempre que possível.


- Você espera, com Arthur Weasley no ministério, poder jogar na seleção? – perguntou um jornalista de meia idade, de uma publicação bruxa escocesa.


- Eu espero jogar na seleção, não importa quem seja o ministro – retrucou Harry.


- E Baby Jane O’Neal? – quis saber Anna Skeeter, da revista “Bruxa Semanal”.


- Suponho que esteja treinando na Irlanda – respondeu Harry, o humor involuntário da resposta arrancando risadas dos jornalistas.


- Como você se sente, tendo fisgado um dos solteiros mais cobiçados do mundo bruxo, Srta.Weasley?– insistiu a mulher.


- Muito bem – respondeu Gina simplesmente.


- Mas, ele sendo assim tão assediado...


- Ah, sim – sorriu Gina – Lá em casa nós temos uma masmorra bem confortável para abrigar noivos muito assediados. É uma tradição da família Weasley, sabe?


Os risos dos jornalistas calaram a Srta. Skeeter, que ainda pretendia continuar incomodando o casal.


- Escutem aqui – disse Draco Malfoy, a voz ampliada magicamente se sobrepondo à algazarra da imprensa bruxa – O Sr. Potter e a Srta. Weasley não vão mais responder questões sobre política ou sobre a sua vida pessoal. Eles se casarão sim, em lugar e data que só interessam aos amigos. Se vocês quiserem perguntar algo sobre quadribol, temos mais alguns minutos, senão está encerrada a entrevista. Eles ainda treinarão hoje. Precisam estar em forma para erguer o troféu da Liga Britânica. Ouvi dizer que a taça é pesada...


- Erguer o troféu? – indagou indignado um bruxo galês, certamente um torcedor das Harpias, que também disputaria o título da Liga.


- Foi o que eu disse – retrucou Draco friamente – Os outros, é claro, lutarão pelo vice-campeonato. Mas não se preocupem. A disputa pelo segundo lugar vai ser emocionante...


- Você está dizendo que os outros times vão jogar apenas pelo vice-campeonato? – perguntou, também indignado, um jornalista com sotaque escocês.


- EU. PENSEI. TER. DITO. ISSO. – respondeu Draco ironicamente de maneira pausada, imitando o sotaque escocês do outro. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


- Bom, agora que toda a Grã-Bretanha vai ficar contra nós, é melhor a gente treinar duro – disse uma contrariada Vera Ivanova para os seus comandados no centro de treinamento da Mansão Malfoy.


O novo estádio, em Chudley, só ficaria pronto para as semifinais da Liga Britânica. Teriam que jogar no velho campo dos Trasgos, nos confins do Beco Diagonal, um espaço pequeno, onde cabiam no máximo cinco mil pessoas e cujas dependências certamente estariam completamente ocupadas em todas as partidas.


Quando a Escócia e a Irlanda (as duas Irlandas em conjunto) organizaram suas próprias ligas nacionais de quadribol há três anos atrás, separando-se da Inglaterra e País de Gales, que ainda possuíam um campeonato unitário, surgiu a idéia da Liga Britânica. Esta reuniria as equipes mais bem colocadas dos respectivos campeonatos. Os Duendes de Baby Jane ganharam o primeiro torneio, cabendo aos Tornados de Angelina Johnson a vitória no segundo. Os Cannons, como ocupantes da vaga dos Trasgos, jogariam a Liga deste ano.


Era um torneio com oito clubes divididos em dois grupos de quatro. Os campeões e vices de cada grupo disputariam as semifinais e os vencedores a final, que se realizaria na casa do time de melhor campanha. O campeão e o vice da liga ganhavam o direito de disputar a Taça Européia de Clubes, atualmente em poder dos Touros de Pamplona, riquíssimo time da região de Navarra, na Espanha. Aonde Vitor Krum havia jogado antes de ingressar nos Cannons.


- Ora, eu disse aquilo pros caras da imprensa pararem de perturbar o Potter e a Weasley – explicou-se Draco.


- Ah, você conseguiu – disse Vera de maneira sarcástica – Agora todos vão querer “apenas” destruir o time campeão por antecipação.


Enquanto o time treinava duro para a estréia da Liga Britânica, Hermione Granger era entrevistada pelo Profeta Diário. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Entrevista com Hermione Granger, medibruxa do time dos Cannons para Vivica Monroe, repórter do Profeta Diário:


Por incrível que pareça, uma das mulheres mais poderosas do quadribol britânico, cuja entrevista vocês lerão a seguir, não é a treinadora das Harpias de Holyhead nem a treinadora dos Cannons, não é também Marisa Brants, a batedora capitã da seleção de Gales, nem tampouco Angelina Johnson, a “flecha negra”, capitã do time dos Tornados e presidente do sindicato dos jogadores da Inglaterra e País de Gales.


A garota (que tem apenas 22 anos) mais poderosa do quadribol atual é Hermione Granger, medibruxa curandeira do time dos Cannons. Amiga de Harry Potter e famosa desde a guerra, quando com apenas dezoito anos, já era capaz de executar complexos feitiços de cura que a maioria dos bruxos experientes nem imaginavam existir.


Por causa da contratação da jovem pelo time dos Cannons, o sindicato dos atletas passou a pressionar os clubes para que todas as equipes seguissem o time laranja e tivessem um curandeiro de plantão. Mas não ficou só nisso. Num artigo polêmico na Revista de Medicina Mágica do Reino Unido, ela demonstrou o quanto os clubes são negligentes com a saúde dos jogadores. Falando da condição de craques como Harry Potter, Vitor Krum e Cris Toledo, a jovem indiretamente criticou as autoridades do mundo do quadribol, uma vez que todos, teoricamente, passaram por exames médicos nas respectivas federações, que não conseguiram detectar, por exemplo, a fragilidade física do seu amigo Harry Potter, recentemente envolvido num rumoroso caso de dependência de drogas. A seguir ela fala das suas impressões sobre o mundo do quadribol, reitera suas críticas às autoridades do esporte e até fala um pouco da sua famosa amizade com Harry Potter e do seu noivado com Rony “Maluco” Weasley.


Profeta Diário: Você falou das más condições físicas dos jogadores dos Cannons quando se apresentaram para a excursão à América. Por que você acha que os jogadores estavam em condições tão ruins?


Hermione Granger: A resposta é muito simples. As autoridades não ligam para a saúde dos jogadores. Desde que eles consigam subir numa vassoura... É um completo desrespeito aos atletas como seres humanos.


PD: Isso é uma crítica às autoridades?


HG: Sim, é.


PD: Muitas pessoas dizem que as suas críticas são fruto do seu desconhecimento do esporte. O que você tem a dizer?


HG: Que essas pessoas não entendem nada de medicina, oras! Se um jogador quebrar o braço, não faz a menor diferença eu entender ou não de quadribol. Eu preciso entender de procedimentos médicos.


PD: É verdade mesmo que você não entende nada de quadribol?


HG: É verdade. Mas eu não fui contratada por causa dos meus conhecimentos do esporte. Essa é a função de Vera Ivanova, e eu tenho certeza que ela a exerce muito bem.


PD: Você e Harry Potter, sempre foram apenas amigos? Nunca houve nem mesmo um breve romance entre vocês? (“A pergunta coincide com o momento em que a medibruxa examinava seu amigo Potter. Embora ela seja bastante atenciosa com todos os jogadores, é visível o carinho quase maternal que a jovem dispensa ao Eleito”).


HG: (A jovem troca um olhar cúmplice com o seu amigo, antes de responder contrariada) Pela enésima vez, Harry é desde sempre o meu melhor amigo. Praticamente um irmão.


PD: E Rony Weasley?


HG: É o homem que eu amo, com o qual eu vou me casar e pretendo que seja o pai dos meus filhos.


PD: O que você tem a dizer a aqueles que a acusam de oportunista por sua amizade com Potter e sua relação com o Weasley, filho do provável ministro da magia britânico?


HG: Eu não tenho mais nada a dizer sobre isso (ela fala, visivelmente irritada. Depois, respirando fundo, resolve responder). Eu me mantive leal a Harry e aos Weasleys numa época em que muitas pessoas poderosas do mundo bruxo procuravam desmoralizá-los. Que tipo de oportunismo é esse? Nós arriscamos a vida numa guerra insana. Principalmente Harry, Rony e outros jovens. Isso criou entre nós laços imensos de solidariedade, que muitos não conseguem compreender, presos que estão a uma visão de mundo mesquinha. Você viu há pouco as cicatrizes que Harry tem no corpo. Ele não as obteve jogando quadribol, minha cara. Foi fruto das maldições sem conta que ele recebeu. Nós não queremos que as pessoas nos idolatrem, mas elas poderiam ao menos nos deixar em paz e parar de inventar mentiras ridículas a nosso respeito. Eu me formei na Academia de Medicina Mágica com as melhores notas dos últimos cem anos. Acho que isso demonstra que eu nunca precisei bajular as pessoas. É só isso que eu tenho a dizer. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Na noite do dia seguinte, Rony, Hermione, Harry e Gina jantavam na residência de Toni M’Bea, que relatava feliz o fato de sua filha Miriam ter sido admitida na Grifinória, em Hogwarts. Todos ergueram um brinde ao fato.


- Eu nunca tive dúvidas – disse Harry, pousando a sua bebida sobre a mesa.


- Uma nova geração de grifinórios – concordou o anfitrião.


Depois, o assunto foi a entrevista de Hermione, que ela própria fizera questão de não ler.


- Pelo visto, foi tudo publicado como você falou – observou Gina.


- “Carinho maternal que a jovem dispensa ao eleito” – gracejou Rony, que lia a reportagem, deixando Hermione ligeiramente constrangida.


- Ora, todas somos um pouco maternais quando se trata do Harry – disse Helga.


- Querem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui – protestou Harry.


- Humm... “É o homem que eu amo, com o qual eu vou me casar e pretendo que seja o pai dos seus filhos” – continuava Rony, citando a entrevista do Profeta Diário – Você é mesmo muito doce, sabia?


Rony abraçou e beijou Hermione, que assumiu tons rosados e vermelhos.


- Ah, l’amour – disse sonhadoramente Toni M’Bea, abraçando sua esposa. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Artigo de Anna Skeeter na revista “Bruxa Semanal”:


Muito bem, queridas leitoras. Parece que o solteiro mais cobiçado da Grã-Bretanha foi finalmente fisgado. E fisgado aos vinte e um anos, pobrezinho! É claro, queridas leitoras, que eu estou falando de Harry Potter, o Eleito, O Escolhido, o “garoto-que-sobreviveu”, o maior herói do mundo mágico e extraordinário jogador de quadribol. A felizarda, como todos já sabem, é a jovem Gina Weasley, companheira do Eleito no time dos Cannons e também em outros lugares mais românticos.


Todos dizem, inclusive, que já estão até de casamento marcado para breve, o que deixa as fãs do rapaz desconsoladas em todo o mundo. Harry foi escolhido pela maioria das leitoras de “Bruxa Semanal”, “O sorriso mais bonito do Mês”. E a foto que mereceu um sorriso muito lindo do garoto foi tirada quando ele chegava para um treino dos Cannons de mãos dadas com a sua namorada (foto no final da página).


E pela alegria e o bom humor da menina, parece que os boatos a respeito do artilheiro sensação eram infundados, se é que vocês me entendem, leitoras maliciosas! Numa entrevista coletiva dada no Brasil a ruivinha disse que Harry não só era bonito como também muito gostoso. Uau! Pena que só a jogadora, ao que tudo indica, o tenha “experimentado”.


E no momento o casal sensação do quadribol lidera disparado a eleição promovida pela revista para o “Casal Mais Fofo do Ano”. Aguardem mais notícias!


- Casal mais fofo do ano! – repetiu Rony, gargalhando até perder o fôlego.


- Hum-hum... – pigarreou Toni tentando segurar o riso – Ele me derrotou no “Sorriso mais bonito do mês”! – disse o africano, fingindo tristeza e depois rindo a valer.


- Ora, vocês não sabiam que Toni ganhou várias vezes o concurso? – perguntou Helga, demonstrando orgulho do marido.


- Também, quem mandou você sair por aí dizendo que Harry é “gostoso”? – perguntou Rony para irmã maldosamente.


- Oh, mas ele é! – retrucou a ruiva com ar sonhador.


- Gina! – disse Harry muito constrangido.


- Mesmo? – perguntaram Helga e Hermione, curiosas.


- Vamos mudar de assunto, sim? – exigiu Rony contrariado, para o alívio do amigo - Tem algumas coisas na vida que um cara não precisa ouvir da sua irmã mais nova... XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Embora Vera Ivanova e a maioria dos jogadores dos Cannons estivessem muito pouco satisfeitos com as provocações de Draco Malfoy, o presidente do time continuava a sua implacável campanha de colocar todos os torcedores dos demais times que disputariam a Liga Britânica contra a equipe laranja.


- Eu já disse – explicava o loiro aos jornalistas – Vai ser um campeonato emocionante. Sete times lutando pelo vice-campeonato.


- O que você quer dizer com isso? – questionou um irritado jornalista da Irlanda, torcedor dos Francelhos de Kenmare, tradicional e antigo time deste país.


- Algo que até alguém como você consegue entender – retrucou Malfoy com a sua voz arrastada – Os Cannons serão campeões.


- Como você pode ter tanta certeza disso, rapazinho? – bufou o irlandês.


Embora os jornalistas detestassem admitir, as entrevistas de Draco Malfoy eram um espetáculo à parte. Ele exigiu que os técnicos da TV Bruxa (“toda a magia do entretenimento adentrando o seu lar”) diminuíssem as luzes no sala de visitas da Mansão Malfoy, onde se acotovelavam os homens da imprensa do mundo mágico. Sentado numa poltrona confortável e sorrindo de maneira afetada para as câmeras, ameaçou processar a emissora se aquelas luzes de alguma forma causassem algum incômodo à sua visão.


- Eu preciso estar atento para o momento que Vitor Krum apanhar o pomo no primeiro jogo da temporada – explicou, irritando mais ainda o jornalista da Irlanda.


- Eu perguntei como você pode ter tanta certeza disso! – insistiu o homem mais velho.


- Ah, fala sério! – tripudiou Draco – Aquele goleiro de vocês deve ter uns cem anos. Acho que ele jogou com o meu avô! E o meu finado avô era novinho na época...


- Ora, seu... seu... – gaguejou o jornalista, quase tendo um ataque e sendo contido por seus colegas, pois pretendia partir para a briga.


Tim Ryan era goleiro da seleção da Irlanda, duas vezes campeão mundial, várias vezes campeão da Irlanda e da Grã-Bretanha (quando as ligas ainda não haviam se separado), três vezes campeão europeu, uma das maiores glórias nacionais irlandesas. Perto dos quarenta anos e da aposentadoria, ainda era considerado um dos maiores goleiros do mundo e há praticamente vinte anos jogava no time dos Francelhos, primeiro adversário dos Cannons na temporada.


Diferentemente do seu compatriota (e antigo companheiro de time) Aidan Lynch, metido até não poder mais, Ryan era um sujeito boa praça. Embora não tivesse lutado na guerra, dera generosas contribuições à Ordem da Fênix e posteriormente organizou um jogo no seu país, cuja renda foi toda revertida para a ampliação do St. Mungus, que recebera muitos feridos durante o conflito.


Menosprezar Tim Ryan era arrumar uma senhora encrenca com a maioria dos irlandeses, mesmo torcedores dos Duendes ou dos Morcegos de Ballycastle, tradicionais rivais dos Francelhos.


De repente, dois grandalhões apareceram atrás de Draco Malfoy.


- Quero apresentar os irmãos Ivan e Thomas Nebsey – disse Malfoy, fazendo um gesto na direção dos dois antigos batedores dos Trasgos Diagonais e atuais coordenadores da Escola de Verão que Harry e Rony haviam organizado dois anos antes – Eles estarão a partir de amanhã no Beco Diagonal recebendo apostas para as partidas da Liga Britânica. Só aceitaremos apostas contras os Cannons, é claro.


- Isso é legal? – perguntou uma jornalista da Radio Bruxa.


- Autorizado pelo Departamento de Loterias e Apostas do Ministério – explicou o loiro – Um terço do valor arrecadado irá para o setor de pesquisas do St. Mungus e vinte por cento será revertido ao Ministério da Magia na forma de imposto. Todos podem apostar sem culpa de perder os galeões. Apostas mínimas de um galeão. Isso não é jogo para crianças. Nem para irlandeses idosos – acrescentou, olhando maliciosamente para o jornalista irlandês, que se conteve, com medo dos dois “armários” que agora escoltavam o presidente dos Cannons. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Artigo de Marla Donovam para o “Profeta Esportivo”:


Há um novo inimigo público número um no Reino Unido. Não, caros leitores, até onde eu sei nenhum adepto de “você-sabe-quem” fugiu de Azkaban. Também não sabemos de nenhum caso de falsificação de cerveja amanteigada ou se há alguém tentando roubar as economias de bruxos honestos que estão seguramente depositadas no Banco Gringotes. Eu falo do inimigo que conseguiu unir contra a sua pessoa a maioria das torcidas dos clubes de quadribol da Grã-Bretanha. Ingleses que não torcem pelos Cannons, galeses, irlandeses e escoceses a essa altura querem a cabeça de Draco Malfoy, o jovem e desaforado presidente do time laranja.


Nos últimos dias ele disparou diatribes contra todas as equipes e ousou afirmar que os demais times da Liga Britânica lutariam pelo vice-campeonato, pois o título já estaria garantido para os Cannons. E não pararam por aí as provocações: Tripudiou a respeito da idade de Tim Ryan, goleiro da seleção da Irlanda e dos Francelhos de Kenmare, primeiro adversário da sua equipe na Liga, organizou uma banca oficial de apostas, desafiando as pessoas a apostar contra os Cannons, disse que a única dificuldade do seu famoso apanhador Vitor Krum seria se manter acordado sobre a vassoura, pois os demais apanhadores nem mesmo arrancariam uma gota de suor do búlgaro.


Afirmou ainda que Harry Potter bateria o recorde de gols marcados no campeonato e prometeu cobrir, na sua banca, qualquer aposta em contrário. E no dia de ontem veio a provocação suprema: Num grande anúncio no “Profeta Diário”, as organizações Potter-Malfoy declararam possuir colocação nas suas empresas em expansão para as jogadoras e a treinadora das Harpias de Holyhead (segundo adversário dos Cannons), acrescentando que oferecia uma oportunidade única para jogadoras e treinadoras sem talento iniciarem outra carreira promissora no mundo mágico. Imagino que os bruxos e bruxas do País de Gales a esta altura estejam em pé de guerra.


Como nunca escondi, caros leitores, que sou torcedora das Harpias, meu primeiro pensamento foi me dirigir ao escritório desse fedelho e lhe dar umas boas palmadas, irritada como eu estava. Mas depois eu pensei melhor: “irritar as pessoas é exatamente o que ele pretende!”.


Fui informada agora a pouco que todos os ingressos para os jogos dos Cannons na fase inicial da Liga esgotaram-se em poucas horas. As apostas bancadas por Malfoy estão sendo um sucesso (afinal todos querem ganhar o seu dinheiro!). A tradicional loteria esportiva do Profeta Diário está batendo recordes de arrecadação. Os times estão tentando se reforçar na última hora, pois não querem perder para os Cannons. Enfim, a Liga Britânica que se inicia sábado promete ser a mais disputada de todas, abrindo grandes perspectivas para o combalido campeonato inglês e para a participação dos times britânicos na Copa Européia.


E enquanto isso os torcedores dos Cannons, que devem estar morrendo de rir com as peraltices do seu presidente, bateram todos os recordes de compra de camisas, bonés e tudo que tenha cor laranja e esteja relacionado com a equipe. Meus colegas da área econômica do co-irmão “Profeta Diário” afirmam que o time de Harry Potter, Vitor Krum e Toni M’Bea causou o maior impacto na economia bruxa do Reino Unido desde o lançamento das Vassouras Shooting Star em 1.967. Sim, a explosão das vendas de artigos ligados ao quadribol é um verdadeiro fenômeno, gerando empregos no mundo mágico e aumentando a arrecadação do Ministério da Magia.


Por que então matar ou espancar o jovem e desbocado Malfoy? Ora, muito melhor é fazer uma pequena aposta de um galeão contra a sua equipe e torcer para que os nossos respectivos times façam o loiro quebrar a cara. Mas de qualquer maneira o Senhor Malfoy está de parabéns. Ninguém conseguiu até hoje promover um campeonato como ele. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Na véspera do jogo, no hotel onde o time dos Cannons havia se hospedado, na Irlanda, Vera reuniu o time e o presidente no quarto deste. Draco insistiu que Hermione também participasse da reunião. “Afinal você também faz parte do time”, afirmara o loiro.


- Eu não gosto nenhum um pouco desse clima que foi criado contra a gente – disse a búlgara.


- Eu não ligo – afirmou Vitor Krum, de maneira lacônica como sempre.


- Vera, isso faz parte do show – disse Toni M’Bea de maneira jovial.


- Essas declarações eram mesmo necessárias? – perguntou Harry, que não gostava de provocações contra adversários.


- A função de vocês é jogar, a minha é administrar um negócio – afirmou Draco – Vocês não imaginam o quanto esse time está valendo hoje...


- Mas, provocar os outros times... – ia dizendo Harry.


- Potter – disse Malfoy pacientemente – Isso aqui não é uma guerra. É só um jogo! O que tem se eu provocar um pouco as pessoas, principalmente se a provocação for boa para os negócios como está sendo?


- Sério? – questionou Gina.


- Lembra quando eu disse que esse time valeria muito mais do que os trinta milhões que eu paguei por ele? – perguntou Draco. A maioria se lembrava.


- Pois bem, hoje ele já vale mais de trezentos milhões! Um grupo bruxo japonês me ofereceu ontem duzentos e cinqüenta milhões de galeões – explicou – E ofereceria mais, se eu estivesse disposto a vender.


- Você está brincando! – disse Rony surpreso.


- Não estou, Weasley. A propósito: dê uma olhada na sua conta no Gringotes. Há alguns milhares de galeões a mais, fruto das vendas das camisas de goleiro com o seu nome. Vitor e Toni já receberam a sua parte nos lucros, inclusive o dinheiro que me emprestaram. Você também, Potter. E as camisas com o seu nome estão vendendo mais do que cerveja amanteigada.


- Bom, pelo menos o dinheiro está entrando – conformou-se Vera – Agora, vamos dormir. Amanhã a gente conversa sobre a tática do jogo. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Chovia a cântaros nas imediações da cidade irlandesa de Kenmare. Apesar do temporal, os doze mil lugares do estádio dos Francelhos estavam ocupados e uma infinidade de guarda-chuvas e capas haviam sido tirados dos armários, das gavetas ou compradas de vendedores nos arredores. Às cinco horas da tarde, Cannons e Francelhos fariam o jogo inaugural da Liga Britânica de quadribol.


Personalidades do mundo mágico compareceram em peso à Irlanda, inclusive o ministro da magia interino do Reino Unido (vaiado quando anunciado pelo auto-falante, como sempre acontecia às autoridades nos jogos de quadribol). O vocalista da banda “As Esquisitonas”, entretanto, foi ovacionado pelo público, assim como Jane O’Neal, protegida da chuva na tribuna de honra do estádio.


- Espero que os torcedores aproveitem o concerto de harpas e o show dos leprechauns (duendes irlandeses) – disse desdenhosamente Draco Malfoy na chegada tumultuada dos Cannons ao campo de jogo – Pois a partida não vai demorar nada.


O loiro estava se referindo às harpas mágicas que eram tocadas pelos torcedores e ao show dos duendes (mascotes do time) antes da partida, espetáculos que tradicionalmente precediam o jogo quando a equipe irlandesa atuava em casa. A declaração gerou mais tumulto. Felizmente os Nebseys, Goyle e alguns aurores irlandeses especialmente enviados para manter a ordem, evitaram que uma turba se atirasse sobre o jovem.


Havia, contudo, um número considerável de torcedores locais dos Cannons e também muitos ingleses que reservaram com antecedência o ingresso e tomaram uma chave de portal até a outra ilha. Setenta por cento do estádio ostentava sob a chuva o verde-esmeralda do time local, mas o laranja da equipe inglesa ocupava os trinta por cento restante. Provocações de lado a lado e cânticos desafinados das duas torcidas se faziam ouvir.


O aguardado espetáculo dos leprechauns (duendes) terminou com os seres fazendo uma coreografia que terminava com um gesto obsceno para a torcida do time laranja, que revidou com um coro de palavrões poucas vezes visto em qualquer das duas ilhas.


Pouco antes da partida, Ryan, goleiro e capitão dos Francelhos e Mia Mullet, artilheira do time e também do selecionado nacional irlandês foram até os vestiários dos Cannons desejar boa sorte. Era um gesto educado e que demonstrava o senso de desportividade da equipe local.


Draco ficou encolhido num canto, muito constrangido, a espera de alguma ofensa do veterano goleiro, uma vez que dissera coisas bastante desagradáveis sobre ele. Depois de cumprimentar a todos os jogadores e elogiar em especial Harry e Toni, Ryan virou-se na direção do presidente do time inglês:


- Sem ofensas – disse surpreendentemente – Nosso treinador está uma fera com você, mas eu entendi que você quis promover o jogo.


- É. Você é um gênio, cara! – exclamou artilheira Mullet entusiasmada – Na temporada passada, na estréia, só metade do estádio estava ocupado.


Para surpresa do loiro os dois irlandeses despediram-se com um aperto de mão sincero (o goleiro) e um abraço e um beijo estalado (a artilheira, que era uns oito anos mais velha que ele, mas tinha um belo corpo, notou), deixando-o sem ação.


Harry e Rony, assim como Gina, Toledo e Andy, que eram bem jovens, estavam um pouco tensos quando o time adentrou o campo, sob uma chuva torrencial. Nunca haviam jogado uma partida oficial sob tanta expectativa. Toni procurava animá-los e Vitor estava pensativo e calado como sempre ficava antes das partidas. Vera dava as últimas instruções e Hermione substituía as lentes mágicas que Harry usava normalmente por óculos que ela havia tornado impermeáveis e presos ao rosto do artilheiro como uma máscara de mergulhador.


A medibruxa ainda obrigou os jogadores a fazer uma coisa chamada “aquecimento” em plena chuva (para a alegria dos torcedores dos Francelhos, que riram e vaiaram a valer), que segundo ela diminuía o risco de lesões.


Draco Malfoy, usando uma capa mágica impermeável, assim como a treinadora Vera, sentiu um friozinho no estômago, mas não era uma sensação de toda ruim. Ficara bastante emocionado ao ver o seu time perfilado com o uniforme laranja. Não se preocupava com as apostas, que a sua fortuna e os lucros cada vez maiores das Organizações Potter-Malfoy cobririam facilmente, não importando os resultados. Não, a emoção que sentia naquele momento, teve que admitir, ao ver os sete jogadores prontos para iniciar a partida, estava relacionada à certeza de saber que lutara muito por este momento e que ali começava a melhor fase da sua vida. Uma lágrima, estrategicamente disfarçada pela chuva, deslizou por sua face e ele a enxugou rapidamente enquanto Toni M’Bea acabava de cumprimentar Tim Ryan e o juiz dava início à partida XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


FALTA POUCO PARA O FIM!!! HUAHAHAHAHAHA!


NO PRÓXIMO CAPÍTULO:


1- QUADRIBOL NA VEIA!


2- CASAMENTO


3- ARTHUR WEASLEY MINISTRO?


4- A VOLTA DE ALGUMAS PESSOAS MÁS, E NÃO ESTOU FALANDO DE BELLATRIZ, QUE TEM UMA PARTICIPAÇÃO ESPECIAL...


5- A SELEÇÃO INGLESA SEM OS NOSSOS HERÓIS!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.