MANIFESTAÇÕES E LÁGRIMAS

MANIFESTAÇÕES E LÁGRIMAS



- Meu cliente não tem nada a dizer a essa audiência – dizia o advogado Olívio Wood para uma irritada e surpresa audiência ministerial presidida por Dolores Umbridge - A sua convocação viola dez artigos do Código de Conduta Bruxa do Reino Unido e as cláusulas terceira e sétima dos direitos bruxos estabelecido pela Convenção da Transilvânia de 1.921.

Uma multidão bruxa cercava o Ministério da Magia da Grã-Bretanha, atravancando o trânsito do centro de Londres e dando um trabalho enorme aos aurores e outros funcionários ministeriais, que teriam muita dificuldade em lançar feitiços de memórias.Trouxas olhavam entre surpresos e divertidos o movimento em frente a um prédio aparentemente abandonado, fachada da sede do governo bruxo.

Embora houvesse faixas contra o “garoto que sobreviveu”, a maioria havia saído de sua casa e se afastado de seus afazeres para dar todo apoio ao Escolhido. Havia crianças bruxas carregando cartazes de agradecimento a Harry pela ajuda que sempre havia dado aos órfãos, cujos pais sucumbiram na guerra. Dino Thomas, amigo de Harry desde os tempos de Hogwarts carregava um enorme cartaz enfeitiçado, cujas letras brilhavam e mencionavam o apoio desse a pessoas como ele, que cursava uma faculdade trouxa graças aos fundos doados por seu amigo ao Ministério.

Alguns elfos domésticos livres, liderados por Dobby, mal escondidos dos trouxas por chapéus muito espalhafatosos, sobretudos e óculos escuros, choravam e esperneavam, exigindo que deixassem o seu ídolo em paz.

Fred e Jorge Weasley faziam muito barulho com um cartaz gigantesco que identificava o ministério como um burro que zurrava muito alto e depois desaparecia, dando lugar a uma caricatura de Dolores Umbridge parecendo um sapo gigante e coaxando como um. Amigos dos gêmeos também carregavam cartazes que faziam gestos obscenos e gritavam impropérios aos membros da Comissão Ministerial, que se reunia nesse momento para ouvir o depoimento de Harry Potter.
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Dois dias antes da confusão, que certamente faria história no mundo mágico, Draco Malfoy explicava para Harry o circo que a imprensa e pessoas rancorosas do Ministério da Magia pretendiam montar. Os Weasleys estavam mobilizando seus contatos no governo bruxo e na antiga Ordem da Fênix para defendê-lo. Olívio Wood, o jovem e brilhante advogado do sindicato dos jogadores de quadribol havia sido contratado. Como era época de férias, a maioria dos seus auxiliares estava viajando. Hermione Granger se prontificou a ajudá-lo.

- Quem mais conseguiria ler todos aqueles livros de direito e tratados sobre direitos bruxos sem morrer de tédio? – perguntou Draco ironicamente.

- E deixaram você me pajeando? – quis saber Harry.

- Para o seu governo, eu me ofereci para ficar com você, Potter – respondeu o loiro tranqüilamente – Toni M’Bea e Rony Weasley foram atrás de jogadores para obter uma declaração favorável a seu respeito. Wood disse que isso ajuda, uma vez que o Ministério pretende complicar a sua vida. Mas não pense que foi fácil convencer aquele casal de irmãos ruivos que eu não iria matá-lo ou algo assim. A Sra. Weasley esteve aqui hoje cedo, provavelmente para me vigiar, mas ela teve a decência de fazer um ótimo café.

Um silêncio repentino caiu na sala do apartamento de Harry, onde ele e Draco estavam naquele momento. Era estranho ter Draco Malfoy preocupado com a sua vida, ainda que esse interesse fosse, o ex-grifinório imaginava, comercial.

- Me conte, Potter – disse finalmente o loiro, sentado confortavelmente numa poltrona, a mesma que Harry havia derrubado numa crise de abstinência.

- Contar o que, Malfoy? – respondeu o moreno com outra pergunta.

- O que aflige você. O que leva um cara rico, grande jogador de quadribol, herói do mundo mágico a se afundar na dependência. Sabe, desabafar às vezes faz bem.

- É isso que você acha, não é mesmo? – disse Harry irritado – Lá está aquele patético grifinório com seus probleminhas de autopiedade. Puxa, que cara ridículo! – quase gritou, fazendo uma voz afetada – O sujeito tem tudo e não consegue cuidar da própria vida! É um estorvo para os amigos. E até para os inimigos agora. VAMOS LÁ MALFOY, VOCÊ NÃO VAI COMEÇAR A RIR? NÃO É ISSO QUE VOCÊ SEMPRE QUIS VER? HARRY POTTER NO FUNDO DO POÇO!

Draco continuou fitando o outro com seus olhos mortalmente frios. Ele sabia que o descontrole era provocado pelas alterações que o excesso de poção no organismo de Harry, embora não só por isso. O apanhador dos Cannons estava também destroçado psicologicamente. Esse era o problema do vício nessa maldita poção: A presença dela no organismo pode ter efeitos físicos e psicológicos dos mais assustadores. A falta pode, por outro lado, enlouquecer a pessoa viciada.

Surpreendendo Harry, Draco levantou-se da poltrona, caminhou até onde este estava sentado ofegante, as mãos cobrindo-lhe o rosto. Provavelmente estava à beira das lágrimas.

- Potter – Malfoy chamou-o. Quando Harry levantou o rosto para encará-lo, Draco surpreendentemente o esbofeteou.

Agora totalmente transtornado e fora de controle, Harry atirou-se sobre Draco, que num golpe eficiente usou o próprio peso do oponente para desequilibrá-lo e jogá-lo sobre a poltrona na qual estivera sentado, virando-a e jogando-o no chão. Saltando agilmente sobre o móvel, Harry aterrisou a um passo do oponente, socando-o com toda a força que tinha. Mesmo magro e ainda debilitado, ele continuava socando muito bem, concluiu Draco dolorosamente. Depois do soco que desequilibrou o loiro, Harry agarrou-o pela gola da vistosa camisa florida e o atirou contra a estante de livros à direita do sofá da sala. Livros despencaram sobre os dois. Os olhos do apanhador ficaram ligeiramente mais escuros e Malfoy perdeu completamente o ar. Ele sabia que o outro estava usando magia negra sem se dar conta disso

“Droga, ele vai me matar e nem mesmo vai saber o que fez”, pensou Draco, tudo em volta começando a ficar embaçado. De maneira inesperada então, as coisas começaram a voltar ao seu foco normal. Levou alguns segundos para o loiro perceber que Harry o havia largado e estava sentado no chão, abraçado às próprias pernas.

Tentando respirar novamente, Draco cambaleou até onde Harry estava. Tinha vontade de chutar o maldito grifinório, que ele sabia, não reagiria nesse momento. Mas, inesperadamente até para ele, a piedade com o estado do outro falou mais alto e Draco ajoelhou-se à sua frente. Harry balbuciava palavras desconexas em meio a pedidos de desculpas e auto-recriminações.

- Vamos lá, Potter – disse ofegante – Apenas procure se controlar.

- Eu podia ter matado você – disse Harry entre soluços – Talvez eu seja mesmo uma ameaça.

- Não seja bobo – replicou Draco – Eu não devia ter te estapeado. Eu só queria que você se acalmasse – disse dando palmadas amistosas nas costas de Harry. Você não é nenhuma ameaça – disse, passando o braço em volta dos seus ombros.

Draco não sabia quanto tempo ficaram nesse estado. Harry abraçado aos joelhos, encolhido e soluçando e o loiro consolando-o. De repente sentiu-se erguido do chão por duas mãos muito fortes e foi jogado a alguns metros de distância.

Rony Weasley estava parado no meio do aposento e não estava nada feliz. “Que droga!”, pensou Draco, “hoje eu vou apanhar da Grifinória inteira”.
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Draco gritou quando Hermione colocou sobre seu rosto uma poção ardida e mal-cheirosa. Os efeitos dos punhos de Harry em seu rosto não eram nada engraçados. E aquele ruivo desmiolado piorara um pouco a situação. Rony o havia socado, perguntando o que diabos ele tinha feito com o seu amigo. Gina também parecia querer um pedacinho da sua pele. Por sorte, Toni e Hermione estavam por perto para impedir que ele fosse linchado por aqueles Weasleys lunáticos. Lógico! Os dois descabeçados viram a sala do apartamento de pernas para o ar e encontraram o seu querido amigo todo encolhido e aos prantos, com um antigo inimigo consolando-o.

Draco lembrou que ele estava abraçando e consolando Harry Potter. Patético! Bem que seu pai, com a sua lógica perversa de Comensal da Morte, dizia que o importante era o poder, não a idéia idiota de nobreza. Lembrando-se disso, somado à tensão das últimas horas, Draco começou a rir histericamente, assustando os presentes.

- Isso é ridículo, Granger – disse depois de tomar fôlego.

Como Hermione o olhasse sem entender nada, ele completou:

- Eu só apanho quando dou uma de bonzinho – e voltou a rir descontroladamente.

Toni havia feito alguns feitiços para reorganizar a sala e Harry estava esticado sobre o sofá com Gina tentando acalmá-lo. Rony olhava a janela que dava para o Beco Diagonal, mas na verdade, seus olhos não viam muita coisa nesse momento. Tinha as mãos nos bolsos da calça trouxa que usava e sabia que precisava socar alguém. Talvez Draco Malfoy, talvez ele mesmo.

- Pronto, Malfoy – disse de maneira eficiente Hermione – Vai arder um pouco, mas logo vai desinchar e daqui a algum tempo só vai ficar coçando um pouco.

Estranhamente ele não tinha pressa de se afastar dos cuidados daquela jovem. Ela e o africano deixaram-no explicar o que havia acontecido. Estava muito grato pela amiga de Harry ter a bondade de tratar dos seus hematomas. Sabia que deveria odiar Potter e todos os seus “adoradores” (como dizia o Professor Snape), mas estava realmente com pena do rapaz. A crise que teve há alguns anos nem se comparava com as dores do ex-grifinório. Sentira a morte dos pais, mas realmente não os amava. Havia sido criado por elfos domésticos. E não era tão altruísta a ponto de sofrer por outras pessoas como o maldito Escolhido. Realmente, pessoas boas sofrem e se ferram, pensou, coerente com a ética de trasgo que lhe haviam ensinado desde o berço.

Segurou as mãos de Hermione e deu um pequeno sorriso de agradecimento a medibruxa. Também não tinha vontade de soltar as mãos da garota, mas o fez, pois não queria levar mais socos de Rony Weasley, que ainda olhava absorto o Beco Diagonal como se fosse a paisagem mais interessante do mundo. Ele não sabia direito a relação do ruivo com a Srta. Granger e não estava a fim de descobrir naquele momento.

Ao passar pelo sofá rumo à porta do apartamento, olhou penalizado para Harry, que tinha os olhos fechados, enquanto Gina falava com ele, tentando tranqüilizá-lo. Potter tinha que ser um idiota para não perceber que a ruivinha era louca por ele.

- Desculpe, Malfoy – disse a garota, levantando os olhos para fitá-lo. Ela estava sentada no chão, segurando a mão do ex-namorado – Poderíamos fazer alguma coisa por você? – perguntou delicadamente.

- Podem – disse o loiro de maneira neutra – Cuidem do Potter.

- Eh, Malfoy... – disse Rony, finalmente se afastando da janela – Eu devo desculpas a você.

- Sim, deve, Weasley – respondeu friamente – Mas sugiro que você guarde suas energias de goleiro para o que vem por aí – disse Draco, aproximando-se da porta e dizendo a todos que daria notícias em breve. Quando estava com a mão na maçaneta, Rony o chamou.

- Mais uma coisa, Malfoy... Obrigado.

Sem dizer nada, o rosto começando a coçar, como Hermione lhe disse que aconteceria, o loiro fez um gesto para Rony como que o dispensando de agradecimentos, embora estivesse pensando: “Malditos grifinórios malucos!”.
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O dia seguinte foi o caos absoluto. O Profeta Diário como já era esperado, estampou na primeira página que o Escolhido comprava e consumia substâncias proibidas. Falavam em “substancias” no plural, como se Harry fizesse uso de toneladas de drogas. Dan Carter, no Profeta Esportivo, num artigo que começava na primeira página, exigia que Harry fosse recolhido a uma clínica de tratamento de bruxos com problemas mentais (um hospício, é lógico) e que os Weasleys, Malfoy, M’Bea e sabe-se lá mais quem, fossem investigados e afastados do quadribol. O artigo era ilustrado com uma foto de Harry do campeonato do ano retrasado, em que mostrava o rapaz saindo do campo de quadribol com uma cara de dor depois de uma contusão, o que reforçava a idéia de doença e insanidade do jovem.

O Ministério da Magia, que tinha ainda muita gente ressentida com Harry e Dumbledore pela maneira como conduziram a guerra, desrespeitando e desmoralizando o governo bruxo, anunciara para o dia seguinte uma audiência de Harry na Alta Corte do ministério. O prazo era recorde. Parecia que julgariam um perigoso criminoso que espalhava terror pelo mundo mágico. Nem o julgamento de Bellatriz Lestrange fora tão apressado. O atual ministro da magia, Georgius Blackwell, havia indicado a odiosa Dolores Umbridge, inimiga declarada de Harry e de toda a Ordem da Fênix, para presidir o inquérito a ser instaurado. Uma coruja negra com uma placa de identificação ministerial trouxera a intimação na manhã de terça-feira.

De maneira estranha e, segundo Olívio Wood, ilegal, não seriam ouvidas testemunhas. Apenas Harry. Diziam que dezenas de aurores já estavam a postos, pois o Escolhido sairia da audiência direto para Azkaban, a sinistra prisão bruxa, que não tinha mais dementadores, mas contava com feitiços que reduziam as pessoas à tristeza e à desesperança.

- Não pode ser verdade! – dizia Gina, rubra de raiva, seu rosto quase da cor dos cabelos.

Praticamente todo o time do Cannons (à exceção de Cole e do treinador Lynch), além de Malfoy e Hermione, estavam na Toca na companhia dos Weasleys e de Olívio Wood. Harry estivera praticamente catatônico nas últimas vinte e quatro horas e Gina tinha vontade de estuporar a peruana Toledo pelos excessivos cuidados da jovem sul-americana com o amigo. O pior era a simpatia que a garota exalava, que irritava a ruiva profundamente, pois a outra não lhe dava nenhum motivo concreto (além dos cuidados fraternos com Harry) para não gostar dela. Ao contrário: era simpática também com Gina, sempre puxando assunto e concordando com a ruiva, quando essa amaldiçoava os membros do governo bruxo.

De maneira enigmática, Andy, o apanhador brasileiro, dissera para Gina que Toledo não era uma rival. Hermione havia insinuado algo parecido para ela dias atrás, mas a jovem desconversara, pois não queria admitir para a amiga que ainda gostava de Harry. E não só como amigo. Oh, céus! Ela não suportaria jogar no mesmo time que a aquela morena de traços indígenas!

- Ilegalidade! Arbítrio! – bradava não pela primeira vez Olívio Wood – Essa vaca (“Desculpe, Sra. Weasley”) da Umbridge quer que o governo bruxo retroceda séculos. Mas não vamos permitir isso!

Wood havia tomado a defesa de Harry como um caso pessoal. Como advogado, detestava políticos e burocratas que passavam por cima da lei. Além disso, nutria uma grande simpatia por Harry, que o ajudara a ganhar seu único título de quadribol no último ano em que estudara em Hogwarts. E passar por cima da lei era exatamente o que os miseráveis do ministério estavam fazendo nesse momento. Não havia provas que Harry houvesse comprado substâncias ilegais, além do depoimento de um sujeito de moral duvidosa. E no mundo bruxo nem mesmo havia leis específicas sobre isso.

- Um acinte! – bradou o jovem advogado mais uma vez.

- É isso aí, Olívio! – disse Fred Weasley – Vamos chutar a bunda daqueles burocratas! (“Ai, mãe!”).

- Vocês me dão um minuto com o Harry? – perguntou de maneira inesperada a Sra. Weasley. Como ninguém se opôs e o próprio não parecia saudável o suficiente para se opor a qualquer coisa, Molly guiou o jovem pela mão, como se ele tivesse cinco anos de idade, até o jardim da Toca.

- Sabe, Harry – disse a matriarca dos Weasleys depois de um longo silêncio, onde ambos ficaram apreciando as estripulias de alguns gnomos que corriam e cavavam buracos – eu conheci pouco os seus pais. Mas todos diziam que eram pessoas corajosas e leais. Arthur, que os conheceu melhor, diz que poucas vezes viu duas pessoas que se amavam tanto e que amaram tanto um filho como eles. Eu nunca vou poder oferecer a você o amor dos seus pais, mas eu sempre considerei você como um filho. E amei você desde que o vi meio perdido na estação de trem aos onze anos de idade. Você era um menino adorável e nem mesmo aqueles seus parentes trouxas horríveis, nem mesmo todo o mal que os bruxos das trevas lhe fizeram mudou isso. E é por isso que eu amo você, Harry. Você é uma pessoa boa, mesmo com toda a maldade que jogaram sobre você.

- Eu também amo todos vocês, Molly – disse finalmente Harry, segurando as mãos da mãe do seu melhor amigo – Apesar do sofrimento que lhes causei – acrescentou Harry, com o mesmo olhar estranhamente desfocado que tinha nos últimos dias.

- É exatamente sobre isso que eu queria lhe falar – disse a mãe de Rony, segurando as lágrimas com muito custo – Eu perdi dois filhos nessa guerra. Uma mãe não deveria sobreviver aos filhos, Harry. E eu culpo “você-sabe-quem” e todos aqueles comensais pela morte deles. Não você. Nunca você! – enfatizou a mulher mais velha, agora com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

- Mas, Molly... – tentou dizer Harry.

- Por favor, me escute – interrompeu a senhora – Eu entendo o que você fez por Gina. E tenho certeza que ela também entenderá um dia. E Rony me contou sobre o feitiço que você fez, isolando-se com o Lorde das Trevas para salvar os seus companheiros. Harry, você já havia salvado Gina uma vez e também Arthur quando aquela cobra demoníaca atacou-o. Eu sei que você não gosta que se fale disso, mas a nossa família lhe deve a vida de muitos dos seus membros. Então, por favor, querido, não se culpe pela morte de Carlinhos! Aquela megera o matou. Não você.

Agora Harry também chorava silenciosamente. Foi com um fio de voz que conseguiu dizer:

- Aquele feitiço era para mim. Eu deveria ter morrido, não Carlinhos.

- E como você acha que nós nos sentiríamos se você morresse? – disse a mulher mais velha, praticamente agarrando as vestes de Harry – Como você acha que Rony e Gina se sentiriam? Nós sentiríamos a sua morte da mesma forma que a de Carlinhos. Eu o considero meu filho tanto quanto considerava Carlinhos! Não se culpe pela morte dele. Carlinhos não ia querer isso de você.

Lentamente Harry assentiu. Sentado num banco de madeira gasto, o rapaz abraçou a Sra. Weasley e juntos derramaram as últimas lágrimas que ainda deviam a Carlinhos Weasley.
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Dentro da sala de estar da Toca, Wood continuava a vociferar a sua indignação contra o Ministério da Magia da Grã-Bretanha, sendo apoiado pelos gêmeos Fred e Jorge. De repente um som estridente assustou a todos. Era apenas o telefone celular de Draco Malfoy. Como muitos executivos e empresários bruxos, descobrira que essa singela invenção trouxa era mais rápida para resolver certos assuntos do que corujas. Pedindo licença, caminhou até a porta que dava para o jardim, avistando a algumas dezenas de metros, Harry abraçado a Sra. Weasley. Provavelmente estavam chorando. Em outra época ele acharia essas demonstrações de sentimentos piegas, mas o contato com aqueles grifinórios certamente o estava estragando. Saindo dos seus devaneios, Draco atendeu no quinto toque o telefonema.

- Tudo certo, querido – disse uma voz com leve sotaque norte-americano – Espero que você cumpra o prometido – sussurrou Jane O’Neil naquela voz sensual que Draco sabia que fazia os homens de todas as idades, trouxas ou bruxos, cair aos seus pés.

- Isso não vai dar certo, garota – replicou Draco – Mas eu vou cumprir a minha palavra.





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