O INFELIZ TIO JONAS



"Vamos lá, Potter. Você é um cara durão. Enfrentou bruxos das trevas, ferrou com Bellatriz Lestrange, matou Voldemort, apanhou o pomo na maioria das partidas do campeonato passado. Arrasou na audiência no Ministério da Magia. Enfim, como disse seu amigo Dino Thomas, você é O Cara. Então me diga, por que, diabos, você não consegue abrir os olhos e dizer onde, infernos, está nesse momento?”.

Esse diálogo não muito amistoso era travado no interior da cabeça de Harry “Mergulho” Potter naquele momento. Ele podia sentir debaixo do seu corpo uma cama muito macia. Mais macia do que ele se lembrava de ser a maciez. Então por que não se sentia relaxado? Talvez porque um corpo também muito macio estava preso a ele, abraçado às suas costas, as mãos em torno do seu tórax.

Quando o rapaz conseguiu espaço para se mover, ficando de frente para a figura que se abraçava a ele, viu o belo rosto escuro, emoldurado por cabelos aloirados do Jane O’Neal, dormindo tranqüilamente. Ajeitando-se dentro do seu sono e abraçando Harry novamente como se ele fosse um bicho de pelúcia. “Ok. Isso está muito estranho, Potter”, rugiu seu monstrinho interior. “Você está se tornando expert em ‘dormir’ com garotas, não é mesmo? Só dormir na verdade. Espere aí! Você só ‘dormiu’ mesmo desta vez ou rolou alguma coisa mais, digamos, substancial?”, cutucou o seu monstrinho sádico e sarcástico.
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DOIS DIAS ATRÁS:

- Aquela vaca oferecida! – vociferou Cris Toledo com seu peculiar sotaque espanhol.

- Vagabunda! – concordou Helga M’Bea.

- Vadia! – acrescentou Angelina Johnson.

Hermione, por sua vez, achava divertida a indignação das amigas, que pareciam prontas a marchar em defesa da moral e da honra de Harry Potter, que para todas elas pertencia exclusivamente a Gina Weasley. À frente dela, estendida em cima da mesa da sala de jantar da casa dos M’Bea, estava o Profeta Esportivo que estampava o beijo de Jane O’Neal em Harry. A foto, animada como eram as fotos do mundo bruxo, mostrava a jogadora da Irlanda se atirando sobre o jovem e era possível ver ao fundo a cara de nojo de Toledo e Gina. A imagem mágica da peruana torcia o nariz em sinal de desgosto, certamente dando a muitos leitores desavisados a idéia de ciúme.

- Estamos aqui para organizar a festa de aniversário do Harry ou defendê-lo de jogadoras ninfomaníacas? – perguntou Hermione de maneira irônica, provocando rosnados e bufos das mulheres presentes.

Toni, Rony e Andy assistiam a um programa de quadribol na TV Bruxa (“a emoção do quadribol voando até você”) a algumas dezenas de metros das furiosas representantes do sexo feminino.

- E os trouxas dizem que elas são o sexo frágil – sussurrou Toni para os rapazes – Apesar do seu tamanho e do fato de ser um bruxo bastante poderoso, o imbatível batedor Toni M’Bea não costumava contrariar a sua digníssima esposa trouxa, sobretudo em algumas épocas do mês e muito menos em relação ao instinto de proteção que destinava aos amigos mais jovens em geral e Harry Potter em particular.

- É uma Jezebel – concluiu a Sra. M’Bea.

Antes que todas começassem a xingar novamente “Jezebel” O’Neal, Gina, que vinha se mantendo em silêncio, interrompeu:

- Ora, parem com isso! Nós viemos aqui para organizar a festa de aniversário do Harry e não ficar xingando as garotas que saem com ele – bufou a ruiva.

- Garotas? – perguntou Rony de maneira irônica lá da sala de televisão, mas atento à conversa das mulheres, muito mais animada do que o programa da TV.

- Eu não entendo como você não fica abalada com isso, Hermione – disse Helga, aparentemente decepcionada com a amiga.

- É - concordou Angelina – Você sempre foi a melhor amiga do Harry. Todo mundo inclusive achava que vocês tinham alguma coisa na época de Hogwarts.

Vendo que Rony e Toni estavam subitamente muito interessados nos assuntos femininos, Helga sugeriu aos dois e ao brasileiro Andy que fossem dar uma volta pela propriedade. Como eles não eram tolos de contrariar aquele grupo particularmente enfurecido, atenderam rapidamente ao pedido da matriarca da família M’Bea.

- Hermione e Harry nunca tiveram nada – explicou Gina após a saída dos rapazes – Se existe uma garota de quem eu nunca tive ciúmes foi dela.

- Harry sempre me viu como uma irmã – disse a jovem medibruxa.

- Apenas porque você nunca insistiu muito para que ele a visse de outra forma – acrescentou a ruiva, certamente, pensou Hermione, alimentando de novo naquela idéia ridícula de unir Harry e ela.

- Esqueça, mocinha! – ralhou Hermione.

- Ele estaria melhor com você do que com aquela...

- Vaca – interrompeu Toledo.

- Vadia – vociferou Angelina.

- Vagabunda – concluiu Helga.

- Lá vêm vocês de novo... – disse Hermione com ar desconsolado.

- Sério, Hermione. Já que a Gina não se movimenta para ficar com o Harry, você é a pessoa ideal para ele – sugeriu Angelina.

- Claro que eu sou a maior fã do casal Harry e Gina... – ia dizendo Helga.

- Já falei mais de uma vez que esse casal não existe mais! – quase gritou a ruiva.

- Bem, Hermione... – começou Toledo, olhando a curandeira do time dos Cannons cheia de planos.

- Ah, parem com isso! – ralhou a jovem – Vocês falam do Harry como se ele fosse uma donzela indefesa!

- Bem, nós todas sabemos que ele não é uma donzela – corrigiu Toledo.

- Mas é claro que é indefeso! – completou Helga com todo ar protetor de irmã mais velha – E aquela garota quer obviamente se aproveitar dele.

- Helga, minha amiga – tentou argumentar Hermione pacientemente – Estamos falando de Harry Potter, o sujeito que derrotou Voldemort. Você acha que ele não vai sobreviver a um encontro com uma garota?

- Ela com certeza pode magoá-lo – protestou Toledo, também de maneira protetora.

- E você, Toledo? – perguntou maliciosamente Gina – Pelo que eu sei você não é comprometida. Por que você não...

Mas antes que a ruiva concluísse o raciocínio, as outras garotas olharam-na surpresas, como se ela tivesse falado algum absurdo imenso. Todas tinham um ar divertido, mas seguravam o riso, até que a peruana explodiu. Riu gostosamente, irritando Gina, que odiava ser feita de idiota. A jovem artilheira murmurou um palavrão e saiu da sala.

- Nossa! – espantou-se Angelina – Ela não sabia?

- Eu vou falar com ela – disse a garota peruana, retirando-se e saindo atrás da colega de time.
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- Por Merlin! – exclamou Rony – É incrível como todas as nossas amigas querem proteger o Harry.

- As mulheres adoram proteger os rapazes desamparados – filosofou Andy Lopes no seu inglês precário.

- Se nós não estivéssemos falando de Harry Potter, eu diria que o cara faz tipo para conquistar as garotas – acrescentou Toni.

- Mas o Harry “É” o cara desamparado – disse Rony de maneira desconsolada – E todos sabem a garota que ele precisa, mas ele e a “tal garota” são burros demais para dar um passo nesse sentido.

- Só eles dois são burros, Rony? – perguntou Toni cheio de segundas intenções.

- O que você quer dizer? – questionou o ruivo, ficando com as orelhas vermelhas, mas sabendo exatamente o que o africano queria dizer.

- Eu quero dizer, e você sabe disso, que você e Hermione Granger deveriam estar juntos, pois até os hipogrifos que eu crio lá em Uganda sabem que vocês dois se amam – respondeu Toni pacientemente, como se explicasse uma coisa óbvia para uma criança particularmente obtusa – “Burros demais para dar um passo nesse sentido”, você disse?

- É tudo muito complicado – defendeu-se Rony.

- E por que? – quis saber Andy.

- Você é novo por aqui, garoto...

- Eu “não sou novo por aqui” e também nunca entendi porque vocês não estão mais juntos.

- É uma longa história – disse Rony com uma voz cansada.

- Você tem algum compromisso, Andy? – perguntou o africano, obtendo uma veemente negativa do brasileiro – Pois é, meu amigo. Como é uma segunda-feira onde nós não temos nenhum compromisso, acho que temos tempo para ouvir a sua história. Conta logo, droga!



O teste havia sido uma brincadeira. Rony era disparado o melhor goleiro que treinara no recém criado time dos Trasgos Diagonais. Se ele convencesse Harry a fazer o teste, os dois amigos poderiam jogar juntos como em Hogwarts. Estava absurdamente feliz e mal podia contar as novidades para Hermione.

Infelizmente os dois não andavam se vendo muito, pois ela estava estagiando no St. Mungus após os dificílimos exames que havia prestado em Glasgow, na Academia Mágica. Tinha muito orgulho da namorada. Havia sido a aprendiz de curandeira-medibruxa mais jovem a prestar os exames desde o século XVIII. Normalmente as pessoas ficavam dois ou três anos na Escócia, mas Hermione com todo o conhecimento que já tinha e que adquiriu tratando das pessoas durante a guerra, pulara esse período e entraria direto como estagiária do hospital.

Rony, juntamente com Harry, havia sido admitido na carreira de auror, mas de longe preferia o quadribol. Além da remuneração melhor, mesmo no pequeno time dos Trasgos, seria pago para fazer o que gostava. Harry (se ele convencesse o amigo) faria o teste dentro de dois dias e não tinha dúvidas que seria aprovado. Aliás, qualquer time pagaria uma fortuna para tê-lo, mas o ex-apanhador da Grifinória iria preferir um time modesto, onde não seria acusado de jogar apenas com a fama.

Hermione, contudo, não reagiu muito bem às boas novas. Aquilo que era para ser um jantar de comemoração no apartamento que ele, a namorada e Harry dividiam em Londres, tornou-se o início do fim. Ou melhor, o próprio fim.

- Hermione, querida – disse Rony com o máximo de paciência que conseguiu reunir – Eu não vou me tornar auror podendo jogar quadribol. E, principalmente, podendo ganhar mais jogando quadribol.

- E só o dinheiro é que interessa para você, Ronald Weasley?

- Bom... – disse Rony, fingindo pensar no assunto – Uma vez que eu nunca tive nenhum, sim eu me interesso por dinheiro. Qual o problema?

- Será que você não pensa um pouco no Harry? – perguntou Hermione, magoada. O amigo tinha se tornado uma das preocupações principais do casal. Há meses, desde a discussão com Gina, na Toca, que ele vinha se comportando como um zumbi. Falava pouco, tinha um ar perdido e só se alimentava porque Hermione e Rony insistiam muito com ele.

- Ah, não, Mione! – vociferou o ruivo – Não coloque o Harry no meio disso. Ele só demonstrou algum sentimento positivo quando eu falei do teste do quadribol. Vai ser muito melhor para ele ser jogador do que ficar enfiado no ministério entulhado num monte de papéis! Essa é a vida para você, não para o Harry, não para mim, ouviu bem?

- Oh, sim – disse a jovem de maneira sarcástica – Eu esqueci que você é um homem de ação, que odeia pessoas que precisem usar o cérebro...

- Eu nunca disse isso.

- Não, você não precisa dizer. Trabalhar no ministério é para a garota “sabe-tudo”, não é mesmo? Não para os intrépidos guerreiros grifinórios com suas vassouras possantes...

- Hermione...

- E você não apenas vai fazer uma coisa irresponsável, como também vai arrastar o Harry com você. Você não percebeu o quanto ele está frágil? Ele vai fazer qualquer idiotice que você pedir pra ele fazer!

- CHEGA, MIONE! CHEGA! – gritou o ruivo finalmente – EU NÃO ACHO QUE JOGAR QUADRIBOL SEJA IDIOTICE! TALVEZ EU NÃO SEJA BOM O SUFICIENTE PARA VOCÊ, NÃO É MESMO? E ISSO NÃO TEM NADA A VER COM HARRY! É VOCÊ QUE ACHA QUE JOGADORES DE QUADRIBOL SÃO IDIOTAS! MENOS UM CERTO BÚLGARO, NÃO É MESMO?

- Como você pôde dizer isso? – perguntou a garota, chocada. Depois, virou as costas e desaparatou. No dia seguinte, Rony recebeu uma longa carta onde ela se desculpava por criticar a sua opção pelo esporte, mas dizia que os dois deveriam seguir cada um o seu próprio caminho na vida. E pedia para que Rony cuidasse de Harry. Tudo havia terminado ali. Deixando um vazio que não podia ser preenchido.

Nos meses seguintes, o ruivo percebeu o quanto o quadribol fazia sucesso com as mulheres e desde então dormiu com diversas para esquecer a única que realmente lhe interessava. Aquela que de maneira estúpida não havia se tornado a mulher da sua vida.




- Foi isso? – perguntou Toni espantado – Eu imaginava uma briga insana, com direito a azarações, ofensas terríveis, maldições imperdoáveis...

- Isso quase acontecia quando estávamos juntos – sorriu Rony de maneira nostálgica – E depois vinha a melhor parte...

- A reconciliação! – disseram o brasileiro e o africano ao mesmo tempo.

- Pois é.

- Rony, meu chapa – começou o africano de maneira professoral – Eu não quero dar uma de...

- Já sei: “O grande irmão negro mais velho” – caçoou Rony, imitando a voz grossa do amigo, agitando as mãos como Toni costumava fazer quando pretendia dizer alguma coisa importante – Tá, podemos pular essa parte, pois sei que é isso mesmo que você vai fazer: “Bancar o irmão negro mais velho”.

O grande batedor estava rindo. Havia poucas coisas na vida que poderiam tirar o seu humor numa segunda-feira sem nada para fazer. Vivia numa propriedade agradável que alugara de um antigo colega ugandense que havia voltado para o seu país. Esta tinha uma grande área com pomares e jardins, onde no momento os seus filhos corriam livres e alegres. Tinha também proteção mágica contra abelhudos trouxas ou bruxos e a casa que ficava no centro da propriedade era grande e acolhedora.

- Eu nunca falei pra você sobre meu tio Jonas, não é mesmo? – disse o homem mais velho, ficando sério de repente.

- Certamente não – respondeu o ruivo, estranhando a súbita seriedade do amigo. Andy também estava muito atento à conversa.

- Pois é. Ele conheceu uma mulher que foi o amor da sua vida. Uma linda princesa nigeriana nascida trouxa. Ele sempre dizia que aquele tinha sido a sua grande paixão. Daquelas que você só encontra uma vez na vida. Mas, como você e Hermione, ambos eram muito orgulhosos e teimosos e acabaram se separando. Meu tio passou o resto da sua vida muito infeliz, mas se consolava dizendo que a sua amada estava melhor sem ele. Que ela seria feliz.

- Mas ela não foi feliz, não é mesmo? – perguntou Andy.

- Não, não foi – concordou M’Bea – Quando já era um homem idoso, um dia ele recebeu uma carta de um sobrinho dela anunciando a morte da tia. Meu tio ficou arrasado. Principalmente quando recebeu do mesmo sobrinho uma série de cartas que a mulher havia escrito, mas nunca enviadas ao amor da sua vida. O Senhor Jonas M’Bea leu as cartas e percebeu que ela não havia sido feliz, assim como ele.

- Que merda! – disse Rony com a sua conhecida “sutileza”. Mas estava realmente impressionado.

- Pois é, cara – disse Toni de maneira grave – O sujeito viveu uma vida infeliz, ela viveu uma vida infeliz. E por que? Porque eles foram orgulhosos demais pra perceber que a felicidade estava ali mesmo. A um passo.

Um silêncio pesado caiu sobre o trio. Rony havia sido bastante afetado com essa história. Sempre havia julgado que Hermione estava melhor sem ele. Que ela seria feliz. Ele certamente seria muito mais feliz com a garota ao seu lado. Seria esse o destino deles? Viver infeliz?

- No caso de Hermione – ponderou o africano – há alguns sujeitos por perto prontos para tentar fazê-la feliz.

Rony não disse nada. Apenas virou-se e caminhou de volta para a casa de Toni. “Um passo”, pensou. E pensou seriamente se um certo loiro aguado não estava próximo de dar esse passo.

Depois de um momento vendo Rony se afastar, Andy Lopes, o promissor batedor brasileiro perguntou de maneira perspicaz:

- Você inventou essa história, não é mesmo?

- Se você um dia contar pro Rony, sua carreira no quadribol será curta e dolorosa, meu amigo... – respondeu Toni com um grande sorriso maroto.
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- Ora, você veio rir de mim ao vivo e em cores? – perguntou Gina cheia de ressentimento a Cris Toledo que havia saído em seu encalço.

- Gina – disse a garota peruana – Você não tem motivo para ter raiva de mim. Eu não sou o que se pode chamar de uma rival.

- Rival? Rival? – repetia a ruiva muito irritada – Se você está se referindo ao Harry...

- É claro que eu estou me referindo ao Harry!

- Por que você achou tanta graça quando eu perguntei se você se interessa pelo Harry? Vocês estão sempre juntos! Vocês moraram juntos! Vai me dizer que você não gosta do Harry?

- É claro que eu gosto do Harry!

- Você não ama o Harry?

- Não da mesma forma que você.

- De que forma então? – perguntou Gina de maneira sarcástica.

- Eu não gosto de rapazes, Gina – confessou a artilheira peruana.

- Você o quê?

- Ora, você ouviu muito bem!

- Você quer me dizer que você é...

- Sou!

- Mas, mas... – atrapalhou-se Gina – Você parece tão... tão...

- Feminina? – perguntou Toledo.

- Bem, é! – e depois, pensando melhor a ruiva disse: - Ah, desculpa. Eu estou sendo idiota, não é mesmo?

- Tudo bem – tranqüilizou-a a colega de time – Eu pensei que você soubesse. Não é exatamente um segredo no mundo do quadribol.

- Acho que eu devo mesmo desculpas a você. Não sei o que deu em mim.

- Se eu disser que sei o que deu em você, você vai me acreditar? – perguntou Toledo amistosamente.
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Harry havia passado o dia com Draco Malfoy sob o pretexto de assinar documentos e realizar fotos publicitárias. Na verdade, ele sabia muito bem que planejavam uma festa “surpresa” de aniversário dos seus vinte e um anos. Havia combinado de passar a noite com Rony e Hermione e havia se comprometido a preparar o jantar para os amigos.

Embora não gostasse mais tanto assim de se alimentar, cozinhava muito melhor do que os outros dois. E sem usar mágica. Rony era uma ameaça à saúde pública quando cozinhava e Hermione só era boa com feitiços culinários. Enquanto Harry visitava um mercado do Beco Diagonal que ficava aberto até a noite atrás dos ingredientes para o jantar, os antigos namorados esperavam por ele no apartamento sobre a sorveteria do Florean. Hermione queria acompanhá-lo, mas Harry insistiu que poderia ir muito bem sozinho, pois havia tomado todas as poções que a amiga havia lhe dado e havia percebido que Rony estava muito tenso, certamente querendo falar alguma coisa para a garota.

- Você é feliz agora, Hermione? – perguntou o ruivo de maneira inesperada assim que ficaram a sós – Quero dizer, depois da gente ter se separado?

A garota encarou o ruivo sem saber o que dizer. Na verdade, não se lembrava de ser feliz a partir dos seus onze anos a não ser na companhia dos amigos. Harry, Gina e principalmente Rony sempre estiveram presente nos momentos em que havia sentido algum tipo de felicidade. Mesmo durante a guerra. Sempre se sentia feliz e aliviada quando os amigos e o então namorado voltavam inteiros daquelas missões arriscadas.

- Eu era feliz com você, Rony – respondeu Hermione com uma sinceridade que assustou ela própria.

O que aconteceu a seguir foi um tanto estranho. O ruivo, que nunca havia sido muito bom com palavras, começou um discurso muito confuso sobre um tal Tio Jonas, que a garota não entendeu. Falou algo também sobre como sempre havia sido feliz ao lado dela e como não queria ser infeliz até morrer, deixando que algum loiro idiota a fizesse feliz, mas não tanto quanto ele poderia fazê-la De repente os dois estavam muito próximos e Rony estava ofegante. Nunca souberam quem tomou a iniciativa, mas no momento seguinte estavam se beijando. E colocando muito empenho naquele beijo. Rony havia dado “o passo”. E se amaldiçoou mentalmente por não ter aquela garota ao seu lado o tempo todo. Como pudera viver tanto tempo sem beijá-la?

Ainda agarrada ao ruivo, Hermione pensava a mesma coisa. E como ele sabia beijar! Certamente não era só por causa do quadribol que conquistava tantas garotas.

Eles nem perceberam que Harry havia voltado de suas compras, que foram silenciosamente deixadas na cozinha. Discretamente o amigo diminuiu as luzes mágicas da sala de estar com um pequeno gesto de varinha e silenciosamente, com um sorriso nos lábios, dirigiu-se ao seu próprio quarto. O jantar poderia esperar. E esperaria por outro dia.
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DE VOLTA AO PRESENTE:

Harry sentiu mãos macias acariciando seu rosto. Havia dormido novamente e acordado sem saber muito bem onde estava. Estava se tornando um hábito acordar só de roupa de baixo com alguma pessoa do sexo feminino por perto.

- Bom dia, dorminhoco – disse uma sorridente Baby Jane, estendendo-lhe um copo de suco de laranja ou algo próximo a isso e lhe estendendo os óculos para que o mundo entrasse em foco novamente.

O que diabos tinha acontecido?






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