UMA PAISAGEM RUIVA



Uma coisa que Gina Weasley aprendeu nesses vinte anos de vida bruxa é que TODOS os homens são idiotas. Mesmo os melhores exemplares da espécie como seu irmão Rony e o melhor amigo desse, que ela se recusa a dizer o nome. Ok. Só as iniciais: HARRY TIAGO POTTER. E sempre querem proteger as mulheres, mas não conseguem proteger a si próprios. E todos, principalmente aqueles da melhor espécie, precisam de uma mulher que pegue na sua mão de vez em quando.

Eles eram chamados a Força Aérea, numa ironia àquele negócio dos trouxas que voa sem magia. Eram os melhores pilotos de vassouras de Hogwarts e alguns dos melhores jogadores de quadribol do mundo. Faziam parte da “Força” ela, seu irmão Rony, Harry, Vitor Krum, o africano Toni M’Bea, Dino Thomas e vários outros jovens e alguns nem tão jovens assim. A missão deles era localizar os pontos onde os Comensais da Morte de Voldemort se reuniam e atacá-los. Se possível prendê-los. Melhor ainda matá-los e fugir o mais rápido possível. Voldemort estava cada dia mais forte e quanto mais baixas o campo dele tivesse, melhor. A Ordem da Fênix tentava recrutar adeptos para a sua causa e tentava convencer o ministério a não se render.

Alguns idiotas do governo pregavam a necessidade de um acordo com o Lorde das Trevas. Como se aquele monstro aceitasse algo menos do que a submissão total e a obediência absoluta. Harry fazia parte da pequena divisão de elite da “Força” que tinha como objetivo localizar o bruxo das trevas e matá-lo. Poucos (como ela, Rony e Hermione) sabiam da profecia que ligava o destino do rapaz ao de Voldemort. Morrer ou ser morto. Todos queriam, é claro, que o “garoto que sobreviveu” realmente sobrevivesse. Ele estava mais poderoso do que qualquer outro bruxo que ela havia conhecido. Mesmo M’Bea, que passou parte da sua vida entre poderosos bruxos da África, dizia que não tinha conhecido alguém como Harry. E ele tinha apenas dezoito anos! E ele queria evitar que os amigos morressem. E ele sofria horrivelmente quando chegavam até ele imagens de massacres de trouxas ou de “sangues-ruins” através da mente de Voldemort.

Pobre Harry! Os amigos tentavam acalmá-lo, mas ele andava uma pilha de nervos, desesperado para encontrar o seu inimigo. Sentindo o peso do mundo sobre os ombros. Foi quando chegou no acampamento a “Informação”. Aparentemente os pais de Draco Malfoy desentenderam-se com o Lorde e foram mortos por ele. Nunca se soube ao certo o que aconteceu. A verdade é que o jovem Malfoy entregou à Ordem da Fênix a localização do esconderijo secreto do bruxo.Um lugar ao norte da Inglaterra empesteado de magia negra. Originalmente a Ordem pensava que era um simples esconderijo de Comensais como tantos outros. Mas era ali que estava o maldito.

Um destacamento de dez pessoas da “Força” deveria liquidar as sentinelas e fazer com que Harry entrasse na fortaleza para terminar com a guerra. Hagrid e seu meio irmão Grope cuidariam dos gigantes. Haveria um destacamento específico para afugentar os dementadores. Foi aí que seu amado Harry Potter fez uma coisa idiota e heróica, como só os homens que são heróicos e idiotas podem fazer. Combinando com outros homens heróicos e idiotas da “Força Aérea” ele os privou de um dos seus melhores pilotos: Gina Weasley. O idiota resolveu salvar a vida da sua amada, ainda que para isso ele sacrificasse a missão e ferrasse com o mundo.



Gina saiu dos seus devaneios atraída pelo cheiro familiar e agradável dos ovos com bacon que sua mãe colocava à sua frente. A mãe, é claro, queria que ela ingerisse a maior quantidade possível de proteínas, pois sua filha estava “magrinha”, na sua opinião. Se ela aceitasse tudo o que a Sra. Weasley oferecia em matéria de comida, certamente não haveria uma vassoura que suportasse o seu peso na próxima temporada de quadribol. A essa hora seu irmão e Harry estariam negociando o futuro profissional deles. Gina estava curiosa para saber o resultado da reunião.

A garota ainda saboreava seus ovos quando uma coruja bastante familiar, imaculadamente branca, entrou pela janela da cozinha dos Weasleys e pousou na mesa em frente à garota, estendendo-lhe a pata, onde havia uma mensagem. Uma letra que ela conhecia muito bem dizia: “Precisamos falar com você urgente. Estamos no Florean. A) Harry”. Na mesma hora ela pegou sua varinha que estava sobre a mesa e desaparatou, surda aos gritos de sua mãe que lhe dizia para vestir uma roupa decente.

A cena foi bastante curiosa. Vitor Krum, Harry e Rony estavam sentados em volta de uma grande mesa de reuniões, seu irmão e o amigo parecendo tão carrancudos quanto o búlgaro. Na cabeceira da mesa estava Draco Malfoy, que conversava de maneira despreocupada com Florean e seus idosos sócios. Todos levaram um susto quando Gina aparatou na sala vestindo apenas um minúsculo short, que propiciava uma visão bastante generosa de suas belas pernas e uma camiseta bastante colada ao corpo, propiciando uma visão geral do resto, igualmente agradável aos olhos masculinos. Mesmo aos homens mais velhos a “paisagem ruiva” não passou desapercebida. Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.

Krum e os senhores de idade, procuraram tirar os olhos das pernas (e do resto) da ruiva, mas não imediatamente. Rony estava prestes a ter um chilique ao ver a sua “irmãzinha” usando em público trajes tão sumários e reveladores. Harry estava pasmo e apenas Draco Malfoy parecia à vontade com a cena. Ou ficou a vontade por alguns segundos, antes que a jovem andasse até ele com passos decididos e lhe apontasse a varinha à altura do nariz:

- Muito bem, seu aprendiz de Comensal da Morte – disse em tom ameaçador – Qual é o jogo? O que você fez com os rapazes? Por que o Harry está assim tão pálido? Se você o envenenou ou jogou sobre ele uma maldição imperdoável eu vou arrancar um por um esses fios de cabelos loiros desbotados dessa sua cabeça cheia de...

- Gina! – tentou interrompê-la Rony. Conhecia a irmã e sabia que quando ela ficava furiosa poderia ficar também bastante descontrolada.

- Cale a boca, Rony! – disse a ruiva, o rosto tão vermelho quanto os seus cabelos – Você deveria cuidar do Harry como havia me prometido e não trazê-lo para encontros com inimigos. E você, Vitor, francamente, pensei que fosse amigo!

- Posso interromper? – perguntou Draco, tentando afastar o nariz da varinha de Gina.

- NÃO! – disseram os Weasleys presentes ao mesmo tempo.

- Já chega – disse Harry calmamente. Com um gesto discreto de sua mão ele desarmou a amiga e apanhou sua varinha que flutuava pela sala. Ele não era de se exibir, mas um dos aspectos mais espantosos do seu poder era o fato de fazer feitiços sem varinha. Mesmo Gina, que havia demonstrado na guerra ser uma bruxa poderosa, tinha dificuldade para realizar tal façanha.

Harry não sabia se ficava deliciado ou furioso por descobrir que Gina se preocupava tanto com ele. Então ela também havia dito para Rony cuidar dele! Por que todas as mulheres que ele conhecia (que não eram muitas) achavam que ele não podia tomar conta de si mesmo? Uma parte de Harry queria beijar Gina (essa parte tinha que fazer um esforço enorme para desviar os olhos do corpo da garota), outra parte tinha vontade de azará-la por aquela ridícula demonstração maternal de preocupação. Oras, como disse Draco Malfoy, se ele havia matado Voldemort, será que poderia ser intimidado por um jovem da sua idade, vestido como um desses mauricinhos trouxas?

- Você está bem, Harry? – perguntou a garota, demonstrando a peculiar preocupação que sempre havia tido por ele nos velhos tempos em que foram amigos e depois namorados – Você está muito pálido – disse, tocando a face do bruxo, que estranhamente sentiu a temperatura da sala aumentar.

- Quem não está bem é você, andando nua desse jeito por aí! – ralhou o seu irmão Rony, tentando desajeitadamente ampliar o cumprimento do short de Gina com um feitiço.

- Deixa que eu faço isso – disse a jovem, retomando sua varinha da mão de Harry e transformando o short numa calça jeans justa e alargando um pouco a camiseta. Pela cara de Rony (e dos presentes) a mudança não alterava muito a “paisagem” agradável de ser vista.

- Que idéia foi essa, Gina? – quis saber o irmão, ainda com cara de poucos amigos.

- Ora, eu recebi um bilhete de Harry. E eu chego aqui e vejo você e Krum com cara de enterro, Harry parecendo doente...

- Ei, eu não pareço doente! – protestou o “doente”, mas a amiga o ignorou.

- E esse sujeito – apontou Malfoy com cara de contrariedade – aqui presente.

- E é claro que esses pobres homens adultos não poderiam se defender sozinhos, não é mesmo, Garota Weasley?

Todos na sala viraram-se na direção da voz de barítono que encheu o ambiente e viram um grande homem negro que havia entrado no recinto. Vestido de maneira bruxa com vistosas roupas africanas, Toni M´Bea, o grande jogador de quadribol e companheiro de Harry, Gina e Rony durante a guerra na “Força Aérea” sorria radiante para os amigos.

- Bem, garotos – falou despreocupadamente o africano, conjurando por magia uma poltrona que recebesse de maneira confortável o seu corpanzil – Vai ser como na guerra. Só que ninguém precisa morrer e vamos nos divertir muito. Ah, e vamos ser muito bem pagos, é lógico.




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