TRIUNFOS E DERROTAS



Sobre esses jovens bruxos muitas lendas serão contadas no futuro. A população do mundo mágico passará a se referir a Harry Potter e aos seus amigos como um grupo de pessoas de coragem e valor, cujos feitos e o destemor serão cantados em prosa e verso e serão de tal forma repetidos e às vezes exagerados que a lenda e a realidade irão se fundir a ponto de não se poder mais distinguir entre uma e outra.

Mas naquele dia longínquo, numa praia tropical, no maior país da América Latina, num pequeno estado litorâneo, aquele grupo não parecia nem um pouco com as pessoas retratadas pela lenda.


- Vamos, Potter, feche essa boca – implicou Draco Malfoy com um extasiado Harry Potter – As pessoas vão pensar que você nunca esteve numa praia. Você esteve, não é mesmo?

Harry, entretanto, tendo Gina a seu lado, estava maravilhado demais com a areia branca brilhante que refletia o sol do Nordeste brasileiro, o mar verde-azulado e o cenário deslumbrante emoldurado por um céu imensamente azul. Ele simplesmente não respondeu à provocação. Na verdade o Eleito havia visto uma praia pela primeira vez na sua vida na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Mas ali ele só passeara próximo ao mar.

- Mas não é inverno aqui no Hemisfério Sul? - perguntava um surpreso Draco Malfoy com o calor escaldante da região.

Como não tinham mais nenhum compromisso no país, os Cannons foram liberados por Vera para conhecer uma praia num estado que mal conseguiam pronunciar o nome (“É Alagoas, Rony!”, repetia Hermione pela décima vez). Uma chave de portal destinada a turistas bruxos havia transportado todos os jogadores, o presidente, a treinadora, os reservas, Hermione e Amanda para um passeio numa praia trouxa que a namorada do batedor brasileiro havia recomendado.

Goyle vigiava a todos de perto (“Ouvi falar que os trouxas desse país roubam os estrangeiros, chefe”, dissera o brutamontes para o presidente do time) e havia afastado com o seu olhar de trasgo alguns malandros que se aproximavam daquele estranho grupo de “gringos”, cheios de más intenções.

Provavelmente no futuro todos pensariam que esse grupo particularmente corajoso só conversasse entre si assuntos sérios. Ou no mínimo elaborassem táticas intrincadas para derrotar os seus adversários no Quadribol. O diálogo travado no momento entre Draco Malfoy e Gina Weasley parecia desmentir um pouco a lenda:


- Weasley, você está tentando o que? Me esfolar?

- Ora, cale a boca, Malfoy! – retrucou a ruiva, enquanto passava nas costas do loiro uma poção, cuja função era a mesma dos protetores solares trouxas – Eu gostaria de lembrar à “vossa majestade” que ninguém mais se candidatou a essa função.

Supondo-se experiente em viagens a praias, Malfoy havia ingerido umas pílulas mágicas que teoricamente bloqueavam a ação dos raios solares, ao contrário dos demais, que compraram uma proteção bruxa no hotel onde estavam hospedados. O venerável presidente dos Cannons descobriu dolorosamente que o sol dos trópicos era muito mais forte do que o efeito das pílulas que possuía. O resultado foi uma vermelhidão nas costas e ombros, que também começavam a arder.

- Não é verdade, Weasley – retrucou de mau humor – A Hermione...

- Se a Hermione estivesse passando esse protetor em você, o sol seria o menor dos seus problemas – provocou-o a ruiva – Você estaria sendo afogado naquele belo mar ali por um certo ruivo...

- O seu namorado nunca havia estado mesmo numa praia? – perguntou o loiro bastante interessado, fazendo caretas enquanto Gina continuava passando o creme transparente nas suas costas ardidas.

- Com aqueles trouxas horríveis que o criaram – respondeu a artilheira – ele teria sorte de ter chegado perto de uma banheira...

- Sério? – perguntou o rapaz, visivelmente impressionado – O pessoal dizia em Hogwarts que o Potter era tratado pelos seus parentes trouxas como um rei!

- E você é um idiota por acreditar nisso. Não sei se conheci alguém que foi pior tratado na infância do que o Harry.

- E mesmo assim ele se mataria pelos trouxas... Ele é um idiota ou o que?

Gina nesse momento deu um tapa nas costas do loiro, que gemeu de dor, mas antes que pudesse reclamar, a garota ruiva deu a volta em torno dele, ficando ajoelhada na sua frente. O seu rosto havia ficado quase tão vermelho quanto os seus cabelos.

- Você não entende o Harry, não é mesmo? – ela perguntou. Na verdade mais afirmou do que perguntou para um Draco surpreso – Felizmente o Harry é capaz de perceber que nem todos os trouxas são idiotas e desprezíveis como os seus parentes. Você já pensou se todos os bruxos fossem julgados tendo Voldemort como parâmetro?

Malfoy estremeceu levemente ao ouvir o nome. Mas havia entendido o argumento da jovem.

- OK. Já entendi – disse depois de um segundo de reflexão – Mas o Potter é realmente um cara impressionante...

- Ah, isso ele é mesmo – respondeu a ruiva com um sorriso misterioso, voltando a passar o protetor em Draco, que voltou a gemer e reclamar.
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Muito também se falaria no futuro sobre Tony M’Bea. De como seus conselhos valorosos várias vezes foram importantes para o Eleito e para os seus amigos. Da extraordinária habilidade dele com o bastão de quadribol. De como havia se reabilitado de uma juventude fútil e irresponsável e como se tornaria herói de uma guerra. Em pelo menos dois continentes seus feitos seriam celebrados. No dia de hoje, vemos o africano descansando merecidamente junto a outros amigos. O que ele estaria discutindo com eles? Certamente algo muito sério, visto que era um homem bastante versado nas artes mágicas, além de profundo conhecedor do mundo dos trouxas.


- Eu te falei que o de abacaxi era melhor! – disse o africano para Vitor Krum, que torcia o nariz após experimentar um suco de uma fruta exótica da região.

- Pra nós da Bulgária qualquer fruta que tem uma coroa é exótica, Toni – gracejou Vera Ivanova, enquanto aceitava de bom grado uma batida levemente alcoólica que o solícito nativo da barraca de sucos e batidas oferecia a treinadora dos Cannons – E nada de bebida alcoólica, Robby! – ralhou ela com o goleiro reserva, que sorrateiramente tentava experimentar uma caipirinha – eu prometi à sua mãe que tomaria conta de você!

- Mas eu já tenho... – ia dizendo o rapaz negro constrangido.

- Você tem dezoito anos e sua mãe mandou eu ficar de olho em você – Depois, virando-se para o dono da barraca, disse numa mistura de português e espanhol: - No álcool pro chico, compreende?

Divertindo-se muito com a contrariedade do rapaz, o brasileiro recolheu a caipirinha e colocou um suco no lugar. Robby York ficou mostrando a língua para Vera Ivanova, mas disfarçou quando ela virou de frente para ele para conferir se o suco não havia sido batizado.

- E não adianta reclamar, gatinho! – disse a búlgara como quem encerra a discussão – Eu tenho um filho praticamente da sua idade. E sua mãe tem razão em proibir você de ficar bebendo porcarias.
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Hermione Granger era uma jovem de uma beleza suave e discreta e de uma inteligência prodigiosa. Todos admiravam a sua sabedoria, e o fato de às vezes ela ser chamada de “sabe-tudo-mandona” parecia indicar o respeito que despertava nos amigos. Rony Weasley, se perguntado, falaria de outras de suas qualidades. “Qualidades que só eu preciso conhecer, seu abelhudo!”, diria o ruivo a um intrometido escriba do início do século XXI. Certamente ele falava dos dotes intelectuais que a sua amada só demonstrava quando eles estavam a sós. Alguns, com os espíritos mais licenciosos, imaginariam outros significados ocultos na frase do lendário goleiro. Mas, nós, passado tanto tempo, só podemos conjeturar sobre aqueles dias longínquos.

Seriam sábios conselhos que a jovem bruxa passava agora para as suas amigas, à beira de uma praia?


- Eu vou matar o Rony se ele fizer outro comentário a respeito do meu biquíni! – exclamou Hermione, arrancando risos das garotas em volta dela.

A alguns metros de onde Gina Weasley “esfolava” Draco Malfoy, Hermione, acompanhada de Amanda, Toledo e Tess dourava-se ao sol do Brasil. O seu biquíni era, na sua opinião e de suas amigas bastante discreto (muito mais do que o de Amanda), e de qualquer maneira não iria admitir ataques de proteção machista de homem algum, mesmo daquele que ela amava e estava destinado a ser o pai dos seus filhos.

- Que dura você deu no Rony, não? – comentou Amanda, divertida.

- Mas foi bem feito! – concordou Toledo, solidária – Eu adoro o Ronald, mas às vezes ele é bem... – hesitou a garota peruana.

- Um idiota machista – concluiu Hermione.

- Ele apenas é apaixonado por você – disse Tess, compreensiva – E não gostou das olhadas sorrateiras do Malfoy...

- Se ele não parar com as olhadas sorrateiras, sou eu quem vai dar um soco nada sorrateiro nele... – disse a jovem medibruxa.

- Uma mulher de fibra! – caçoou Amanda.

- E com uma direita, se os boatos forem verdadeiros... – brincou a peruana.
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O mundo comenta hoje os feitos passados de Harry Potter com um misto de temor e reverência. Os bruxos mal se lembravam de quando surgiu entre eles um membro de sua comunidade que pudesse realizar mágicas sem varinhas. Que fosse capaz de lançar feitiços poderosos que poucos haviam ouvido falar, como havia acontecido na última guerra do mundo mágico. Por outro lado, sua bondade, sua generosidade, sua capacidade de se sacrificar pelos amigos também se inscreveram na sua lenda. Poderoso, de bom coração, solidário, vejamos um pouco da vida do Eleito flagrado na intimidade de um dia de folga.


- O último que chegar onde estão as garotas é um hipogrifo depenado! – gritou para Rony e Andy, que o seguiram, tropeçando e pulando as ondas.

Molhados, bronzeados e arfantes os três, liderados por Harry, chegaram até onde estavam as jovens namoradas e amigas. Harry ergueu Gina do solo, que reclamava que ele estava gelado e deu um beijo na ruiva, que retribuiu prontamente.

- Parem com essa safadeza perto de mim – grunhiu Malfoy, fingindo um mal humor – Eu nem almocei ainda. Vocês estão tirando o meu apetite.

- Hum – caçoou Gina – Acho que vamos ter que chamar Baby Jane...

- É – concordou Harry – Alguém estava com um humor muito melhor hoje cedo.

- Ora, calem-se – disse o presidente do time, disfarçando o riso – Aquela maluca foi percorrer a orla atrás de “artesanato local”, segundo me disse. Pode uma coisa dessas? E eu aqui nesse sol horrível, tendo uma ruiva maníaca me esfolando e vendo vocês dois cometerem atos imorais.

- Espero que você não pretenda processar ninguém – disse ironicamente Vera Ivanova, que se aproximava do grupo, a caminho do mar. “Com um corpo que não estava nada mal”, pensou o ex-sonserino.

- Sabe que é uma idéia? – fingiu pensar Draco – Vou processar o sol!
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Sobre o belo, inteligente e instigante presidente dos Cannons naquela época...

- O que você tanto escreve nesses pergaminhos, Draco? – perguntou com voz sonolenta Jane O’Neal.

- Hum... nada – tentou disfarçar o loiro.

De novo eles haviam dormido juntos. Quer dizer, dormir não foi exatamente o que fizeram. Draco sabia que Jane não havia ainda desencanado totalmente de Harry Potter. Ter presenciado mais um dos beijos apaixonados que ele e Gina insistiam em trocar a cada dez segundos, provavelmente afetou a ás da seleção irlandesa mais do que ela gostaria de admitir. Por outro lado, Rony Weasley atacando Hermione Granger toda hora também não havia feito bem para o seu estômago. Escrever suas memórias e a do time dos Cannons (“Ninguém aos vinte e um anos escreve as suas memórias, Draco!”) o relaxava. E se divertia muito escrevendo como se fosse um sujeito do futuro, de maneira imponente como se fosse um oráculo de uma era.

- Ah, agora eu quero saber! – disse de maneira decidida a jovem, agora já bastante desperta.

Depois de uma batalha de travesseiros, cócegas e ameaças de golpes baixos, O’Neal se apropriou dos pergaminhos e riu a valer com as frase pomposas do loiro.

- “Belo, inteligente e instigante” – zombou a jogadora – Você esqueceu de acrescentar modesto...

- Ora, não amole! – retrucou Draco de mal humor – Esses pergaminhos um dia serão parte da história do mundo bruxo!

- Bom, então vamos acrescentar alguma coisa neles.

Conjurando uma pena, Jane O’Neal acrescentou ao texto de Draco:

“... podemos dizer que se encontrava acompanhado de sua deslumbrante amiga, exímia jogadora de quadribol, bonita, gostosa, boa de cama e acima de tudo, pronta para fazer aquele loiro fofo esquecer uma certa medibruxa que é apaixonada por um certo goleiro ruivo. Quem mais acompanharia Draco Malfoy até as profundezas do hemisfério sul, senão a espetacular Jane Augusta O’Neal? Invejada pelas mulheres, cobiçada pelos estilistas e desejada ardentemente pelos homens...”.

- Menos um homem. Um certo craque do quadribol – falou Draco, que olhava por cima do ombro da garota – E FOFO NÃO!
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Decididamente não conseguiram andar em paz pelas ruas de Poente, a importante cidade bruxa de São Paulo. Um tumulto tomou conta das calçadas e das lojas de suvenires quando Harry Potter e Gina Weasley aparataram próximos de uma loja de artigos de quadribol para comprar um pomo de ouro com o símbolo da seleção brasileira. Pretendiam levar uma lembrança para os amigos, mas a presença deles, e mais ainda de Vitor Krum, Toni M’Bea, Andinho Lopes e Rony Weasley nas proximidades criou um caos de proporções gigantescas. Pedidos de autógrafos, comerciantes que se engalfinhavam pela honra de receber os ases do quadribol nas suas respectivas lojas, garotas que desmaiavam de emoção e fãs enlouquecidos completavam o cenário constrangedor para Harry.

Aurores do ministério brasileiro tiveram que intervir e um grupo bastante assustado de jogadores conseguiu finalmente alguma paz num restaurante rodízio, considerado um dos melhores do país entre aqueles destinados exclusivamente ao público bruxo.

Malfoy havia acertado uma quantia com o dono, um antigo amigo da família de Amanda, que pretendia recepcioná-los de graça. O loiro estava tentado a aceitar a benesse, mas Harry e Gina exigiram pagar a conta, pois o restaurante seria destinado exclusivamente aos Cannons e agregados e não achavam justo que fossem servidos sem pagamento.

Depois de muita negociação, a conta ficou mais barata do que o normal, pois o comerciante garantiu que a publicidade que traria o fato da casa ter recebido Harry Potter e seus companheiros do time compensaria qualquer possível prejuízo.

Quando todos já estavam alojados, esperando os pratos deliciosos, que continham vários tipos de carne, mas não apenas, uma mulher de meia idade, negra, corpulenta, com um rosto bonito, entrou sorridente no restaurante e se dirigiu até a mesa grande que acomodava o time inglês e seus acompanhantes, sendo abraçada e beijada por Andy e Amanda, com quem trocou palavras carinhosas em português.

- Essa é Aparecida Cristina de Souza Lopes, minha mãe – disse o brasileiro em inglês, com visível orgulho – Mas ela prefere ser chamada apenas de Cida, né mãe? – acrescentou, enquanto Amanda traduzia para a mulher mais velha o que o filho dizia, menos a última frase, que ele disse em português.

Surpreendendo a todos, a mãe do batedor brasileiro dirigiu-se até onde estava sentado Harry Potter e colocou ambas as mãos sobre os ombros do rapaz, depois lhe deu um beijo no rosto, o que Harry já tinha percebido que era o cumprimento normal nesse país. Mais surpreendente ainda foi a voz grave com que pronunciou num inglês absolutamente perfeito as seguintes palavras:

- É uma honra conhecer um bruxo poderoso e de bom coração como você, meu filho – disse a mulher, os olhos fixos no jogador, como se pudesse ler a sua alma. Como o filho, ela era uma sensitiva. Provavelmente mais poderosa ainda, pois algo como uma corrente elétrica foi sentida por todos enquanto ela falava e mantinha o seu olhar fixo nele – É sempre reconfortante saber que uma alma bondosa como a sua encontrou o verdadeiro amor – acrescentou, tocando o rosto de Gina.

Como acontecia com o seu filho Andy, depois desta declaração, a mulher agiu como se acabasse de sair de um transe. Desculpou-se em português e foi sentar perto do filho e da futura nora, com a qual parecia se dar muito bem.
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- Por que esses elfos pulam sobre uma perna só? – perguntou Rony de boca cheia, enquanto saboreava uma tenro pedaço de picanha.

- Eles não são elfos, Rony – explicava Hermione, que fazia questão de saber tudo sobre os pratos servidos pelos seres de uma perna só – Eles são SACIS. São criaturas mágicas que vivem exclusivamente no Brasil.

- Bom, eles parecem bem mais animados do que os elfos – constatou o ruivo, enquanto experimentava as mandiocas fritas que eram servidas nesse instante.

Os sacis tinham a altura de garotos e andavam (na verdade saltitavam) numa velocidade impressionante para criaturas com uma perna só. E eram inegavelmente animados, a ponto da sua animação beirar o caos. Milagrosamente, entretanto, conseguiam equilibrar as carnes e as demais iguarias, servindo-as com muita competência e também muito barulho.

E esmeravam-se em atender Harry, nunca deixando o prato do rapaz vazio. Hermione desconfiava que aquilo que diziam não era possível de ser entendido em língua alguma, dada a velocidade com que gritavam uns com os outros.

- Eles estão desse jeito desde que descobriram que Harry Potter viria aqui – disse o gerente do restaurante, um homem moreno de meia idade, com um vasto bigode e um inglês bastante compreensível – Parece que todas as criaturas mágicas o idolatram, Sr. Potter.

Muito sem graça, Harry tentava dividir a sua comida com os gulosos Rony e Apollo Cole que estavam próximos a ele. O que só fazia com que os sacis o enchessem mais ainda de comida.

- Se eu comer tudo isso não vou poder subir numa vassoura nos próximos anos! – exclamou o Eleito para o divertimento dos colegas do time.

- Espero que eles não sejam escravos como a maioria dos elfos na Inglaterra – observou Hermione, divertindo-se com a atrapalhação de Harry.

Os brasileiros riram a valer com a afirmação de Hermione. Como a curandeira não havia entendido o bom humor dos nativos, Amanda explicou:

- Ninguém escraviza um saci, Hermione. Eles trabalham apenas com quem simpatizam. Eles exigem apenas tabaco e cachaça como pagamento. Que para eles parece não fazer mal algum.

- Dá uma olhada neles – apontou de bom humor o gerente para a balbúrdia dos seres – Você acha que alguém consegue escravizar esses lunáticos?

Nesse momento um saci bem escurinho (ao contrário da lenda, há saci brancos e negros e TODOS gostam de usar gorros vermelhos) deixava um drinque na frente de Hermione, depois mandava um beijo para a garota, afastando-se antes que Rony brigasse com ele.
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A um oceano de distância do lugar onde os Cannons se divertiam com as comidas e bebidas servidas pelos sacis, uma reunião de homens extremamente sérios tinha lugar em Londres. Bruxos sérios e com roupas sérias trocavam apreensivos olhares sérios entre si. Um deles, com sotaque norte-americano, falou seriamente:

- Severo Snape não apenas não quis comparecer como me mandou... Bem, ele foi muito desagradável – disse o ianque.

- E ainda nos ameaçou de prisão por conspiração se realizássemos essa reunião – disse um outro homem sério, este inequivocamente inglês – Por isso tivemos que nos reunir nesse lugar discreto e tarde da noite.

- Escondidos como ratos! – bradou outro dos homens sérios ingleses presentes nesta reunião.

- A verdade, senhores – disse seriamente o americano mais uma vez – é que realmente estamos na defensiva e temo que isso não vai mudar nos próximos anos.

- Na defensiva... – repetiu outro dos homens sérios, este com sotaque escocês – Não há nenhuma possibilidade de trazer o garoto Malfoy para o nosso lado?

- Vocês sabem que eu tentei – respondeu o bruxo dos Estados Unidos – E a única coisa que eu consegui foi ser desmoralizado por aquele fedelho e pelos seus amigos sangues-ruins e anormais! Não, senhores, o jovem Malfoy tornou-se um traidor do próprio sangue.

- E vocês queriam o que? – perguntou outra voz séria, esta mais fria do que o normal – Malfoy é esperto. Ele começou a construir o seu império e sabe qual é o lado vitorioso no momento.

- Absurdo! – disseram várias vozes sérias ao mesmo tempo.

- Ora, não sejam idiotas! – retrucou a voz fria – Nós fomos derrotados, temos que admitir. Malfoy e Potter se tornarão, segundo os meus cálculos os homens mais ricos do mundo bruxo britânico nos próximos três anos. E eles mal saíram da adolescência. A organização criada por eles dominará em pouco tempo quase um terço da economia bruxa do Reino Unido.

- Essa não... – disse mais uma voz séria, agora com visível desânimo.

- E o que você nos recomenda fazer? – perguntou o americano, quase como um desafio.

- Comprar todas as ações possíveis das Organizações Potter-Malfoy assim que elas forem colocadas à venda.

- O QUE? – exclamaram várias vozes espantadas.

- Eu acho que todos aqui ainda gostam de dinheiro. Ninguém ganhará tanto dinheiro nos próximos anos como aqueles fedelhos. Sugiro comprar as ações logo no primeiro dia em que elas forem colocadas à venda. No segundo dia elas estarão custando vinte e cinco por cento a mais e em mês serão as ações mais rentáveis do mundo bruxo.

- Como você pode saber disso? – alguém perguntou.

- Como vocês podem não saber? – retrucou o homem da voz fria como gelo – E depois dizem que vocês são homens de negócio...

- Ora seu... – ia dizendo alguém, quando a voz fria o interrompeu.

- E as más notícias ainda nem começaram... O que vocês acham de ter um amante de trouxas como ministro da magia?

- NÃO! - disseram novamente várias vozes.

- Arthur Weasley se tornará o próximo ministro. Nada poderá ser feito para mudar. Aceitem isso.

Depois de muitas imprecações contra Arthur em particular e os Weasleys em geral, todos, muito contrariados (e duplamente sérios) foram se retirando, após terem agendado uma nova reunião no mês subseqüente. Apenas três pessoas ficaram na sala mal iluminada por castiçais. Minutos depois essas três pessoas tinham rostos completamente diferentes. Um dos homens sérios estranhamente havia se tornado uma mulher com cabelos rosa-chiclete.

- Eu aviso o Snape ou vocês fazem isso? – perguntou Ninfadora Tonks.

- Você avisa – disse o homem de voz fria, com uma voz agora mais próxima do normal – Eu vou conversar com Arthur.
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Não há mais os terríveis dementadores em Azkaban. Mas mesmo assim há tantos feitiços terríveis em volta que é o suficiente para quebrar o mais maléfico bruxo das trevas. Os guardas da prisão são trocados semanalmente. Todos dizem que a convivência prolongada com os feitiços maléficos que protegem o lugar poderia adoecer ou enlouquecer as pessoas.

Os guardas relatam os ruídos desesperados e os choros que às vezes são ouvidos quando alguém passa junto às celas. Azkaban ficou na memória de todos como um marco de uma era de terror para o mundo mágico. Hoje, por exemplo, os bruxos criminosos da Inglaterra são enviados para uma prisão comum perto de Leeds, muito parecida com as prisões trouxas. Poucos bruxos ainda são guardados em Azkaban. Na verdade ninguém é enviado para lá desde o final da guerra.

Há uma sela que os próprios guardas mais experientes gostam de evitar. Eles atiram a comida e realizam de longe os feitiços de limpeza. Não que a sua única integrante demonstre alguma reação. Mas é exatamente a sua aparência assustadora e catatônica que impressiona a todos. Belatriz Lestrange teve uma mão amputada, um olho cegado e parte do seu antigo rosto insano avariado por Harry Potter. Há três anos ela não emite uma única palavra. Mas ela se alimenta regularmente, pois pretende sobreviver. E ela possui um único objetivo na vida. Vingar o seu mestre, morto por aquele fedelho, campeão dos trouxas e dos sangues-ruins. Ela espera. Pacientemente.

Há um mês um bruxo idiota e pomposo a procurou. Ela não disse nada, para o desespero do homem. Mas ele voltará. E ela estará esperando.
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Muito bem, no próximo capítulo (faltam poucos, mas não me pergunte quantos!), a volta dos Cannons para a Inglaterra, o Ministro Weasley (Ora, ele merecia!) e Harry Potter pedindo Gina oficialmente. E Rony pedindo Hermione oficialmente.

UM FELIZ NATAL. PRETENDO POSTAR O PROXIMO CAPÍTULO PERTO DO ANO NOVO!

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