HARRY JOGA! OU NÃO?



Rony havia voltado para o quarto de Harry. Admirava o conhecimento de Hermione, mas tudo que não precisava era ouvir dois medibruxos profissionais discutindo por horas a fio se feitiços eram melhores do que poções ou vice-versa. E ele sabia que a sua namorada e o curandeiro norte-americano passariam muito bem sem a sua presença e suas opiniões.

Ainda espantado pelo fato de ser a tal Doutora Granger pouca coisa mais velha do que a sua filha, que, aliás, com as notas que tirava na escola, teria sorte se conseguisse algum emprego na recepção do hospital bruxo, Marcus Pierce, o curandeiro responsável pelo setor de acidentes e traumas do hospital, encarou a jovem e disse:

- Realmente ainda estou desconcertado – explicou-se o homem mais velho – Queria discutir com a senhorita o artigo que foi publicado no último número da “Revista de Medicina Mágica do Reino Unido”, onde a senhorita defende intransigentemente o uso de poções em lugar de feitiços para o tratamento de contusões e acidentes. Há também outros assuntos que eu gostaria de discutir – acrescentou misteriosamente.

Hermione sorriu orgulhosa. O que conseguia na Inglaterra era uma grande indiferença sobre os seus escritos. Isso quando ela conseguia publicá-los, uma vez que seu amado chefe no St. Mungus fazia o possível para boicotar o seu trabalho. Era absolutamente surpreendente, e de uma maneira que a deixava feliz da vida, saber que o seu conhecimento havia atravessado o Atlântico e um bruxo americano queria discutir o assunto com ela. Meia hora mais tarde, o Doutor Pierce estava realmente impressionado. Como uma pessoa tão jovem poderia ter adquirido tantos conhecimentos?

- Infelizmente participando de uma guerra insana – respondeu Hermione quando o curandeiro lhe perguntou – E fazendo parte da equipe que conseguiu salvar o meu amigo Harry Potter, que esteve vários dias entre a vida e a morte.

- Bem, suponho que a senhorita teve que aprender da maneira mais difícil possível – disse o homem respeitosamente – Eu vi a sua ação lá no campo, sabe? Estava assistindo a partida de quadribol na TV Bruxa. A senhorita fez um trabalho impressionante. Não só com aquele feitiço convocatório, mas depois também. A maneira que lidou com o Sr. Potter...

- Ah, não foi nada! – disse Hermione encabulada. Ficara tão nervosa ao ver o amigo estendido no gramado, com o rosto cheio de sangue e com fraturas que eram visíveis até para quem não era expert em medicina bruxa, que nem havia avaliado direito o próprio trabalho.

- Não seja modesta, jovem – repreendeu-a o americano – Muitos curandeiros experientes não saberiam o que fazer numa situação como aquela. A maneira como a senhorita conseguiu imobilizar o Sr. Potter e tratar das suas fraturas foi impressionante. Não tenho ninguém em minha equipe que teria agido de maneira tão satisfatória.

- Obrigada, senhor – agradeceu Hermione ainda muito constrangida – Mas não foi o suficiente, não é mesmo? – acrescentou a jovem de mau humor – Esses idiotas vão continuar caindo das vassouras e não sei se vou conseguir continuar salvando a vida deles!

- Posso chamá-la de Hermione, certo? – como a medibruxa concordou, o homem mais velho prosseguiu: - Sabe, Hermione, meu pai era trouxa, médico do exército dos Estados Unidos.

- Meus pais também são trouxas. Dentistas.

- Pena que você não seguiu a profissão deles. Só Deus sabe como precisamos de bons dentistas bruxos – divagou o homem – Mas, a questão – disse, retomando o tom sério – é que meu pai era absolutamente contra a guerra, era um homem adepto da não violência. Um dia eu perguntei o motivo dele ser médico exatamente do exército, uma vez que deplorava a violência. Sabe o que ele me respondeu?

- Suponho que ele tenha dito que todos precisavam ser salvos. Soldados ou civis.

- Mais ou menos isso – concordou o curandeiro – Ele disse também que a função do médico é salvar vidas, ainda que a as vidas tenham sido arriscadas de uma maneira que ele não concordava. Não cabia a ele julgar os riscos que as pessoas correm ou como correm esses riscos. Mesmo que seja de uma maneira que achamos idiota.

- Temos que estar lá para salvar as pessoas – refletiu a jovem - A idéia é essa, não?

- Sim, felizmente não há muitas guerras no mundo mágico. Vejo que participar de uma foi o suficiente – constatou o médico compreensivamente - Um trouxa disse certa vez que os esportes são a maneira civilizada de realizar guerras – explicou o Doutor Pierce – Acho melhor que os homens e mulheres estejam voando numa vassoura tentando marcar pontos e fugir de balaços do que matando uns aos outros.

- Mas, é perigoso! – insistiu a curandeira.

- Sim, como boxe, rúgbi, futebol americano, corrida de automóveis e outras tantas coisas que os trouxas adoram. Já pensou se não houvesse médicos por perto?

Hermione refletiu por um momento. Bem, aquela era uma grande argumentação. Ficara desesperada vendo Harry quase se matar depois daquele vôo insano. Mas, se ela não estivesse por perto poderia ser pior.

- Mas o senhor não queria me falar sobre mais alguma outra coisa? – perguntou por fim ao curandeiro.

- Sim, com certeza – disse bondosamente o homem mais velho – Mas, graças à minha argumentação, acho que estraguei tudo para mim mesmo. Eu vejo o quanto você se preocupa com o seus amigos jogadores.

- De fato – concordou a medibruxa – Mas, qual seria o assunto?

- Ora, não é óbvio? – perguntou o outro de maneira jovial - Eu pretendia lhe oferecer um emprego.
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- Cara! É Toni M’Bea em pessoa! – exclamou excitada uma menina morena de pouco mais de seis anos – Posso tirar uma foto? – perguntou a garota, já acionando várias vezes uma máquina bruxa que tinha à mão.

- Já chega, Carla – disse tranqüilamente um homem baixo, muito forte. Usava roupas trouxas bastante casuais, mas obviamente caras. Seus braços, mais compridos do que se esperaria de um homem de sua estatura, eram musculosos como se os tivesse exercitado a vida inteira, e em cada um deles havia um grande pomo dourado tatuado. Tinha a cabeça totalmente raspada e olhos muito azuis e inquietos.

- Não tem problema, Max – respondeu-lhe o homem negro gigantesco, cuja voz de barítono parecia encher toda a sala de estar elegante da residência de Maximo Brankovitch Neto, o maior jogador de quadribol dos Estados Unidos e capitão da seleção do país.

Toni e Max haviam jogado no mesmo time mais de uma vez. Ambos testemunharam o crescimento do quadribol na América, desde a época da concorrência terrível com o trancabola, até os dias atuais, quando os norte-americanos tinham uma liga realmente competitiva. Não era uma liga tão rica quanto a da Itália ou a da Espanha, mas o africano tinha que admitir que os bruxos dos Estados Unidos sabiam como promover um evento esportivo. De uns tempos a essa parte, vinham investindo em jogadores jovens, desviados do trancabola, esperançosos em receber as fortunas que eram pagas a veteranos lendários como Brankovitch ou aos ases do Terceiro Mundo que faziam sucesso na América.

Os norte-americanos freqüentemente amealhavam bons e jovens jogadores da América Latina, Ásia e África. Brasileiros e argentinos estavam na moda agora. Uma recém criada equipe do estado de Washington pagara um bom dinheiro para trazer uma goleira da Argentina. Um apanhador brasileiro muito promissor estava prestes a integrar o time texano do All-Stars. Lutaram muito para levar Andy Lopes para a América. Toni sabia que pagariam qualquer coisa para tê-lo de volta e pagariam mais do que qualquer coisa por Mergulho Potter. Embora o africano gostasse do capitão norte-americano, achava que este gostava de dinheiro um pouco mais do que o decoro mandava, como a maioria dos seus compatriotas, diga-se de passagem.


- Mas, Toni – dizia-lhe o amigo ao fim da última temporada americana – Se a questão é dinheiro, eu tenho certeza que posso falar com os donos do time e providenciar um aumento.

Quando Max Brankovitch Neto falava em “donos do time”, incluía a si próprio. Possuía uma parcela do time dos Azulões, o mais popular dos Estados Unidos e era dirigente da Liga Nacional, além de ser o único jogador em atividade que integrava a direção da Federação Internacional de Quadribol.

- Max, eu já lhe expliquei que nem tudo na vida envolve dinheiro – dizia Toni, pacientemente, não pela primeira vez.

- É a lealdade aos seus amigos ingleses, eu suponho – retrucou o americano com um certo ar de indiferença.

- Vocês nunca vão entender – disse Toni secamente.

- Ah, Toni, a droga daquela guerra acabou! Por que você precisa voltar para a Inglaterra se aqui você é um deus?

- Por que eu também posso ganhar dinheiro lá? – zombou o africano.

- Sei – desdenhou Brankovitch – Às vezes eu acho que vocês, bruxos africanos e europeus, são todos comunistas...

- Quem sabe... – gargalhou Toni, a sua risada arrepiante ecoando enquanto se afastava.

- Maluco! – disse Max para si mesmo.



Agora, meses após a conversa que tiveram, M’Bea estava na residência da estrela norte-americana, sendo fotografado pela filha deste, enquanto Ester, uma morena bonita, esposa do jogador, lhe oferecia um drinque suave de verão.

- Obrigado, Ester – agradeceu-lhe o africano polidamente. Depois, olhando na direção de Max, disse de maneira tranqüila:

- A resposta é não.

- Mas... – atrapalhou-se o outro, enquanto Ester levava a filha para o outro aposento, e acenava para Toni, que devolveu o aceno com um sorriso.

- Max, eu conheço você. Sei porque você me convidou inesperadamente para vir até a sua casa. E sei muito bem como são as coisas na América. Eu morei bastante tempo nesse país, lembra? Harry não vai jogar se não estiver recuperado.

Max sentou-se numa poltrona confortável, emitindo um bufo abafado de contrariedade. O desgraçado do amigo parecia ler a mente das pessoas.

- Você tem certeza que não é legilemente? – perguntou por fim, provocando o outro, e fazendo um gesto com uma mão cheia de anéis para que o africano se sentasse também.
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As dores estavam bem mais suportáveis. Pelo menos para um jovem que havia recebido tantos ferimentos e maldições imperdoáveis durante a guerra em seu país. Ainda o incomodava muito ser deslocado pelos enfermeiros com feitiços de levitação quando precisava ir até o toalete. O pior eram os feitiços de higiene que as enfermeiras (Sim, geralmente mulheres!) realizavam nele após trocar as faixas curativas, situação na qual ele normalmente estava nu.

- Vamos, Harry, não deve ser tão ruim assim ser massageado sem roupa – caçoou Fred, recebendo um olhar mortífero de Gina. A caçula dos Weasleys pouco havia saído do seu lado desde a internação.

O mais humilhante, na opinião do artilheiro dos Cannons, era o fato de estar quase totalmente imobilizado, tendo que ser alimentado por outra pessoa, tarefa que a namorada fazia questão de cumprir, dispensando as enfermeiras.

- Aquela loira se demora demais dando banho em Harry – reclamara a ruiva de uma das enfermeiras, e evitava ao máximo que a moça ficasse muito tempo a sós com o rapaz.

Todos o visitaram no hospital, até o antipático Apolo Cole, que indiretamente o acusou de ofuscar o seu grande momento como artilheiro titular com “aquele vôo maluco”. Malfoy, estranhamente sorridente, mostrara para ele o famoso Wizzard Sports, o mais importante jornal de esportes mágicos dos Estados Unidos, que há dois dias vinha estampando a sensacional seqüência de fotos que mostrava todo o seu vôo, até a sua aterrisagem no gramado. O título arrancou risadas de todos: “O vôo do amor”.

- Como vai hoje o meu “Voador Amoroso”? – perguntou Vera Ivanova, cheia de bom humor, desmanchando o cabelo de Harry (mais bagunçado do que o normal) e depositando um beijo na sua testa.

As crianças M’Bea e Dylan também o visitaram e brincaram muito com ele por causa do “Vôo do Amor” e Miriam fez questão de dar na boca de Harry a sobremesa do almoço.

- Eu tenho concorrentes de todas as idades... – disse uma resignada Gina Weasleys para sua amiga Hermione.

Malfoy contou a Harry a sua pretensão de processar as Vassouras Nimbus e também Vamp Shapiro. A história de processar o construtor do campo de quadribol e a jornalista de óculos de fundo de garrafa, obviamente era só parte do show, como Ivanova gostava de dizer.

- Mas eu digo pra você: aquelas vassouras me pagam! – vociferava Malfoy – Onde já se viu! Você poderia ter morrido! O Weasley poderia ter morrido! Eu andei investigando e descobri que essas vassouras tem falhado com regularidade. Não é a toa que os caras conseguiram vender tantas por um preço tão baixo. No mínimo elas não tem inspeção!

- Mas, como fica o contrato de patrocínio? – quis saber Rony.

- Cancelado, é claro! – respondeu Malfoy – Os próximos jogos aqui na América serão com as Firebolt. Cinqüenta mil galeões por partida para usar as vassouras – acrescentou com um brilho malicioso nos olhos – Cem mil se Potter puder jogar.

- Ele não pode, é claro! – protestou Gina. E Hermione concorda comigo!

Nesse momento Hermione retornava ao quarto. Feliz, pois o Doutor Marcus Pierce a havia encarregado de coordenar os esforços finais para a recuperação de Harry.

- O que aquele curandeiro queria falar com você, Mione? – perguntou Rony. Só o ruivo, Fred, a irmã e Malfoy, além de Hermione estavam naquele momento no quarto.

- Ele queria me oferecer um emprego – disse a medibruxa de maneira casual.

- Ele o quê! – perguntaram Rony e Draco ao mesmo tempo.

- Assim não é possível – choramingou Draco – Esses malditos americanos querem tirar meus jogadores e agora minha curandeira!

- Eu não aceitei, é claro – explicou Hermione tranqüilamente.

Inesperadamente Draco abraçou Hermione, parecendo muito emocionado. Depois, vendo a surpresa estampada nos presentes e a contrariedade de Rony, que prometia se transformar em agressão, o loiro aprumou-se:

- Eu acho que me empolguei um pouco – disse constrangido.

- Acho que se empolgou muito ! – falou Rony, as orelhas assumindo um tom escarlate, o que era sempre perigoso, tratando-se de um Weasley.

- Bom, eu tenho que resolver alguns probleminhas... – e apontando para Harry, recomendou: - Vai devagar, Potter.

- Como se eu pudesse ir depressa para algum lugar... – resmungou o ex-grifinório.
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- Você é mesmo incrível, sabia? – dizia Hermione para Harry enquanto o examinava – Um sujeito maravilhoso, incrível e terrivelmente idiota.

- E bonito também – acrescentou Gina.

- Realmente – concordou Hermione, o que fez com que Fred e Rony torcessem o nariz, certamente discordando da avaliação das garotas.

- E gostoso – disse Gina baixinho.

- Que nojo! – protestou Fred, que havia ouvido a irmã.

- Ahn, Hermione, eu sei que somos amigos íntimos e tudo o mais, mas será que você não poderia me examinar com um pouco mais de roupa? – questionava um embaraçado Harry a amiga, que indiferente ao pudor do artilheiro, continuava consultando uma série de instrumentos mágicos estranhos, que de quando em quando apitavam, estalavam e faziam outros sons esquisitos.

O rapaz estava sentando na cama, apenas com um pequeno calção, nem tão revelador assim, e Hermione o avaliava para saber se as faixas curativas poderiam enfim ser retiradas.

- Harry, eu já vi você com bem menos roupa do que isso – disse calmamente a curandeira – Você se esqueceu quem cuidou de você depois da guerra?

- Como assim? – indagaram Gina e Rony ao mesmo tempo, enquanto o rosto de Harry atingia várias tonalidades de vermelho. Fred tinha um acesso de risos.

- Ora, vocês são bobos! – ralhou Hermione – Eu sou uma curandeira! Como vocês acham que seria possível tratar alguém com tantos ferimentos como o Harry tinha após a luta contra Voldemort? – à menção do nome, Fred e Rony encolheram-se um pouco. Gina apenas continuou encarando a amiga de maneira incrédula.

- Ora, ela viu meu namorado sem roupas antes de mim... – murmurou a ruiva, depois corou furiosamente ao perceber que havia dito a frase em voz alta e que Fred a avaliava com uma sobrancelha erguida.

- Dói aqui? – perguntou Hermione, apertando um ponto acima dos quadris de Harry.

Na verdade a dor foi muito grande, mas Harry fez apenas uma pequena careta e disse:

- Não muito.

- Você não me engana, Sr. Potter – ralhou Hermione – Vê esse instrumento? Ele indica os níveis de dor. Enquanto estiver vermelho, eu sei que você está sentindo muita dor.

- Mas, Hermione, na guerra eu...

- Nós não estamos mais em guerra! Você pode tirar a maioria das faixas, menos essa que fica aqui no seu quadril. Você pode se alimentar sozinho e andar um pouco, mas nada de esforços ou atividades com vassouras nos próximos dias, ouviu bem?

- Mas...

- Leia os meus lábios, Harry: NADA. DE ATIVIDADE. COM VASSOURAS. – disse a curandeira, enfatizando cada uma das palavras, como se o amigo fosse surdo e realmente precisasse ler os seus lábios.

- Já que você está pedindo com tanto jeitinho...

- Agora levante os braços assim – disse Hermione, levantando os próprios braços – Agora abra-os. Mais um pouco. Dói?

- Realmente não – disse o amigo com sinceridade – Quanto tempo vou ficar aqui de braços abertos?

- Eu preciso fazer ainda uma coisa – respondeu Hermione, guardando os instrumentos – Isso! – falou de repente, atirando-se sobre Harry, abraçando-o apertado e beijando-o carinhosamente – Eu amo você, seu grande idiota! – disse com lágrimas nos olhos – Se você me der mais um susto desses, sou quem vai arrebentar os seus ossos.

Muito comovido, Harry retribuiu ao abraço.

- Obrigado por salvar a minha vida de novo, Mione.

- Acho que vocês deveriam ficar com ciúme, tomar alguma providência, sei lá... – dizia Fred para os irmãos, com um grande sorriso maroto nos lábios – Ei, eu estava só brincando! – falou para irmã mais nova quando ela foi em direção ao namorado e à amiga.

A ruiva, esperou pacientemente que Harry e Hermione se soltassem, então deu também um grande abraço na curandeira.

- Obrigada por salvar o Harry mais uma vez, sua “insuportável-doutora-sabe-tudo”.

- Acho que você deveria agradecer ao Harry, que se arrebentou todo para salvar você – disse Hermione modestamente, enxugando discretamente as lágrimas.

- Ah, você pode ter certeza que eu vou agradecer – retrucou a ruiva com um sorriso sapeca – Mas isso vai ser de um jeito especial, não aqui na frente de todo mundo.

- Gina, você poderia nos poupar os detalhes... ia dizendo Rony – Ei, o que você está fazendo? – perguntou de repente o goleiro dos Cannons, pois Fred havia também dado um grande abraço em Hermione e começou a girá-la pelo quarto – Posso saber o que é isso?

- Bem todo mundo estava agarrando a Hermione hoje – explicou o irmão mais velho, fazendo cara de inocente – Eu pensei que era algum ritual do time. Sabe como é, eu não quis ficar de fora...
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No dia seguinte Harry ainda estava no hospital, mas tinha permissão de dar algumas voltas pelo quarto, conseguia ir ao banheiro sozinho e fazer a sua higiene pessoal, para o alívio de Gina, que fez questão de dar as “boas novas” para a solícita enfermeira loira, que pareceu um tanto decepcionada. E o mais importante: conseguia se alimentar sozinho, sem precisar ouvir toda hora Gina dizer “olha a vassourinha!”.

- Aquela assanhada! – bufou a ruiva, quando a enfermeira se afastou após trazer as poções.

- Você está com ciúme! – cantarolou Harry.

- De você, pelado, com uma loira peituda assanhada te alisando? – vociferou a garota.

- Bem, acho que sim – disse Harry, ligeiramente assustado. Tinha que admitir que o pequeno Dylan tinha razão. Garotas às vezes conseguiam ser assustadoras.

- É lógico que eu estou com ciúme, seu bobo! – brincou a ruiva, depois, aproximando-se da cama de Harry, deu-lhe um grande beijo, magnificamente retribuído pelo rapaz.

- Humm... vejo que você melhorou – disse Hermione, sorrindo, parada à porta do quarto. Depois, assumindo um tom mais sério, disse para o amigo: - Harry, tem uns americanos querendo falar com você. Eu acho que são jogadores. Um é um tal de Max Bankovix, eu acho.

- Max Brankovitch? - perguntaram Harry e Gina espantados. A ignorância de Hermione sobre o mundo do quadribol era quase comovente.

- Hermione querida – disse Harry, tentando manter a calma – Você está falando do maior jogador de quadribol dos Estados Unidos.

- O que ele quer com o Harry? – indagou Gina desconfiada.

- Não sei, mas vou ficar por perto para saber – disse Hermione, assumindo o ar protetor que sempre tinha para com o amigo.
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Não apenas Max Brankovitch estava visitando Harry naquele momento. Com ele estavam também Pam Bernard, goleira da seleção norte-americana, uma bruxa alta e loira, e Jimmy Aguirre, um negro alto e magro, com um grande cabelo afro e um cavanhaque aristocrático. Aguirre, americano de origem porto-riquenha era artilheiro da seleção ianque e jogava há uns dois anos na Itália. Harry já os havia visto jogando e os três eram realmente excepcionais.

O garoto que ainda existia em Harry, e que não estava ainda acostumado com o fato dele ser um jogador famoso, estava exultante de ter a nata do quadribol ali no seu quarto, desejando melhoras, trazendo flores e flâmulas autografadas. Brankovitch então, era uma lenda. Dois anos atrás, quando os Azulões excursionaram pela Europa, o capitão americano fizera questão de conhecê-lo. Na época um encabulado Harry havia sido muito elogiado pelo jogador mais velho, que já manifestara interesse em levá-lo para os Estados Unidos.

O homem, entretanto, que também existia em Harry, e que aprendera a desconfiar das coisas, pois havia lutado numa guerra insana e freqüentemente era vítima de intrigas e boatos, sabia que a visita não era apenas social.

Teve certeza disso, quando Malfoy introduziu os americanos no quarto com cara de poucos amigos. Gina havia se retirado, pois confiava em Hermione para defender os interesses de Harry e não confiava no seu próprio temperamento. Iria com certeza estuporar aqueles ianques se esses incomodassem o seu namorado. Fred, que havia chegado a pouco, ficara num canto do quarto, muito atento ao desenrolar dos acontecimentos.

- Pena que você não quis mesmo vir para a América, garoto – dizia jovialmente Brankovitch – Você seria um rei por aqui. Sem falar nas garotas, que se amarram num sotaque britânico.

- Ele não está interessado nas garotas , Max – explicou pacientemente Jimmy Aguirre.

- Não? – perguntou Brankovitch, espantado.

- Só numa certa ruiva, não é mesmo? – disse Pam Bernard muito sorridente - Aquele vôo, Max.

- Ah, é claro – entendeu finalmente Brankovitch – Por um momento eu pensei que... bem, você sabe os boatos que circulam a seu respeito, não que eu me importe, é claro.

Harry fechou o semblante, principalmente porque percebeu Fred abafando o riso do outro lado do quarto e Hermione escondendo o rosto, fingindo que lia uma edição do Wizzard Sports. Logo ela, que nunca se interessava por esportes mágicos.

- Harry realmente precisa descansar, cavalheiros – disse Hermione, retomando o seu ar sério de medibruxa profissional e protetora profissional de Harry Potter – O que, afinal vocês vieram conversar com ele? Desculpem, mas eu não acho que essa seja só uma visita social.

- A senhorita seria... – questionou Max, olhando para Hermione com condescendência, mas seguramente não achando que a jovem tinha idade ou importância suficiente para achar coisa alguma.

“Isso vai ser muito divertido”, pensou Fred.

- Sou a Doutora Hermione Granger e sou responsável pela recuperação de Harry.

- Doutora Granger? – perguntou o capitão norte-americano – Eu imaginei que a você fosse mais velha, uma curandeira mais experiente...

- Bem, alguns poderiam imaginar que o capitão do time dos Estados Unidos seria mais alto – retrucou Hermione, cheia de sarcasmo.

“Boa, Hermione!”, pensou Fred, mal segurando o riso. “Dez a zero para a garota de cabelos crespos”. Jimmy Agirre disfarçou a risada num súbito acesso de tosse, enquanto a goleira americana achou naquele momento o chão encerado do quarto muito atraente. Malfoy gargalhou descaradamente. Harry olhava espantado para a amiga.

- Vamos diminuir as hostilidades, certo? – disse por fim Harry, tentando dissipar o mal estar – Eu adoraria ouvir o que o senhor tem a dizer, Sr. Brankovitch.

- Me chame apenas de Max – disse o apanhador, que ainda lançava olhares muito hostis para Hermione, que não parecia nem um pouco impressionada – Bom, todos sabem que a excursão de vocês gerou muita expectativa – explicou o americano – Há muitos interesses em torno dos próximos jogos. Patrocínio...

- Dinheiro a rodo – explicou Jimmy Aguirre de maneira mais objetiva.

- E vocês querem que eu jogue. É isso? – constatou Harry.

- Ele não joga! – disse Hermione de maneira resoluta.

- Ele não joga – concordou Malfoy. O loiro estava dividido. Queria muito o dinheiro envolvendo o jogo com Harry Potter, mas não arriscaria o seu principal jogador.

- Mas, ele tem que jogar! – quase implorou Brankovitch.

- Ele tem que jogar – disse Malfoy – Se ele puder, é claro – acrescentou, temendo a reação de Hermione.

- Isso está mais divertido do que aqueles desenhos trouxas que passam na televisão – caçoou Fred.

- Eu gostaria de jogar – disse Harry, encolhendo-se um pouco na cama, como que para se desviar do olhar mortífero de Hermione.

- Ele gostaria de jogar – repetiu Draco.

- Malfoy, o sujeito de opinião – cutucou Fred com ironia.

- Ele não joga! – disse novamente Hermione, como que encerrando a discussão.

Os americanos olharam-se, parecendo derrotados. Malfoy tinha um expressão indefinível no rosto. Harry parecia, por sua vez, muito contrariado. Hermione continuava com a mesma postura inabalável.
Foi Fred que subitamente rompeu o silêncio, estampando um daqueles sorrisos que ele e o irmão gêmeo sempre tinham no rosto quando acabavam de ter uma grande idéia maluca e freqüentemente travessa.

- Posso dar uma pequena sugestão? – perguntou o dono das “Gemialidades Weasleys”.
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BEM, MAIS UM CAPÍTULO. O JOGO DE QUADRIBOL FICA PARA O PRÓXIMO. INFELIZMENTE O CAPÍTULO ESTAVA FICANDO MUITO GRANDE.

BOM, FOI UM CAPÍTULO SEM MUITA AÇÃO TAMBÉM, MAS NO PRÓXIMO: MUITO QUADRIBOL!!

AFINAL, HARRY JOGA OU HARRY NÃO JOGA? NÃO PERCAM!!!

MUITO OBRIGADO PELOS REVIEWS!!! ELES SÃO MUITO ANIMADORES.

ALÔ, SÔNIA, PARABÉNS PELA SUA HISTÓRIA. REALMENTE O FINAL FOI SENSACIONAL!!!!


























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