WEASLEY FOR EVER



Era um agradável dia de sol na propriedade dos Malfoys na Nova Inglaterra. Havia sido improvisado nos jardins da mansão um pequeno estúdio da TV Bruxa (“a magia da vida atravessando os continentes”), com imagens ao fundo do Banco Gringotes, das vassouras Firebolt e das Gemialidades Weasleys. Inúmeros jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas do mundo mágico acotovelavam-se em torno da mesa em que Draco Malfoy, o jovem presidente do time dos Cannons, seu principal jogador Harry “Mergulho” Potter e a artilheira Gina Weasley, namorada do jogador, preparavam-se para responder às perguntas da imprensa.

Harry insistiu para que Gina ficasse a seu lado e o fato parecia atrair tanto interesse quanto o futuro dos Cannons que seria anunciado pelo seu presidente.

- Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à comunidade mágica dos Estados Unidos pela recepção calorosa que deram a mim e aos meus companheiros de time – começou Harry um tanto tímido, a voz magicamente ampliada por um feitiço – Fico feliz também pelos inúmeros pedidos realizados para que a gente disputasse a Liga Americana. Seria um prazer disputar esse campeonato, mas discutimos o assunto e resolvemos retornar à Inglaterra após a excursão pela América do Sul.

Depois de responderem a um número enorme de perguntas sobre a decisão (irreversível, como Malfoy ressaltou) de voltar para a Inglaterra, começaram as perguntas de cunho pessoal.

- Você e a Garota Weasley estão juntos? – perguntou uma jornalista com sotaque canadense.

- Sim, estamos – respondeu Harry com um sorriso, segurando a mão de Gina.

- Podemos dizer que é sério? – insistiu um repórter.

- Podemos dizer que é – dessa vez foi Gina quem respondeu. Depois, olhou para Harry e ambos sorriram como se estivessem muito felizes com a informação. Na verdade eles estavam.

- Eles não são lindos? – perguntou Hermione para Rony, que desde as primeiras horas da manhã lia uns pergaminhos recebidos da Inglaterra, via coruja expressa.

- Eles parecem tão felizes que dá até raiva, não é? – brincou Rony, guardando os documentos nos bolsos da elegante roupa bruxa de verão que usava – É bom ver o Harry feliz, sabe? Principalmente com tanta gente querendo o contrário – acrescentou o ruivo com uma ligeira expressão sombria.

- O que você quer dizer com isso, Rony? – perguntou a medibruxa, mas antes que o goleiro dos Cannons pudesse responder, alguns jornalistas, aparentemente saciados de informações a cerca de Harry, aproximaram-se do seu melhor amigo, indagando se o ruivo aprovava a relação dele com sua irmã.
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Miriam arrumava as malas e não estava nada feliz. Não só por não viajar com o time para a América do Sul, mas pelo fato também do “seu” Harry, além de viver agarrado com Gina para cima e para baixo, ainda iria cometer o absurdo de se casar com ela. Isso significava que não apenas eles ficariam se beijando de maneira nojenta (como seu pai e sua mãe, sempre que pensavam que não havia ninguém olhando), mas também significava que eles...

- ECA! ECA! – exclamou a garota nauseada. Como ela se julgava “adulta”, sabia muito bem como as crianças eram feitas e o que adultos costumavam fazer quando ficavam sozinhos. Sua mãe também havia explicado para ela há alguns anos atrás. Só de imaginar Harry e Gina...

- ECA! – repetiu mais uma vez, tentando afastar aqueles pensamentos repugnantes de sua mente.

- Tudo bem com você? – perguntou Gina, parada na porta do quarto.

“Claro, eu só quero morrer!”, pensou Miriam. Assim não precisaria presenciar ela e Harry se agarrando por aí.

- Está tudo bem – respondeu friamente.

- É claro que não está, Miriam – disse a ruiva calmamente – Eu sei que você gosta do Harry.

- Sabe? – perguntou a menina, espantada.

- Bem, dá pra perceber. Não é exatamente um segredo...

- Oh, não! – exclamou a garota, sentando-se na cama e bufando ruidosamente – Eu quero morrer!

- Bom, então acho que vou ter que tomar esse sorvete sozinha – retrucou a ruiva, exibindo uma lata de sorvete, aparentemente intacta.

- Não me diga que é de chocolate!

- Eu não digo, mas é – respondeu Gina. Ela também já havia tido onze anos e sabia que não havia nada melhor do que um sorvete para curar tristeza infanto-juvenil.

Durante algum tempo as duas apenas ficaram em silêncio degustando a iguaria gelada. Foi Gina quem quebrou o silêncio:

- Eu tinha dez anos quando me apaixonei pelo Harry e nem o conhecia ainda.

- Dez anos? Você não acha que era muito jovem para se apaixonar? – retrucou a garota.

- E você? – questionou Gina, divertida.

- Eu já tenho ONZE anos!

- Ah, claro! Como eu não percebi a diferença?

- Você me acha ridícula, não é?

- Não, Miriam, eu não acho você ridícula – respondeu a ruiva com sinceridade – Você é uma garota adorável e muito esperta. E Harry gosta muito de você. EU gosto muito de você.

- Harry gosta de mim como uma irmã mais nova – desabafou a menina.

- Miriam, é esse o amor que Harry tem por você. Isso não vai mudar. Eu não gostaria que Harry perdesse a sua amizade. Nós gostamos de você e eu não quero que você fique magoada conosco.

Durante alguns segundos, Miriam abaixou a cabeça e ficou olhando para o chão. Quando olhou novamente para Gina, seus olhos estavam brilhantes, mas tinha um sorriso no rosto.

- Ah, você é demais, sabia? – disse a menina, abraçando a ruiva.

- Não, você é demais. Eu quero você como dama de honra no meu casamento.

- AH, NÃO!!!!!! – gritou Miriam feliz, agarrando-se a Gina e derrubando ambas da cama.
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- Você já foi informado, Weasley? – perguntou Draco Malfoy para Rony. Hermione conversava animadamente com Ivanova e M’Bea, explicando sobre os cuidados que o time deveria tomar na altitude peruana. O ruivo estava afundado numa poltrona, parecendo bastante desanimado.

- Sobre o que? – perguntou o goleiro dos Cannons de mau humor.

- Você sabe. Vamos lá! Seu pai trabalha no ministério e seu irmão no Gringotes. Possivelmente não existe em toda Inglaterra família mais bem informada do que a sua. E tenho certeza que vocês não precisam pagar os informantes que eu pago. Blás acabou de me telefonar contando as novidades

- É uma grande sacanagem com ele! – disse Rony depois de um momento em silêncio.

- Às vezes acho que a gente deveria ficar na América mesmo, sabe? Por que voltar para um lugar onde os caras sacaneiam a gente o tempo todo?

- Eu acho que concordo com você, Malfoy.

- Você concorda comigo?

- Pois é. Acho que é o fim do mundo. Só não concordo totalmente porque eu pretendo dar o troco. Nós Weasleys não somos tão bobos e bonzinhos como vocês pensam.

- Eu posso ajudar em alguma coisa? – perguntou Draco depois de um minuto de hesitação.

- Na verdade pode! – sorriu Rony, quase recuperando o bom humor.
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Após o almoço, as despedidas. Helga e as crianças voltariam para a Inglaterra. Todos se despediram da matriarca da família M’Bea pesarosos, pois ela era uma pessoa querida pelo grupo. Fred também voltaria para o seu país. O que era uma pena, pois as suas piadas deixariam saudades. Draco teve que admitir que nunca pensou que gostaria tanto de uma pessoa trouxa quanto gostava de Helga. E nesses dias de convivência aprendera a apreciar o senso de humor irreverente de Fred Weasley.

Retribuiu feliz o abraço da esposa de Toni e o aperto de mão sincero do irmão mais velho de Rony. Dali a alguns minutos embarcariam para a América do Sul, primeiro para o Peru e depois para o Brasil. Harry fingiu que não notou quando Rony recebeu discretamente mais uma correspondência via coruja-expressa na varanda da propriedade. O amigo andava meio misterioso nos últimos dias, sempre às voltas com pergaminhos e correspondências.

Conhecia o ruivo a tempo suficiente para saber que ele diria o que se passava quando estivesse pronto. Por isso resolveu não pressioná-lo. Mas anos de intrigas e mistérios tinham deixado Mergulho Potter escolado quanto a eventos que certamente estavam relacionados com a sua pessoa.

- Onde ficaremos hospedados no Peru? – perguntou Gina Weasley para Malfoy – Não me diga que você tem alguma propriedade na América do Sul.

- Acontece, futura Senhora Potter, que eu tenho propriedades na América do Sul, mas nada que possa alojar confortavelmente o nosso time – disse o loiro de maneira afetada – Eu não quero que digam por aí que um Malfoy não trata os seus comandados com o devido respeito. Ficaremos no melhor hotel bruxo do país, em Cuzco, se é que você já ouviu falar.

- Não, a parte geográfica fica a cargo de Hermione – brincou a ruiva. E depois, com a voz baixa para que as outras pessoas na sala não escutassem, perguntou: - O que está havendo, Malfoy?

- O que você quer dizer com isso? – retrucou Draco, fingindo-se de desentendido.

- Não subestime a minha inteligência! Você e o meu irmão cochichando pelos cantos, Rony às voltas com pergaminhos. Ele leu nos últimos dias mais do que o período em que passou na escola. E Rony e pergaminhos não combinam, Malfoy! Hermione é a parte intelectual do casal.

“Bom, pensou Malfoy, quem disse que grifinórios não usam a cabeça?”. Era inútil tentar enganar a garota.

- Há más notícias da Inglaterra, ruiva – murmurou Draco, prestando atenção em Harry, que se despedia de Miriam naquele momento – E seu irmão está terminando um quebra-cabeças e eu estou ajudando na medida do possível.

- Nada que prejudique o Harry, eu espero – respondeu Gina.

- Não, dessa vez é o ministério britânico é quem vai ser prejudicado. Espere mais um pouco e você verá.
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Cinco horas da tarde, horário de Lima, Peru. A chave internacional de portal transportou o time dos Cannons, seus reservas, Draco Malfoy, Hermione, Vera Ivanova e bagagens para Cuzco, principal centro de concentração bruxa do Peru. Hermione havia ministrado para o grupo uma poção para diminuir os efeitos da altitude, mas ela temia que a mesma não faria muito efeito no dia do jogo por causa do esforço mágico desprendido para guiar as vassouras.

Como era de se esperar, uma multidão de torcedores e jornalistas aguardava os Cannons na área VIP reservada às autoridades e personalidades do mundo mágico. Perguntas eram disparadas em espanhol e inglês pelos repórteres. Vera, Vitor Krum e M’Bea eram bastante fluentes no idioma espanhol, o que não era surpresa. Vitor havia jogado na Espanha e Vera e Toni eram cidadãos do mundo, que já haviam atuado em diversos países. Hermione havia aprendido um pouco de português e espanhol em tempo recorde e conseguia traduzir algumas perguntas para Harry e Rony.

Além de Harry, é claro, Cris Toledo era a principal atração. A menina tinha que responder a várias questões ao mesmo tempo. Harry estava ligeiramente atordoado, ainda efeito da gripe bruxa, agravada pela altitude, que criava uma sensação de falta de ar que nem a poção de Hermione conseguia dissipar. Finalmente um repórter do país formulou para Harry uma pergunta num inglês impecável:

- Você não acha injustiça o fato de não ter sido convocado para a seleção de quadribol da Inglaterra?

Ao seu lado, Draco e Rony ficaram tensos. Não esperavam que a notícia já tivesse atravessado os oceanos. Zabini já havia avisado Draco por telefone e o Sr. Weasley, bem informado que era, tinha escrito uma carta para Rony há dias, mencionando o ocorrido.

- O QUE? – perguntou Harry, alto o suficiente para calar os demais jornalistas.

- Acabamos de saber que a seleção de quadribol do seu país foi convocada e você não foi chamado – explicou pacientemente o jornalista.

Harry esteve tão preocupado com os Cannons e com as sacanagens do governo bruxo que havia esquecido que a seleção seria convocada para disputar as eliminatórias européias para a Copa Internacional de Quadribol, que seria realizada nos Estados Unidos no ano seguinte. Nilus Peters, técnico da seleção inglesa era um perfeito idiota e havia sido um jogador medíocre, mas tinha ótimas relações com a cúpula do governo bruxo britânico. Ao que tudo indicava, pretendia preservar o cargo e as relações preterindo o maior jogador de quadribol do Reino Unido.

A seleção inglesa era um tabu na vida de Harry Potter. Desde o fim da guerra ela havia se reunido uma ou duas vezes por ano para disputar amistosos. Rony havia sido convocado algumas vezes, bem como Angelina e Gina, mesmo jogando a ruiva nos últimos anos na Itália. E Harry sempre estava contundido nas convocações, o que alimentava histórias malucas sobre uma maldição que pairava sobre o “garoto-que-sobreviveu”, que o impedia de jogar pelo escrete inglês.

- Eu realmente não sabia – respondeu Harry, visivelmente desanimado. Sua resposta foi traduzida por Toledo para os bruxos peruanos que não falavam inglês. Havia tanta decepção na voz do rapaz que momentaneamente o assunto foi ignorado pela imprensa local. Pelo menos na América do Sul os caras respeitavam o ás do quadribol, refletiu Rony, sinceramente solidário com o desapontamento do amigo.
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Era realmente impressionante a vista da sacada da suíte do hotel. Era possível ver as luzes da cidade que se projetavam pela paisagem dos Andes. Uma recepção estava acontecendo nesse momento no luxuoso restaurante, vários andares abaixo. Brindes das Geminialidades Weasleys foram distribuídos, camisas dos Cannons autografadas pelos jogadores foram arrematadas em leilão por bruxos ricos da América do Sul, sendo a renda destinada a obras assistencias trouxas e bruxas. Harry havia sido homenageado como o “salvador do mundo mágico”, mas havia agido quase como um zumbi durante o jantar.

As pessoas pareciam compreender a sua decepção. Alguns jogadores do país que compareceram ao jantar fizeram questão de ofertar a sua solidariedade. Rigoberto Ramirez, técnico da seleção peruana, disse para Harry que os ingleses deveriam estar loucos.

- Cara, aqui no Peru, se eu deixasse de convocar uma jogador como você para a seleção, eu receberia no mínimo uma maldição imperdoável – disse o treinador num inglês precário.

Minutos mais tarde, Harry pediu para Gina e para os amigos que permanecessem no jantar (seria mal-educado se todos saíssem cedo demais), enquanto ele se retirava para a sua suíte. Recebeu aplausos ao passar entre as mesas e afagos amigáveis, além de olhares condescendentes. Todos pareciam compreender que o salvador dos bruxos estava bastante chateado por ter sido privado da honra de defender o seu país no esporte mais popular do mundo mágico.

- Vamos, pode começar a berrar e me xingar – disse Rony, que estava atrás dele na sacada. Não havia visto o amigo se aproximar – Eu já sabia que você não tinha sido convocado e não disse nada.

- Eu não estou com raiva de você, Rony – respondeu Harry calmamente, ainda olhando a bela e fria noite dos Andes – Eu sei que você não queria estragar a minha felicidade e a da Gina. Desculpe não ter ficado no jantar. Os peruanos devem estar me achando o cara mais mal-educado do mundo.

- Que nada, parceiro – retrucou Rony um pouco mais animado – Eles estão dizendo que não esperavam que o herói do mundo mágico fosse tão modesto. E as mulheres estão achando você lindo, claro. Hermione e Helga estão segurando a Gina, senão ela já teria estuporado uma meia dúzia de peruanas que acharam você “muy hermoso!”.

Com um maneio de varinha, Rony conjurou um casaco, que colocou sobre as costas de Harry.

- A vista é bonita, mas você não precisa congelar admirando-a – explicou-se o ruivo.

- Obrigado, “Senhora Weasley” – brincou Harry, lembrando-se dos cuidados que a mãe de Rony sempre dispensava a ele.

- Se você piorar da gripe, Hermione e Gina vão matar você. E a mim por não ter cuidado do “pobrezinho do Harry” – caçoou o goleiro dos Cannons – Jorge diz que é o cabelo e os olhos verdes.

- O que? – perguntou Harry, não entendendo a tirada do amigo.

- É. Você parece um garotinho com os cabelos espetados desse jeito. E os olhinhos verdes fazem você parecer abandonado. Por isso todas as mulheres querem cuidar de você.

- Ah, fala sério, Rony! – indignou-se Harry, dando um soco de brincadeira no braço do ruivo. Depois, fechando o semblante repentinamente, perguntou:

- Você foi convocado, não foi?

- Sim, eu fui – respondeu Rony, ficando também repentinamente sério. E Angelina e Gina também. Nenhum de nós vai aceitar a convocação, é claro.

- Que merda, Rony! Não me diga que vocês não querem jogar na seleção!

- É claro que queremos! Mas não sem você. Nós somos uma família, lembra? Mexeu com um, mexeu com todo mundo.

- Droga, Rony! – repetia Harry sem parar, dando murros na palma da mão e andando pela sacada.

Quando tinha quatorze anos, ele havia assistido a final da Copa Mundial de Quadribol na companhia de sua amiga Hermione e dos Weasleys. Havia sonhado secretamente em jogar pelo selecionado inglês desde então. Nos últimos anos, ficara frustrado por estar contundido em todas as convocações. Apesar de modesto, o jovem sabia do seu potencial. Sabia que poderia jogar bem pela seleção e ao mesmo tempo realizar o sonho de infância. O que mais o irritava era o fato de que só não havia sido convocado por causa das picuinhas ridículas do ministério da magia britânico. E que por sua causa, seus amigos também ficariam de fora. Conhecia muito bem os Weasleys e Angelina, quase uma Weasley também, para saber que eles não voltariam atrás na sua decisão de solidariedade a ele, Harry.

Esse fato o magoava mais ainda. Parou junto à janela e fechou os olhos, obrigando-se a se acalmar e a respirar pausadamente, o que era dificultado pelo ar rarefeito. O que essa cidade simpática que os havia recebido tão bem não precisava era de um bruxo poderoso como ele perdendo o controle de sua magia.
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- Você não compreende, Mione – disse Harry para sua amiga Hermione que o examinava pela manhã. A jovem curandeira faria uma avaliação física dos jogadores para determinar a carga de treinamentos que poderiam ser ministrados pela treinadora Ivanova.

Hermione havia tentado animar o amigo sem muito sucesso. Nem mesmo os carinhos de Gina pareciam confortá-lo. A ruiva passou o café da manhã fazendo hilariantes imitações das “admiradoras” peruanas de Harry, prometendo que não deixaria o país sem azarar pelo menos umas cinco daquelas sirigaitas latinas.

- Toledo é o meu tipo de garota peruana, sabe? – brincou a ruiva entre um e outro gole de suco de abóbora.

- Por que? – perguntou Draco Malfoy distraído. Estranhamente ele e Rony andaram aos cochichos a manhã inteira.

- Porque eu não preciso me preocupar com ela jogando o seu “charme latino” pra cima do Harry – concluiu a ruiva, arrancando risadas, mesmo de Harry.

Toledo estava muito animada, pois Tess Smith havia chegado no final da noite anterior, o que fez a artilheira peruana retirar-se discretamente do jantar para passar a noite com a namorada.

- Eu acho isso nojento – resmungou Apollo Cole, referindo-se à sua colega de time e ao seu respectivo par.

- Ah, cala a boca! – ralhou com ele Andy, atirando na direção do “jogador polivalente” o mesmo feitiço que Gina jogara em Rony nos Estados Unidos. Rapidamente bolinhas coloridas começaram a aparecer no rosto negro do jamaicano. Amanda, namorada do batedor brasileiro, lançou sobre Apollo um feitiço que produzia coceira, fato que recebeu a aprovação de todo o time e animou um pouco Harry.

- Eu entendo mais do que você pensa – respondeu-lhe Hermione – Eu sei que você sempre sonhou jogar pela seleção. E eu respeito isso, sabe? Não sou a “sabe-tudo-racional-insensível” que você pensa.

- Desculpe, Hermione – disse Harry numa voz quase sumida – Eu não deveria descarregar minha frustração em você. É que...

- Eu sei. Eu sei. A essa altura eu já sou pós-graduada na “disciplina Harry Potter” – brincou a curandeira – Você está fulo da vida porque eles não apenas fizeram uma injustiça com você, como também prejudicaram pessoas que você considera. Acredite, meu amigo, eu também gostaria de enforcar cada uma daqueles idiotas do ministério. Mas eu posso fazer uma coisa por você – disse Hermione, concluindo os exames e guardando os instrumentos mágicos dentro da sua valise profissional.

- O que? – perguntou Harry, interessado, pensando talvez numa poção para levantar o ânimo.

- Eu posso te dar um abraço. Você sabe que eu sou boa nisso – falou a jovem, dando realmente um grande abraço em Harry, que surpreso a princípio, retribuiu o afeto, perguntando-se o que faria da vida sem os amigos que possuía.

- Você não acha que a gente deveria ficar com ciúme? – perguntou Rony para Gina. Ambos haviam acabado de entrar na suíte de Harry depois de uma volta pelas imediações.

- Tenho certeza que não – respondeu-lhe a irmã. Ela sabia que Rony estava brincando, pois ninguém tinha dúvidas que Harry e Hermione eram um para o outro os irmãos que nunca tiveram. E que se amavam apenas dessa forma.
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De todas as duplas possíveis e imagináveis que poderiam se formar no mundo mágico, aquela sem dúvida era a mais bizarra de todas. Bebendo tranqüilamente um drinque local, preparado com frutas tropicais, folha de coca e só Deus sabe o que mais, vestidos com elegantes roupas bruxas de viagem, estavam no bar do hotel Gui Weasley e Severo Snape.

Harry saiu do primeiro treino na altitude de Cuzco realmente destruído. Os demais jogadores não estavam melhores do que ele e a curta caminhada do campo de quadribol até o saguão do hotel pareceu-lhes uma marcha de quilômetros. Os atletas mal tinham forças para responder aos alegres acenos do torcedores e dos turistas bruxos hospedados no hotel. Toni M’Bea e Andy Lopes, robustos e musculosos como eram, pareciam padecer bastante, vítimas do ar rarefeito.

- Cara, jogar quadribol nessa altitude vai ser barra! – disse o batedor brasileiro.

- Tomara que o Vítor apanhe o pomo com quinze minutos de jogo – concordou o africano.

Rony discretamente conduziu o amigo para o elegante bar e restaurante. Provavelmente na Inglaterra, as pessoas torceriam o nariz ao ver dois jogadores suados, vestindo uniformes de quadribol, macular o ambiente cinco estrelas do estabelecimento. No entanto, os turistas e os peruanos pareciam não ligar muito para cerimônias e todos levantavam seus copos, saudando Mergulho Potter e Maluco Weasley.

- Vocês poderiam vestir roupas decentes, pelo menos – resmungou Snape, lançando um olhar desdenhoso para os dois jogadores.

- Vai ver se eu estou na esquina, morcegão! – respondeu Rony, sentando-se na mesa ocupada pelo irmão e pelo antigo professor de poções de Hogwarts.

- Boa tarde para você também, Weasley – retrucou friamente o homem mais velho.

Depois dos cumprimentos (na verdade Harry cumprimentou apenas Gui e limitou-se a um discreto aceno de cabeça para o ex-professor, que retribuiu com o mesmo “entusiasmo” ao cumprimento).

- Eu não vou enrolar você, Harry. Nós estamos aqui para te avisar que um representante do ministério britânico vai te procurar hoje à noite – explicou Gui, com a conhecida eficiência profissional adquirida durante anos como funcionário do Banco Gringotes.

- E como você é um idiota descuidado, o ministério vem roubando as suas contribuições para os fundos de apoio às vítimas da guerra e aos veteranos – completou Snape, parecendo muito feliz por encontrar uma forma de ofender Harry.

- Eu avisei você, Severo – disse Gui calmamente, mas era visível a sua contrariedade. Não era segredo que não gostava de Snape, diferentemente de outros membros da Ordem da Fênix, que tinham uma postura neutra em relação ao ex-professor – Não vou permitir que você fique espezinhando o Harry. Ele não tem culpa se há um bando de ladrões no nosso governo e órgãos de fiscalização que deveriam ser responsáveis – ele enfatizou a frase a fim de alfinetar Snape - não se preocupam em fiscalizar porcaria nenhuma!

- É verdade. Poderíamos acrescentar que ele também não tem culpa de colocar os seus ricos galeões sob a responsabilidade de pessoas ineptas – alfinetou o ex-professor.

- Ora seu... – ia dizendo o mais velho dos Weasleys, a mão sendo levada às vestes a procura da varinha, gesto imitado por Snape. Boa parte do bar apreciava a cena com interesse.

- PAREM COM ISSO! – berrou Rony. Agora todos os olhares do bar estavam sobre o quarteto. Um homem moreno bem vestido, certamente o gerente do estabelecimento, aproximou-se, perguntando em inglês se havia algum problema.

- Não, está tudo bem – disse Harry, tenso, tentando afastar o peruano.

- Não foi para isso que vocês vieram para o Peru, não é mesmo? – disse Rony, irritado, mas num tom de voz que evitava atrair demasiada atenção ao grupo.

- Realmente não – concordou Gui, colocando ambas as mãos sobre a mesa e soltando a respiração para aliviar a contrariedade.

- Realmente – concordou Snape, tomando uma dose um tanto grande demais do seu drinque. Sua mão tremia de maneira quase imperceptível. “Malditos grifinórios!”, disse por entre dentes.
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Três horas mais tarde, Harry e Rony estavam na suíte do ruivo, em frente a um emissário do Ministério da Magia do Reino Unido. Os dois jogadores estavam de banho tomado, haviam ingerido a amarga poção para diminuir os efeitos da altitude que Hermione havia ministrado a ambos e estavam prontos para “fazer história”, como Rony havia dito.

Eles se aproveitariam da idéia reinante entre as mentes pequenas do mundo bruxo, de que Harry era um idiota manipulado e controlado pelos Weasleys, e acreditavam que Rony estaria disposto a selar, em nome do amigo e de uma generosa quantia em dinheiro, um acordo com o Ministério, que “convenceria” o Departamento de Esportes Mágicos a arquivar o processo no qual o astro dos Cannons era acusado de usar “magia excessiva”, liberando-o para a seleção, pois a tristeza do rapaz ao saber que não havia sido convocado já era noticiada em toda a Europa, enfurecendo os fãs de quadribol, que se perguntavam, como o treinador peruano, se os ingleses haviam enlouquecido.

- Sente-se, Senhor... – ia dizendo Rony animadamente, tentando arrancar do misterioso emissário ao menos um nome.

- Nada de nomes, Weasley – disse friamente o burocrata, sentando-se de maneira afetada numa poltrona que ficava no centro do quarto. Harry ocupava uma cadeira à sua direita, enquanto Rony ocupou uma outra, cruzando calmamente as suas longas pernas. Havia mais cadeiras aparentemente vazias ao lado do ruivo e de seu amigo.

O misterioso funcionário lançou um feitiço de rastreamento em volta, a fim de detectar alguma presença indesejável, camuflada por um feitiço ou escondida por uma capa de invisibilidade. Sorriu satisfeito. Tudo indicava que estavam sozinhos. Depois da rasteira que o jovem Malfoy havia dado naquele executivo ianque, todo cuidado era pouco com esses moleques.

- Soube que vocês tiveram uma conversa tensa com Severo Snape e Gui Weasley – disse o homem mais velho cheio de astúcia. Pensava, talvez, surpreender os dois rapazes com a informação que monitorava os passos deles. Ficou um pouco decepcionado ao ver os semblantes impassíveis de Harry e de Rony.

- Sei – disse Harry friamente – Não é grande coisa você saber disso, uma vez que todo o bar viu a confusão.

- Eu sei também que o seu irmão mais velho andou elaborando relatórios minuciosos a respeito das quantias tiradas de sua conta para os fundos de ajuda aos veteranos e ás vítimas de guerra – respondeu o bruxo, apontando o dedo para Rony.

- Sim – respondeu o ruivo – Foi muito hábil desviar o dinheiro depois que as quantias eram descontadas. Os valores saíam de um jeito e chegavam menores aos bolsos das pessoas que deveriam ser auxiliadas. Comecei a desconfiar disso depois de ler naquela jornal asqueroso do Dan Carter o valor das pensões que eram pagas aos veteranos. Eu me lembrei que as quantias deveriam ser maiores e confirmei com meu irmão.

- Aquele jornalista idiota – resmungou o funcionário sem nome – Eu falei para o ministro não patrocinar aquele imbecil – deixou escapar por entre dentes.

- Informação interessante – constatou Rony arqueando uma sobrancelha e olhando na direção de uma das cadeiras – Suponho que haja muito dinheiro disponível para sacanagens quando se rouba de cidadãos honestos.

- Poupe-me do seu senso de justiça idiota, Weasley! – sibilou o homem mais velho – Governos vivem com o dinheiro que tiram de cidadãos honestos, gostem vocês disso ou não. Seja em forma de imposto ou de outra forma qualquer. Até aquele seboso do Snape concorda comigo e pretende amansar o Conselho de Estado e a Alta Corte.

- Eu nunca disse que concordava com você, Darius Umbridge – disse uma voz fria. Numa das cadeiras aparentemente vazias que rodeavam os três homens, Severo Snape havia despido uma capa de invisibilidade e dirigia um olhar gélido ao funcionário do governo britânico.

- Umbridge? – surpreenderam-se Harry e Rony?

- Oh, sim – disse calmamente o antigo professor de Hogwarts – A nossa velha amiga empregou muitos sobrinhos no ministério em cargos sem nome ou registro, não é mesmo, Darius?

Darius Umbridge, cuja identidade havia sido devassada subitamente estava nesse momento pálido como uma folha de pergaminho virgem e um suor frio brilhava na sua face.

- Você não vai conseguir desaparatar nessa poltrona ou nesse quarto – informou Rony tranqüilamente – Portanto pare de fazer força. Aliás, você nem mesmo vai conseguir se levantar daí.

- Mas... os feitiços de rastreamentos? – indagou Umbridge.

- Uma das coisas que se aprende numa guerra é contornar esse tipo de feitiço – respondeu o ruivo – Claro que um burocrata como você não sabia disso.

- Snape? – o homem lançou um olhar suplicante na direção de Severo Snape, que estava impassível e dobrava cuidadosamente a capa da invisibilidade – Mas, você disse que odiava Potter!

- Eu disse que Potter era um tolo descuidado e crédulo – admitiu o ex-professor – Nunca disse que apoiava roubos e falsificações. Não tenho culpa se você tirou conclusões erradas do que eu disse – depois de pronunciar essas palavras, Snape levantou-se, caminhou na direção do homem paralisado no assento da poltrona e disse, apontando um longo dedo indicador curvo para ele: – Como membro da Alta Corte do governo bruxo e do recém nomeado Conselho de Estado, você não acreditava mesmo que eu viria até esse país no fim do mundo para livrar a cara de funcionários corruptos como você e de um ministro decrépito como o Blackwell, não é mesmo?

- Podemos seguir com o combinado? – perguntou Rony para Harry.

- Como dizem os americanos: o show é seu, meu amigo – retrucou Harry com um grande sorriso.

- Muito bem – falou Rony, em seguida limpou a garganta e prosseguiu em alto e bom som: - Eu, Ronald Billus Weasley, cidadão bruxo da Grã-Bretanha, acuso formalmente o governo mágico dessa nação de fraude contra as finanças de Harry Tiago Potter, desvio dos bens destinados aos fundos de amparo ás vítimas da guerra e aos veteranos, além de espalhar e incentivar calúnias a respeito do dito cidadão. Acuso Georgius Blackwell, ministro da magia, de liderar as operações fraudulentas, sua antiga assessora Dolores Umbridge por cumplicidade e o funcionário Darius Umbridge por fazer parte das desonestidades mencionadas e ainda tentar obter por chantagem a concordância com as ações do ministério.

- Você é um tolo, Weasley! – Darius Umbridge praticamente cuspiu as palavras – Esse processo só se formaliza na frente de cinco testemunhas isentas. O Potter não conta. E você não tem provas das transações financeiras.

- Na presença de Severo Snape, membro da Alta Corte dos bruxos e do Conselho de Estado – continuou Rony o discurso, ignorando completamente a interrupção – Guilherme Weasley, funcionário do Banco Gringotes, Hermione Jane Granger, curandeira, do jogador de quadribol Antonius Olímpicus Obote M’Bea, cidadão bruxo britânico nascido em Uganda, Anderson Francisco Lopes, jogador de quadribol, cidadão bruxo do Brasil, exijo em nome da justiça bruxa os direitos de Harry Potter, os meus direitos de contestação das atitudes do governo mágico.

A cada nome mencionado por Rony, os amigos se livravam dos feitiços de camuflagem e das capas da invisibilidade, fazendo-se visíveis na suíte do hotel. Amanda Trindade, namorada de Andy, familiarizada com engenhocas trouxas, filmava toda a cena com uma câmera super moderna. O que Rony estava efetuando era uma contestação formal às medidas arbitrárias do governo bruxo. A representação do mais novo dos garotos Weasleys seria apresentada à Corte Suprema e ao Conselho de Estado, que poderiam pedir a renúncia e até exigir a prisão das autoridades mágicas da Grã-Bretanha. Desde o século XIX um pedido desses não era efetuado e desde o século XVII não era atendido. Estavam, como bem dissera Rony, “fazendo história”.

- E os duendes do Banco Gringotes – continuou Rony, cada vez mais entusiasmado. Um feitiço que ativava a memória, lançado por Hermione há algumas horas atrás, ajudava a performance do goleiro dos Cannons - usando o Dispositivo de Proteção Econômica do Mundo Bruxo, artigo 41, parágrafo 13, concederam a mim, a Severo Snape e a Guilherme Weasley as provas de malversação dos fundos bancários. EU ACUSO! – disse por fim o ruivo. A frase dita com ênfase formalizava a acusação e ativava um dispositivo mágico que obrigaria os responsáveis a conduzirem a investigação até o final e lançaria uma maldição sobre o acusador se fosse falsa a denúncia.

Uma luz púrpura envolveu todas as pessoas presentes, pairando a princípio sobre Darius Umbridge, que se encolheu apavorado. O Feixe de luz foi diminuindo gradativamente até se tornar um pequeno quadro púrpura e depois um conjunto de pergaminhos dessa cor. Hermione havia lido sobre o ritual e o feitiço que se seguia nos seus tempos de escola. Nunca poderia imaginar que o veria e que ele seria invocado por Rony.

A luz transformando-se em pergaminho era o sinal da aceitação mágica e da justiça da denúncia. Lentamente o conjunto de pergaminhos constando todas as palavras pronunciadas pelo ruivo em suas graves acusações deslizaram em sua direção. Ele havia passado os últimos dias estudando esse ritual e Draco Malfoy mandara Zabini enviar da Inglaterra todas as informações possíveis que eles, bruxos puro-sangue, deveriam ter arquivadas em algum lugar. Ele poderia assinar apenas com uma pena facilmente conujurável, mas iria fazer tudo à moda antiga. Só para ter certeza.

Calmamente o ruivo tirou um canivete do bolso. Era um canivete mágico que Harry lhe dera de presente anos trás, no seu aniversário. O canivete cortava o que você desejasse na medida desejada. Hermione emitiu um soluço quando Rony fez um pequeno corte no pulso e assinou com sangue o documento. Estava tudo acabado.

Darius Umbridge levantou-se da poltrona, livre enfim do feitiço que o prendia e saiu correndo do aposento em que fora humilhado terrivelmente. Não poderia se esconder. Teria que comparecer, obrigado pelo ritual que tinha presenciado e onde seu nome havia sido mencionado, ás investigações. Também não conseguiria mentir quando interrogado, assim como as testemunhas. O antigo “pobretão Weasley” provavelmente havia decretado o fim de um ministério bruxo de uma maneira que não se via há mais de trezentos anos.

Snape olhava para o rapaz ruivo de maneira enigmática.

- Você tem mais peito do que eu imaginava, Weasley – disse por fim, mantendo, entretanto, a voz fria de sempre.

Rony era cumprimentado por todos. Gina também agora estava presente e abraçava o irmão, que tinha o corte no pulso cuidado por Hermione. Ainda abraçado à irmã mais nova e à namorada, o grandalhão ruivo encarou o seu ex-professor de maneira cínica e disse muito cheio de si:

- É, cara, eu sou foda.
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BOM, DESCULPEM A DEMORA. O PRÓXIMO SAI MAIS RÁPIDO. OBRIGADO A TODOS PELOS REVIEWS, PELA FORÇA CONSTANTE E PELOS VOTOS. QUE FIZERAM ESSA FIC UMA DAS DEZ MAIS VOTADAS.

OBRIGADO MESMO!!

















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