Startpoint



Disclaimer: O Draco e o mundo mágico são da J.K. O resto é tudo meu 8D




Ser Feliz
Fanfiction by Nalamin


Chapter 18: Startpoint


Ao ver que a hora da cerimónia se aproximava, decidi arranjar-me. O banho já estava tomado e, naquele momento vestia a roupa interior, com o cabelo solto e molhado a cair-me pelas costas. Subitamente, bateram à porta. Pensando que talvez fosse Claire a verificar se não me tinha esquecido do compromisso, fui abri-la sem me vestir.


- Entra Clai...- Não era Claire. Não era definitivamente Claire. 'Merlin. A sério. Tens de me dizer o que raio fiz eu para merecer isto'.


- Que bela recepção, Jones! – Foi este o maravilhoso comentário da criatura que estava do outro lado da porta.


- O que é que queres, Malfoy? Estou ocupada. – Disse, áspera. Não estava disposta a exaltar-me com ele de novo.


- Calma, Jones, apesar do episódio de hoje mais cedo, vim em paz. - Disse ele, calmamente, erguendo os braços em sinal de rendição. Quase ri.


- Óptimo. Mas continuo sem saber o que queres.


- Transmitir mensagem. Mas acho que ela seria melhor transmitida se eu estivesse sentado. Vais deixar-me entrar? - Disse ele, com um sorriso perverso. A minha fúria começava a ser visível.


-Não, Malfoy, não vais entrar, estou-me a vestir. Por isso, se fazes favor, dizes o que queres e vais-te embora.


- Exactamente. Vais-te vestir. Pôr mais roupa. Digamos que... -ele olhava para mim de alto a baixo, tirando as medidas à langerie preta que eu tinha vestida. 'Tarado'. - …que eu já vi tudo o que havia para ser visto. – 'E muito mais!' - Logo, posso entrar.


'Belo raciocínio, doninha! Bom, ele de certo modo tem razão. Oh, que se dane. Porque não? O máximo que pode acontecer é ele sair daqui corrido a pontapé.', pensei. Pontapés não eram bem o meu estilo, no entanto. Eu preferia cabeças a bater contra paredes, estantes, armários, mesas de cabeceira…


- Tudo bem, Malfoy. Entra. – respondi, dando um suspiro exasperado.


Ele entrou. Voltando-lhe costas, tornei a dirigir-me ao quarto. Ele seguiu-me e sentou-se na cadeira que eu tinha perto da janela. Revirando os olhos e esforçando-me por ignorá-lo, abri o meu armário e tirei os três potenciais vestidos a serem usados naquela noite. Eram modestos, comparados com a colecção que eu deixara na mansão Barclay e que não voltara para ir buscar. Havia aquele vestido comprido preto, de alças largas e decote em V, com bordados em vários tons de vermelho perto do decote e da bainha, e que tão bem contrastava com os meus cabelos e a minha pele morena; ou então o azul-escuro, curto, que Tom me oferecera há uns tempos; ou ainda o verde simples.


Pus todos os conjuntos na cama com cuidado e fiquei a olhar para eles, mordendo o lábio inferior, tentando decidir-me sobre o vencedor. Depois de alguns segundos, com um aceno, o vestido verde voltou ao armário. Era demasiado simples. Mas agora estava mesmo indecisa. Deixei-me ficar ali parada uma série de minutos, medindo os prós e os contras de cada uma daquelas peças de roupa, nem sentindo quando ele se levantou e se colocou atrás de mim.


- Sugiro que leves o preto. - Disse ele, baixo e calmamente, muito próximo do meu ouvido. Arrepiei-me, mas pensei no que ele havia dito.


- Talvez.


Peguei no vestido e virei-me de costas para a cama, ficando de frente para ele. 'Merlin, que olhos'. Desviei-me rapidamente e fui até ao espelho. Sim, era aquele que levaria. Voltei costas ao espelho para constatar que ele permanecera no mesmo sítio, mas agora olhava pela janela, para a noite que caía rapidamente. Encolhendo os ombros e continuei o meu caminho até ao toucador. Olhei para ele através do espelho. Ele devolvia-me o olhar com uma intensidade que me hipnotizava de tal forma que só podia ser sobre-humana. Acabei por, eventualmente, quebrar aquele contacto e ia começar a vestir-me quando ele falou.


- Tom pediu para te dizer que a cerimónia se irá atrasar quarenta e cinco minutos e que não te poderá escoltar até lá.


- E era só essa a mensagem que tinhas para transmitir? Porque é que não disseste logo, Malfoy? – inquiri, revirando os olhos.


- Os meus pés estavam a matar-me, Jones. – respondeu-me, dramático. Cissa bufou. 'Diva!'


- Óptimo. – Disse, suspirando resignada. - Agora posso terminar de me arranjar em paz? Não tens mais nada para fazer?


- Não. - Respondeu ele com um encolher de ombros.


Ignorando-o, continuei o que estava a fazer. Calcei-me e pus o colar que Aled me deixara - uma linda corrente de prata com um pendente em forma de P – e que, dias depois de sair da herdade, tinha ido buscar à casa dele; deixei os meus caracóis soltos e pus um pouco de gloss. Maquilhagem nunca fora o meu forte. Mas fosse o que fosse que eu estivesse a fazer, estava sempre a ser observada por ele. Quando acabei de me arranjar, só faltava apertar o vestido, o que era uma tarefa complicada, visto que o fecho era nas costas e eu não lhe chegava. Após várias tentativas, e já estando pronta para tirar o dito, o Malfoy pronunciou-se.


- Precisas de ajuda, Jones? – Disse, sorrindo de lado. Aproximou-se de mim e começou a puxar o fecho para cima, calmamente. Aquilo era pura tortura. Finalmente acabando de apertar o vestido, ele pousou as mãos nos meus ombros. Estavam muito frias, mas queimavam a minha pele como se estivessem em fogo.


- Já está.


- Obrigada, Malfoy. - Disse sincera, virando-me para ele.


- Dispõe. - Disse ele, olhando-me nos olhos. Merlin, eu começava a ficar hipnotizada por aqueles olhos, mas de repente voltei a realidade. Deitei-me na cama e ele voltou à cadeira.


- Que horas são, Malfoy?


- Oito e meia. Ainda falta uma hora para sairmos.


- E o que raio vou eu fazer durante uma hora? – Perguntei, para ninguém em especial. Ele encolheu os ombros e olhou de novo pela janela.


Pus-me então a pensar. Pensava em Daphne e Adam, que também lá estariam naquela noite, e que andavam bastante estranhos, por alguma razão que, certamente, me escapava. Pensava na minha irmã, que deveria estar também ela a preparar-se e em Thomas, que provavelmente estaria com ela. Ao pensar neles, lembrei-me de fazer uma pergunta ao loiro.


- Malfoy? - Ele olhou para mim. - Como é ser filho único? – Perguntei, com um sorriso traquina. Ele riu-se. Um riso genuíno. Era bom ouvi-lo rir.


- Porque é que queres saber, Jones?


- Porque não sei o que é isso. Eu tenho dois irmãos, como tu bem sabes.


- Bom, o teu irmão fez-me a mesma pergunta, há muito tempo. – Ele estava a falar comigo como se fôssemos de novo adolescentes conversando no telhado da torre de Astronomia. E isso trazia muitas boas memórias.


- Que lhe respondeste?


- Que era solitário. – Assenti e hesitei uns segundos antes de tornar a falar.


- Os teus pais não quiseram mais filhos?


- Houve algumas…complicações, quando nasci. - respondeu ele, triste e raivoso ao mesmo tempo.


Percebi que as complicações que ele se referia tinham sido, obviamente, a esterilidade de Narcissa Malfoy. E percebi também que ele se culpava por uma coisa sobre a qual não tinha tido qualquer controlo, e que isso era simplesmente idiota. Mas aquele não era o momento para lhe fazer ver isso. Na verdade, só havia uma coisa que podia dizer.


- Lamento. – ele só anuiu e, depois de uma curta pausa, tornei a falar. – Eu não sei o que seria de mim sem os meus irmãos. Thomas é a minha calma e Claire a minha alegria. Quem me dera que algum deles estivesse estado comigo anteontem. – ele sorriu de lado.


- Ora, não foi um bonito momento de família? – Olhei-o, assassina.


- Se tivesses chegado mais cedo naquele dia, Malfoy, tinhas-me ouvido dizer que não considero aquele homem minha família. Já não o fazia muito antes de descobrir o que descobrimos há semanas.


- Se tivesse chegado mais cedo talvez pudesse ter cobrado aquele favor, Jones. – Franzi as sobrancelhas, claramente confusa.


- Favor? Não faço a menor ideia sobre o que é que estás a falar, Malfoy.


- Aquele favor que o teu amigo Sloper não me deixou cobrar em primeiro lugar e que, mais tarde, a McGonagall também me impediu de o fazer. – 'Hogwarts. Ele está a referir-se aos tempos de Hogwarts'. – Se eu tivesse chegado mais cedo, usaria esse favor e teria a mesma ideia que o idiota do Fowles teve. E não deixaria o teu querido pai dirigir-me palavra.


- Então o teu pai sempre foi capturado?


- Não és tu que estás encarregue da história, Jones? Com certeza deves saber. – retorquiu com desprezo.


- É a própria Catherine que está a tratar do assunto. Recusei-me a escrevê-la quando soube que o Auror que me iria ajudar era o meu pai. E quando recebi uma carta a pedir-me que não fosse eu a fazê-lo.


- De quem? – Cissa encolheu os ombros.


– Não faço a menor ideia. E já fiz perguntas por aí, li algumas mentes, e ninguém parece saber a identidade dela.


- Então porque é que assumes que é uma ela? – questionou-me, interessado. Olhei-o, com desdém.


- Homens não escrevem daquela maneira, Malfoy.


- Qual maneira?


- Não sei. Sofrida, talvez. Receosa. Pareceu-me estar a proteger alguém. Além disso, usou na assinatura uma palavra que depreendo que seja uma alcunha e que me parece bastante feminina.


- E que seria?


- Stellar. – 'O QUÊ!' – Pergunto-me o que significa. - suspirei. 'O que raio foi ela fazer!' - Seja como for, tenho a certeza que é uma mulher.


- Então porque é que ainda não descobriste? Dispões de todos os…recursos, Jones. – Ele parecia estar a tratar aquela informação como se de um concurso se tratasse. Parecia estar a testar os meus conhecimentos.


- Cheguei a pensar nisso. – respondi, olhando-o desconfiada. - Mas depois reli a carta e deixei de ver utilidade nesse acto.


- Então agora toda a gente que te escrever a dizer para ficares calada, tu acatas a ordem, Jones? – comentou ele, sorrindo de lado e cruzando os braços.


- É claro que não. Eu já não ia escrever a história, fosse como fosse. Só tive de juntar o útil ao agradável e responder à carta acedendo ao pedido dela.


- E não tens curiosidade em saber quem é, Jones? – insistiu.


- Claro que tenho. Mas eu estava de ressaca – ele riu-se, o idiota. – e não tive cabeça para investigar mais. No entanto, se quiseres, estás à vontade para tentar descobrir quem é, é-me indiferente a maneira como utilizas os teus tempos livres. – ele fixou o seu olhar no meu.


- A sério, Jones? Então se eu decidir passar os meus tempos livres contigo…


- Tens imensa piada, Malfoy. Já pensaste em seguir a carreira de comediante?







A minha resposta não teve nada a ver com o que se passava dentro da minha cabeça. Pensamentos como 'o que raio quer ele dizer com isto!', 'será que ele está a afirmar que vai lutar por mim?' ou 'Merlin, ele ainda me ama!' corriam pela minha mente à velocidade da luz. Até fiquei muito espantada comigo mesma por ter conseguido dar uma resposta daquelas, e ainda por cima, soando ligeiramente indiferente. É de mestre!


- Não, para a minha carreira já tenho planos. Para os meus tempos livres, não. – respondeu.


- Sugiro que arranjes um hobby, Malfoy. Faz desporto. Boxe, talvez? – ele riu.


- Espirituosa como sempre, Narcissa. – franzi o nariz.


- Não me chames Narcissa. É esquisito, dito por ti.


- Porquê?


- Nunca me chamaste por esse nome. Só quando… - 'Só quando me abandonaste e me deixaste a pensar que era porque querias salvar a tua própria pele e afinal era para salvares a minha'.


- Apenas por que me fazia lembrar coisas que queria esquecer. – cortou ele. Fiquei confusa.


- A tua mãe?


- A minha família, Narcissa. – Oh Merlin, ele tinha de parar com aquilo. Por alguma razão, era mesmo horrível ouvi-lo chamar-me assim.


- Não, continua a soar esquisito.


- Não vou utilizar 'Cissa', ou 'Ci', como Daphne. Odeio diminutivos. – retorquiu, olhando-me. Não creio que estivesse a olhar para ele de alguma maneira em especial mas, depois de uns segundos, ele deu um dos seus sorrisos, como se tivesse acabado de compreender algo muito importante. – Já vi onde queres chegar, Jones. – Eu queria chegar a algum lado? - Queres que te trate pela alcunha que te dei. – 'Merda! Não era nada disso!'. Tenho a certeza que corei até à pontinha dos cabelos.


- Não era isso que eu queria dizer, Malfoy, nem perto.


- Claro que não. – fez uma pausa. – Muito bem, fazemos um trato. Eu faço o que queres se me deixares ter a honra de te acompanhar à cerimónia esta noite.


- Nem penses! – Vi-o recostar-se na cadeira e lançar-me um olhar traquina.


- É pegar ou largar…Sky. – Se eu já estava corada, neste momento devo ter assumido um tom de vermelho completamente fora de série. O que, por sinal, pareceu agradar-lhe imenso. Demasiado, até. Quando me recompus, revirei os olhos, conformada.



'Eu seria para ti a fuga da solidão
E amanhecia em ti, p'ra noite afastar
Amava-te assim
Por já saber o que é sentir
Que estás dentro de mim


- Ok, ganhaste. – ele sorriu, vitorioso. – Leo.


O sorriso dele aumentou de sobremaneira quando também eu o tratei pela alcunha que lhe dera. E aquele sorriso fez-me compreender finalmente que seria capaz de dar tudo para que ele durasse para sempre. Para que tornássemos a ser simplesmente Leo e Sky, e não Narcissa e Draco. 'Estou apaixonada por ele', admiti finalmente a mim mesma. 'Completa, total e indubitavelmente apaixonada por Draco Malfoy'.


Há-de haver onde começar
Há-de haver como ver e respirar
O amor que já é
Que está entre nós
Há-de haver tempo p'ra aprender
Há-de haver horas p'ra te pertencer
E mil anos para amar-te
Há- de haver...


- Está na hora. Devíamos descer. - Disse ele, trazendo-me de volta à realidade.


Levantei-me e ajeitei o vestido, sorrindo levemente. Agora a minha 'escolta' já não parecia ser assim tão má. Coloquei-me então em frente ao espelho, dando os retoques finais no meu visual.


Tu serias para mim
Certeza na confusão
A calma na tempestade e paz no coração
Amava-te assim
Por já saber o que é sentir
Que estás dentro de mim


Quando terminei, olhei-o para verificar que ele me observava. Como se quisesse decorar cada detalhe, gravá-lo para sempre. Permiti-me também a observá-lo um pouco. O seu smoking era completamente normal: calças e casaco preto, camisa branca e laço negro ao pescoço. Mas ele, com aquela sua elegância inata e típica dos Malfoy, elevava aquele conjunto a todo um outro nível. E os seus olhos magníficos e as mechas de cabelo loiro a caírem-lhe para a face davam o toque final. Senti um enorme arrepio a percorrer-me a espinha, que me fez voltar a mim, perguntando-me como é que ele ainda me fascinava daquela maneira. Recompus-me rapidamente e perguntei:


- Vamos?


Há- de haver onde começar
Há- de haver como ver e respirar
O amor que já é
Que está entre nós
Há-de haver tempo p'ra aprender
Há-de haver horas p'ra te pertencer
E mil anos para te amar
Há-de haver...
(Há-de Haver Onde Começar – Anjos)


Ele assentiu e saímos do quarto.




N/A: Iuuupiii, Narcissa finalmente admitiu que gosta de Draco! E Draco parece saber quem é a/o misteriosa/o Stellar :o Suposições? 8D


Keep reading, will you? Está quase a acabar :o


Love,
~Nalamin


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.