Can I Go Now?



Disclaimer: O Draco e o mundo mágico são da J.K. O resto é tudo meu 8D









Ser Feliz
Fanfiction by Nalamin


Chapter 2: Can I Go Now?


Daphne e Adam encontravam-se na Antica Gelateria del Corso, na praça do Panteão, no centro da cidade de Roma, curtindo o sol quente e a brisa fresca daquela tarde. Estava a ser uma boa semana, apesar de tudo. Não fora bem sucedida na sua 'missão'. Talvez devesse ter procurado melhor. Talvez se tivessem desencontrado. Na verdade, nem sequer sabia bem porque o fizera. Mas não conseguia deixar de pensar nele. Como estaria? Continuava solteiro, depois do sucedido? Narcissa contara-lhe a trágica história. Como queria ter estado lá a apoiá-lo! Nunca contara a Narcissa. Por medo, talvez? Naquele ano, a melhor amiga andara tão distante...


De repente, tocou-se. Do que se fora lembrar: Hogwarts! Há tanto tempo que não pensava naqueles maravilhosos tempos! Sorriu e fechou os olhos. Viu o castelo, passou para o salão, seguiu para a sala comum dos Slytherin e acabou no quarto que partilhara com Narcissa durante sete anos. Recordou alguns momentos ali passados: viu uma versão mais nova de si mesma a tentar entrar no quarto sem fazer barulho apenas para encontrar Narcissa acordada e à espera. Ambas gargalharam e Daphne começou a contar os pormenores da noite. Subitamente, apercebeu-se de que aquela tinha sido a noite em que perdera a virgindade. 4º ano, Robert Meyer! 'Foram os vinte segundos mais longos da minha vida…', pensou. Deixou a sua mente vaguear e parou no ano seguinte. Tinham acontecido tantas coisas…os Carrow, Snape, a batalha…


- Que estás a fazer, Daphne? – A loira assustou-se ao ver que o amigo já ali se encontrava, vindo do interior da geladaria. Riu.


- A recordar Hogwarts. – Adam sorriu largamente.


- Bons tempos. – Subitamente, começou a gargalhar. – Lembras-te de termos tramado o Filch? No 6º ano? Quando ficou encurralado pelas armaduras?


- Claro que lembro! Isso foi obra de Narcissa!


- E se dessa vez o tramámos, na vez seguinte deixámo-lo o cepatorta mais feliz de sempre. – Daphne olhou para ele, confusa. – Os gatos! – Elucidou-a ele.


- Ah, mas é claro! Também obra de Narcissa. Multiplicou 100 vezes Mrs. Norris. Cissa ficou muito fraca depois disso. Foi uns dias depois daqueles episódios dela acabarem.


- Sim, eu lembro-me bem. A Guerra deixou-a esgotada. E suponho que a morte de Jack a afectou imenso, mais do que ela esperava. – afirmou Adam, tristemente.


- Mas depois de sairmos de Hogwarts, tudo pareceu melhorar. – contrapôs a loira.


- Claro, assim que se afastou de tudo o que a lembrava daquilo, Narcissa ficou muito melhor.


- Mas não mais feliz. – disse Daphne, suspirando.


- Mas não mais feliz. Nem tu, querida.


- Eu fui feliz em Hogwarts, Adam. E depois também.


- Talvez. Mas não tão feliz quanto poderias ter sido, pois não? – fez uma pausa. - Bom, mas isso é lógico.


- Lógico? Porquê? – perguntou Daph, confusa.


- Bem, estamos em Roma, não estamos? - Daphne riu.


Sim, estavam em Roma. E sim, em parte (uma grande parte, por sinal) tinha sido por causa dele. Nunca o esquecera realmente. E agora, ao relembrar os tempos de Hogwarts, só fazia com que a sua vontade de o ver aumentasse imenso.


Mas, para além dele, havia tantas pessoas que não via há anos! Zabini, Erika, e até o Potter e companhia! Que era feito deles? Como estariam as suas vidas? Seriam felizes? Teriam filhos e bons empregos?


- Há anos que não vejo ninguém. - Disse Adam, ecoando os seus pensamentos. – Cook, King, Moore…Éramos os melhores amigos, mas acabámos por perder o contacto. Às vezes tenho saudades… – suspirou. Daphne assentiu em concordância.


-Também eu. Adorava voltar a ter 15 anos! – Desabafou Daphne. Adam riu.


- Era tudo tão mais fácil! – comentou ele. – Não é que agora seja difícil. – acrescentou.


- É verdade. – concordou a loira, rindo. – Não tenho razões de queixa, levo um estilo de vida bastante descontraído. Só tenho de rever textos e entregá-los a Catherine.


- Bom, vamos indo? Ainda quero espreitar o Coliseu. – disse Adam, depois de um longo silêncio, levantando-se da cadeira.


Assentindo, Daphne ergueu-se também e dando o braço ao amigo, seguiu a seu lado pelas ruas animadas de Roma.




 


- Edwin? – chamou Cissa, entrando no quarto de hotel, com alguns sacos na mão, fechando depois a porta atrás de si.


- Estou no banho, Ci! Saio já! – gritou ele, do pequeno cómodo à direita.


Suspirando, a morena deixou os sacos em cima da mesa e foi até à varanda. Pousou os cotovelos no beiral e contemplou a vista privilegiada da suite. Viam-se lagos de um azul cristalino e tão extensos que pareciam acabar do outro lado do mundo, e montanhas cobertas de verde que pareciam saídas dum postal. A paisagem do Gerês era incrível, genuinamente maravilhosa, e digna das mais belas pinturas.


Conseguira convencer Edwin a passar as suas férias em Portugal. Não era muito longe de Inglaterra e sempre era uma fuga a todos os lugares habituais que costumavam ir. Ele começara por recusar, mas os seus poderes de persuasão levaram a avante. 'Ao menos por uma vez consegui fazê-lo desligar-se do trabalho', pensou.


- Cissa? – chamou ele, de toalha à cintura, regressando ao quarto.


- Estou cá fora.


- Onde estiveste? – perguntou ele, agora a seu lado.


- Fui à loja lá em baixo comprar qualquer coisa para levar a Daphne e a Adam. – respondeu, sem desviar os olhos das montanhas. Ele suspirou, observando também a paisagem.


- Não tenho boas notícias, Cissa. – ela olhou-o, preocupada.


- O que é que se passa?


- Vou ter de voltar para Londres hoje à noite. – a morena abriu a boca, numa mistura de espanto e exasperação. 'Já devia saber que isto ia acontecer'.


'What's the point of trying to meet you in the middle
You got your point of view
There's nothing I can do
Can't change your mind
Can't leave it all behind
You're living in the past


- Só podes estar a brincar, Edwin.


- Quem me dera. Recebi a coruja há vinte minutos. O Departamento precisa de mim. Sabes que sou o melhor agente. – Narcissa suspirou, irritada.


- Pois sei, Edwin, mas eu também sou a melhor jornalista d'O Profeta e eles esperam que eu volte de férias para me darem trabalho !


- O Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas não é um jornal, Narcissa.


A maneira como ele disse 'jornal', irritou ainda mais Narcissa. O tom que ele usara era como se dissesse 'o meu trabalho a controlar acidentes com bules encantados é superior ao teu de transmitir informação medíocre no teu jornaleco de segunda'. E, ainda por cima, não parecia de todo afectado por estar a estragar não só as suas férias, como também as de Narcissa!


- Sabes que mais, Edwin? Eu não vou continuar a reger as minhas férias – e muito menos a minha vida! – pela tua dedicação ao trabalho. – respondeu, no mesmo tom, voltando-lhe costas e indo para o quarto.


- Cissa, não sejas intransigente! – exclamou ele, seguindo-a. – O que é que estás a fazer? – questionou, vendo-a fazer as malas.


- Parece que não és só tu que vais voltar para Inglaterra. – respondeu, simplesmente.


- Eu nunca quis estragar as nossas férias, Ci. – disse ele, depois de uma pausa.


- Edwin, por Merlin. Que férias? Sempre que temos uns dias livres tu arranjas maneira de os boicotar. Há sempre alguém que precisa mais de ti do que eu, há sempre trabalho a ser feito nesse Departamento fantástico! – disse, sarcástica.


- O meu trabalho é a minha vida, Narcissa! Nem todos temos um nome de família para usar como moeda de troca! Nem todos subimos na vida sem esforço!


We talk and talk
This goes on for hours
About how I should be
Why is it all me?


Cissa voltou-se para ele, encolerizada. Como é que ele ousava sequer afirmar tal coisa? Não sabia ele que tudo o que sempre fizera fora esconder (ou, pelo menos, não revelar excepto se questionada directamente) que era uma Barclay? Não tinha ele noção que ainda havia muita gente que não fazia ideia de que Thomas e Claire eram seus irmãos? Não fazia ele ideia do que tivera de batalhar para ser tratada de maneira igual às outras pessoas? Imaginava ele o quão insultuosas eram as palavras que acabara de proferir? Cogitava sequer que se tornasse a abrir a boca nos segundos seguintes, era capaz de ir bater com a cabeça contra a parede?


Don't wanna fight
Don't wanna waste my time
Baby, this can't last
I'm moving on, moving on


Ele devia ter-se apercebido do que dissera ao observar a expressão estampada na cara da morena e, por isso, apressara-se a desculpar-se.


Can I go now?
Say what you have to say
Happy you've got your way
There's nothing to discuss


- Ci, desculpa…eu não queria dizer aquilo. – ela riu, amarga. E, sem desviar os olhos dele, as suas malas ficaram imediatamente feitas e com tamanho reduzido, para que as pudesse levar sem esforço.


Can I go now?
Giving your point of view
Say what you wanted too
What's the point in us?


- Não mintas, Edwin. É claro que querias! Estavas mortinho por dizer isso desde que consegui o estágio n'O Profeta. E o facto de ser mais bem sucedida e de ganhar mais que tu, também te deixou sempre irritado. – fez uma pausa, aproximando-se dele. - Mas adivinha, Ed? Já não tens de te preocupar mais com isso.


Can I go now?
Oh say what you have to say
Happy you've got your way
What's there to discuss?


- O que é que queres dizer? – perguntou ele, meio a medo.


Let's go lead a day
I'll pack my bags be on my way
Sure don't need to stay
Where I'm not welcome anyway


Ela sorriu de lado, como ele costumava fazer e afastou-se, pegando em seguida nas suas reduzidas malas e colocando-as no bolso do vestido. Sabia que, apesar do que Edwin acabara de dizer, não seria capaz de fazer o que estava prestes a fazer com o sangue frio e calma com que ele fizera. Portanto, seguiu para a porta, abriu-a e, sem se voltar, disse aquilo que tanto lhe doera ouvir há oito anos atrás.


There's nothing left to do
Maybe I'm not for you
So why don't you let it go


Tell me what's the point of all this
Talk, talk, talk, talk
We could go day and night
Still wouldn't make it right'
(Can I Go Now? – Jennifer Love-Hewitt)


- Acabou.




 


- Tenho saudades de Narcissa. – disse Daphne, sentada numa das camas de solteiro do quarto que partilhava com Adam.


- Eu também. – respondeu ele, deitando-se na outra cama. - Sabes, já faz algum tempo que não falo a sério com ela.


- Tu sabes que eu nem tento falar a sério com ela quando o assunto é precisamente ela. Também não me é necessário. Narcissa é um livro aberto.


- Para nós, sim, mas mesmo assim tem alguns capítulos obscuros dos quais nem eu nem tu temos conhecimento. Como, por exemplo, toda aquela história do desaparecimento do pai dela. Ou por que é que Cissa saiu de casa assim que se formou de Hogwarts. – Daphne suspirou.


- Cissa nunca falou muito da família, excepto, é claro, dos irmãos e de Cecília. E ocasionalmente, de Aled. Penso que o relacionamento dela com os pais nunca foi bom. E, com certeza, piorou após o desaparecimento do William. – fez uma pausa. – Seja como for, quaisquer que tenham sido as razões de Narcissa para sair de casa devem ter sido fortes, para ter tomado medidas tão drásticas. Se ela não tivesse tanto controle sobre os seus poderes, as coisas podiam ter ficado feias. – Adam ficou confuso com esta última frase.


- O quê? Mas o Dom de Victoria não serve para ler pensamentos? Para além daquela capacidade de fazer magia sem varinha e andar por aí invisível.


- Sim, essas são três das habilidades de Narcissa.


- 'Das'? Significa que há mais? – perguntou, espantado.


- Não sabias? – Adam abanou a cabeça em negação. - Sim, há. Quando, há quase 14 anos, Narcissa me contou do Dom, penso que também ela não sabia que possuía tanto poder.


- Mas afinal…


- Quais são? – interrompeu Daphne. – Bom, sabes como eu sou curiosa. Quando Cissa foi evasiva acerca dos pormenores, decidi investigar. E não foi nada fácil, deixa-me dizer-te. – comentou, rindo.


- Porquê? – perguntou Adam, interessado.


- Para começar, as desculpas para desaparecer e ir à biblioteca começavam a escassear. Por consequência, Narcissa estava cada vez mais difícil de enganar.


- Mentiste-lhe? – Perguntou Adam, chocado.


- Menti. – Ao ver a cara do amigo, Daph riu. – Oh, vá lá, não faças essa cara. Mesmo durante a minha 'investigação' me fartei de lhe perguntar sobre o Dom. Nunca me respondeu.


- E não foste capaz de a deixar com o seu segredo? – Disse Adam, moralista.


- Bom, já que me tinha contado o maior segredo da sua vida, podia ter dito tudo!


- Mas tu própria disseste que nem ela sabia o poder que tinha!


- Eu disse que penso que ela não sabia. Talvez soubesse, talvez por isso não me quisesse contar. De qualquer das formas, eu acabei por descobrir. – fez uma pausa. - Ia dando com Madame Pince em louca! Mas, felizmente, ela não se tinha esquecido da vez em que eu impedi um dos seus preciosos livrinhos de ser destruído. – Riu. – Adiante. Madame Pince tinha-me dito que pessoas com habilidades especiais tinham de ser registadas numa determinada secção do Ministério. Procurei o livro com as listagens e encontrei o nome de Narcissa.


- Compreendo. Mas então, e depois? Descobriste o nome e… - perguntou, curioso.


- E, a partir do nome, podes identificar o Dom possuído e as suas particularidades. Eu já sabia qual era o Dom, portanto, foi só averiguar o resto.


- Sim…?


- Calma, Adam! – disse, rindo.


- Daphne, começa a falar! – respondeu ele, tem tom ameaçador.


- A verdade é que, quando tentei verificar as habilidades de Narcissa, só lá figuravam aquelas de que eu já tinha conhecimento: a leitura de pensamentos e a sua magia excepcional.


- Então mas e a invisibilidade?


- Não sei se sabes, mas Narcissa só conseguiu essa capacidade no terceiro ano. – ele abanou a cabeça.


- Pensava que era inata, como as outras.


- Não é. Ao consultar o registo ao longo dos anos, descobri que as capacidades de Narcissa só lá figuravam quando ela as descobria. E a última vez que olhei para aquele livro foi no início do nosso quinto ano em Hogwarts. Suponho que por esta altura, Narcissa seja excepcionalmente poderosa, talvez mais que Dumbledore alguma vez foi.


- Eu sempre achei que ela parecia possuir a sabedoria de alguém como ele, portanto, quase não me espanto. Mas não duvido que ela seja sábia, aliás, Cecília encarregou-se disso. Mas o Dom, fá-la carregar um peso tão grande…


- Sinceramente, não percebo como é que ela aguenta, mas sempre foi assim.


- Aposto que é assim desde pequena. Amor duro, talvez?


- Provavelmente. Narcissa nunca falou dos pais, portanto, não me parece que houvesse ali muito afecto. Desconfio que o desaparecimento do pai nem a apoquenta assim tanto. – afirmou Daphne, fazendo Adam franzir o sobrolho.


- Como assim?


- Penso que a irrita mais do que a preocupa. – Adam continuava a apresentar uma expressão confusa. – Creio que apenas lhe faz diferença o desaparecimento de William na medida em que afecta Claire e Tom, e não por ele ter desaparecido, efectivamente. Chateia-a que alguém magoe os irmãos daquela forma.


Houve uma pequena pausa em que nenhum dos dois falou. Daphne observava as luzes do coliseu brilhantes do coliseu pela janela junto à sua cama, enquanto Adam se entretinha a admirar os querubins pintados no tecto.


- Achas que ele vai voltar? – Daphne encolheu os ombros e lembrou-se de uma coisa que Narcissa lhe dissera há alguns anos, no telhado da torre de astronomia.


- Quem sabe? É um mistério!


- Está a ficar tarde. Vamos dormir? Amanhã temos de nos levantar cedo. – lembrou Adam.


- Sim, vamos. – disse Daphne, puxando os lençóis, deitando-se na cama em seguida. – Quero dormir bem para ir ganhando coragem para voltar a Londres. – terminou ela, com um suspiro. Adam riu.


- Oh, vá lá, como podes não gostar de Londres?


- Estou em Roma, Adam. E nasci em Paris. Não há comparação possível. – O amigo suspirou e também ele se deitou.


- É nestas alturas que eu me lembro do teu maior defeito.


- E qual é ele?


- Para todos os efeitos, e apesar do nome Rosier…és uma Malfoy.




N/A: Antica Gelateria del Corso - http:/ www. laltagelateria. it/ agdc_home. html


É tudo cenários reais 8D


Keep reading! (:


Love,
~Nalamin


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