Until Tomorrow



Disclaimer: O Draco e o mundo mágico são da J.K. O resto é tudo meu 8D




Ser Feliz
Fanfiction by Nalamin


Chapter 16: Until Tomorrow


'Under my feeling under my skin
Under the thoughts from within
Learning the subtext
Of the mind
See creation how where defined


Era já noite cerrada quando Cissa se levantou do banco do Hyde Park e se começou a dirigir para o local onde atravessaria a barreira e passaria para o mundo bruxo. Passara toda a tarde sentada, a mente completamente vazia, simplesmente a ver as pessoas viver o seu dia-a-dia. Mas agora que voltava para casa, abraçada a si mesma para se proteger do frio da noite, os seus pensamentos tinham retornado em cascata, uns atrás dos outros, a cair sem parar.


I miss those days and I miss those ways
When I got lost in fantasies
In a cartoon land of mysteries
In a place you won't grow old in a place you won't feel cold and I'll sing'
(Innocent Eyes - Delta Goodrem)


Já não sabia com o que é que se deveria preocupar primeiro. O Dom da Visão? As mentiras da família? O retorno do pai desaparecido? A história que deveria escrever sobre a captura dos Aurores? Edwin e as suas psicoses? Draco? Suspirou. Talvez se pudesse preocupar com tudo isso apenas amanhã. Por aquele dia, não queria mais lembrar-se de nenhum desses assuntos. O problema estava agora em arranjar maneira de esquecer.


'I was born in a house in a town just like your own
I was raised to believe in the power of the unknown
When the answers and the truth have cut their ties
Will you still find me
Will you still see me through smoke


Quando era mais nova, lembrava-se de que algumas vezes usara o sexo como escape. Riu com este pensamento. Como é que conseguiria ir para a cama com um homem, um qualquer desconhecido, quando Draco povoava tão intensamente o seu pensamento? Impossível. Essa opção estava riscada. Ler ou ouvir música também não resultava. Qualquer frase podia despoletar um pensamento sobre um dos assuntos que a preocupavam. O que é que restava?


Where can I turn?
'Cause I need something more
Surrounded by uncertainty, I'm so unsure


Caminhava já pelas ruas pouco visitadas da Londres bruxa, quando tropeçou numa pequena saliência no chão. Não caiu, mas para se conseguir equilibrar, apoiou a mão num cartaz de madeira que se encontrava na borda do passeio. De volta à sua postura erecta, olhou o dito melhor. Anunciava a 'happy hour' de um pub ali perto. Sorriu e não pensou duas vezes. Decorou a morada e começou a dirigir-se calmamente para o seu destino. O álcool iria ser o seu melhor amigo durante aquela noite, o seu companheiro, o seu amante, o seu contador de histórias e o seu músico, mas também o seu inimigo, um traidor. Iria significar amor e ódio, fantasia e realidade, preto e branco. Só havia uma coisa que o álcool não podia ser ou significar: a salvação.


Mas tal como Aled dissera, o Destino apresenta-nos sempre vários caminhos para chegarmos ao nosso objectivo, que, no caso de Narcissa, era esquecer. Ela esperava que o álcool fosse, no mínimo, uma tabuleta a indicar a maneira certa de o fazer. Mas a esperança também é uma coisa engraçada. Por norma, quanto temos grandes expectativas em relação a uma coisa, o que verificamos é que acaba sempre tudo ao contrário do que imaginamos a princípio.


Tell me why I feel so alone
'Cause I need to know to whom do I owe'
(Conspiracy – Paramore)


E aquela noite não foi excepção.




                                                                      





- Firewhisky. – pedi ao homem à minha frente, com um sorriso.


Pois é, eu já estava um bocadinho alegre. Mas, sinceramente, não queria saber. Estava a resultar. Afogara já mais de metade dos meus problemas em toda a espécie de bebidas alcoólicas que me lembrara de pedir ao barman. Agora já só faltava a outra metade.


'Who says I can't be free?
From all of the things that I used to be
Re-write my history
W
ho says I can't be free?


- É para já! – Respondeu ele, prontamente. Em poucos segundos já tinha a bebida à minha frente.


It's been a long night in New York City
It's been a long night in Baton Rouge
I don't remember you looking any better
Then again I don't remember you


-Obrigada.


-Disponha! - Disse ele, com um sorriso sedutor.


Who says I can't get stoned?
Call up a girl that I used to know
Fake love for an hour or so
Who says I can't get stoned?


Retribui-lhe o sorriso, pensando que era óptimo que ele tivesse alguns escrúpulos e não se tentasse aproveitar de mim enquanto eu estivesse completamente embriagada. Mas ainda faltavam, pelo menos, mais dois firewhiskys para que eu chegasse a esse estado.


Ele afastou-se para atender mais clientes, nunca deixando de olhar para mim. Revirei os olhos e voltei o olhar para a minha bebida, pensando qual seria o próximo problema a ser afogado.


Who says I can't take time?
Meet all the girls on the county line
Wait on fate to send a sign
Who says I can't take time?


- Dando em cima do barman, Jones? Pensei que poderias arranjar alguém melhor. – Disse uma voz atrás de mim. Já nem chamei por Merlin ou roguei pragas aos céus por ele ter aparecido ali. Era o habitual, ultimamente. E o álcool tinha-me deixado descontraída.


It's been a long night in New York City
It's been a long night in Austin too
I don't remember you looking any better
Well then again I don't remember you


- Alguém como tu? – Devolvi, entrando no jogo dele. Whatever, certo? Não me ia lembrar de grande parte do que estava a dizer naquele momento no dia seguinte, de qualquer maneira.


- E porque não, Jones? Não seria a primeira vez. - Disse ele, inocentemente, sentando-se no banco ao meu lado. Gargalhei.


- Precisamente por isso, Malfoy. – respondi, dando um gole da minha bebida.


- Ora, como assim? – Insistiu ele, com um interesse notório. Eu sabia perfeitamente para onde ele queria levar a conversa, mas também sabia bem falar com ele. Poderia até ser errado, mas o meu amigo firewhisky fazia tudo parecer certo naquele momento.


- Vamos ver. – Comecei a contar pelos dedos. – Achas-te muito bom por causa do sangue puríssimo que te corre nas veias, és um perfeito idiota, és irritante, convencido e mimado. Chega? – Respondi, sorrindo e mostrando-lhe os cinco dedos da minha mão direita. Mas agora que olhava bem para eles, pareciam-me estar lá uns sete…


- Ah obrigado, Jones! - Agradeceu ele, sorrindo de lado. - Agora quero ouvir os meus defeitos. – Revirei os olhos. Ele não percebia que já estava a monopolizar muita da minha atenção? O meu copo começava a sentir-se ofendido.


- Para alguém tão estúpido, és absurdamente bonito. – Disse-lhe eu, com toda a sinceridade que o que bebera até ali me conferira. - Mas ouve lá, o que é que estás aqui a fazer? – acrescentei, depois de alguns segundos de silêncio e mais um gole de firewhisky.


- Ora, Jones, olhei para a tabuleta, achei que esta espelunca aparentava ser muito divertida e decidi entrar e dar uns passinhos de dança. – Espelunca? Olhei à minha volta. Admito que o álcool me fazia ver as coisas ligeiramente mais brilhantes, mas ia jurar que até era um pub bem arranjado.


- E então? Estás a divertir-te?


- O que é que achas, Jones? - Retrucou ele, com o habitual sarcasmo.


- Não sei. - Disse eu, encolhendo os ombros. - Estiveste aqui sentado o tempo todo. – Por falar nisso, quanto tempo mesmo é que passara desde que eu chegara ali?


- Que posso dizer? É o meu conceito de diversão. Deverias de experimentar, um dia. - Disse ele, trocista.


- Acho que já o estou a fazer. – Respondi. – Mas é muito deprimente. E eu dispenso mais dramas na minha vida.


E dito isto, tive uma revelação. Uma epifania! Levantei-me do banco e, de copo na mão, comecei a andar à volta do bar, num passo saltitante, murmurando uma qualquer música que me viera à cabeça no momento, contornando mesas e cadeiras. Não estava a olhar para ele, mas sentia o seu olhar de censura na minha nuca.


- O que raio estás a fazer, Jones? - Perguntou ele, desconfiado.


- A passear. Na minha cabeça estes são os Champ Elysées.


Who says I can't get stoned?
Plan a trip to Japan alone
Doesn't matter if I even go
Who says I can't get stoned?


Olhei-o para o ver lançar-me um olhar meio irritado meio assustado, claramente a pensar se eu tinha perdido totalmente juízo. Apeteceu-me rir, mas para não o assustar por completo, não o fiz. Limitei-me a suspirar e a caminhar cambaleante na sua direcção.


– Anda, eu mostro-te.


Fui buscá-lo ao banco onde ele estava sentado e guiei-o até a um canto do bar, começando depois a andar calmamente para a frente. Ele olhava para mim de braços cruzados e sobrancelha erguida, provavelmente a pensar que talvez devesse levar-me para S. Mungus para curar a bebedeira…ou algo do género.


- Anda lá, Malfoy! – chamei de novo, olhando para trás ao ver que ele não se mexia. – É fácil. Só tens de fechar os olhos e dar largas à imaginação! – exclamei, extremamente alegre.


Ele abanou a cabeça e não se mexeu um centímetro. Então eu, encolhendo os ombros, continuei. Se ele não queria ir para fora lá dentro, o problema era dele. Agora eu estava muito feliz a passear por Paris. Não era aquela doninha albina que me ia incomodar, ora essa.


It's been a long night in New York City
It's been a long time since 22
I don't remember you looking any better
Then again I don't remember, don't remember you'
(Who Says – John Mayer)


Subitamente, choquei com qualquer coisa. Abri os olhos e reparei que tinha sido exactamente contra ele o choque. Ergui uma sobrancelha, confusa.


- Estás a fazer de estátua? Não me lembro de ver nenhuma nos Champ Elysées da última vez que estive em Paris.


- Não deves ter olhado com atenção, Jones. - Respondeu ele.


E depois aproximou-se mais de mim e enlaçou-me pela cintura. Tirou-me o copo da mão e deixou-o na mesa mais perto. Em seguida, colocou um dos meus braços a rodear o seu pescoço e o outro pousou-o gentilmente no seu peito. As mãos dele começaram então a passear livremente pelas minhas costas, puxando-me para mais perto. Agora é que eu estava mesmo confusa. Se ele era uma estátua, porque é que estava a tentar dançar comigo? Porque era isso que ele estava a fazer, não era? E além disso, porque é que ele me tirara o copo da mão?


'Stripped and polished, I am new, I am fresh
I am feeling so ambitious, you and me, flesh to flesh


- Malfoy, tu és uma estátua. De pedra. As estátuas não se mexem. Muito menos dançam. – fiz-lhe ver, de forma extremamente erudita (para quem já tinha bebido uns copos, claro).


- Disseste bem, Jones. Malfoy. As estátuas com esse nome conseguem até o impossível.


Não estava a perceber qual era a relação entre Malfoy e estátuas. Pus-me então a pensar nisso e não lhe respondi. Ele deve ter tomado o meu silêncio como uma admissão de derrota perante aquele argumento, porque começou a mexer-se lentamente, sem seguir nenhum ritmo em especial. Era só para lá e para cá, para lá e para cá…Fazia-me lembrar a cadeira de baloiço onde a minha avó me costumava adormecer.


Cause every breath that you will take
When you are sitting next to me
Will bring life into my deepest hopes
What's your fantasy?
(What's your, what's your...)


E, ao recordar-me disto, comecei a sentir-me quente, confortável, e aquele movimento dele começou a embalar-me suavemente. Deitei a cabeça no seu ombro e fechei os olhos, não deixando por isso de o sentir pousar o queixo nos meus cabelos e suspirar devagar em seguida. Apostava que ele estava a pensar no quão louca eu era. E por que raio haveria ele de estar ali naquele momento, a aturar a minha bebedeira.


Subitamente, ao ter este pensamento, lembrei-me de que poderia descobrir o que é que ele estava mesmo a pensar. Era uma coisa pouco educada de se fazer, mas eu não estava muito interessada em questões éticas naquele momento. Portanto, afastei-me lentamente dele e olhei-o nos olhos. Caramba, não sei se era do álcool, mas eu estava capaz de me perder naquela imensidão de azul. E a boca daquela criatura? Merlin, estávamos tão perto que eu conseguia sentir o hálito quente dele quase a queimar-me a pele.


Forcei um bocadinho a concentração e toquei-lhe os pensamentos. 'Eu não sei que efeito é este que tens sobre mim, nem estou interessado em descobrir. Apenas…não pares. Nunca'.


Cause I was born to tell you I love you
And I am torn to do what I have to, to make you mine
Stay with me tonight
(Your Call – Secondhand Serenade)


Sorri, admirada com aqueles pensamentos dele. Não sabia ao certo o que havia de pensar a respeito deles, mas tal como decidira mais cedo, só me preocuparia com isso no dia seguinte. Então, afastei-me lentamente, talvez com medo do que poderia acontecer se continuasse ali, junto a ele, a olhá-lo e, ainda para mais, não em controle total de todas as minhas faculdades. Não o queria fazer – afastar-me, quer dizer -, e ele também não parecia lá muito satisfeito.


- Tenho de ir. – afirmei, olhando para o relógio que tinha no pulso.


Não é como se eu conseguisse efectivamente ver os ponteiros com nitidez, mas pareceu-me uma boa desculpa para afirmar que me ia embora. Ele assentiu. Fui então pegar no casaco, paguei o que consumira e saí devagar do pub. O ar fresco da noite deixou-me um pouco mais sóbria e de mente mais alerta, mas foi realmente pouco mais. Olhei em volta tentando situar-me, e depois de verificar que estava a um quarteirão d'O Profeta, comecei a caminhar na direcção do meu apartamento. Não ia desmaterializar-me naquele estado, ainda ficava Dividida e aí sim, era o cabo dos trabalhos.


De repente senti que alguém caminhava a meu lado. Olhei para o Malfoy de sobrancelha erguida. Ele colocou as mãos nos bolsos e olhou-me, sério.


- Não te vou deixar ir sozinha para casa nesse estado, Jones.


- Mas eu estou a ir a pé! – argumentei. Ele também não precisava de exagerar. Eu não estava assim tão alcoolizada! Ou estava?


- É de ti que estamos a falar, Jones. Mais vale prevenir.


'In the moonlight
Your face it glows
Like a thousand diamonds
I suppose
And your hair flows like the ocean breeze
Not a million fights could make me hate you
You're invincible
Yeah, It's true
It's in your eyes
Where I find peace


Encolhendo os ombros, deixei-o caminhar a meu lado aquela curta distância. Fizemos todo o caminho em silêncio. Eu permitia-me, de vez em quando, a dar uma olhadela na direcção dele. Sempre impávido e sereno. Desprovido de qualquer expressão. Desviava então o olhar e continuava a andar em direcção ao meu apartamento, sentindo a brisa despenteando-me os cabelos e sorrindo por isso. Mas sentindo o olhar dele cravado em mim, olhei-o de volta. E, desta vez sem querer, tornei a tocar-lhe os pensamentos.


'É quando gosto mais de olhar para ela. Nos momentos em que o vento lhe tira os cabelos da face corada e os faz voar. Ela sorri, porque gosta da sensação. E eu olho, porque gosto de a ver sorrir'.


Is it broken?
Can we work it out?
Let's light up the town, scream out loud!
Is it broken?
Can we work it out?
I can see in your eyes
You're ready to break
Don't look away.


Chegámos ao apartamento no preciso momento em que desviei o olhar do dele, quebrando a ligação à sua mente. Aquela viagem durara quinze minutos mas parecera eterna. Subi os primeiros degraus ainda a cogitar sobre aquele pensamento dele, e depois voltei-me para o olhar.


- Obrigada, Malfoy. Pela companhia. – Disse sorrindo.


So here we are now
In a place where
The sun blended
With the ocean thin.
So thin, we stand
Across from each other
Together we'll wonder
If we will last these days
If I asked you to stay
Would you tell me
You would be mine?


- Sempre que quiseres, Jones. – Respondeu ele, com um fraco mas sincero sorriso.


In the moonlight
Your face it glows….
(Broken – Secondhand Serenade)


Eu assenti, subi o resto dos degraus e entrei em casa sem olhar para trás.




 


E enquanto fazia o caminho até ao quarto, concentrando-me em não chocar com nenhum dos meus móveis, relembrava (o melhor que o meu corrente estado me permitia) o seu olhar enquanto dançávamos, o seu toque nas minhas costas, o seu queixo nos meus cabelos, o seu hálito quente nas minhas bochechas. E aquele pensamento dele. 'Eu não sei que efeito é este que tens sobre mim, nem estou interessado em descobrir. Apenas…não pares. Nunca'.







'I Climb, I Slip, I Fall
Reaching for your hands
But I lay here all alone
Sweating all your blood
If I could find out how
To make you listen now
Because I'm starving for you here
With my undying love and I
...I will


Sentei-me finalmente na cama e descalcei os sapatos. Sabia que a minha cabeça ultimamente era única e (quase) exclusivamente povoada por Draco Malfoy. Só não sabia exactamente porquê. Digo exactamente porque é lógico que eu tinha uma ideia de qual seria a razão, até porque aqueles pensamentos - e, embora me custasse admitir, sentimentos - eram-me familiares por já os ter sentido antes. Mas, naquele momento, a única coisa de que tinha a certeza era de ter estremecido a cada toque dele, de ter desfrutado da sua presença – até das discussões! -, e sobretudo, de estar tão perto dele, dançando.


Deixei-me cair de costas na cama, olhando o tecto. E para juntar a isto, fora apenas há um par de semanas que descobrira que afinal ele preferira enfrentar a morte ao lutar do lado do Bem do que ver-me morrer. 'Eras a minha vida', dissera ele. Ele amara-me ao ponto de dar a sua vida pela minha. Mas, e agora? É claro que não esperava que ele morresse por mim naquele momento, mas será que o sentimento se mantinha? Aqueles pensamentos, as conversas na herdade…E as nossas picardias? Teriam sido ambíguas, providas de outro significado que não o óbvio de me atazanar o juízo, e eu, como alheadamente patética que sou, não percebera aonde ele queria chegar?


Esta distracção no que toca a assuntos do coração, foi sempre a minha morte, como se sabe. Mas, em boa verdade, onde é que está escrito que uma pessoa tem de se aperceber dessas coisas? É obrigatório? Dar-se conta de todas as artimanhas, tal como insinuações subtis e gestos amáveis (não que o Malfoy tivesse usado este último) completamente repletos de segundas intenções, é requisito para viver em sociedade? E já não falo de quando a personalidade que se mostra à partida ao objecto de afeição, raramente é verdadeira. As pessoas já têm dificuldade em serem elas mesmas, quanto mais terem o trabalho de inventar toda uma outra persona só para agradar a um elemento do outro (ou do mesmo!) sexo.


Isto podem ser só divagações da minha mente ébria, mas a minha humilde opinião é a de que a única coisa obrigatória, durante toda a nossa existência, é sermos verdadeiros connosco próprios. Certo? Com os outros há que ter tacto, saber o que se deve ou não revelar, o que se deve ou não deixar perceber. Os problemas começam quando metemos o pé na argola e, por um motivo ou outro, deixamos o pensamento lógico de lado e começamos a pensar com o coração.


Breathe for love tomorrow
Cause there's no hope for today
Breathe for love tomorrow
Cause maybe there's another way


A lógica e a razão fazem-nos dizer as coisas como elas são na realidade, sem metáforas ou eufemismos que as suavizem. E por mais que doa a quem nos escuta ouvir o que dizemos (e por mais que nos doa a nós ver alguém sofrer por algo que estamos a dizer), o nosso objectivo foi cumprido, a mensagem foi entregue e, provavelmente, será para sempre recordada. Mas quando falamos com o coração, tentamos sempre revelar as coisas da maneira que achamos que vai magoar menos ou agradar mais - normalmente porque nutrimos sentimentos profundos por quem nos ouve -, correndo o risco de a mensagem que passa não ser a certa. E se isso acontecer, ainda teremos mais problemas para resolver a situação e acabaremos por ter de utilizar a lógica para remendar as coisas, o que vai acabar por ir contra todo o princípio de pensar com o coração que utilizámos no início: tentar manter o nível de dor no mínimo. E é aqui que encontramos uma daquelas verdades absolutas que toda a gente sabe mas finge que não: mais se tira com amor do que com dor.


I Climb, I Slip, I Fall
Reaching for your hands
But I Lay Here All alone
Sweating all your blood
If I could find out how
To make you listen now
Because I'm starving for you here
With my undying love and I
...I Will


Ele desprovera-me de tudo quando me abandonara. Ele magoara-me, mas fizera-o por amor. E se eu quisesse seguir a minha própria teoria (ou melhor, devaneio de mulher bêbeda), acabadinha de elaborar, e tivesse a obrigação de ser verdadeira para comigo mesma, o que é que eu admitiria sentir a respeito disso? A respeito dele? A respeito de nós?


Se eu fazia intenções de admitir realmente alguma coisa, com certeza fi-lo em sonhos, porque, depois de um longo suspiro, fechei os olhos e adormeci imediatamente.


Breathe for love tomorrow
'Cause there's no hope for today
Breathe for love tomorrow
Cause maybe there's another way'
(Until Tomorrow – Paramore)




N/A: Adorei escrever esta cena do bar e as divagações dela são uma das coisas q mais me orgulhei :D. Espero que também tenham gostado.


Keep reading (:


Love,
~Nalamin


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