Misguided Ghosts

Misguided Ghosts



Disclaimer: O Draco e o mundo mágico são da J.K. O resto é tudo meu 8D










Ser Feliz
Fanfiction by Nalamin


Chapter 9: Misguided Ghosts


O caminho até aos estábulos era bastante curto, mas Narcissa conseguiu percorrê-lo em tempo recorde. Chegou afogueada, de cabelos desgrenhados devido à velocidade com que tinha galopado até ali. Tinha pressa. Só queria sair, sentir-se calma. Mas não conseguia. Não com ele por perto, não a sentir o cheiro dele, os seus passos pela casa, o som da sua voz! Doía! Era como um ardor, uma comichão que não conseguia aliviar. Respirou fundo e desmontou Athena. Tirou-lhe a sela e pendurou-a no respectivo suporte para, seguidamente, levar a bonita égua para a sua box. Encheu a manjedoura de palha e fechou a porta. Athena colocou a cabeça de fora, esperando alguns carinhos. Narcissa sorriu e afagou-lhe a crina preta. Tinha saudades de fazer aquilo simplesmente por fazer e não com o intuito de tirar um determinado loiro da cabeça.




 


Depois de ter galopado sofregamente até ao destino pretendido, verificou que grande parte da sua raiva se havia dissipado. Porque seria? Que efeito era aquele que aquela criatura exercia sobre si? Que efeito era aquele que o fazia sentir daquela maneira? Quando ela sorria, sentia-se completo. Adorava vê-la rir, os seus olhos brilhando intensamente. Mas quando ela o olhava com ódio, com desprezo…era horrível.


Era como estar vazio. Era como deixar de sentir. Era como deixar de poder sonhar. Era como não conseguir respirar porque sentia um aperto no peito. Era como…Subitamente, um barulho vindo dos estábulos interrompeu os seus pensamentos. Desmontou Thorn e puxando-o devagar, de modo a não fazer barulho, dirigiu-se ao portão que se encontrava aberto. Espreitou lá para dentro e sorriu ao verificar quem lá se encontrava. 'Irónico'. Tinha saído com Thorn para a tirar da cabeça e agora ela encontrava-se ali, afagando a sua égua. Mas agora, olhando com mais atenção, ela parecia falar com o animal. Pôs-se à escuta.


- Athena, querida. Sabes o quanto eu gosto de ti, mas vou ter de ir. Tu compreendes o que me apoquenta. Consegues senti-lo. Desculpa por te ter causado esse dano. Prometo que voltarei para te recompensar e para retomar o tempo perdido. Prometo que, quando tudo passar, voltaremos a dar os nossos passeios pelo lago e a fazer os piqueniques no prado. Prometo que vai voltar tudo ao normal. Mas tu sabes que não posso continuar aqui.


Sabia que era dele que Narcissa falava. Sabia que ele era quem a deixava assim. Sorriu e não se conteve.


- E o que é que te impede? – Perguntou, vendo-a voltar-se assustada.


Draco encontrava-se encostado à porta, braços cruzados, porte altivo. Olhava para ela interrogativamente, esperando uma resposta. Ela virou-se de costas para o loiro, fazendo-o arquear uma sobrancelha, e trancou a porta da box de Athena. Respirou fundo, baixinho, para que ela não ouvisse e aproximou-se. Ela ainda estava de costas, por isso não a viu fechar os olhos e suspirar. 'Mas porquê, meu Merlin, porque é que me torturas? Eu não quero sentir! Não de novo'. A morena podia sentir o olhar dele queimando as suas costas.


- O que é te impede, Jones, de continuares aqui? – Perguntou novamente, desta vez mais perto de Narcissa. A voz dele era hipnótica, Cissa sentia que podia perder a força nas pernas a qualquer momento. Tinha de se controlar. 'NÃO! Não vou voltar a passar por isto! Chega de gozares com a minha cara, Draco Malfoy.' Virou-se para o encarar e Draco viu finalmente aqueles olhos castanhos de perto. O tom de chocolate era quase invisível, ocultado por uma cortina de frustração...e dor.


- Assuntos de trabalho. Corujaram-me d'O Profeta. Preciso de voltar o quanto antes. – disse, firme, enquanto afastava alguns cabelos rebeldes com a mão direita, respondendo finalmente à pergunta do loiro. Draco sabia que a resposta que ela lhe dera não era a verdadeira. 'Que tentativa frustrada, Jones! Não esperas realmente que eu acredite nisso, pois não?'. Sorriu de lado.


- E gostas tão pouco do teu trabalho que até a tua égua consegue sentir esse teu…ódio? E estás com problemas? " Prometo que vai voltar tudo ao normal"? Eu ouvi, Jones. – Cissa irritou-se e Draco sorriu sinceramente. Ao menos, fazendo-a irritar-se, conseguia ver de novo o verdadeiro tom dos seus belos olhos.


- Agora escutas atrás de portas, Malfoy?


- Na verdade, só atrás de portões. – Respondeu, sorrindo de lado e apontando para o portão do estábulo. A sua tentativa de formular uma piada ainda irritara mais Narcissa.


-A minha vida não te diz respeito, Malfoy, mas se quiseres, investiga-me. Pouco me importa, desde que não apareças no meu caminho. - Agora era ele quem se irritava. ' Deves ter-te em alta consideração, Jones!'


- No teu caminho? Mas, por Merlin, porque raio achas que é tudo sobre ti? Cresce e aparece, Jones! O meu mundo não gira à tua volta, por muito que tu gostasses que isso acontecesse. – Disse, ríspido. Narcissa, sentiu-se nauseada.


- Óptimo, Malfoy. Então se realmente não te importas com a minha pessoa, dá-me licença, porque eu tenho coisas mais importantes para fazer do que olhar para uma doninha albina. – Afirmou, friamente. Ele olhou-a com desprezo e alguma exasperação. Porque é que continua a ignorar? Porquê?'.


'Pode ser que nesse dia diga que te amo
Perca o medo de te falhar, assuma prejuízo e dano
As minhas cicatrizes só mostram o superficial
E nisso podes crer que eu sou um amador profissional
Ou antes um amante, consoante a variante
Do pouco que eu sei eu sei que já perdi bastante'
(Um Dia Destes – Da Weasel)


- Como queiras, Jones. – Disse, amargo, encolhendo os ombros e afastando-se, para que ela pudesse sair. Narcissa olhou para ele uma última vez e dirigiu-se ao portão. Draco pegou nas rédeas de Thorn e, antes de ir pôr o cavalo na sua box, antes que ela se fosse embora, tinha de o dizer.


'Suppose that I missed you
Suppose that I care
And suppose that spent all my nights running scared

And suppose
That I was never there'
(Suppose – Secondhand Serenade)


- Jones! - Gritou ele, fazendo com que ela parasse e olhasse para trás. – Eu nunca disse que não me importava. – E voltou costas, rumo aos fundos dos estábulos.


Narcissa engoliu em seco. Ele importava-se? ' Não, isto é 5º ano todo outra vez. Não vou acreditar nas suas mentiras, não vou cair em mais tentações. Chega de me torturar, chega que fantasiar com coisas que nunca acontecerão! Está na hora de seguir em frente'.


'I'm going away for a while
But I'll be back
Don't try to follow me
'Cause I'll return as soon as possible
See, I'm trying to find my place
But it might not be here where I feel safe
We all learn to make mistakes...


E dito isto, saiu dos estábulos, os últimos raios de sol banhando-lhe a face, a brisa fria do fim da tarde fazendo com que se abraçasse a ela mesma. ' Está na hora de partir'. Entrou em casa, subiu até ao seu quarto e, com um aceno, arrumou todos os seus pertences. Fechou as janelas, escrevinhou um bilhete para Tom e saiu.


And run from them, from them
With no direction
We'll run from them, from them
With no conviction


'Cause I'm just one of those ghosts
Travelin' endlessly
Don't need no roads
In fact, they follow me
And we just go in circles...


Sentia a sua mente demasiado cheia para que conseguisse raciocinar. Desceu as escadas, contando os degraus. Já nem essa informação conseguia processar. Obrigou-se a ter algum controle. Já não era nenhuma adolescente!


And now I'm told that this is life
That pain is just a simple compromise
So we can get what we want out of it


Would someone care to classify
Our broken hearts and twisted minds
So I can find someone to rely on
And run to them, to them

Full speed ahead
Oh, you are not useless
We are just


Respirou fundo, abriu a porta da frente e saiu para o jardim, aliviada por Tom não estar presente para a ver fugir. Sabia que era uma fuga. Que estava a evitá-lo. Sabia que tinha medo. Sabia que, se não se afastasse, iria sofrer. Ou pelo menos, pensava que sabia. Oh Merlin, como precisava de se sentir segura! De repente, lembrou-se do único lugar onde realmente se tinha sentido dessa maneira. E em menos de um segundo, desmaterializou-se.


Misguided ghosts
Travelin' endlessly
The ones we trusted the most
Pushed us far away'
(Misguided Ghosts – Paramore)




 


'And my eyes are screaming for a sight of you
And tonight I'm dreaming of all the things that we've been through
And I can't hold on to you
So I guess I'll be lonely too


Pronto, estava dito. Já não conseguia mais não sentir. Sabia que ela fazia exactamente o contrário, sabia que ela fazia de tudo para não se lembrar do que tinha sido. Mas já não eram crianças! ' Mas eu sou um Malfoy, e hei-de ser sempre um Malfoy'. Cerrou os dentes. Era esse o problema dela, não era? A sua linhagem, a sua herança, o seu sangue. Ela sentia repugnância desse facto. Mas fazia parte dele, não era algo que pudesse mudar. E se pudesse? Estaria disposto a isso? ' É claro que não! Que ideia absurda! Eu tenho orgulho no que sou, no homem que me tornei! O nome Malfoy nunca deixará de existir só porque uma Barclay tem nojo de si própria e de todos os que carregam o peso do puro-sangue. E eu não tenho de aturar isso. Fizeste a tua escolha, Jones. Eu acabei de fazer a minha'.


Suppose we were happy
Suppose it was true
And suppose there were cold nights
But we somehow made it through
And suppose that I'm nothing without you


Slow way down
This break down is eating me alive
And I'm tired
This fight is fighting to survive


E posto isto, dirigiu-se ao portão, onde se encostou e ficou a observar o pôr-do-sol. Apetecia-lhe sair dali. Tudo naquela casa tinha o toque dela. Mas não podia fazer tal desfeita a Tom. Conhecia bem Narcissa e sabia que, por aquela altura, ela já se devia ter desmaterializado para fora dali.


Suppose that I was wrong
Suppose you were here
And suppose that I reached out and caught your tears
And suppose this fight just disappeared


Suspirou e começou a andar calmamente até ao casarão, decidido a esperar por Tom.


And I can't hold on to you
So I guess I'll be lonely too
But I'd rather be here with you'
(Suppose – Secondhand Serenade)




 


Quando assentou os pés no chão, suspirou de alívio. Já não pisava aqueles terrenos há tantos anos que temia não se lembrar de onde se situavam. Andou em frente, sabendo ser a única, para além da sua mãe, a poder entrar ali. A protecção que Cecília tinha posto naquela casa era muito forte e ainda durava. Passou pelo jardim cheio de ervas daninhas que, outrora, tinha sido bonito e cuidado. Ao chegar à porta, desenhou um V no ar, indicando à casa que se deveria abrir perante a sua herdeira. Com um agudo ranger, a porta deslizou, permitindo a Narcissa entrar naquela casa que, noutro tempo, chamara de lar.


Tudo continuava exactamente no mesmo sítio. O espelho grande mesmo em frente à porta, a escrivaninha antiga do lado direito e a pequena sala de estar do lado esquerdo. Lá mesmo ao fundo, a cozinha, em tons de azul celeste. Perto de si, encontravam-se as escadas que subiam até ao andar superior. Galgou-as duas a duas. Aquele lugar emanava a sua magia, a sua essência.


Naquele andar existiam apenas três portas: o seu quarto, o quarto da avó e uma casa de banho. Entrou na primeira porta à direita. O seu quarto não mudara. As paredes eram exactamente do mesmo verde, tal como as cobras pintadas nelas eram exactamente do mesmo prateado. As bandeiras da sua Equipa espalhadas pelas prateleiras, ao lado dos troféus de Quidditch. Um quadro cheio de fotos antigas. Sorriu e avançou para observar melhor.


Numa delas via-se Daphne e Narcissa, abraçadas, dizendo adeus da janela do Expresso de Hogwarts. Lembrava-se do dia em que tirara esta fotografia. Fora Tom quem a tirara antes de também ele entrar no Expresso. O seu olhar subiu para uma outra fotografia, desta vez da equipa de Quidditch dos Slytherin. Deu um sonoro riso. Aquelas recordações estavam tão vivas na sua mente! Aquela fotografia tinha sido tirada depois do seu primeiro jogo do 5º ano, contra os Gryffindor. Apanhara a snitch depois de 5 minutos de jogo. Como se sentira orgulhosa! E feliz por saber que alguém se orgulhava de si. Montague olhava para ela com imenso carinho e admiração. Sempre a tratara como uma irmã mais nova e puxara por ela até ao extremo. Fora um bom amigo.


Continuou a observar a foto e viu James, o seu primo. Já não o via há mais de meio ano, mas da última vez que olhara para ele estava tal e qual aquela foto, apenas um pouco mais alto. Seguiu para os rapazes mais à esquerda, Crabbe e Goyle. Crabbe, tal como Jack, mas não tão honradamente, tinha perecido na batalha. De Goyle nada sabia, mas nunca tinha travado amizade com aqueles dois matulões. À frente destes estava Edwin Fowles, com Narcissa a seu lado. Sorriu abertamente. Ele era francamente bonito. Tinha olhos amarelos-torrados, tal e qual um gato. O seu cabelo era muito preto e estava sempre despenteado, o que lhe dava aquele ar de 'bad boy' misturado com menino da mamã. 'Pena ser tão idiota', pensou, com um suspiro.


Do lado direito, havia uma foto mais pequena, contendo apenas Jack Sloper. Lembrava-se de ter namorado com ele. Lembrava-se que ele tinha destruído completamente a amizade entre eles. E lembrava-se da visão do seu corpo inerte e pálido debaixo de um lençol, no salão. Respirou fundo, encafuando os pensamentos sobre Jack fundo na sua mente e voltando de novo os olhos para a foto da equipa de Quidditch. Ao lado de Edwin, figurava Draco Malfoy, com o seu porte arrogante, nem se quer se dignando a olhar para a câmara. Bufou e decidiu procurar outra foto antes que arrancasse aquela dali.


Mais em cima, viu a sua foto preferida. Sabia quem a tinha tirado, mas não se lembrava do nome do rapaz. Brian? Não. Bernard? Não. Bob? Não, também não. Blaise? Sim, era isso. Blaise Zabini. Melhor amigo de Draco Malfoy. Como não se lembrara logo daquela personagem? Esticou-se e tirou a foto do quadro. Tinha sido, com certeza, um dos dias, senão o dia mais significativo da sua vida. Empregava um belo vestido preto, de duas partes, unidas por um enorme alfinete em forma de cobra. 'Slytherin uma vez, Slytherin até morrer!', pensou. Tinha o seu selvagem cabelo solto. Não usava qualquer acessório exceptuando a pulseira prateada que Aled lhe oferecera. Estava em frente a Minerva McGonagall com Fawkes no antebraço, prévia e magicamente protegido das garras daquela bonita ave. A professora sorriu-lhe e, com as lágrimas a caírem pelo seu rosto, Narcissa deu um pequeno impulso ao braço e a Fénix voou em direcção ao tecto do salão. Ao chegar ao ponto mais alto rompeu-se em chamas. Tinha sido um momento mágico. Tinha sido uma honra ter sido escolhida para tal feito.


Suspirou e colocou a foto no mesmo sítio. Voltou-se e sentou-se na cama, olhando para lá da janela. Tinha saudades daqueles tempos felizes. Tinha saudades da inocência perdida. Fechou os olhos, apenas apreciando o silêncio e sossego daquela casa que tanto gostava. ' O meu porto seguro'. No exacto momento em que lhe ocorreu este pensamento, ouviu barulho no andar de baixo. ' Mas ninguém mais pode entrar aqui! Será a mãe?' Devagar, levantou-se e pôs-se à escuta. 'Au, odeio este bengaleiro!'. Franziu o sobrolho. Conhecia aquela voz...não a ouvia há muito, é certo, mas sabia de quem se tratava. 'A mãe esteve aqui, de certeza. Quem mais deixaria o bengaleiro ali?'. Claire!


Desceu as escadas a correr e assim que chegou ao fundo viu a irmã. Merlin, como ela parecia diferente! Os seus cabelos acobreados estavam mais curtos, caindo-lhe lisos pelos ombros cor de marfim e ligeiramente sardentos. Vestia um vestido curto, pelo joelho, cor de vinho. Estava tão atarefada a lutar com o bengaleiro que nem reparara na irmã. Narcissa sorria, mas manteve-se no silêncio. Viu Claire dominar finalmente a pequena peça de mobiliário e suspirar satisfeita. Narcissa decidiu dar ar de sua graça.


- Bom, estava a ver que não te safavas sozinha. – Claire soltou um gritinho assustado e correu para abraçar a irmã.


- Cissa! Oh Merlin, Cissa! Não te vejo há tanto tempo! Como estás? O que tens feito? O trabalho, como vai? O que estás aqui a fazer? – Perguntou Claire de uma só vez, com uma sede ávida de informação. Cissa riu.


- Calma, Claire! Temos muita conversa para pôr em dia! Eu também não sei nada de ti há quase dois meses. Vamos subir?


- Claro, vamos. – Respondeu satisfeita.


Narcissa levou a irmã pela mão até ao seu quarto. Entrou depois da irmã e fechou a porta. Ouviu a interjeição de espanto de Claire e olhou-a interrogativamente.


- Oh vá lá, eu só vim aqui uma única vez! E nem sequer estavas em Hogwarts, portanto não sabia como tinhas o teu quarto. Só me espantei porque está tal e qual o meu. A única diferença é que tu és uma cobrinha e eu, uma leoa. – Disse, rindo. – A mãe espera que eu o modifique ainda este ano. Não podia estar mais enganada. A próxima vez que lá for, vou anunciar a minha saída do ninho!


- A sério? Vais sair de casa? Aposto que a Sra. Barclay não vai gostar de ver o seu último pintainho a sair debaixo da sua asa. – Afirmou Cissa, sorrindo. Claire gargalhou.


- Fantástica analogia, mana. Mas sim, vou sair de casa. Mudo-me para Londres daqui a duas semanas. Vou viver com uma amiga que trabalha comigo lá em S. Mungus. Vim só aqui deixar umas coisas a pedido da mãe antes de passar lá por casa. – acenou a Narcissa com o molho de cartas que tinha na mão. – Vens comigo? – questionou, esperando que a irmã dissesse que sim.


- Claro que não. Mas fico feliz por ti, Claire. – Disse, abraçando a irmã, que rapidamente se desenvencilhou do abraço, pronta para a sua volta de perguntas. 'Sempre alegre e despachada!'


- Mas e tu, Cissa? Como vai a vida? O Profeta? Daphne? Adam? A razão para estares aqui?


- Uma coisa de cada vez! Eu estou bem, estou de férias. Estive na herdade, com Tom. O Profeta deve estar no mesmo sítio, não vou lá desde a semana passada. Daphne está em Roma, com Adam. – Disse, rindo. Claire fez uma cara espantada.


- Daphne e Adam? A sério? Bom, nunca pensei. – Afirmou, com um encolher de ombros. Cissa gargalhou.


- Não é nada disso, Claire. Foram só como amigos.


- Ah bom. Então e tu? Como vai o Edwin? – Perguntou. Cissa revirou os olhos.


- Acabámos. – Claire ergueu as sobrancelhas, espantada.


- O que é que aconteceu?


- Ele teve a coragem de interromper as nossas férias em Portugal para ir trabalhar. – fez uma pausa. - Foi por isso que te disse que estava na herdade do Tom. Fui para lá dois dias mais cedo que o previsto. Infelizmente. – acrescentou.


- Porquê? O que é que aconteceu? – Perguntou, preocupada. 'Como hei-de lhe explicar?'


- Malfoy. – Disse, sucinta. No entanto, Claire abriu a boca de espanto.


- Oh Merlin.


- Exacto. Digamos apenas, que a situação estava a repetir-se e eu não queria passar por tudo de novo. Ele é um Malfoy e nunca vai deixar de o ser. Sentia-me tão sufocada com a sua presença na herdade que tive de fugir para aqui.


- Então mas ele estava na herdade? Conta-me lá isso melhor.


E Cissa contou. Contou desde que chegara à herdade do irmão até ao momento em que viera para ali. Contou das discussões, das conversas civilizadas, do último encontro nos estábulos. Disse como se sentia e como não se queria sentir o que, ao fim e ao cabo, vinha dar ao mesmo. Claire ouviu, sem dizer uma palavra. Foi só quando Cissa terminou, que decidiu falar.


- Bom, mana, estas férias não te estão a correr nada bem. – Longa pausa. – Mas sabes que mais? Tens de esquecer isso! E se fôssemos sair hoje, jantar juntas? Eu já estou vestida e pronta para a festa! Alinhas comigo, maninha? Ou a cobrinha que há em ti quer enroscar-se a um canto e ficar lá a remoer no assunto? – Narcissa sorriu. Claire tinha razão. Tinha de se distrair, tirá-lo da cabeça.


- Alinho. Passamos no meu apartamento e vamos onde quiseres, pode ser?


- Perfeito. Vai ser como nos bons velhos tempos! – Narcissa gargalhou.


- Como nos bons velhos tempos? Em que eu te trazia para casa muito pouco sóbria e te ouvia dizer as tuas piadas horríveis?


- Exactamente!


E rindo, desceram as escadas, e saíram, rumo ao apartamento de Cissa.




 


' Lar doce lar'. Assim que pôs um pé no seu apartamento, uma sensação de conforto preencheu-a da cabeça aos pés. Como era bom estar em casa! Abriu todas as janelas para deixar entrar a pouca luz solar daquele fim de tarde. Seguiu para o quarto, onde pousou as malas, para Claire as desfazer enquanto tomava banho. E, apesar de estar habituada a viver sozinha, era bom ter ali outra alma para partilhar ideias e opiniões.


Depois do banho tomado e das malas desfeitas, seguiu-se a escolha da roupa para a noite. Queria uma coisa simples, para passar despercebida. Foi Claire que acabou por descobrir a sua saia de verão favorita, branca, perdida no fundo do armário. E Narcissa, ao vasculhar pelas gavetas, descobriu um top castanho que fazia o conjunto perfeito. Vestiu-os rapidamente, sendo observada pela irmã. Há tanto tempo que não estava assim com ela! Sentia-se bem, sentia-se como antes. Antes de crescer, antes de assumir responsabilidades, antes de…Draco.


Como é que ainda conseguia pensar nele daquela maneira? Como é que ainda não o esquecera? Como é que ainda doía? Como é que, de cada vez que ouvia o seu nome, a sua voz, de cada vez que sentia o seu cheiro, a sua presença, o seu coração ficava descompassado e a sua cabeça completamente baralhada? Como é que ele surtia aquele efeito nela? Não sabia. Se não soubera na altura, agora já não era tempo de descobrir. Estava farta de viver fantasias, ilusões. Não ia continuar nisso. Não mais.


Respirou fundo e, enquanto se penteava, perguntou à irmã como iam as coisas no hospital.


- Vão óptimas. Vou fazer o teste para Curandeira efectiva na daqui a duas semanas.


- A sério? Parabéns, então! Estás confiante? – Perguntou Cissa, orgulhosa.


- Estou. Tive bastante experiência com os feridos da batalha. Isso, mais o internato e um par de anos, deixaram-me bastante apta para o cargo.


- Ainda bem. Fico contente por ti, Claire. – Claire sorriu.


- Eu sei. – disse sorrindo. Fez-se uma pequena pausa em que Narcissa terminava de se arranjar e Claire suspirava, olhando para o tecto. - Mas isso ainda demora, Cissa? Tenho fome!


- Continuas esfomeada? Pensei que isso tivesse mudado depois que deixasses de estar habituada aos banquetes de Hogwarts! – disse Cissa, rindo.


- Achas, maninha? Ainda fez com que ficasse mais esfomeada! Sabes onde te vou levar a jantar?


- Onde, Claire? – perguntou Cissa, assustada. As suas experiências de saídas com a irmã não tinham sido as melhores. Claire riu.


- Calma, Narcissa, sem medos. Vou-te levar a um restaurante muggle que eu e Rachel, a amiga com quem vou partilhar a casa, descobrimos no outro dia.


- Muggle? Nunca comi num restaurante muggle. – disse Cissa, entusiasmada.


- A sério? Mas é óptimo! Vamos ao Barraco Café, hoje.


- Barraco? É inglês?


- Claro que não, Narcissa! É brasileiro. A comida é óptima. Adoro o pão de queijo; faz-me crescer água na boca só de pensar! – Cissa riu.


- Bom, parece-me bem. Deixa-me só calçar e podemos ir. Por que portal passamos?


- Vamos por S. Mungus. São 5 minutos a pé, a partir de lá.


- Ok, já estou pronta. Vamos?


- Vamos. Estou a prever uma noite de arromba, maninha!


- Claire, por favor, não me faças temer pela minha sanidade mental.


- A tua sanidade mental? Eu é que vou beber, mana.


Dito isto, e ambas gargalhando sonoramente, seguiram despreocupadas, desmaterializando-se à saída do apartamento.




N/A: Barraco Café - http:/ www. barracocafe. co . uk/


De novo, cenários muito reais. E se a Claire gosta do pão, eu ADOROOOO o puré de queijo. E pavê. MEU DEUS, o quanto eu gosto de pavê de chocolate 8D Nunca fui ao Barraco Café em Londres, claro, mas gosto muito de jantar no Sabor Mineiro aqui da Charneca da Caparica xD


Anyways, keep reading!


Love,
~ Nalamin


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