All Over Again



Disclaimer: O Draco e o mundo mágico são da J.K. O resto é tudo meu 8D










Ser Feliz
Fanfiction by Nalamin


Chapter 4: All Over Again


O vestido azul-turquesa de Narcissa esvoaçou levemente quando os seus pés pousaram em frente aos portões de ferro da herdade de Tom. Tocando-lhe para que se mantivesse quieto por cima dos seus joelhos, Cissa olhou em frente. O casarão estava no mesmo sítio, ligeiramente erodido pelo tempo. As luzes do andar de baixo estavam acesas, o que fez Cissa concluir que o irmão estava em casa. Sorrindo, e com um pequeno ondular de dedos, a morena abriu o portão e entrou na herdade. Passou lentamente pelos estábulos, pensando que mais tarde teria certamente a oportunidade de levar Athena, a sua égua, para um passeio à beira lago.


Disposta a surpreender o irmão com a sua chegada inesperada, Cissa tocou à campainha, ao invés de simplesmente entrar na casa. Alguns segundos depois, ouviu passos fortes caminhando naquela direcção. Sorrindo, preparou-se para ver a cara de espanto de Thomas, quando a visse nos seus degraus.


Mas não foi Thomas quem lhe deu as boas-vindas.




 


Não há palavras que descrevam o que senti quando o vi de novo, depois de todos estes anos. Quantos já lá vão mesmo? Oito! Fosse qual fosse o intervalo de tempo, acho que nunca estaria preparada para o ver novamente. E já me mentalizara há muito tempo de que ia ser assim. De que nunca mais iria olhar para aqueles olhos azuis dele, que em tempos me tinham conquistado. Ou para a sua boca perfeita, que tantas vezes me levara à loucura. Ou para as suas mãos largas, que já tinham percorrido cada centímetro do meu corpo vezes e vezes sem conta.


' Just like the first time that you touched my skin
(all over again)

I tasted heaven, take me there again
(all over again)


Ou que nunca mais ouviria a sua voz grave e melodiosa, que me inebriava os sentidos…e tornava a abrir todos aqueles buracos que eu com tanto trabalho tapara o melhor que pudera e escondera atrás de bonitos papéis de parede, que ele agora rasgava sem piedade com um simples olhar!


Your smile,
Your touch,

Your taste,
It turns me on and on and on...'
(All Over Again - Rita Guerra ft. Ronan Keating)


As outras divisões de mim zangaram-se comigo. Como é que eu permitia que alguém fizesse aquilo às minhas paredes e, ainda por cima, pela segunda vez? Elas sabiam que se tornasse a acontecer, eu nunca mais daria importância àquela que ficaria destruída. Eram muito perspicazes e tinham perfeita noção de que eu não teria coragem para tornar a remendar os estragos, que iriam ser permanentes e, depois de um tempo, impossíveis sequer de se fazer neles pequenos reparos.


Por isso, por respeito às minhas outras divisões que, graças a Merlin, ainda possuíam as suas paredes intactas, garanti-lhes que nunca mais iria deixar alguém esburacar a minha parede e fugir sem a remendar. Elas pareceram contentes e fizeram-me honrar a minha promessa naquele momento, colocando novos papéis de parede em algumas delas e pintando de novo outras. Mas só depois de realizar os seus desejos é que me apercebi do que lhes prometera e das implicações que isso traria para quem agora (e de novo!) me esburacava as paredes. Eu teria de o parar antes de ele sequer pensar em usar o martelo pneumático. A questão estava em saber se eu conseguia.


E se ele estava disposto a arrumar de vez as ferramentas.




 


- Jones? – disse ele, de sobrancelha arqueada, apoiado na porta.


Ele estava exactamente igual ao Draco Malfoy de que se lembrava. Mais alto, é certo, e mais bem constituído. Estava vestido com umas calças pretas de fato de treino e uma t-shirt cinzenta relativamente justa, o que a deixara inferir sobre a sua constituição física, e estava descalço. O seu cabelo loiro, quase prateado, estava mais comprido, batendo-lhe nas orelhas, e ele ostentava-o com um corte desalinhado e completamente bagunçado – e extremamente sexy. Mas as suas feições eram exactamente as mesmas. E, de repente, uma torrente de memórias deslizou para a mente de Cissa. Abanando a cabeça para as afastar, conseguiu concentrar-se no que era realmente importante naquele momento: o que raio fazia Draco Malfoy na casa do seu irmão.


- O que é que estás a fazer aqui, Malfoy?


- O prazer em rever-te é todo meu, Jones! – disse ele, sorrindo de lado e cruzando os braços. – E isso pergunto-te eu. Esta deveria ser a minha semana. Não contava com visitas.


- O que é que queres dizer com a tua semana? O que raio estás a fazer na casa do meu irmão, Malfoy? – perguntou, irritada.


- Todos os Verões, durante esta semana – a minha semana -, venho para aqui, Jones. A convite do teu irmão. – Cissa estava completamente confusa e estupefacta.


- Porque é que o meu irmão de havia de te convidar para vir aqui, Malfoy? – Ele riu, aparentemente achando muita piada àquela cena.


- Jones, o teu irmão é o meu melhor amigo.


Narcissa olhava para ele, perplexa. Não conseguia articular nenhuma palavra. Ele ria-se da cara que ela fazia. Quando, passado uns minutos, o choque passou, ela conseguiu falar.


- O teu melhor amigo? Só podes estar a brincar! – Argumentava.


- Garanto-te que não estou. - Dizia ele, sorrindo divertido.


- Mas…por que é que…por que é que ele…- dizia a morena, mais para si do que para ele, não conseguindo ele, no entanto, de deixar de sorrir ao ouvi-la.


Narcissa, por um lado, achava curioso e até divertido, o facto de o irmão e Malfoy serem os melhores amigos. Nunca imaginaria semelhante coisa. Eram tão diferentes! Mas, por outro lado, porque é que Tom nunca lhe tinha dito? Saberia Claire?


- Por que é que ele não te disse? – disse ele, terminando a frase por ela. - Provavelmente porque sabia que ias reagir assim, Jones.


- Por Merlin, mas onde é que vocês se conheceram? – perguntou, desesperada para que aquela história fizesse algum sentido na sua cabeça.


- Não é óbvio? Conheci-o em Hogwarts. No nosso último ano. – Elucidou-a ele. Ela olhou-o, visivelmente curiosa. Draco sorriu de lado, encostou-se melhor à porta aberta e continuou.


- Conhecemo-nos num jogo de Quidditch. Eu estava na bancada – Narcissa sorriu, trocista. – e ele sentou-se ao meu lado. Estava lesionado, penso eu. E foi isso. Tornámo-nos amigos porque…já não me recordo o motivo. – Narcissa olhou para ele. Tinha o loiro acabado de hesitar? Iria dizer algo que não pretendia? – Adiante. Esta propriedade já foi minha, vendi-lha por uma pechincha. Não a queria para nada, estava às moscas e eu tenho imensas outras espalhadas pelo mundo. – Agora ele estava simplesmente a gabar-se. Cissa bufou, impaciente.


- E suponho que é para te agradecer que te convida a vir cá todos os Verões? – ele deu um dos seus sorrisos torcidos e preparava-se para responder, mas uma voz ecoou no interior da casa.


- Draco? Com quem é que estás a falar?


- Thomas! – exclamou Cissa, ao ver o irmão aparecer ao lado do loiro.


- Talvez possas fazer a tua pergunta agora, Jones. – disse Draco, com um sorriso malandro no rosto, saindo dali rumo ao interior da casa.


- Narcissa, o que é que se passa? – perguntou rapidamente Tom, muito espantado por ver ali a irmã. – Pensava que só vinhas para a semana. – Cissa bufou, agora zangada.


- E só vinha para a semana, mas o imbecil do meu namorado trocou-me – de novo, imagine-se! – pelo trabalho e eu dei-lhe com os pés. Acabei de materializar-me aqui vinda de Portugal, Tom. PORTUGAL!


- Portugal? Mas o que é que estavas a…


- E o que é que eu encontro? – continuou Cissa, ignorando-o. – Draco Malfoy na casa do meu irmão. E a explicação que ele me dá? São os melhores amigos. E eu não consigo evitar de me perguntar: porque será que o meu irmão nunca me disse que era o melhor amigo da doninha mais cobarde à face da Terra?


- Cissa… - a morena suspirou.


- Se me permites, vou fazer uso da tua hospitalidade por hoje. Amanhã volto para Londres. – disse, passando pelo irmão e entrando em casa.


- Cissa, podes ficar o tempo que quiseres. – afirmou Tom, meio confuso, vendo-a subir as escadas apressadamente.


- Com ele aqui? Não me parece.


E, determinada a chegar rapidamente ao quarto, Narcissa subiu as escadas a toda a velocidade, rezando para não encontrar nada – nem ninguém! – no seu caminho.




 


Finalmente encontrando a porta do seu quarto, Cissa abriu-a com força e fechou-a com mais força ainda. Enterrou a cabeça na almofada e gritou. Gritou até não poder mais. Como poderia Edwin ter feito tal coisa? Como poderia Tom ser o melhor amigo de Malfoy? Como, por Merlin, como poderia o Malfoy estar ali, naquele momento?


Não queria chorar. Não lhe era permitido chorar. ''Uma mulher deve ser forte, Narcissa! Principalmente uma Barclay! Manter a cabeça erguida e ultrapassar as dificuldades! Nunca chorar, em circunstância alguma! Os Barclays não choram!''. Conseguia ouvir a voz dos ensinamentos da mãe na sua mente. '' A tua mãe tem razão, Narcissa. Os Barclays não choram. Sorriem perante todas as adversidades, pois sabem que é só mais um desafio a ultrapassar e que no fim haverá uma recompensa por terem sabido sorrir no momento certo. Por isso, minha querida, sorri sempre, perante todo e qualquer obstáculo que te apareça no caminho. Tu és especial, Narcissa, e sabes disso. Não deixes que ninguém te subestime, nunca! Não deixes que te façam de tola e que brinquem com os teus sentimentos! Sê forte e enfrenta os teus medos! Segue os teus instintos e age com calma. Dá. Dá a tua compreensão, a tua amizade, o teu perdão. Ficarás espantada com o que recebes de volta. E acima de tudo, ama. Ama com a intensidade que te amam também. E não te esqueças que eu estarei sempre dentro de ti, dentro do teu coração. ''


A voz da avó propagava-se no vazio que era a sua mente naquele momento. Tirou a cabeça da almofada e deitou-se na cama, olhando o tecto.


- Eu tento, avó. – disse, baixinho. - Tento tanto e com tanta força que às vezes acho que vou explodir. Mas já estou farta de dar tudo de mim e não receber nada em troca. Já estou farta de nadar para me manter a tona quando a água só continua a subir. - Suspirou. - Quem me dera que estivesses aqui.


E, fechando os olhos, adormeceu profundamente, ficando mergulhada num sono sem sonhos.




N/A: Keep reading! E deixem as vossas ideias 8D


Ah, já agora: se alguém estiver disposto a traduzir para inglês tanto esta como a Have You Met Miss Jones, é só falar comigo. Eu já comecei na HYMMJ, mas o tempo para continuar tem sido pouco :o


Love,
~Nalamin

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