Gravity



Disclaimer: O Draco e o mundo mágico são da J.K. O resto é tudo meu 8D






(neste capitulo é importante ouvir as duas músicas. Dão mesmo ambiente à cena ;D)




Ser Feliz
Fanfiction by Nalamin


Chapter 7: Gravity


No dia seguinte Cissa acordou cedo, com vontade de passar o dia simplesmente passeando pelos verdes prados da herdade. Depois de um relaxante banho e de vestir roupas frescas e simples, Narcissa saiu do quarto, rumo à cozinha para levar o cesto de piquenique que mandara Sasha preparar na noite anterior. Mas assim que fechou a sua porta, rapidamente a porta do lado se fechou também


- Madrugaste, Jones. - comentou Malfoy, pondo as mãos nos bolsos. – E não fazia ideia de que o meu quarto é ao lado do teu. – acrescentou, sorrindo de lado. Narcissa cerrou os punhos e, de repente, lembrou-se. O Dom. Ler pensamentos. Aquilo acabava de se transformar numa comédia para Cissa. Respondeu educadamente a Malfoy, que agora caminhava a seu lado pelo corredor.


- Pois é. Alguma coisa contra? - E virou-se para o encarar, sorrindo. A paródia tinha acabado de começar.


- Não, nada. – Disse, dando um dos seus sorrisos. – "Não seria a primeira vez que dormiríamos perto um do outro." - Pensou ele. O sorriso de Cissa cessou imediatamente.


- Ainda bem. Pensei que considerasses um problema o facto do quarto ser contíguo ao meu. – disse, irritada, descendo rapidamente as escadas e continuando a andar na direcção da cozinha.


- Jamais consideraria isso um problema, Jones – Disse, irónico. – "Costumavas dar-me mais em que pensar." - Cissa riu amargamente.


- Sim, Malfoy, infelizmente consideraste outras coisas, problemas. – Sem pensar, acrescentou: - E se eu te desse assim tanto em que pensar, tais problemas nem sequer tinham sido discutidos. – entrou na espaçosa divisão que era a cozinha, não sem antes o olhar nos olhos uma última vez.


- "Olá, Jones. Sai da minha cabeça imediatamente." É bom saber que ainda não renunciaste aos velhos hábitos, Jones. – disse ele.


- Não posso dizer que o sentimento seja mútuo. – Ripostou. – Sasha! Tens o que te pedi? – a elfo caminhou rapidamente na direcção da morena, carregando um grande cesto de viga.


- Sim, Menina.


- Obrigada. – agradeceu Cissa, com um sorriso, que rapidamente se desfez quando se virou para o loiro. – Tem um excelente dia, Malfoy. - Disse, dando meia volta e saindo da cozinha.


Draco viu-a sair e, segundos depois, ouviu a porta de casa bater. Ela saíra. Suspirou e seguiu para a biblioteca, analisando as últimas palavras por ela pronunciadas. Ela ainda não entendera por que o fizera. "Nem nunca vai entender". Abanando a cabeça, um pouco frustrado, entrou na divisão, disposto a ler até fazê-la desaparecer da sua mente.




 Narcissa caminhava junto ao lago, observando os diferentes tipos de arvoredo que ali havia, bem como os pequenos animais que povoavam a herdade de Tom Barclay. Respirou fundo, inspirando aquele ar puro, e sentou-se. Tirou os sapatos e mergulhou os pés na água fria do lago. Suspirou. Há já uma semana que estava ali, devia estar a aproveitar para montar Athena ou para conviver com o irmão. Mas não! Com ele ali, a única coisa em que pensava era, exactamente, nele! Estava farta de o ver em todos os corredores que passava, nos estábulos cuidando dos cavalos ou até à ceia, sentado nos confortáveis sofás conversando com Tom.


Não sabia o que sentia em relação ao loiro. Depois de todas as conversas, as coisas tinham mudado. Ele parecia muito mais simpático, mais honesto, mais bonito. Em suma, menos Malfoy. Cissa até sentia saudades daquelas mudanças de humor repentinas, se isso a fizesse sentir algo diferente por ele. Ódio? Nunca conseguira odiá-lo. Amizade? Não se poderia considerar amizade, mal se falavam. Amor? Suspirou. Não queria, e não ia acontecer. Não de novo.


Decidiu tomar uma atitude. Precisava de aclarar as ideias. Tirou os pés da água, e seguiu até aos estábulos. Espreitou cuidadosamente, verificando se ele lá se encontrava. Estavam vazios. Correu até Athena, colocou-lhe a sela, montou-a e seguiu a galope, sem rumo, só curtindo a sensação do vento a roçar-lhe na face.




Draco, após ter tomado o pequeno-almoço, decidiu dar uma volta pelos terrenos. Perguntava-se para onde tinha ido Narcissa. Ultimamente, toda e qualquer coisa a tornava (ainda mais) irascível. Mas Draco sabia. Sabia que toda essa fúria era por sua causa, sabia que era porque estava ali, sabia que era porque estava mais amável para com ela. Já isso, ele não sabia porque acontecia.


Tinha começado depois da primeira conversa. De repente, tinha vontade de falar com ela sobre qualquer tema, de a levar num passeio a beira do lago ou a cavalo. Chegava até a sentir saudades do seu sorriso.


Parou, encostando-se à porta dos estábulos. Tinha de afastar Cissa dos seus pensamentos. Andou até Thorn, o sangue-puro de Tom, selou-o, e saiu daquele lugar a galopar, rumo ao desconhecido que, na verdade, não era tão desconhecido assim.




'Something always brings me back to you.
It never takes too long.
No matter what I say or do
I'll still feel you here 'til the moment I'm gone.
You hold me without touch.
You keep me without chains.
I never wanted anything so much
Than to drown in your love and not feel your rain.


Enquanto galopava com Athena pelos verdes prados, a sua mente vagueava pelo passado. Como tudo seria tão bom se pudesse voltar a ser adolescente, em que as suas únicas preocupações eram os rapazes bonitos e os NBF's. Sorriu com este pensamento. Há muito que não divagava sobre os tempos de Hogwarts. Deixou a sua mente fluir livremente, que rapidamente a conduziu ao seu 5º ano, um dos melhores, mas também dos piores anos que passara em Hogwarts. Fora o ano em que conhecera Adam…


(FLASHBACK)


Narcissa dirigia-se aos balneários depois de um longo treino de Quidditch. Seguia sozinha, já que era a única rapariga da equipa havia quase 4 anos. Chovia imenso, e por isso estava suja e enlameada, o seu equipamento completamente encharcado. Avistou finalmente a porta e entrou rapidamente. Queria tomar um merecido duche. Tinha acabado de pousar a vassoura quando a porta se abre de rompante e por ela entram meia dúzia de Ravenclaws. Foi coisa de um segundo, pois de repente, já só restava um deles do lado de dentro, tendo os outros saindo a rir á socapa.


- Vá lá, rapazes! Eu sei que perdi a aposta, mas isto é demais! Moore! King! Tucker! – Gritava o rapaz que tinha ficado para trás, enquanto esmurrava a porta. Ouviam-se risos ao longe. – Abram esta porta! Cook! Eu juro que faço com que sejas expulso da equipa!


Narcissa olhava para ele com uma sobrancelha arqueada. Ainda não se teria apercebido ele da sua presença? Suspirou e decidiu intervir.


- Olha, desculpa… - ele olhou para ela, assustado. Cissa riu. – Não tenhas medo, eu não mordo. Mas, caso não tenhas reparado, estás nos balneários das raparigas.


- Oh, eu sei, desculpa. Perdi uma aposta e suponho que eles acharam isto um castigo adequado. - Disse ele, esboçando um sorriso. – Eu queria sair, mas como vês, trancaram a porta. – Cissa revirou os olhos.


- Tens aí a tua varinha?


- Claro! – Respondeu ele.


- Então, faz uso dela. – Disse Cissa.


- Não achas que se eles tivessem encantado a porta para se abrir com um Alohomorra, eu já não tinha saído? Já tentei. Pelo que ouvi do plano deles, só abrirá amanhã de manhã. – Terminou ele com um suspiro. Cissa abriu muito os olhos, apanhada de surpresa.


- O QUÊ?


- Eu sei, desculpa. – Disse ele, olhando para a porta fechada.


- Eu não acredito! – Exclamou ela. – O Slughorn vai-me matar quando eu não aparecer para a sua festinha. – Ele olhou-a, solidário.


- Pois, suponho que o meu par também não vai gostar muito de ter de aparecer lá sozinha. - Cissa suspirou. Sabia que podia abrir a porta, mas o rapaz não a podia ver a fazê-lo. Teve uma ideia.


- Bom, já que vamos ficar aqui esse tempo todo, vou tomar banho. Estou imunda.


- Tudo bem. E não te preocupes, eu fico aqui. – Cissa virou costas e seguiu para os duches.


- É melhor que fiques.


Tomou rapidamente o seu duche e enrolou-se no roupão. Quando saiu da box, deu com o rapaz a olhar pensativo para a placa com o seu nome.


- Catherine? Callie? Cindy? Connie? – perguntava-se ele, em voz alta.


- Cissa. - afirmou, saindo do duche embrulhada num roupão. Ele olhou-a. – O C é de Cissa. Diminutivo de Narcissa. – Ele sorriu-lhe.


- Prazer, Narcissa. Eu sou o Adam.


(FIM DO FLASHBACK)


E pensar que uma amizade tinha começado num balneário! Teve que gargalhar. Adam tinha sido seu companheiro e melhor amigo durante aquele ano e o seguinte. Ninguém compreendia muito bem como é que os dois amigos, tão diferentes mas tão iguais, se davam tão bem. Ambos bons desportistas, não tinham problema algum em felicitar o outro pelas vitórias. Tinham sido anos de glória para Madame Hooch.


Essa tinha sido a parte boa daquele ano. A amizade de Adam era o seu porto seguro. Com ele podia falar de tudo o que não podia dizer a Daphne. Ele compreendia-a como ninguém, e tinha o dom de olhar nos seus olhos como se estivesse a perscrutar o seu interior. Estava grata por poder chamá-lo de amigo. Especialmente depois do que tinha acontecido naquela noite, a mesma em que se conheceram.


(FLASHBACK)


Narcissa deambulava pelos corredores, pensativa. Como aquele rapaz a tirava do sério! Aquela sua mania de se mostrar superior, arrogante. Que raiva que lhe dava! Será que ele não percebia que havia coisas muito maiores em jogo do que o facto do seu cabelo loiro estava bem penteado ou de ter rodado todas as raparigas de Hogwarts? Ele era idiota ao ponto de não enxergar isso, estando mesmo a frente do seu nariz? Suspirou.


Perdida nos seus pensamentos, não notou que era seguida. A sombra movia-se, ágil, de forma a não ser detectada. Narcissa, ainda sem se aperceber da companhia, entrou numa sala vazia, sentou-se em cima duma mesa e começou a retirar todos os ganchos que Daphne lhe colocara. Soltou então o cabelo e descalçou os sapatos. Olhou a noite que caía para lá da janela. Sorriu. A noite dava-lhe paz. Acalmava-a. Desceu da mesa e abriu a janela. O vento entrou para a sala, despenteando-lhe os cabelos. Adorava a sensação de liberdade que lhe transmitia. Era por isso que gostava tanto de voar. Algumas corujas pairavam lá fora, o Salgueiro Zurzidor mantinha-se calmo, viam-se Thestrals pastando, ao longe. Deixou que a sua mente se esvaziasse, contemplando apenas a paisagem.


Continuaria sem se aperceber de que não estava sozinha se a sombra não tivesse tropeçado e derrubado alguns livros, o que fez Cissa voltar-se assustada. Depois do susto, vieram as gargalhadas. Draco Malfoy jazia estendido no chão, coberto de livros que lhe puxavam os cabelos e mordiam. O loiro esperneava tentando-se livrar dos agressores, já que a sua varinha tinha rolado para perto de Narcissa, que continuava a rir-se da situação. Quando achou que era suficiente, e sem que ele visse, fez um aceno, ao que os livros obedeceram imediatamente, regressando às suas mesas e prateleiras.


- Sabes, não é da minha índole dizer obscenidades mas desta vez vou abrir uma excepção. A vingança do universo é fodida, Malfoy.


O loiro nada disse, limitou-se a olhá-la irritado. Ele levantou-se lentamente, ajeitando a sua roupa. Cissa pegou na varinha dele, esperou que ele terminasse de se compor e estendeu-lha. Ele olhou-a, pegou no que lhe era entregue, fez um encantamento básico para verificar o funcionamento da varinha e guardou-a no bolso, sem um agradecimento. Em seguida, virou costas e dirigiu-se para a saída. Cissa ficou irritada. Como poderia ele ser tão antipático? Tinha de dizer alguma coisa.


- A boa educação manda agradecer, Malfoy. – Disse, amarga. Ele voltou-se, sorriu de lado e dirigiu-se a Narcissa. Ficaram frente a frente. Ela, esperando um agradecimento. Ele, divertido com a cara de irritação dela. Aproximou-se. Cissa ia perguntar o que estava ele a fazer quando ele quebrou aquela distância com um beijo. ' OH MEU MERLIN, OH MEU MERLIN, OH MEU MERLIN! ELE ESTÁ A BEIJAR-ME!' Quando conseguiu parar de pensar, Cissa retribuiu o beijo. Ele beijava bem, a pressão certa, os lábios macios, a língua pedido permissão para prosseguir, permissão essa que Cissa concedeu. As mãos dele apoderaram-se da cintura dela, as dela foram parar ao peito dele. Sentiu os seus músculos bem torneados, que vira algumas vezes nos balneários. Estava a gostar, e muito. Nunca pensaria que um rapaz como ele a fizesse sentir daquela maneira. Mas de repente, acabou. Ele afastou-se com um sorriso de escárnio e, sem mais, dirigia-se de novo à saída. Cissa não se conteve.


- O que raio foi isto, Malfoy?


- A boa educação, Jones. – Respondeu ele, sorrindo e saindo da sala, deixando para trás uma Narcissa muito confusa.


(FIM DO FLASHBACK)


Aquele episódio estava fresco na sua mente, como se tivesse acontecido no dia anterior. E se aquele a tinha feito sorrir, o que se lembrava agora trazia-lhe lágrimas aos olhos.


(FLASHBACK)


A porta da sala abriu-se de repente e ele entrou, alto, esguio e elegante, como sempre. Caminhava calmamente na sua direcção, parando depois a um metro do banco onde ela estava sentada, cruzando os braços sobre o peito. Levantou a cabeça para a olhar e o que ela vi naquelas órbitas disse-lhe imediatamente a razão daquele encontro. Suspirou longamente e olhou para lá da janela, pensando no quão estúpida tinha sido se achava que ele nunca iria dizer a inevitável, dolorosa, cobarde palavra.


- Acabou.


(FIM DO FLASHBACK)


Set me free, leave me be.
I don't want to fall another moment into your gravity.
Here I am and I stand so tall, just the way I'm supposed to be.
But you're on to me and all over me


Como fora ele capaz de tamanha crueldade? É certo que eram adolescentes, mas já não eram nenhumas crianças! Será que ele alguma vez tinha pensado no quanto aquelas palavras a tinham magoado? No quanto doía de cada vez que pensava nelas? Provavelmente, não. Não fazia parte de Draco sentir as coisas dessa maneira. Pelo menos, não naquela altura. Mas, e agora? Agora, que eram adultos, será que ele continuava a mesma pessoa? Que a magoava sem razão aparente?


But you're neither friend nor foe
Though I can't seem to let you go.
The one thing that I still know
Is that you're keeping me down


- Quem és? Continuas a ser o Draco que me magoou tanto naquela noite? Ou és o Draco que, ao beijar-me, me fazia sentir completa e feliz? És aquele que me despreza ou que me respeita? Que aprecia a minha companhia ou a acha dispensável? És meu amigo? Não és? És tu, por inteiro, ou finges que és outra pessoa? - Suspirou. - Estou tão farta! Farta de sentir o que sinto por ti, farta de te ter por perto, farta de me lembrar do que poderia ter sido! Chega. – E dito isto, Cissa levantou-se, montou Athena, e galopou em direcção à mansão, disposta a fazer as malas e sair dali o quanto antes.


You're on to me, you're on to me and all over...
Something always brings me back to you.
It never takes too long'
(Gravity – Sara Bareilles)




Se alguma vez lhe perguntassem, não saberia dizer por quanto tempo galopou. Sentia-se em transe, como se tivesse os olhos fechados para o mundo e abertos para uma só coisa. Ou no caso, pessoa, pois por mais que tentasse esquecer, Narcissa povoava o seu pensamento. Já não sabia definir aquele sentimento. Ora a odiava, ora sentia falta do seu sorriso. Ora a desprezava pela sua 'nobreza', ora a achava divertida, jogando o seu jogo.







'Bright lights, fancy restaurants
Everything in this world that a man could want
I got a bank account bigger than the law should allow
Still I'm lonely now
Pretty faces from the covers of a magazine
From their covers to my covers wanna lay with me
Fame and Fortune still can't find,
Just a grown man running out of time


Sabia que Narcissa não era como todas as mulheres que conhecera ao longo da sua vida. Aliás, perguntava-se, alguma vez tinha conhecido uma mulher que o quisesse totalmente, que o amasse pelo que ele era, por inteiro. É claro que não. Todas as 'namoradas' que tinha tido ao longo dos seus 27 anos não passavam de casos de uma só noite. Delas, só queria uma coisa: sexo. Puro, simples e descomplicado, sem qualquer tipo de sentimento à mistura. Mas Narcissa…


And even though it seems I have everything
I don't wanna be a lonely fool
All of the women
All the expensive cars
All of the money don't amount to you
So I can make believe I have everything
But I can't pretend that I don't see
That without you girl,
My life is incomplete


Lembrava-se do dia em que a vira pela primeira vez como se tivesse sido no dia anterior. Quase conseguia ouvir os sinos de Hogwarts, naquele dia de Outono, a anunciar o fim das aulas e, para ele, o início dos treinos de Quidditch.


(FLASHBACK)


Saiu apressado da aula de Transfiguração, chateado por ter perdido alguns pontos para Slytherin, visto não ter conseguido transformar a sua rã num corvo. Desceu até às masmorras, murmurou a senha e entrou na sala comum. Foi até ao quarto, deixou os livros e voltou a sair, rumo ao campo de Quidditch. Naquele dia era dia de provas para escolher os novos membros da equipa. Montague ia matá-lo por chegar atrasado, mas desta vez a culpa era de Minerva McGonagall e do seu estúpido feitiço. Apressou mais o passo, saindo do castelo e percorrendo os jardins rapidamente. Chegando finalmente ao campo, dirigiu-se aos balneários, pronto para trocar de roupa e, se tivesse tempo, aparar a sua vassoura. Não ficou espantado com a recepção de Montague.


- MALFOY! Atrasado de novo! Mais uma vez e expulso-te da equipa, percebeste? - Rugia Montague, irado. Draco revirou os olhos.


- Claro que expulsas, Montague. Mas vamos pensar: se me expulsares, quem é que fornecia as vassouras novas todos os anos? Tsk tsk, acho que não queres que isso aconteça, pois não? - Respondeu-lhe o loiro, com o seu típico sorriso de lado, o que fez Montague olhá-lo ainda mais irado.


Apesar de ter conseguido que Montague não o incomodasse por uns minutos de modo a poder vestir-se em paz, Draco pensava no quão cansado estava daquele argumento que usava para chantagear o capitão. Odiava o facto de não ter podido entrar pelo seu próprio talento e mérito. Odiava que o seu pai tivesse comprado a sua entrada. Odiava o homem que se intitulava seu pai. Odiava o que ele fazia e no que queria que Draco se tornasse. Odiava…


- Draco! Importas-te de vir para o campo? Já estamos em cima da hora. – Chamou Blaise, do outro lado do balneário, tirando Draco dos seus pensamentos.


- Sim, Zabini, estou mesmo atrás de ti. – Respondeu, suspirando e seguindo o amigo para o largo campo a frente deles.


Dirigiram-se aos bancos magicamente criados por Montague para que a equipa pudesse assistir às provas de todos os participantes. Draco sentou-se na primeira fila e observou. O primeiro participante era um aspirante a seeker, pequeno e leve, chamado Edgar Rice. Montague pediu-lhe que desse umas voltas de aquecimento e aí ficou bem claro que Rice não sabia voar. Draco revirou os olhos. Será que iriam ser todos assim? E porque raio tinha ele de assistir a tamanho atentado ao Quidditch? Bufou. Depois do terceiro participante ter sido gentilmente mandado embora por Montague, fechou os olhos. Passada uma boa meia hora, Blaise sussurrou-lhe ao ouvido.


- Acho que está na hora de acordar. – Disse, com um sorriso.


Draco, intrigado, abriu os olhos e o que viu, espantou-o, de certo modo. Numa equipa exclusivamente puro-sangue e exclusivamente masculina, apresentava-se agora para prestar provas uma rapariga, talvez uns dois anos mais nova que Draco, de cabelos escuros e ondulados e dona de uns penetrantes olhos castanhos. Notou que a vassoura dela era uma Cleansweep Onze. Gargalhou. Aquelas vassouras eram as mais lentas do mercado!


Olhou para a rapariga que lhe lançava um olhar feroz. Respondeu com a mesma intensidade até ela olhar para Montague e assentir com a cabeça. Olhou uma última vez para o loiro e montou a sua vassoura. O capitão largou a snitch, a rapariga deu-lhe 10 segundos de avanço e, segundos após levantar voo, já estava na frente de Montague, a snitch segura entre o polegar e o indicador.


Houve um longo silêncio. Nenhum daqueles rapazes estava habituado a ver uma Slytherin com tanto talento! Ainda mais, um talento como o daquela rapariga! Montague ia começar a falar mas a rapariga cortou-lhe a palavra.


- É preciso mais alguma coisa ou já pertenço à equipa? – Perguntou, sem rodeios. Draco avançou, dirigindo-se a rapariga que agora descia da vassoura, perante o olhar perplexo de todos.


- Não acha…- começava Draco, mas Zabini cortou-lhe a palavra.


- Como é que conseguiste pô-la tão rápida? – Perguntou, visivelmente espantado. A rapariga sorriu.


- Eu e o meu irmão fizemos-lhe umas modificações. – Respondeu, alegremente. Depois, voltou-se de novo para o capitão. – Então? Pertenço ou não à equipa? Acho que aqui toda a gente viu o quanto valho. – Afirmou mais uma vez, sendo muito directa.


- Antes de mais, - principiou Montague, parecendo recomposto do choque – como te chamas? És de que ano? Porque é que nunca prestaste provas antes? Há muito que necessitamos de alguém como tu! - A rapariga riu com o pequeno interrogatório, enquanto Draco olhava furiosamente para o capitão.


- Narcissa Jones. Sou do 2º ano, e é por isso que nunca prestei provas antes. - Respondeu divertida, olhando de relance para a cara irritada do loiro.


- Há quanto tempo voas?


- Desde que nasci, acho eu.


- Então não foi assim há tanto tempo. – Picou Draco, fazendo Narcissa olhar para ele.


- Tu…tu és o Malfoy! Peço desculpa, doninha, por não te ter reconhecido mais cedo. – Volveu Narcissa, deixando Zabini a rir-se as gargalhadas. Montague interveio.


- Bom bom, vamos lá ver. Jones, se quiseres, estás dentro. Treinamos duas vezes por semana e em tempo de jogos, passamos a 4. E agora a equipa. – Dirigiu-se a Crabbe, que estava mais perto. – Este é o Vincent Crabbe, beater. Ao lado está o Gregory Goyle, beater também. Blaise Zabini, James Solomon e Edwin Fowles, chasers. – Narcissa sorriu para James e Edwin. Será que já os conhecia? - Pelos vistos já conheces o Draco, o nosso sempre atrasado seeker. – Disse, rindo. Draco e Narcissa olharam-se extremamente irritados. – E eu, Graham Montague, sou o keeper e capitão da equipa. – Disse, fazendo com que a atenção de Narcissa voltasse a concentrar-se em si. – Tu e o Draco vão alternar jogos. Jogas contra os Ravenclaw, para a semana. Preciso de te ver em campo. – Finalizou, com um sorriso. Voltou-se para os outros. – Estão dispensados. Amanhã, aqui, à mesma hora.


Draco virou costas rapidamente, querendo sair de perto dos colegas de equipa que cochichavam sobre a nova aquisição. Vestiu rapidamente o uniforme nos balneários, pegou na vassoura e, ao sair pela porta, embateu numa pessoa.


- Ei! Vê por onde andas, doninha! – Praguejou Cissa.


- Sai-me da frente, miudinha! Não penses que só porque uma mestiça como tu consegue apanhar uma vez a snitch numa vassoura ranhosa, vais fazer com que me tirem da equipa! – Disse, irado. Cissa olhou para ele com desprezo.


- Eu nunca quis usurpar-te o lugar, Malfoy! Concordava com o plano do Montague, alternância de jogos. Mas agora, seu loiro aguado, garanto-te que vais deixar de ser o seeker desta equipa, nem que seja a ultima coisa que eu faça! - E saiu dali, batendo os pés irritada, deixando para trás um Draco possesso.


(FIM DO FLASHBACK)


Listen,
Your perfume, your sexy lingerie
Girl I remember it just like it was on yesterday
A Thursday you told me you had fallen in love,
I wasn't sure that I was
It's been a Year- Winter, Summer, Spring and Fall

But being without you
just ain't livin'- anything at all
If I could travel back in time,
I'd relive the days you were mine


Agora tinha piada a maneira como ela, com apenas 12 anos, tinha mudado radicalmente o seu mundo. E a verdade é que ela cumprira com a sua palavra. Depois do jogo contra os Ravenclaw, Montague achara a prestação de Narcissa perfeita, tornando-o assim, suplente. Nessa altura, percebeu que ela seria um osso duro de roer. Sabia que ela não era apenas mais uma Slytherin. Ela tinha a alma daquela Equipa dentro dela! Era determinada, directa, corajosa, e uma excelente seeker. Nunca perdera um único jogo, nem sequer aquele, no 5º ano dela, em que levara com uma bludger que quase a mandara para o São Mungus. Juraria que nesse dia tinha odiado Vincent Crabbe tanto quanto odiava o seu pai.


And even though it seems I have everything
I don't wanna be a lonely fool
All of the women all the expensive cars.
All the money don't amount to you.
I can make believe I have everything.
But i can't pretend that I don't see
That without you girl my life is incomplete


'Será que ela se lembra desse dia? Será que ela sabe que passei a noite à beira da sua cama, temendo pela sua saúde, ou será que se lembra apenas de quando lhe desejei a morte? Será que ela sentiu quando lhe beijei a testa, ou apenas quando a magoei com as minhas palavras não sentidas? Será que ela sabe o quanto a amei, ou o quanto a odiei? Será que ela sabe que fiz o que fiz apenas para a proteger? Será, Narcissa, será que sabes o que eu sinto? O que tu também sentes mas não queres sentir? Será que sabes como dói? Será?'.


I just can't help loving you
But I loved you much too late
I'd give anything and everything
To hear you say that you'll stay'
(Incomplete – Sisqo)


Posto isto, Draco suspirou, irritado, incitou Thorn e seguiu de volta aos estábulos.




N/A: Espero que não tenham ficado confusos/as com tantas d~ivisões e flashbacks. Isto foi mesmo uma cena à filme que, mais uma vez, já estava escrita há anos. Eu só a retoquei quando a inseri finalmente nesta fic. Têm aí como eles se conheceram 'oficialmente', que era uma coisa que não tinha aparecido na outra fic.


Quanto às músicas, acho que não podia encontrar duas mais perfeitas. A Gravity é relativamente recente, portanto só quando estava a passear pelo meu iTunes à procura de músicas adequadas para este momento é que me deparei com esta. Mas a Incomplete do Sisqo está seleccionada desde que eu a ouvi pela primeira vez há quase seis anos atrás. Sugiro que as oiçam, para ficarem com uma noção ainda melhor do ambiente que eu queria dar a esta 'cena'.


Love,
~Nalamin


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