Vida Errante





Image and video hosting by TinyPic



Capítulo VII
Vida Errante



Não via a hora de deitar na minha cama, longe de pessoas tão amadas e fora de uma maca de enfermaria. Era mágico, com certeza. Tomei um belo banho demorado de banheira, acho que fiquei mais de uma hora ali, ouvindo música e sentindo aquela água quentinha no meu corpo. A cama nunca esteve tão macia e acolhedora. Podia dormir uns três dias seguidos.

Mas como alegria de Hermione dura pouco, as nove da manhã do outro dia, alguém bate a minha porta. Era uma quinta, eu acho, estava perdida no tempo. Levantei da cama esfregando um dos olhos e abri a porta já com o intuito de xingar, mas ao ver o rosto de Mc, sorri levemente mesmo estando morrendo de sono.

- Ah, droga, você não ia para a aula hoje! – Levou uma das mãos na testa fechando um dos olhos. – Me desculpe, amor. – Dei espaço para que ele entrasse.

- Tudo bem, amor. – Me deu um beijo na testa e entrou. Fui rapidamente até o banheiro, tinha que cumprir os itens básicos de qualquer pessoa ao acordar: escovar os dentes, dar aquela olhada no espelho e passar um leve lápis no olho.

Ao voltar, ele estava entretido com meu iPod, perguntando o que era e o como eu consegui trazê-lo para cá. Dane-se o iPod, lhe dei um beijo profundo sentando-se no seu colo de frente para aquele meu namorado que dizia que me amava tanto.

Correspondia aos meus beijos alisando minhas costas e partindo para as minhas coxas. Não que eu queria bancar a vadia, de jeito nenhum, mas está me estressando profundamente essa falta de pimenta nos nossos encontros. Virou seu corpo em cima do meu passando a mão por debaixo da minha blusinha.

Meus pensamentos estavam cheios das palavras de Gina: será que Mc está me traindo mesmo? E se eu ficar ligando para isso, estarei sendo uma completa idiota por estar duvidando do cara que fala que me ama e estar concordando com a Gina. Estaria indo contra meus princípios. Mas só uma louca para não pensar assim, porque Mc é um garoto lindo, maravilhoso com um monte de garotas aos seus pés e justamente comigo, ele é perfeito a ponto de ser irreal. O que eu faço?!

Batidas na porta.

Mc levantou-se de mim rapidamente arrumando sua jaqueta e eu baixando minha blusa. Passei a mão levemente nos meus lábios e corri para abrir a porta. Ajeitei meu cabelo e girei a maçaneta, alguém já foi entrando sem pedir permissão.

- Hermione, pensei que você nunca ia-

Não, não, não. É um sonho, um sonho muito mau, muito mais muito mau. Um pesadelo maldito! Não pode ser!

Lá estava Draco. Tinha acabado de entrar no meu quarto para meu completo desespero. Viu Mc, sentado na minha cama e pareceu que o sangue tinha parado de correr pelas suas veias. O meu sangue já era também, estava atônita olhando aqueles dois trocando olhares confusos e frustrados.

- Hã, o que deseja...? – Perguntou Mc levantando-se e cruzando os braços. Draco limpou a garganta e começou a dar passos para trás.

- Me de-desculpe, eu entrei no quarto e-errado. – Saiu subindo as escadas rapidamente.

Minhas pernas quase fraquejaram. Engoli aquela pedra que tinha na minha garganta e suspirei fechando a porta.

- Você entendeu alguma coisa? – Riu. Que bom que está rindo e não está berrando.

- Não, não, não entendi nada. Mc, eu tenho que tomar um banho e descansar, então, se não se incomoda...

- Imagina, amor, você nunca é um incômodo para mim. – Sorriu me dando um beijo rápido nos lábios e abriu a porta. – Ah, eu passo aqui as quatro pra te pegar para o jogo, tá bom? – Concordei me sentando na cama.

A porta se fechou e eu quis morrer. Deitei brutalmente na cama com os pés para fora e me afundei nas cobertas desarrumadas. Não acredito nisso, não posso acreditar! Levei as duas mãos no rosto e suspirei mais uma vez para não pirar.

Saltei da cama e abri a porta rapidamente. Subi os degraus mais rápido ainda e girei a maçaneta de um certo quarto, nem bati nem pensei se estaria trancada, apenas entrei se supetão trancando a porta atrás de mim. Draco surgiu do banheiro assustado com uma toalha no ombro direito.

- O que você tem na cabeça?! – Perguntei me aproximando.

- Fala baixo, por favor.

- Não, não dá pra eu falar baixo, Malfoy! Você tem problema?! É isso?! Como você entra no meu quarto daquele jeito?! COMO? – Gritava mais ainda. Pedia que eu ficasse em silêncio para termos uma conversa civilizada mas eu acho que a última coisa que eu queria era ser civilizada. – Me diz, Malfoy?! O que você tem na cabeça?!

- Estou errado por me preocupar com você? – perguntou se esquivando de mim.

- Está errado de ficar entrando no meu quarto daquele jeito! MEU NAMORADO ESTAVA LÁ DENTRO! – Pediu mais uma vez silêncio.

- Agora você está se importando com ele? – Mantinha-se calmo até de mais.

- Eu sempre me importei com ele, Malfoy, qual é, hein?! Você fez isso de propósito só pra eu terminar de vez com ele, não é?

- Nunca ia fazer isso, Hermione!

- Você não pode me ver com ninguém que já muda comigo! Fique você sabendo que você não é nada meu para ficar mandando na minha vida, fui clara?!

Draco me olhava sem aquela calma que mantinha, agora estava diferente. Respirou fundo, foi até a porta e a abriu.

- Sai. – Ordenou. Fiquei encarando o chão ofegante e com a cabeça a mil. – Sai logo daqui, Hermione, antes que eu não responda pelos meus atos. – Disse firmemente. Não o encarei, virei-me e saí do quarto correndo.

Entrei no meu e bati a porta com a maior força que conseguia. Passei uma das mãos na nuca e olhei para o teto. Como essas coisas só acontecem comigo?

***

No campo, as vassouras eram muito mais rápidas. Eu, como toda a arquibancada, gritava, torcia, gemia quando o gol ia fora, fazia tudo que pessoas normais faziam quando ficavam frente a frente a uma partida de Quadribol. Estávamos todas lá: eu, Deena, Sarah, Anne e Parvati. Depois de dois minutos que o jogo começou, Meg também se juntou a nós, mas para mim, tanto faz como tanto fez.

Estava quarenta a dez para a Grifinória. Com o desfalque da Gina, foi posto no lugar um quinto-anista que nem sabia o que estava fazendo ali. Bebia um grande copo daqueles descartáveis de refrigerante quando Parvati começa uma conversa que eu não queria saber o fim:

- Ah, já souberam? – Perguntou ainda com os olhos fixos no campo.

- O quê? – Perguntou Sarah.

- A Gina e Harry deram um tempo. – O refrigerante tinha entrado pelo canal errado e eu engasgara profundo. Anne deu batidas nas minhas costas no mesmo momento.

- COMO?! – Perguntei gritando chamando a atenção de todos.

- É, Rogério Davies me falou que ouviu Rosa Zeller dizer para Dafne Greengrass que viu a Luna comentando com não sei quem que Gina disse que ele pediu que dessem um tempo. – Tantos nomes acabaram me confundindo um pouco.

- Ele pediu ou ela pediu? – Perguntei.

- Segundo Rogério, ele foi quem pediu. Mas podem ter aumentado, sei lá.

Não, só pode ter sido ele. Por que será que Harry faria uma coisa dessas?! Não era ele que dizia que Gina era tudo? Será que é por... Não, não fique pensando assim senão o bichinho da esperança nascerá novamente no seu peito. Deixa ele continuar a vida dele como eu estou tentando continuar a minha.

E mais um gol para a Grifinória marcado pelo Mc, passou pela nossa frente e apontou para mim mexendo os lábios num 'é para você'. Sorri largamente para ele e pisquei.

- Ah, eu queria um namorado assim. – Disse Sarah apoiando-se nos joelhos.

Posso ver aquela luzinha no final do túnel? Minha vida, finalmente, começando a se acertar? Mas calma lá, Hermione, lembre-se do que sua avó dizia: se rires hoje é porque chorarás mais tarde. Vovó Granger era bastante pessimista, é verdade, mas eu nunca dei ouvido aos seus conselhos mesmo como me manter casta até o casamento... Eu rio, apenas rio.

- E HARRY POTTER PEGA O POMO! FIM DE JOGO! 140 A 10! UM INCRÍVEL RESULTADO! – Todos nas arquibancadas levantaram-se e começaram a comemorar.

Bom, todos nós já esperávamos por um final de jogo assim. A Grifinória é o melhor time de Hogwarts, tenho que admitir, ainda mais com o melhor jogador juvenil no nosso lado. O melhor jogador juvenil solteiro.

Pare agora, Hermione.

De repente, Parvati leva as duas mãos na boca levantando-se assim como todos. Levantei-me para ver o que estava acontecendo e vi Harry despencando da vassoura e caindo na areia do campo desacordado. Meu coração pareceu sair pra fora do meu peito. Quase atropelando todos que via, desci até o campo. Mc tinha descido da sua vassoura e me acompanhou até Harry. Ron já estava lá e os professores estavam se aproximando.

- Harry, fala comigo! Fala comigo! Harry! – Peguei na sua cabeça e deitei no meu colo. Ron dava batidas em seu rosto e tirava suas luvas rapidamente.

- O que aconteceu? – Perguntou Mc.

- Não sei, ele apenas caiu da vassoura!

- Tava muito alto? – Perguntei erguendo meu olhar pra Ron.

- Ah, mais ou menos, mas- - Harry abriu os olhos lentamente. – Como ce tá, cara?

Não sei se foi ao me ver praticamente em cima de sua visão ou um reflexo de tudo aquilo que tinha acontecido, levantou-se do meu colo com brutalidade passando a mão na testa e respirando fundo.

- Harry, tudo bem? – Perguntei pegando em seu ombro mais se esquivou levantando. Há dois metros de onde tinha caído, estava o pomo de ouro fechado e imóvel. Abaixou-se para pegá-lo, reacendeu a torcida da Grifinória o erguendo em sinal de vitória. Levantei-me batendo a areia dos joelhos com uma expressão meramente frustrada.

Harry veio na minha direção me olhando nos olhos de uma maneira diferente, eu tinha um pequeno sorriso no rosto. Um mero sorrisinho bobo de talvez esperança, não sei.

- Não preciso da sua ajuda. – Sussurrou em meu ouvido quando passou rente ao meu braço.

E mais uma vez, fiz papel de palhaça. Olhei para o céu, rolei os olhos e agarrei no braço de Mc que conversava com Ron num largo sorriso no rosto fingindo não estar nem aí para a sua ignorância. Os Grifinórios invadiram o campo rapidamente querendo atacar cada um do time. Mc era mais esperto, não ia ficar naquela multidão, montou na vassoura e fez com que eu montasse, mas convenhamos, eu tenho pavor de vassouras.

Disse que se não montasse agora me deixaria aí, servindo de banquetes para aqueles animais famintos. Olhei aquele bando se aproximando e montei na vassoura.

***

- É, verdade. – Riu mais uma vez, pegou mais uma garrafa de cerveja amanteigada para nós.

Sentados em grandes almofadas nas cores vermelha, laranja e amarela, estávamos naquela tenda fazia mais de duas horas, ainda era começo de noite então nenhum professor podia reclamar e também, só havia ali, alunos do sexto e sétimo ano. Refugiei-me nos braços de Mc enquanto contava suas histórias lá que pouco me interessava.

Harry nem tinha aparecido para comemorar a vitória do time. Alguns diziam que tinha ido para a enfermaria, outro diziam que era por causa de Gina. Preferi acreditar no cansaço e em mais nada. Num dos cantos, Ron e Deena conversavam a sos, uma conversa um pouco animada de mais. O ruivo parecia que já tinha bebido algumas a mais e estava meio tonto e a loira nem tinha chegado perto do álcool, sabia que tinha aula amanhã e ficar de ressaca justamente numa quinta feira, é pedir para morrer.

Dei mais uma olhada em todos, fingindo achar graça em Mc quando focalizo os dois de novo. Estavam se beijando. Não beijinhos na bochecha muito menos na não, praticamente um daqueles amasso no cantinho da tenda! Pisquei algumas vezes para ver se era aquilo mesmo que estava acontecendo e de repente, ouço assobios e gracinhas em relação a eles. Nem preciso dizer o quanto Deena ficou vermelha, não é mesmo?

É uma amante incondicional, não via a hora de aquele momento acontecer. Ron mandou que fossem pro inferno e tirou Deena dos olhares de todos para fora da tenda.

- Tô morto, vamos? – Não pensei duas vezes. Também estava cansada e ainda não tinha tomado meus remédios. Levantamos dali se despedindo de muitos e saímos da tenda, Ron e Deena estavam ali perto de pegando quase sem nenhum pudor. – Weasley, leva pro seu quarto logo! – Dei um beliscão em Mc que riu.

- Deixa eles, eu vou te levar para meu quarto. – Sorri maliciosamente e ele gostou.

Voamos até a entrada principal da escola. Estava exatamente na hora do jantar mas eu bebi tanto que não queria comer nada. Nas escadas, Mc começou a bocejar inconstantes vezes até falar que não ia dar para dar uma voltinha no meu quarto porque ele precisava dormir urgentemente. Concordei lhe dando um beijo de despedida e pegando meu caminho para o meu quarto.

Longe do ego de Mc e de todos, consegui colocar meus pensamentos no lugar. Harry me tratando daquele jeito?! Como eu ainda nutro esperanças com ele?! Sou uma idiota mesmo, todos me dizem isso e só eu não consigo ver.

Subi as escadas do meu dormitório e entro no meu quarto para dar aquele berro. Assusto-me com a insolente da Tonks mexendo nas minhas coisas sem permissão.

- TONKS! – Correu até mim e tampou minha boca.

- Não grita, Ok? – Soltou-me. – Onde estava?

- Não soube que teve jogo hoje? – Rolei os olhos e coloquei as duas mãos na cintura. - Aliais, como entrou aqui? E o que está fazendo aqui? – Dei ênfase na última palavra.

- Surpresa...! – Abriu os braços. Ignorei e tirei meu cachecol e meu casaco. – Ah, que foi? Hermione, eu não podia te-

- Você sempre chegando de surpresa. – Tirei as botas e me sentei na cama. – O que você quer? – Sentou-se atrás de mim, deixando e agarrando uma almofada.

- Me senti sozinha naquela Ordem... É triste lá, sabia? Lupin sempre preocupado com tudo, Moody um pé no saco como sempre... – Resmungou. – Vim te fazer companhia! – Abriu um sorriso 'Colgate tripla ação'.

- Pode falar a verdade, Tonks, o que você quer? – Cruzei os braços. A moça levantou-se e ficou na minha frente.

- Ok, já que tocou no assunto. – Ajoelhou-se na minha frente e pegou nas minhas mãos. – Quero que você descubra porque o Harry tá estranho.

Ergui uma das sobrancelhas e dei uma mera risada.

- Quer que eu faça mais o quê? Descubra o segredo da Área 51...? – Ironizei. – Não vou fazer isso.

- Hermione, só você pra fazer isso por mim! Por favor!

- Pra você ou para o Ministério? – Levantou-se frustrada.

- Atualmente, eu tô querendo que o Ministério vá para o inferno. – Foi até a janela cruzando os braços num olhar apreensivo.

- O que está acontecendo?

- Não posso adiantar nada, Hermione, mas- - Ficou de frente para mim. - muita coisa de ruim pode acontecer.

Não a questionei.

- Ok, mas não vou fazer isso que está pedindo! Harry quer distância de mim como eu quero dele. – Encarei o nada emburrada.

- Tá bom que você quer distância dele, Hermione! Tá bom, a gente acredita. – Ironizou voltando a sentar na cama.

- Desista, não vou descobrir. – Estava realmente decidida a não mudar de idéia.

Tonks rolou os olhos, se analisou na frente do espelho e depois olhou me reflexo.

- Vou dar uma passada na sala de Dumbledore, depois eu vou. Mas por favor, pelo menos tenta saber o que anda acontecendo com ele. – Pediu mais uma vez indo até a porta.

- Eu soube que ele deu um tempo com a namorada. – Soltei indo pro banheiro.

- Não é disso que estou falando, Hermione!

- Mas pode ser. – Disse voltando e sorrindo. Não vi mais Tonks naquele quarto, apenas a porta se fechando lentamente. – Nossa, saiu de fininho... – Pisquei algumas vezes rolando os olhos e entrando novamente no banheiro.

***

Ao terminar a seqüência de aulas matinais, fui almoçar. Realmente, estava com muita fome. Aqueles remédios que Madame Promfrey me deu para abrir o apetite são realmente bons. Como os jogadores de ontem foram dispensados das aulas matinais, nem tive a oportunidade de ver Mc e perguntar se tinha descansado o suficiente. Meu Deus, não sei o que estava acontecendo comigo mas parecia que queria subir pelas paredes, literalmente.

Aí vem aquela mente pervertida e fala que é a falta de paixão, amossos quentes e sexo. Verdade, era isso mesmo... Se Mc não quer, tem quem quer. Ah, lembre-se que você quebrou o maior pau com o seu amante, Hermione! Por falar nele, também não o vi desde a nossa briga.

Tá, eu fiquei com remorso sim. Não devia ter discutido assim, desse modo com ele.

De repente, alguma coisa engancha fortemente no meu braço direito fazendo meus livros irem ao chão, mas essa pessoa não estava nem aí. Dava pulinhos, gritinhos histéricos e tinha um ataque de loucura. Só podia ser a louca da Parvati. Abaixei-me para pegar meus livros mas logo ela me pos em pé novamente, segurando pelos meus ombros.

- Adivinha! – Soltou quase chorando de felicidade.

- Hã, Parvati, será que você pode me soltar e termos uma conversa normal, por favor?! – Soltou-me e se encostou à parede totalmente longe. – O que aconteceu? – Pegava meus livros e papeis do chão.

- Simplesmente tudo! – Sorria largamente.

- Simplesmente tudo o quê? – Levantei-me e continuei andando na sua companhia.

- Tô namorando. – Soltou quase num sussurro, colocando as mãos nas costas e um sorriso de menina inocente.

- Já...?! – Esse cara era rápido.

- Já?! Eu fiquei sonhando com esse momento há tempos, Hermione! Você não sabe como...

- Parvati, você não combina com a bobinha apaixonada, gruda esses pés no chão. – Meneei com a cabeça.

- Ah, dane-se, Hermione! – Abriu os braços com desdém. – Tô feliz e é isso que importa! – Grudou no meu braço de novo me fazendo rir. Pedi que contasse com detalhes até chegarmos no Salão Principal.

- Hermione! Hermione! – Ouvi me chamarem, quando me viro, Ron corria na minha direção.

- Fala, pegador. – Brinquei rindo com Parvati.

- Com o maior prazer. – Fez uma reverência. – Posso falar com você?

- Ah, agora? Estou morrendo de fome... – Soltei desanimada.

- Pode ser de noite? – Concordei. – Beleza, eu passo no seu quarto. – Sorri me despedindo com Parvati.

- O que será que ele quer? – Perguntou Parvati.

- Conselhos sobre Deena, ainda têm dúvidas?! – Ri.

- Mas é verdade que eles se beijaram?

- Eu vi tudo, Parvati, tudo.

***

Ok, estava ansiosa, mesmo ainda não querendo admitir. Ron conseguia despertar o bichinho da curiosidade em mim, qual é o seu problema?! Nunca foi enigmático. Bem, ele nunca foi enigmático porque nunca precisou realmente, mas está me deixando curiosa e essa é a questão. Dei mais uma volta no espaço livre do meu quarto e parei em frente ao relógio. Cadê ele?! Pontualidade é uma dádiva em um homem!

Dez minutos atrasado. Alguma coisa aconteceu, estou certa disso. Abri a porta do meu quarto mas acabei encontrando com o ruivo com uma de suas mãos esticadas a fim de bater na porta para me chamar. Sorri amarelo e dei espaço para que passasse.

- Pressentiu que eu bateria na porta? – Passei uma das mãos na nuca com meus olhos mirados no chão e ri falsamente.

- É, é o sexto sentido feminino. – Sentou-se sem timidez, em uma das poltronas.

- Então, essa coisa existe mesmo? – Brincou. Sorri e sentei também em um, ficando de frente para aquele ruivo. – Como foram suas aulas? – Cai nos ombros e suspirei.

- Tá, você não fez esse mistério todo para me perguntar sobre minhas aulas! – Adverti juntando as mãos em cima dos joelhos. – Então, o que aconteceu?

Ron suspirou, analisou o quarto, me analisou, voltou a olhar o ambiente e mirou o chão. Demorou alguns segundos, mas pareciam anos. As mais doidas e inescrupulosas teorias sugiram na minha pobre imaginação fértil.

- Sabe, tem um tempo que eu estou notando isso e não é pra menos, quem não está?! Mas- - Serrei as sobrancelhas e me aproximei as poucos do ruivo, com uma expressão ouvinte e fixada no que estava dizendo. – acho que a Gina pode estar traindo o Harry.

Voltei a ficar ereta. Fiquei olhando aquele ruivo desgraçado desejando que sua cabeça estoure naquele momento. Apertei uma mão contra outra e diminui os olhos contraindo os lábios também.

- Nessas horas que eu paro e me pergunto: Por que eu ainda te dou ouvidos! – Gritei as últimas palavras me levantando.

- Olha, minha suspeitas não são de agora! São desde o ano passado mas eu nunca pude chegar no Harry e falar: Cara, me desculpe mas Gina está reflorestando sua testa! – Foi cômico, mas não ri. Estava com raiva de ter ficado tão curiosa pelo óbvio!

- Primeiro, isso não é uma novidade para mim. – Tentou me interromper, mas não deixei. – Segundo, eu não posso fazer nada e terceiro e último, está contando a pessoa errada, se ainda não percebeu. – Respirei ao fim. Ron me olhou e piscou várias vezes após encarar o chão. – Harry também não foi fiel, Ron, tente se lembrar disso. – Desconfiei da minha naturalidade para soltar um absurdo desses.

- É, eu sei!

- Foi por isso que deram um tempo?

- Para falar a verdade não, ele está de cabeça cheia e acaba sempre descontando na Gina, então, ela pediu um tempo.

- ELA QUE PEDIU UM TEMPO?! – Gritei.

- Hermione, esse não é o caso agora. – Pediu também se estressando. - Eu sei quem é o cara que a Gina tá saindo. – Luzinha no fim do túnel novamente? Sim, e essa é um holofote.

Minha mente arquitetou – sem eu perceber ou conceber permissão – os planos mais diabólicos, os planos mais escabrosos que o céu não seria nem pensado em minha morte. Sei, posso estar sendo má, mas antes eu sendo má com ela, do que ela sendo má comigo, convenhamos.

- Como você sabe? – Perguntei as fontes e os acontecimentos antes que ele me diga quem é o delinqüente que pode salvar minha vida em partes.

- Eu tava fazendo a minha ronda há umas duas semanas...


Bocejou mais uma vez. Enfiou as mãos nos bolsos com o frio que aqueles corredores conservavam. Duas apreensões de poções proibidas e apenas uma criança fora da sua cama, dizendo ter sonambulismo. Noite calma, principalmente depois das férias de Natal. Pode ouvir alguns gemidos e a voz abafada de alguém surgir do corredor a sua frente. Ótimo, um casalzinho. Menos duzentos pontos para qual casa? Pensou maldosamente enquanto se aproximava com passos tão silenciosos que nem conseguia ouvir. Foi encostando a parede, deixando os risos abafados ficarem ainda maiores. Meneou a cabeça negativamente e espiou pelo canto do corredor. Tinha uma estátua, por sorte.

Passou para trás dela, ficando em silêncio absoluto. Coisas como 'gostosa', 'gatão' e coisas obscenas foram ouvidas.

- Estamos no meio do corredor! – Sussurrou uma das vozes para o espanto de Ron. Não podia ver os rostos dos alunos mas reconheceu a voz da sua irmã. Era sua irmã e tinha certeza disso. Por que? Oras, era sua irmã! – Por favor, Dino, temos que acordar cedo amanhã e imagina se alguém nos ver aqui! – Ron levou as duas mãos a boca.

- Tudo bem, amor... – Estava um pouco ofegante. Espirou entre o braço daquela estatua e viu o rosto de sua irmã fechando os botões de sua camisa do uniforme e ajeitando a gravata no pescoço. Logo depois, viu Dino colocando sua camisa por cima da sua regata branca roubando um beijo da ruiva.

Os punhos do garoto serraram-se. Não ia denunciá-los, ia esperar o momento certo. Não estava acreditando.



Tá bom, eu acabei ficando surpresa.

- Dino Thomas...? – Sentei-me na cama totalmente atônita.

-É, o próprio! – Levantou-se enfiando as mãos nos bolso e andou de um lado para o outro. Meu olhar mirado no chão e minha boca aberta revelavam como estava me sentindo. – E ele se diz amigo pra caralho do Harry! Amigo, sabe? – Estava descrente.

- 'Ce tem mesmo certeza que é ele, Ron? – Concordou suspirando.

- Hermione, eu vi o rosto de cada um! Estavam quase se comendo no meio daqueles corredores! Eu tenho certeza, eu não estava delirando! – Apontou para a cabeça e fez uma expressão gozada.

Holofote que resolveu brilhar na minha direção, eu te amo! Não sei como irei usar essa novíssima notícia pois Harry não quer saber de me ver e eu também não quero nenhuma aproximação, então, não será de bom uso no momento, esperarei o certo para que aja com convicção e não erre como as outras vezes.

- Eu não irei deixar meu amigo pagar de idiota na frente de todos porque a minha irmã é uma- - Estava exaltado, ia dizer as piores coisas. – é uma depravada... – Foi o que disse e se acalmou.

- E o que eu posso fazer por você, Ron? – Cruzei os braços a sua frente com pouco causo.

- Eu sei que você sabe mais coisas sobre a Gina, Hermione, temos que abrir os olhos do Harry! – Ri gostoso.

- Esqueceu? Eu e o Harry só saí faísca quando nos encontramos! Eu não irei ajudar um idiota que não quer ajuda, me desculpe... – Dei as costas e foi até minha cômoda abrindo a caixinha preta de música, soltando a bailarina e aquela música irritante. Ron foi até mim e olhou nos meus olhos. Fechou a tampa da caixinha num tapa e respirou fundo.

- Você gosta dele, dá pra notar.

E agora, eu cortaria meus pulsos com uma faca de manteiga e tentaria me enforcar com papel higiênico. Olhei para o ruivo demonstrando toda minha raiva através dos meus olhos. Passei uma das mãos na nunca e voltei a abrir a caixinha, mas Ron a fechou, a abri, ele a fechou novamente.

- Não, não gosto.

- Gosta, e não teima comigo. – Apontou para mim. – Se você não gostasse, não transaria com ele. – Tampei sua boca com brutalidade o tirando de perto da porta.

- Pelo amor de Deus, Ron, fale baixo! – Disse totalmente frustrada. – E aquilo, foi coisa do momento.

- Oh, que momento lindo! Você pensa que eu não sabia que você e ele já tinham alguma coisa antes? – Deu uma risada. – Hermione, eu sou ruivo, não loiro. E toda vez que ele demorava pra volta pro quarto, eu perguntava...


Ron jogou sua revistinha de quadrinhos trouxas debaixo da cama junto com algumas revistas pornográficas e olhou mais uma vez para fora do quarto. O sol estava um pouco forte mas não queria sair de lá, esperava por Harry que não tinha dormido na sua cama. Tava realmente puto com ele. Se não dorme na cama, dorme com a sua irmã e isso deixava Ron ferrado da vida.

Estava sozinho no quarto. Era mais de meio dia, não queria sair, também, por estar com uma ressaca braba. Deitou mais uma vez passando a mão no rosto quando a porta se abriu. Harry passou lá para dentro com um olhar um pouco longe e uma expressão um pouco cansada. Ainda estava com a roupa da festa de ontem, então, tinha mesmo dormido com a sua irmã.

- Cara, quantas vezes eu tenho que falar pra você não dormir com a minha irmã em Hogwarts?! – Levantou-se. Harry sentou-se na sua cama tirando seu tênis, Ron encostou-se ao balaústre da sua cama e cruzou os braços. – Harry, cara, tô falando com você.

- Não foi sua irmã.

A cor das orelhas de Ron mudou no mesmo momento.

- Você dormiu com quem?!! – Gritou. Harry pediu silêncio.

- Com a Hermione.

- VOCÊ DOR- - Pediu mais uma vez silêncio.

- Não, não dormi COM ela, dormi no QUARTO dela.

Explicou tudo a Ron que ficou boquiaberto, mas no final, riu.



Que legal, posso contar com Harry sempre...

- Por que não me disse nada?!

- Porque esse assunto é de vocês, não meu. Vou bater uma real contigo, Mione, o Harry já gostou de você. Ele já me falou isso. – Eu apenas ria.

- É, você disse bem 'gostou'. – Voltei a rir. – Não vamos discutir por causa disso, Ron, não vale a pena.

- Tudo bem, não vou bater na mesma tecla mas- - Limpou a garganta indo até a porta. – temos que fazer alguma coisa, sei que é minha irmã, mas já tá virando uma sacanagem sem tamanho.

Mesmo não querendo, concordei. Ron saiu e fechou a porta.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.