Meu Motivo, Seu Segredo




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Capítulo XIII
Meu Motivo, Seu Segredo


Limpa, descansada e mais leve, voltei até o dormitório enrolada na toalha. Lá, só estava Parvati, as outras tinham saído daquela meia hora que tinha ficado dentro do banheiro. Eu tinha um mero sorriso no rosto, ela tinha um olhar desprezível e uma expressão reprovadora. Fiquei séria e fui até a minha cama, ela me acompanhou cruzando os braços.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei rindo, mas ela não achava nenhuma graça; Rolou os olhos e se sentou na cama, ao meu lado, enquanto eu procurava a roupa que eu queria usar naquele dia.

- O que você acha... ? – Parei o que estava fazendo e a encarei confusa. – Que bom que acordou antes do meio dia.

- Ok, Ok, vamos parar com as ironias. – Pedi me virando para ela. – O que houve?

- Ah, você não sabe?! – Ironizou mais uma vez, nunca tinha visto Parvati tão nervosa assim. – Não é para menos! Acho que nunca bebeu daquele jeito...! – Meus olhos se arregalaram.

- O que eu fiz?

- Qual parte você quer saber? – Abri a boca para dizer mas ela me interrompeu: - que o Adam tem uma bunda gostosa ou que transar com o Harry foi a melhor coisa que você já fez na vida?

Pisquei algumas vezes, olhei para aquela morena que tinha se acalmado apenas um pouco e juntei as palavras formando uma linha de raciocínio; Abri a boca e ergui uma das mãos mas engasguei com a própria saliva.

- ... Eu disse isso apenas para você? – Eu tinha medo de perguntar.

- Não. – Droga... – Para a festa inteira, em cima de uma caixa totalmente bêbada. – Cai na cama levando uma das mãos na testa. – Agora, você não venha me dizer que estava 'sabendo o que estava fazendo'! – Levantei-me, agora, começando a ficar nervosa.

- Lógico que não! – Suspirei. – Eu nem lembro o que eu fiz! Eu nem lembro como eu acordei naquele chão imundo, como eu podia saber o que eu estava fazendo?! – Parvati sentou-se na sua cama, abaixando sua cabeça e olhando algumas roupas que tinha lá em cima, um pouco nervosa e um pouco triste. – Tem mais? – Perguntei receosa.

- Não, de grave não, só aquelas coisas que bêbado faz, mas- - Molhou os olhos.

- Mas o que? – Sentei-me ao seu lado. – Fala, Parvati! – Ergueu sua cabeça para mim.

- Dylan estava falando poucas e boas suas e eu o cortei ali mesmo, falando algumas palavras duras pra te defender e acabamos brigando. – Levei as duas mãos na boca e depois uma na testa.

- Oh, meu Deus, Parvati... – Passei as duas mãos no rosto querendo que tudo aquilo fosse um sonho. – Eu sinto-

- Não, não, isso não foi sua culpa. Eu podia muito bem concordar com ele e dizer que você era mesmo uma vadia, mas eu te defendi. – Suspirou. – Tudo bem, depois eu me acerto com ele. – Fui até ela e lhe dei um abraço num pequeno sorriso.

- Obrigada. – Disse me soltando, enfiando a primeira roupa que via e pegando um casaco.

- Está louca?! Irá sair? Não duvido nada que todos já saibam o que aconteceu ontem. – Cruzou os braços.

- Não posso ficar me escondendo a vida inteira... – Peguei minhas luvas e sai do quarto rapidamente.

É, eu deveria ter ficado dentro do quarto. É uma sensação horrível, todos os lugares que eu olhava, que eu passava, tinha algum ser humano ou fantasma falando sobre o que aconteceu ontem. Alguns me olhavam feio, outros emudeciam quando eu passava.

Será que foi isso mesmo ou Parvati estava me escondendo algo?

Entrei no Salão Comunal e encontrei com o resto das meninas que já almoçavam. Eu estava morta de fome, sentei-me querendo devorar tudo. Estavam conversando sobre algo, mas quando cheguei, pararam e tentaram mudar de assunto.

- Ah, vocês já sabem. – Soltei me servindo de purê e depois muito macarrão.

- Hermione, você está na boca de toda Hogwarts. – Sussurrou Sarah inclinando-se na mesa.

- Tudo bem, gente, já passei por coisas piores. – Estava um pouco despreocupada, era lógico que não era nada bom ficar sob olhares e comentários por onde ia, mas irei fazer o quê?!

- Tudo bem mesmo? – Perguntou Anne. – E tudo aquilo que você disse era mesmo verdade?

O que eu ia fazer agora? Confirmar e cavar minha sepultura ou negar e assinar minha entrada para uma clinica de reabilitação?

- Lógico que não. – Ri de nervoso. – Eu tomei tudo que tinha direito! Eu estava realmente bêbada.

- Ah, mas a Gina acha. – Disse Deena um pouco nervosa colocando uma garfada na boca.

- Gina acha o que? – Perguntei ainda rindo.

- Gina acha que é verdade, então, deu o maior escândalo na Sala Comunal e terminou tudo com o Harry.

Meu garfo caiu da mão e fez um barulho chato ao cair em cima do prato. Metade daquela mesa virou-se para mim; Minha expressão dizia tudo que eu queria naquele momento.

- Droga... – Soltei encarando a mesa ainda na mesma posição.

- E o que irá fazer? – Perguntou Anne numa expressão também preocupada.

Eu não respondi, levantei-me deixando meu prato como estava e peguei o caminho para fora de lá. Pensei nos possíveis lugares que poderia estar; Sua namorada acabara de armar o maior escândalo, terminou um namoro de quase oito meses, se não estou enganada, e ainda por cima, está mau falado por aí... Só há um lugar em que ele possa espairecer, e não é nas dependências desse castelo.

Apertei os braços contra o peito e peguei o caminho para a Floresta Proibida. Exatamente por esse adjetivo que preferia ir lá, não sei quantas vezes rodei e rodei esse castelo atrás de Harry e o encontro fora dele. Andava em passos já não tão rápidos, a fumacinha que saía da minha boca era quase um incômodo.

Desci um pequeno morrinho e encontrei Harry ali, no meio de clareira, parecendo acariciar o vento. Parei encostada a uma arvore e tomei coragem e fôlego para chegar perto dele, mas nem precisei, ele virou-se para mim ainda acariciando seja lá o que for.





Come up to meet you, tell you I'm sorry,
Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito,

You don't know how lovely you are.
Você não sabe o quão amável você é.

I had to find you, tell you I need you,
Tenho que lhe achar, Dizer que preciso de você,

And tell you I set you apart.
Dizer que a abandonei.



- Não quero falar com você. – Soltou subindo o morrinho e passando por mim, colidiu com meu ombro mas eu o segurei.

- Você nem quer ouvir o que eu tenho a dizer? – Perguntei firmemente ainda o segurando. Harry estava me olhando completamente diferente das outras vezes. Soltou-se e voltou a onde estava, enfiando as mãos no bolso. Desci o morrinho e me aproximei lentamente até sentir algo perto da minha perna e dar um berro.

- São Testrálios, você nunca irá conseguir vê-los.

- Quem garante? – Afastei com medo, mas logo encostei em outro dando outro gritinho.

- Fique ali, se quiser, não há nenhum por perto. – Apontou para um dos cantos, mas eu sabia que não era por isso, ele não queria uma aproximação.

- Harry, eu não sei o que te contaram, mas eu estava totalmente bêbada quando disse aquilo e também-

- É, me contaram isso. – Me interrompeu. Eu não me movia, enquanto ele se distraía com aquelas criaturas que me davam arrepios.

- Eu não estava em mim, eu juro. – Apontei para o próprio peito. – Você acha que eu falaria algo estando sóbria? Sou eu que nem quero lembrar de nenhum daqueles momentos. – Me encarou por alguns segundos e suspirou.


Tell me your secrets, and ask me your questions,
Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas,

Oh, let's go back to the start...
Oh, vamos voltar pro começo...

Running in circles, coming up tails
Correndo em círculos, Surgindo as caudas,

Heads on a silence apart...
Cabeças num separado silêncio...



- E você também sabe o que Gina fez comigo, não?

- Não tenho culpa que ela acredita em tudo que uma bêbada fala! – Quase gritei.

- Se tudo que aquilo que você disse, fosse alguma mentira, eu teria terminado! Por que eu não agüento mais esse ciúme besta da Gina! – Esbravejou me deixando até assustada. – Mais foi a mais pura verdade, Hermione! A mais pura verdade! – Repetiu mais duas vezes diminuindo o tom de voz até emudecer.

- E como você acha que eu estou me sentindo? – Ameacei chorar. – Todos estão me olhando torto, todos estão me rotulando apenas por querer ser feliz uma vez na vida... – Deixei as lágrimas caírem levando as duas mãos no peito.

- Você não pensou nisso quando subiu em cima de uma mesa e gritou para que todo mundo ouvisse! – Abriu os braços; O eco de nossa conversa ia por toda a floresta, acho que até na casa de Hagrid era possível ouvir.

- EU NÃO PENSAVA EM NADA ENQUANTO ESTAVA BÊBADA!

- NÃO BEBESSE!

- A culpa-

- TALVEZ VOCÊ FICARIA CONSCIENTE E NÃO FERRARIA COM A VIDA DOS OUTROS!

- Harry, a culpa não-

- VOCÊ QUERIA ISSO! VOCÊ SEMPRE QUIS!

- A CULPA NÃO É SÓ MINHA! – Gritei fazendo ele ficar mudo me olhando como se me desconhecesse. – Eu não fiz nada sozinha...


Nobody said it was easy,
Ninguém disse que era fácil,

It's such a shame for us to part.
É tão vergonhoso pra nós nos separarmos.

Nobody said it was easy,
Ninguém disse que era fácil,

No one ever said it would be this so hard.
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim.

vOh, take me back to the start...

Oh, me leve de volta pro começo...



Ele encarou o chão; não sei o que passou pela cabeça dele, mas na minha, toda aquela noite que eu me entreguei a ele; uma besteira talvez, mas eu queria, sim, como eu queria, mas ele queria também.

- Se eu tenho culpa, você também tem. – Engoli seco secando as lágrimas com as costas das mãos.

- Eu disse que-

- O que? Que ficaria só entre a gente? Você contou para o Ron.

- Ron é um caso diferente, Hermione, não misture as coisas. – Disse se estressando novamente.

- Não é, não, isso é uma coisa nossa, uma coisa íntima, Harry, não é nada legal ficar contando essas coisas para os amigos.

- Ron é quase um irmão para mim. – Ok, ele conseguiu me deixar sem resposta.

- Esquece tudo, foi um erro vim falar com você. – Virei-me de costas mas senti uma mão pegar no meu braço e me virar contra aquele peito. Como tinha chegado tão rápido ali, não sabia. – Não quero mais me iludir... – Deixei uma lágrima cair.


I was just guessing at numbers and figures,
Eu só estava pensando em números e figuras,

Pulling the puzzles apart.
Rejeitando seus quebra-cabeças

Questions of science, science and progress,
Questões da ciência, Ciência e progresso,

Don't speak as loud as my heart.
Não falam tão alto quanto meu coração

So tell me you love me, come back and haunt me,
Diga-me que me ama, Volte e me assombre

Oh, when I rush to the start...
Oh, quando eu corro pro começo...

Running in circles, chasing in tails,
Correndo em círculos, perseguindo nossas caudas,

Coming back as we are.
Voltando a ser como éramos.



- Lembra quando eu te disse que eu não podia ter nada com você? – Sussurrou olhando nos meus olhos.

- Por que não?

- Você não conta seus motivos, eu não conto meus segredos. – Encarei o chão.

Um batalhão de pensamentos bateu em minha mente, ergui novamente meu olhar para ele e suspirei. Não, agora não, Hermione, o que irá dizer?! Que escondeu de todos seus melhores amigos que seus pais morreram por causa desse extermínio de trouxas que está ocorrendo em Londres? Meu Deus, isso é loucura. O que eles vão pensar?

Mas só assim para eu me sentir melhor...

- Harry, o motivo por eu- - Limpei garganta e ele foi me soltando lentamente. – o motivo para eu estar totalmente mudada é que-

Naquele mesmo momento, recebi um grande impacto que fechei os olhos pela dor que sentia. Algo bateu nas minhas costas e eu tinha caído em cima de Harry que tentava me segurar e se segurar. Fomos arremessados quase três metros até cairmos no chão, um distante do outro.


Nobody said it was easy,
Ninguém disse que era fácil,

It's such a shame for us to part.
É tão vergonhoso pra nós nos separarmos.

Nobody said it was easy,
Ninguém disse que era fácil,

No one ever said it would be this so hard.
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim.

I'm going back to the start...
eu estou indo de volta para o começo...



- SAI DAÍ, HERMIONE! – Gritou tentando alcançar minha mão. Eu estava ainda um pouco atordoada, tentando ficar em pé até Harry se jogar comigo no chão.

Eu gritei protegendo meu rosto.

- Vamos sair daqui! – Gritou me pegando pelo braço e me levantando com brutalidade.

- O que houve?! – Começamos a correr. Ele olhava constantes vezes para trás e eu tentava o alcançar.

Pulávamos troncos, os galhos batiam em nossos rostos fazendo arranhões feios e alguns cortes. Estávamos sujos de terra e suor, até que ele parou atrás de uma grande árvore me puxando também.

- O que- - Estava sem fôlego. – o que houve?

- Os Trestálios! Eles ficaram agitados e nos atacaram... – Sussurrou nas últimas palavras.

- Como podemos fugir de uma coisa que não conseguimos ver?

- Eu consigo vê-los, Hermione. – Me corrigiu esticando o pescoço e olhando para onde estariam eles.

- Por que eles nos atacariam? – Sussurrei também tentando ver algo, mas era inútil.

- Eles não são assim... Principalmente comigo.

- Eles devem ter me estranhado.

- Não, eles são dóceis. – Recuperou o fôlego e depois de averiguar que estávamos seguros, começamos a pegar o caminho para o castelo. – Os animais pressentem. – Olhou para chão e viu as folhas se agitarem e um vento esquisito tomar conta do ambiente.

- "Muita coisa de ruim pode acontecer"... - Sussurrei para mim mesma olhando para o chão e mexendo com o pé algumas folhas.

- O que disse? – Perguntou a mim.

- "Muita coisa de ruim pode acontecer", palavras da Tonks. – Cerrou as sobrancelhas. – Ela disse que o Ministério não está o mesmo e que muita coisa ruim ainda pode acontecer com todos.

Harry me olhou apreensivo, estava pensando nas mais diversas coisas que se resumiam a Voldemort. Não há outro causador, na opinião dele, a não ser Voldemort. Tudo era Voldemort! Ouvimos um barulho atrás de um arbusto, Harry se colocou a minha frente pedindo que eu fosse para trás e sacou a varinha. Eu segurei em seu braço ficando um pouco atrás e também saquei a minha varinha; Ao se aproximar, caímos nos ombros.

- Hagrid, o que está fazendo aqui? – Perguntou Harry guardando sua varinha.

- O que vocês estão fazendo aqui! Isso não é lugar para vocês. – Estava com sua arma na mão esquerda, a Canino na mão direita. Soltou o cachorro que já veio lambuzar o tênis de Harry. – Canino! Vem aqui! – Gritou apontando para o chão.

- Nós estávamos- - Comecei a dizer, mas Harry me interrompeu antes que falasse alguma coisa errada.

- Vendo os trestálios.

- Mas Hermione não pode vê-los, não é? – Ótima resposta, Harry...!

- Não mas eu vim dar uma força. – Sorri largamente.

- Que seja, mas vocês não podem ficar perambulando por aí, principalmente com tudo isso que está acontecendo... – Eu e Harry trocamos olhares e Hagrid nem notou o que tinha dito, principalmente a quem tinha dito. – Oh, droga...

- O que está acontecendo, Hagrid? – Fomos até o gigante, ficando uma de cada lado.

- Nada, não está acontecendo nada! – Pegou um outro caminho acelerando o passo e chamando Canino.

- Está sim, Hagrid, senão, você não estaria tão preocupado conosco desta maneira! – Soltei o seguindo também; Mas o que é um passo mais rápido para Hagrid, era uma corrida para eu e Harry.

- Eu falo de mais! Eu falo de mais! – Bateu mais algumas vezes na testa até parar a nossa frente. – Ok, vocês querem saber? – Concordamos. – Então, venham a minha cabana as sete e meia da noite, e tragam o Ron com vocês...! – Por essa eu não esperava. Passei uma das mãos na nuca e olhei para o céu. – Agora, voltem para o castelo!

Ordenou e assim fizemos.

Harry e eu não trocamos uma só palavra. Ele evitava me olhar, eu fazia o mesmo cruzando os braços contra o peito e suspirando constantes vezes, apenas para demonstrar que ainda estava ali. Quando dei por conta, estávamos atravessando a ponte. Mesmo ele não fazendo um só ruído, senti como se não estivesse mais ali. Virei-me, e lá estava ele, debruçado no parapeito da ponte, com um olhar fixo no horizonte.

Rolei os olhos com o intuito de sair de lá, já que ambos não queriam a presença do outro, mas me aproximei dele, encostei-me ao seu lado e fiquei na mesma posição que se encontrava.

- Não vai entrar? – Perguntei já que estávamos sujos, arranhados, suados e ainda com um certo medo daqueles trestálios.

- Ainda não estou pronto.

- Está fugindo? – Mirou em mim e suspirou.

- Não.

- Está, está sim. – Disse determinada. – Harry, você sabe mais do que todos que a Gina não é uma santa, ela te traí com seus melhores amigos! – Bufou e deu as costas para mim. – A verdade dói, não é? – Parou de se distanciar e virou-se.

- Você não tem nada a ver com isso, Hermione.

- Ah, tenho sim! – Cruzei os braços saindo de perto do parapeito e ficando a sua frente. – Eu tenho uma parcela de 'tudo a ver ' com isso. Abra os olhos, Gina está te traindo, Harry!

- Eu não quero ver. – Emudeci. – Não quero ver isso da menina que eu amo.

Aquelas palavras deixaram meu coração em mil pedaços. Abaixei meu olhar, engoli uma pedra e suspirei me dando por vencida; Ele nunca irá sentir aquilo que você sente por ele, Hermione, pare de tratar como prioridade quem te trata como opção.

- Ok. – Dei as costas e comecei a andar. – Se quiser passar por um burro, idiota e corno, o problema é todo seu! – Gritei ainda sem me virar.

Passei para dentro do castelo enxugando as lágrimas que caiam sem nenhum pudor. Eu procurei! Eu procurei e agora tenho que agüentar! Hermione, você é uma idiota! Uma completa idiota! Você deveria ter deixado aquele cara de banquete para os trestálios! Seria a melhor coisa a ser feita, com certeza.

- Mi! – Ouvi alguém me chamar mas não me virei; Enxuguei o máximo as lágrimas e apertei os braços contra o peito. – Mi, não me ouviu?

- Não tô com cabeça para nada, Adam, me esquece, Ok? – Pedi abrindo espaço por ele e entrando no Salão Comunal.

- Não dá pra te esquecer, minha linda... – Pegou numa das mechas do meu cabelo e eu me soltei; Será que ele está pensando que eu quero alguma coisa com ele?

- Faz uma forcinha. – Rolei os olhos.

Deixei Adam no mesmo lugar. Eu estava realmente irritada; acho que ninguém irá conseguir me acalmar. Cruzei os braços suspirando pensando em tudo aquilo que Harry disse.

Eu fui simplesmente a pessoa mais idiota desse mundo! Se é que não existe ofensa que eu melhor me encaixaria.

***


Bom, eu precisava saber o que Hagrid tinha para dizer a nós três. É, eu ainda preciso saber, mas ir e encontrar Harry, sofrer mais um pouco? É torturante? Sim, completamente. Andava de um lado para o outro, esperando que desse sete horas para eu sair de lá e encontrar com Hagrid; Dei sorte porque nenhuma das meninas estava no quarto nesse horário, provavelmente estavam no jantar, coisa que eu passei longe.

Sentei-me na cama e passei uma das mãos na testa respirando profundamente. Perguntava ao meu subconsciente se era a melhor coisa que eu poderia fazer naquele momento. Minha vida pessoal confrontando com minha vida social, eu estava entrando em crise e ainda tem os mais profundos segredos a serem revelados por um gigante.

Seja lá o que for, eu precisava saber. Se Hagrid já sabia, e Tonks não apareceu aqui em Hogwarts e me contou, é que a coisa deve ser grave ou muito séria para eu me meter. A porta se abriu, Meg e Sarah passaram por ela conversando e rindo.

- Por que não apareceu no jantar? – Perguntou Sarah a mim, se sentando a sua cama. Meg atravessou o quarto e sentou-se a sua também.

- Tenho que resolver umas coisas. – Já estava na hora de eu pegar meu caminho.

- Irá demorar? Por que a gente combinou de estudar para Transfiguração hoje à noite.

- Desculpe, talvez eu não volte tão cedo. – Peguei meu cachecol e minhas luvas.

- Irá se encontrar com Adam? – Perguntou Meg num sorriso malicioso.

- Não, vou me encontrar com outras pessoas. – Respondi indo até a porta e saindo de lá rapidamente.

Meg me olhara completamente confusa; Acho que não estava acostumada com esse meu lado misterioso, sério e preocupado que estava nutrindo desde que entraram. Desci as escadas, passei pela Sala Comunal e nem encontrei Harry e Ron, apenas Gina que me acompanhou com o olhar até sumir pela passagem da Mulher Gorda.

Desci as escadas principais enfiando as mãos no meu casaco e tentei disfarçar, afinal, Filth estava na porta do Salão Principal olhando todos os alunos saírem; O jantar acabara naquele momento, um horário ótimo para eu me camuflar pela multidão e passar para fora do castelo.

Mas antes que pudesse sair, senti algo pegar no meu pulso e logo depois me dando um abraço.

- Adam, me solta. – Pedi calmamente ainda em seus braços.

- Você anda fugindo de mim, minha linda. – Tentou beijar meus lábios mas virei o rosto. – Eu fiz alguma coisa?

- Eu estou com pressa, com licença. – Soltei-me com brutalidade e peguei o caminho para fora do castelo atravessando o jardim. Acho que fiz a coisa errada, pois ele poderia me seguir, chamar Filth e colocar eu, Harry, Ron e Hagrid em sérios apuros, mas já estava ficando atrasada.

Passei pela ponte, pelo Corujal e desci o morro para ir até a casa de Hagrid, a única coisa iluminada entre neve e escuridão. Subi dois degraus batendo meus pés no chão para limpá-los e tirando meu capuz, antes mesmo de bater na porta, ela se abriu. Hagrid estava em primeiro plano com sua arma na mão, e logo atrás, Ron e Harry me olhando pela fresta que seu braço fazia.

- Pensei que não vinha.

- Onde estão indo? – Passaram por mim; Ron deu os ombros também um pouco confuso me pegando pelo braço para que eu começasse a andar. – Hagrid! – O gigante não me ouvia, ou pelo menos, fingia não me ouvir. – Hagrid!

- Espere um pouco, Hermione, e faça silêncio. – Me repreendeu; Fechei a boca emburrada cruzando os braços e parando de andar.

- Pensei que ficaríamos na sua casa, e não sairíamos para- - Pediu mais uma vez silêncio.

Andávamos numa fila indiana, o gigante nos conduzia pelas entranhas daquela floresta, com Harry, Ron e eu logo atrás. Aquela floresta estava mais gelada do que qualquer parte daquelas redondezas, meu casaco não era suficiente para estancar o frio que cortava meus lábios.

- Hogwarts não é mais segura.

- O que?! – Os três perguntaram no mesmo instante.

- As paredes podem ter ouvidos, em hipótese alguma discutam algum assunto de suma importância dentro daquelas paredes!

- Está falando do que, Hagrid? – Perguntou Harry apreensivo. – Espiões?

- Pode ser, Harry. – Meus olhos cresceram.

- Por que colocariam espiões dentro de uma escola?! – Perguntei abrindo os braços.

- Pelo menos motivo que colocariam nas ruas, nos bares, nos vilarejos bruxos. – Respondeu acelerando o passo, nós, com nossas pernas pequenas, tivemos que começar a correr para alcançá-lo.

- E onde estamos indo, Hagrid? – Perguntou Ron.

- Ver um amigo.

- Grawp? – Retrucou Harry logo em seguida.

- Não, tive que mudá-lo de lugar, está numa floresta ao norte da Irlanda, está até que se adaptando bem. – Virou-se e sorriu para nós.

- Há mais pessoas morando nessa floresta? – Perguntou Ron confuso. – Digo, criaturas?

- Oh sim, Rony! A Floresta Proibida virou um refúgio para essas criaturas.

Andávamos sem parar por mais de dez minutos; Nessas horas, eu queria parar e descansar um pouco pois sabia que poderia desmaiar a qualquer hora. Eles continuaram e eu me apoiei em uma das grandes árvores, subindo um pequeno morrinho de um metro de altura. Apoiei uma das mãos, e outra, escorei em minha perna. Minha cabeça começou a girar, meus olhos se fecharem quase que instantaneamente até que um vento frio e arrepiante surgiu me assustando. Virei rapidamente sacando a varinha, mas nada tinha lá. Olhei-me novamente para frente a procura dos garotos só que também, não estavam mais ao alcance de meus olhos.

- Harry? – Perguntei descendo ainda com a varinha em mãos. – Ron? – Rodava a varinha a segurando com muito força e medo. – Hagrid? Onde estão vocês? – Evitava gritar com medo dos centauros.

Minha respiração acelerou. Olhava constantes vezes para os lados, para trás e principalmente, aonde eu pisava. Estava começando a me desesperar. Parei, olhei para todos os lados dando uma volta completa. A copa das árvores pareciam estar mais altas e isso dificultava, em partes, a passagem do luar. Acendi minha varinha e voltei a chamar por ele.

- Por favor... – Lágrimas escorreram dos meus olhos. – Não me deixem aqui... – Ouvi um misero barulho e dei um salto; Estava na minha cara o quanto estava desesperada. – Sozinha...

Aproximei-me daquele arbusto do qual tinha saído o tal barulho; Eu deveria ter ficado no quarto, eu deveria ter ficado lá! Apertei os olhos rezando para não ser um bicho horrendo que arranca cabeças de garotas indefesas depois deixam o corpo cravado numa árvore até as larvas o consumirem totalmente.

O barulho veio de outro lado e pra lá me virei.

- Harry? – Engoli seco. – Ron, se for uma brincadeira de mau gosto, eu juro que acabo com você. – Disse entre os dentes. Mais um barulho distinto, pareciam passos.

Ok, você sabe de onde você veio, então, corra para lá.

Enfiei a varinha no bolso e comecei a correr para o lado oposto, sem olhar para trás. Corria tentando adivinhar o lugar de onde tínhamos partido para era quase impossível, tudo era igual. Tudo passava em minha mente, absolutamente tudo.

Num pedaço de madeira, tropecei e fui lançada a mais de três metros de distância. Gemi de dor quando minha cabeça bateu num tronco de árvore e meu pulso tinha feito um barulho estranho. Por que essas coisas só acontecem comigo?! Tentei me levantar mas achei que tinha fraturado meu pulso esquerdo; Sentei-me escondendo na árvore e respirei fundo fechando os olhos lentamente.

Peguei minha varinha e segurei meu pulso com força. Ok, agora, lembre o feitiço para fazer colocar membros no lugar, ou pelo menos, tentar. Gemia de dor porque não tinha sustentação alguma. Sussurrei o feitiço entre lágrimas e ataduras saíram da ponta da varinha, logo apertando com tanta força que tive que prender o grito de dor. Ao ouvir outra estralo, meus olhos se arregalaram e não senti mais nenhuma dor.

- Filho da p- - Sussurrei mas apertei os lábios me levantando e batendo as folhas do meu corpo.

Passei a mão pelo rosto e soltei outro gemido. Olhei das pontas dos meus dedos e estavam sujas de sangue. Um corte havia na minha bochecha e a minha preocupação em voltar para Hogwarts aumentavam. Como eu consigo, em menos de dez minutos, me perder, fugir de alguma criatura monstruosa, me machucar desse jeito e entrar no desespero?

Tem coisas que só Hermione Granger consegue fazer.

- HERMIONE! – Ouvi alguém me chamar ao longe, era a voz de Ron para meu alivio.

- RON! – Gritei de volta.

- Hermione?? Onde você está? – Tentei seguir sua voz, peguei minha varinha e a acendi. Na minha frente, havia um olho que dava uma volta de trezentos e sessenta graus e também várias cicatrizes. Dei um profundo grito até o homem mandar em calar minha boca.

- Você é louca, Granger?

- LOUCA?! – Gritei ao reconhecer Moody, logo atrás, com as varinhas acesas, Harry, Ron e Hagrid se aproximaram.

- Hermione, tá tudo bem? – O ruivo tomou a frente pegando nos meus ombros.

- Esse idiota completo me assustou! – Soltei apontando com desprezo para Moody que rolou os olhos e foi até Hagrid.

- Você é doido de trazê-los aqui?! – Sussurrou para o gigante.

- Eles só estão me acompanhando numa caça, Alastor. – Respondeu firmemente.

- Que seja pra colher flores, Hagrid, você sabe muito bem que eles, principalmente eles, não podem ficar zanzando por aí. – Jogou um olhar sobre nós três e pegou seu caminho mancando, escorado pela sua bengala.

- Por que principalmente nós? – Perguntou Harry indo de encontro ao professor.

- Hermione, como você está? – Olhou para meu rosto e tentou tocá-lo, mas eu gemi só com a proximidade.

- Como você acha? – Respondi irritada. – O que ele está fazendo aqui? – Perguntei indo até Harry e Moody que tinham uma discussão quase silenciosa. – Cadê os outros?

- Que outros? – Perguntou voltando a andar.

- Tonks, Lupin! Mais uma legião de aurores! Você não aparecia em Hogwarts sozinho. – Cruzei os braços parando de andar.

- É, Granger, de dez coisas que você fala, pelo menos uma tem que fazer sentido. – Parou e se virou para nós.

- É uma reunião e esqueceram de me chamar? – Perguntou uma voz feminina surgindo ao longe. A sua varinha iluminou seu rosto e o de Lupin. – E o que vocês estão fazendo aqui, seus delinqüentes juvenis? – Cruzou os braços e se aproximou de Ron, o que estava mais perto dela. – Hermione, o que houve com você?

- É o que estamos tentando descobrir. – Tonks se aproximou de mim e pegou no meu pulso que me fez ver estrelas de tanta dor.

- Está doendo, sabia?? – Soltei-me a olhando feio.

- Hagrid, você sabe muito bem que-

- Eu sei, Remo, eu sei! – Lupin se aproximou do gigante. – Mas eles têm o direito de saber.

- Não estavam caçando?! – Perguntou Moody cerrando as sobrancelhas.

- Hermione, o que está acontecendo? – Sussurrou Ron perto do meu ouvido.

- Não sei, Ron. – Cruzei os braços vendo aquela pequena discussão que tinha acabado de se formar ali.

- Ok, vamos parar com isso. – Disse Tonks intervindo entre Lupin, Moody, Hagrid e Harry. – Se alguém mais vir esses três fora do castelo a essa hora da noite, vai feder! Vamos sair logo daqui.

Suspirei até que Tonks foi ao meu encontro e mexeu os lábios com um ‘eu preciso falar com você’. Concordei discretamente e nós sete fomos em direção ao castelo. Moody evitava dizer qualquer coisa, Hagrid também jogou fora suas expectativas de dizer algo para nós; Harry só queria saber o que estava acontecendo como Ron e eu; Tonks e Lupin iam mais a frente debatendo algo que não entendíamos.

Hagrid ficou na sua cabana, Lupin disse que tinha um assunto muito sério para conversa com o gigante então, ficou por lá; Moody pegou pela gola de Harry e o tirou de perto de nós, indo para a torre do relógio. Tonks, eu e Ron ficamos nos olhando sem muito que dizer.

- Você recebeu minha carta, ruivo?

- Ah, sobre isso, Tonks, você está querendo de mais! – Disse antes que o ruivo dissesse alguma coisa.

- Pessoal, ele é amigo de vocês, tem esse lance de confiança! Vocês devem saber muitas coisas.

- Desculpe, Tonks. – Começou a dizer Ron. – É confiança como você disse. – Mirei nele. – Querendo ou não, você ainda trabalha para o Ministério.

- Mas isso não tem nada a ver com o Ministério.

- O Ministério é capaz de fazer as piores atrocidades que você possa imaginar! – Disse. – Usar uma Poção da Verdade em um dos seus funcionários, é o de menos.

- Quer dizer que vocês não confiam em mim? – Perguntou incrédula.

- Lógico que confiamos em você! – Soltei me aproximando dela.

- A gente não confia neles. – Completou cruzando os braços. Tonks suspirou, olhou para os próprios pés e depois nos encarou.

- Eu entendo o lado de vocês. – Sorriu. – Tudo bem, eu irei tentar descobrir sozinha. – Fez um jóia e piscou. – Agora, vai dormir, ruivo, vai! – Disse dando dois tapinhas no ombro de Ron. – Eu tenho que ter uma conversa com a Hermione. – Pegou meu braço e me tirou de perto de Ron que nos acompanhou até virarmos no corredor e sumirmos. – Você tem que ir a enfermaria.

- Madame Pomfrey irá fazer milhares de perguntas!

- Eu imponho o sigilo médio.

Arrastou-me até a enfermaria. Enquanto a enfermeira cuidava dos meus cortes e machucados, Tonks conversava animadamente comigo, sem tocar no real assunto que lhe trouxe a Hogwarts. Contou que ela e Lupin saíram mais uma vez mas ainda continuam sendo amigos. Contou também que ganhou roupas novas e mais algumas coisas inúteis.

Ao terminar seu trabalho, ela pediu que eu ficasse mais meia hora ali dentro para que os remédios façam efeito. Saiu dizendo que tinha que cuidar de mais alguns problemas, deixando apenas eu e Tonks naquela enfermaria.

- Ok, agora você pode me contar a sua ‘surpresa’. – Alisei, por cima das ataduras, meu pulso que começara a doer.

- Péssimas noticias. – Levantou-se suspirando e cruzando os braços.

- O que houve? – Perguntei mudando meu semblante.

- Aquele colar sumiu de novo. – Cai nos ombro e por fim, deitei a cabeça no travesseiro comprimindo os olhos e meneando a cabeça, descrente daquilo que tinha ouvido.

- Ah, não...

- Lupin estava estudando nele, acabou cochilando e quando acordou, não estava mais lá.

- O que vocês tem na cabeça?? Sabe o quanto foi difícil pra eu pegar essa merda de dentro do escritório de Dumbledore?? – Quase gritei e ela pediu silêncio.

- Lupin tem sua parcela de culpa, mas ele estava no quarto da Senhora Black. – Levantei-me, saltando da maca e andando de um lado para o outro.

- E o que é que tem de tão especial nesse quarto da Senhora Black?! – Perguntei completamente irritada pensando no trabalhão que eu tive para pegá-lo, e por causa de um cochilo, ele sumir.

- O quarto da Senhora Black é o único protegido com magia daquela casa.

- A casa é protegida com magia, Tonks! – Suspirei andando de um lado para o outro.

- Magia de fora pra dentro, não de dentro para fora.

Parei no mesmo momento me virando para Tonks e piscando algumas vezes.

- Espera um minuto, você está dizendo que essa coisa tomou vida própria? – Perguntei rindo.

- Não, mas ela parece agir-

- Como se tivesse vida própria! Foi isso mesmo que você quis dizer! Isso é um colar, ou melhor, um pingente quase inútil que só sabe para ferrar com a vida dos outros. – Soltei entre os dentes me apoiando na cama, ficando frente a frente com Tonks.

- Eu sei, Hermione, eu sei de tudo isso, mas ele sumiu e ninguém mais sabe onde ele está! – Abriu os braços.

- Agora, não é mais problema meu. – Fui até a porta da enfermaria. – Se era só isso que queria me dizer...

Tonks olhou para a cama e depois para a porta, mas eu não estava mais ali.

***


Entrei na Sala Comunal da Grifinória e lá estava sentado Ron, apreensivo, olhando fixamente a lareira que crepitava. Ao ouvir o quadro se abrindo, saltou e esticou o pescoço para ver quem seria.

- O Harry ainda não voltou? – Perguntei estranhando o fato dele estar lá, já que era o lugarzinho preferido de espairecer de Harry.

- Não. – Olhou no relógio e viu que acabara de marcar dez da noite. – Eu sei lá, Moody tem umas teorias e umas verdades de colocar medo em qualquer um. – Apoiei-me no encosto do sofá, ao lado de Ron.

- E o que vamos fazer? – Perguntei também olhando a lareira.

- Tenho medo de responder.

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