Futura Casa



Capítulo XL


Futura Casa


 


            Naquela manhã, acordei com ansiedade. Tomei um rápido banho e desci as escadas dando bom dia para aqueles que encontrava pelo caminho. Um leve sorriso nutria o meu rosto desde quando coloquei os pés no chão, todos comentavam. Harry já estava lá baixo, tomando seu café da manhã.


 


            O acompanhei já que estava com muita fome. Ron desceu as escadas se espreguiçando e recebendo um beijo de sua mãe. Sentou-se a nossa frente com visíveis olheiras, ao perguntarmos o que tinha acontecido, ele disse que ficou sem sono e acabou dormindo mal. Não vi Tonks nem Lupin aquela manhã, eu logo descobri que eles estavam correndo atrás de alguma coisa sobre o casamento.


 


            Não me recordo se contei isso a vocês, ou não, mas eles irão se casar no final do ano. Uma reunião simples mas bonita, segundo a bruxa, poucas pessoas serão convidadas pois odiava festas lotadas de pessoas que não conhecia. Lupin apenas concordava, era o que fazia de melhor nessas horas.


 


            Depois de alimentada, me troquei e disse que ia resolver alguns assuntos da minha casa com a minha tia. Como Harry não podia colocar o pé no chão até amanhã, ficou na Ordem e eu aparatei sozinha até meu quarto na casa da tia Josefinne.


 


            As mesmas coisas nos mesmos lugares. Logo ouvir uma música calma vindo lá de baixo, ela deveria estar cozinhando. Chamei seu nome infinitas vezes antes aparecer, mas como é muito distraída, levou um susto quando me viu.


 


            Me abraçou e me beijou as bochechas dizendo que estava com saudades. Ninguém entrou em detalhes sobre o que aconteceu noites passadas, não queríamos preocupar uma senhora que mal sabia o que se passava no mundo bruxo. Deixou seu bolo no forno, tirou suas luvas e me levou até a  sala de jantar.


 


            Na grande mesa de vidro, vários papéis espalhados tiraram a transparência do adorno. Reconheci meu nome em alguns dele sem ao menos mexer nas folhas. Sentou-se na frente daquilo e pegou seus óculos meia lua. Começou a ler um parágrafo que dizia que a casa, os móveis e tudo aquilo que tinha dentro do imóvel era meu e eu podia fazer o que eu bem entendesse.


 


            Leu quase todas as clausulas daquele 'contrato.' Não me interessaria muito, mas daqui alguns meses, eu faria dezoito anos e eu poderia fazer qualquer coisa com a casa. Dei total permissão a ela para vender a casa, afinal, o que eu iria fazer com uma casa enorme, vazia, cheia de lembranças que eu procuro correr?


 


            Ela insistiu, disse para eu pensar, mas eu já nutria aquele sentimento a muito tempo. Vender a casa, ficar com o dinheiro, quem sabe comprar um apartamento bem no centro da cidade. Eu sabia que meus pais tinham uma boa fortuna nos bancos mas nada, ainda, ao meu alcance.


 


            Ela disse que ia ligar para o advogado dela e entrar com toda a papelada para vender a casa. Eu não queria nada do que estava dentro, tudo que eu precisava, tirei a um ano atrás e trouxe para cá.


 


            Outra coisa que eu tinha que fazer era pegar todas minhas coisas e me mudar da casa da minha tia o quanto antes. Não que eu tenha odiado viver ali, mas quanto menos ela se envolver com esse mundo bruxo, mais ela viverá. Mas irei mudar para onde? A Ordem? Não, não queria viver lá também. É um poço de solidão, com várias coisas obscuras e mortais, não queria que meus filhos crescessem lá.


 


            Irei conversar com Harry, ele deve ter a melhor ideia para tudo isso.


 


            Me despedi e parti novamente para a Ordem. Ao chegar lá, cobri os olhos quando vi que estava no quarto errado e Ron e Luna estavam praticamente nus. Merlim, que visão deplorável. Saí correndo dizendo que não tinha visto nada de mais.


 


            Desci as escadas e sentei-me ao lado de Harry, naquela pequena saleta. Ele lia o jornal daquela manhã. Dizia alguma coisa como “MUDANÇAS DRÁSTICAS NO MINISTÉRIO”. Eu não queria ficar ocupando minha mente desses assuntos, naquela hora do dia, então, o peguei da sua mão e o joguei longe.


 


- Hey. - Protestou.


 


- Nada do que você já tenha visto nos anos anteriores. - Deitei em seu ombro e ele passou o braço em volta do meu pescoço.


 


- Então, como foi com a sua tia?


 


- Ah, foi ótimo, decidimos várias coisas.


 


- Como o quê? - Perguntou brincando com um dos meus caxos.


 


- Irei vender a minha casa.


 


            Ele ficou alguns segundos mudo.


 


- Não é um passo muito grande para as pernas?


 


- Acho perfeitamente do meu tamanho. - Sentei-me e o encarei. - Pense comigo: podíamos comprar um apartamento, começar nossa vida, ter nossa vida.


 


- Você não pretende morar aqui? - Ergui uma sobrancelha.


 


- E você pretende? - Ele ficou ereto, olhou para os cantos e suspirou.


 


- Essa é minha casa, Hermione, herdei do meu padrinho, tudo que está aqui, também é meu.


 


- Eu sei, tudo que estava naquela casa também era meu, só que eu não queria viver lá para ficar remoendo o que aconteceu no passado, então decidi mudar.


 


- E você quer que eu mude com você?


 


            Ele foi grosso, mas eu fiquei na minha.


 


- Você poderia muito bem transformar essa casa em uma Sede de verdade, um lugar onde nos reunimos para decidir passos importantes, ir atrás de alguém, refúgio se algo de errado acontecer...


 


            E mais uma vez, o silêncio.


 


- Tonks e Lupin se mudarão em breve, Moody não tem muitos lugares para ir, aqui é praticamente a melhor casa para ele. Molly e os Weasley adoram passar o natal aqui, são pequenas coisas que podemos levar para frente, não precisamos viver todos os dias.


 


- Você está me pedindo para largar isso aqui? - Apontou para o chão.


 


- Não! Lógico que não! Poderíamos trabalhar aqui todos os dias, mas eu- - Eu teria que falar isso um dia ou não. - eu não acho o melhor lugar para criar nossos filhos, se é que você me entende.


 


            Harry ficou um pouco alterado, ficou sério e odiava ser contrariado.


 


- Meu padrinho cresceu aqui.


 


- Uma família das trevas cresceu aqui, Harry. Você mesmo diz que quer fugir um pouco desse mundo, não é?


 


            Encarou o chão, coçou a cabeça e suspirou.


 


- Eu quero viver com você, eu quero ter filhos com você, mas me deixe pensar, é muito informação de uma vez só.


 


            Consenti e lhe dei um beijo.


 


***


 


            No café da manhã do dia seguinte, tinha acordado bem cedo para ir comprar alguns jornais trouxas, principalmente aqueles com excelência em classificados. Vida adolescente é dura, não podia negar. Sozinha naquela cozinha, peguei uma caneta vermelha e comecei a circular os melhores anúncios.


 


            “APARTAMENTO DUPLEX, VISTA PARCIAL, 4 QUARTOS, 3 BANHEIROS”. Por que eu queria três banheiros se somos apenas dois?


 


            “APARTAMENTO SEMINOVO, CENTRO, 2 QUARTOS, 1 SUÍTE, ESCRITÓRIO, ÓTIMO PREÇO.” “APARTAMENTO CENTRO, 2 QUARTOS, SALA TRÊS AMBIENTES, 2 VAGAS”. Circulo neles!


 


- Bom dia. - Soltou Ron entrando na cozinha e rapidamente eu comecei a guardar as coisas. - O que estava fazendo? - Perguntou um pouco de leite e se serviu.


 


- Lendo. - Não acreditou muito, mas não continuou a perguntar.


 


- Embarco amanhã de manhã. - Fingi estar horrorizada.


 


- E você me avisa desse jeito, seu cretino? - Bati com o jornal no seu braço.


 


- Eu soube ontem a noite, você e Harry estavam ocupados para eu ir contar para vocês. - Ruborizei e me servi de leite também.


 


- Provavelmente, amanhã iremos até o Ministério assinar os papéis necessários para começar o curso de Auror.


 


- Bom para vocês, só cuidado para não perderem um olho, uma mão.


 


- Como se sua profissão fosse muito segura a mais de cinqüenta metros de altura. - Mostrei a língua.


 


            O passo manco de Moody entrou na cozinha resmungando algo. Pegou um pote verde na geladeira e a bateu para fechá-la bem. Não nos deu bom dia, não nos viu, passou reto e saiu, do mesmo jeito que entrou: mudo.


 


            Torci para Ron fazer qualquer coisa que não ocupasse a cozinha, mas aquele parecia o café da manhã mais longo de toda sua vida. Num sorriso falso no rosto, levantei-me, deixando a caneca dentro da pia e segui até a saleta ao lado, munida dos jornais.


 


            Ele não disse nada, nem sei se reparou. Fechei a porta e me sentei atrás da mesa de Sirius, deixei de lado alguns pergaminhos e comecei a minha busca novamente. A cadeira maior do que eu, permitia que eu balançasse os pés de um lado a outro.


 


            “REQUINTE E BOM GOSTO! 4 DORMITÓRIOS, CLOSET, LIVING 3 AMBIENTES, ESCRITÓRIO!” Esse apartamento seria enorme e muito, muito caro. “1 SUITE, LIVING 2 AMBIENTES, COPA, ESCRITÓRIO.” Circulei esse apenas para descobrir como viver com um quarto apenas.


 


            “ÚLTIMAS UNIDADES!” Sinal que não estava vendendo nada. “VISÃO PARCIAL”, parcial do que? Dos prédios do centro de Londres? “SECRET ROOM”, eu não precisaria de um desses já que tenho uma varinha que causa mais estragos do que um quarto do pânico.


 


            Merlim, ia ser difícil.


 


***


 


            No jantar, Molly fez almondegas, batatas, lombo fatiado, tortas e mais tortas, tudo em homenagem a Ron, que partiria amanhã e seria um dos últimos jantares que faria conosco como um simples terráqueo.


 


            Todos estavam lá: Tonks, Lupin, Ginny, Luna, Arthur, Fred e Jorge. A família reunida deixava o ambiente tão alegre que sentia falta das pequenas reuniões que eu fazia apenas com meus pais. Quando Molly pôs a mesa, todos os Weasley Machos junto com Harry e Lupin atacaram, sem nenhum pudor.


 


            Nós, mulheres e filhas daqueles indelicados, ficamos apenas observando, conversando outra coisa que não fosse aquele ataque. As piadas, conversas animadas, fatos interessantes faziam parte integralmente, nenhum momento ficou em silêncio, nem quanto todos mastigavam.


 


- Então, quer dizer que vocês dois iam viajar sem me avisar? - Começou Molly encarando os gêmeos. - Gina me contou hoje de manhã que vocês também vão para a Irlanda!


 


- Pelo menos você descobriu, mamãe. - Soltou Jorge rindo com Fred.


 


- Não me faça obrigá-los a ficar em casa... - Apertou os gordos punhos.


 


- Querida, se acalme, eles devem ter uma ótima desculpa. - Brandou Arthur.


 


- Vamos abrir uma filial,


 


- Em Hogsmeade.


 


- Queríamos abrir uma dentro de Hogwarts,


 


- Mas Dumbledore nunca permitiria. - Um foi completando o outro.


 


- Muito menos eu. - Irritada, Molly finalizou a conversa.


 


            Ao acabar o jantar, nós mulheres ajudamos a matriarca a tirar e arrumar a mesa. Deixou tudo para ser levado depois pois eram mais de meia noite. Luna não poderia passar a noite conosco pois seu pai viajaria daqui a pouco, e alguém teria que ficar tomando conta de sua casa na sua ausência.


 


            A despedida de Ron e Luna foi reservada, ficaram perto das escadas enquanto nós terminávamos com a cozinha. Pude ouvir choros da loira mas fiquei na minha. Ela apenas deu um adeus coletivo e aparatou. O ruivo ficou realmente abalado dela não poder ir com ele, seu pai nunca deixar viajar por tanto tempo.


 


            Ele subiu sem vida até seu quarto, sendo acompanhado pelos olhares de todas nós.


 


            Ao terminar nossos deveres, nos despedimos e eu subi para o quarto. Ao entrar, Harry estava  com alguns papéis na mão e logo vi a marca do Ministério em cada  folha. Sentei-me ao seu lado e logo jogou do outro lado e me deu um beijo ardente.


 


            Me separei o empurrando pelo ombro e aleguei que daqui a pouco, dormiríamos em um quarto de cama.


 


- Estou dando mais uma olhada nesses cursos que teremos que fazer.


 


- E quando iremos lá? - Perguntei.


 


- Depois que deixáramos Ron na estação.


 


            Um silêncio um quanto constrangedor.


 


- Sabe, - - Ajeitou-se na cama e ficou de frente para mim. - se você tivesse me dito que já estava procurando casas e tal- -


 


- Quem te falou isso?!


 


- Você não acha que eu poderia ter descoberto sozinho? - Cruzei os braços e fechei a cara. - Ok, Ron me disse.


 


- Idiota! Ele não tinha que te falar nada! - Levantei-me andando por um lado ou outro.


 


- Relaxa, Mione, eu ia descobrir mais cedo ou mais tarde. - Suspirou. - Sabe, eu pensei que você ia esperar passar todas as coisas! Ia esperar nós nos escrever naquele curso, esperar que passe o memorial dos seus pais, essas coisas importantes e só depois ia pensar em um assunto tão sério.


 


            Ele tinha pensado em tudo.


 


-Mas quando ele me falou eu- Deu uma pequena risada. - eu dei graças a Merlim por já estar com uma resposta pronta para te dar.


 


            Meu coração deu um salto para fora do peito.


 


- Quando você quiser, - - Segurou nas minhas mãos. - podemos nos mudar daqui para nossa casa.


 


            Meus olhos brilharam e eu pulei no seu pescoço soltando gritinhos histéricos.


 


- Oh, Meu Deus! Você está falando sério? - Perguntei lhe dando vários beijos por todo rosto.


 


- Mais sério, impossível. - Riu.


 


- E não decidiu isso sem pensar, não é? - Fiquei séria e o olhei.


 


- Não, Mione, eu pensei naquilo que você disse: essa casa é apenas uma sede e não um lar. - Dei mais um abraço apertado que até pediu para deixá-lo respirar. - Já escolheu?


 


- Lógico que não! Temos que escolher isso juntos.


 


- Sim, claro, juntos. - Me deu um beijo.


 


***


 


            Acordamos mortos quase sete horas da manhã. Ron disse que nem dormiu, ficou usando a noite para fazer sua mala. Levou tudo que podia, e mais algumas coisas. A fila para tomar banho naquele único banheiro usável da casa era enorme. Estava quase desistindo quando o nepotismo me deixou passar na frente de algumas cabeças.


 


            Não demorei e logo saí enxugando o cabelo. Fui até o quarto, tomei a poção para secar cabelos e escolhi minha roupa a dedo. Harry falou para eu não ir tão arrumada, mas eu o ignorei por completo.


 


            Desci até a saleta e lá estavam quase todos, esperando aqueles que faltavam se arrumar. Molly já estava aos choros e Ginny dormia no ombro do seu pai. Sentei-me no colo de Harry, passando os braços em cima do seu pescoço e ele da minha cintura. Ron andava de um lado para o outro.


 


- Quem estamos esperando?! - Perguntou aflito.


 


- Seus irmãos! Eles também irão com você, Ronald. - Soltou Arthur fazendo Gina acordar. - Depois, vocês virão comigo até o Ministério? - Perguntou a nós e concordamos com um aceno de cabeça.


 


- Pronto!


 


- Estamos aqui! - Disseram eles divinamente iguais, carregando malas também iguais.


 


- Vamos! Vamos!


 


            Alguns iam de carro como Gina, Molly e Arthur, e os outros aparatando, como sempre. Aparatamos na frente da estação de trem, em um beco pouco iluminado. Seguimos aquele caminho bastante familiar até a plataforma 9 ¾.


 


            Ao passarmos para o outro lado, havia um trem em bronze com o brasão da irlanda cravado em todos os vagões. Não tinha muitas pessoas fora, não sabia dizer como estava lá dentro. Algumas alas estavam interditada por causa dos acidentes duas semanas atrás.


 


            Eles até que concertaram a maioria das coisas bem rápido.


 


            Ron deixou sua mala com um dos ajudantes e começou a se despedir de Tonks e Lupin. Nisso, Molly, Arthur e Gina chegaram. A mãe já foi agarrando seu pescoço até ele não sentir mais nada. Disse, chorando, que era para ele escrever todos os dias, e se acontecesse alguma coisa, voltasse imediatamente. Despediu-se de seu pai que dizia estar orgulhoso e confiante, queria que trouxesse a Taça do Mundial para ele quando voltasse. Despediu-se de sua irmã caçula e pediu que ela cuidasse de Luna enquanto estivesse fora.


 


            Parou a nossa frente e nos abraçou ao mesmo tempo com uma voz de choro, começou a soltar algumas coisas:


 


- Vocês são a melhor família que eu possa ter! - Quase gritou.


 


- Ron, por favor. - Soltei ficando completamente vermelha quando todos nos olhou.


 


- Olha, eu estarei de volta daqui alguns anos, cuide bem da Luna pra mim e sempre que fizerem alguma besteira e não souberem como concertar, pensem em ligar para mim, eu vou me sentir importante.


 


- Pode deixar, iremos mandar corujas todas as semanas.


 


- Isso! Façam isso! - Nos abraçamos mais um pouco. - Quero ser padrinho. - Sussurrou e nos fez rir.


 


            Nos separamos e eu enxuguei uma pequena lágrima do lado esquerdo do rosto. Se despediu mais uma vez dos seus pais e entrou no trem. Fred e Jorge também entraram, apenas acenando pois os veremos semana que vem novamente. Sentou-se na janela, perto de nós.


 


            Quando o trem partiu, acenou até onde não podia nos ver.


 


            Molly estava sendo consolada pelo marido que logo passou essa função a Gina. Foi até nós e suspirou.


 


- Vamos, tenho que encaminhar mais dois jovens.


 


            Colocou a mão nos nossos ombros e nos conduziu até a passagem secreta.


 


***


 


            Ao chegarmos no Ministério pelo modo que Arthur sempre chega, todos os dias, logo reconhecemos figuras importantes como os melhores Auror ou até aqueles que nunca saem dos seus pés. Reconhecemos um ou dois professores que acertavam algumas coisas no átrio e logo subimos para o Departamento de Ministério.


 


            Arthur foi até sua mesa, pegou algumas folhas e entregou, igualmente, para nós. Lá estava um 'cronograma' de como ia ser o curso para Auror esse ano. Começaria em setembro, como em Hogwarts. As aulas eram um pouco macabras e a maioria era de resistência física.


 


            Professores com nomes estranhos não faltavam, a carga horaria, pelas minhas contas, renderia dois anos cansativos de aulas e aventuras. Existia um parágrafo que dizia, em letras garrafais que durante o curso, qualquer pessoa poderia ser convoca para qualquer missão, e se acontecesse algo, a responsabilidade não seria do Ministério.


 


            Eles sempre dão um jeito de saírem por cima.  Arthur começou uma longa conversa conosco. Dizia que esse era um cargo de suma importância, que poderia tanto dar a vida como tirar. Que nós, por sermos alvos incrivelmente fáceis e desejados, tínhamos que tomar o dobro de cuidado em missões corriqueiras.


 


            Deu enfase no que já sabíamos: nós seriamos as pessoas mais importante naquele lugar, tínhamos que honrar o título que ostentaríamos durante a vida toda. Disse também que com tantas recomendações, seria muito fácil passar nas matérias. Até revelou uma indicação do próprio Dumbledore, dizendo que esses eram seus melhores alunos que estava entregando eles ao mundo.


 


            Uma coisa bem cafona, digo de passagens.


 


            Comentou que Gina também estava com essa idéia fixa de se tornar uma Auror, mas ele fez ela tirar da cabeça e chutou que seria isso que nossos pais fariam se estivessem aqui.


 


            Por fim, nos conduziu até o elevador, dizendo que agora, era com o Ministro. Despediu-se quando a porta do elevador fechou e pude encarar tanto o meu, quanto o reflexo de Harry na dourada parede.


 


            Suspirei e segurei na sua mão com força, entrelaçando meus dedos.


 


            Os dois ficaram completamente mudos, preso naquilo que bem entendesse. Ele nutria um sorriso no rosto, e eu uma expressão séria. Desde quando nasceu, ou renasceu – chamem como quiser – Harry estava pré viciado em ser um Auror. Já para mim, a idéia amadureceu aos poucos.


 


            Eu queria trabalhar no Profeta Diário, em qualquer outra sessão desse prédio que não tivesse que matar as pessoas e sair pelo mundo acusando todos. Sonhava isso para Harry e Ron, quem sabe Gina, mas eu? Era apenas uma CDF tonta que queria escrever e ler ainda mais do que fazia na escola.


 


            De repente, eu fico rebelde e vejo o mundo de outro jeito, principalmente quando aqueles que teriam que proteger todos, trouxas ou bruxos, não conseguem fazer seu trabalho direito. Isso desperta a ira em vitimas do sistema.


 


            Mas, chegar com os dois pés na porta não seria o adequado. E ainda eu, que fui processada por tentar fazer um pouco de justiça com as mãos.


 


            Talvez essa nova geração mude esse Ministério, mudando com ele, todo mundo Bruxo, deixando aqueles que nem sabem que existimos, em paz.


 


            A porta do elevador se abriu e Harry me puxou para fora. O grande corredor levava até uma gigantesca porta. Tudo era mais devagar, todo som abafado e apenas o barulho do meu coração batia. Olhei para aquele moreno, andando seguro de si, comigo ao seu lado.


 


            Eu demorei um ano para tê-lo. Passei as piores coisas em nome disso e não queria que acabasse ou simplesmente morresse. Como eu lutei para tê-lo, eu vou lutar para não perdê-lo.


 


            Trocamos sorrisos e logo ficamos em frente a porta. Como mágica, ela se abriu e tudo ficou mais dourado e mais claro.


 


 


 


Continua.

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