O Dono da Festa




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Capítulo XII
O Dono da Festa



Hoje era sexta feira e eu estava adorando. Não sei o que deu em mim, mas estava animada por esse final de semana, mesmo não tendo programado nada. Estava com um bom pressentimento. Quando as aulas vespertinas terminaram, não quis começar a me matar – ou continuar – de estudar, quis sair por aí, conversar, falar mal de alguém, colocar defeito na roupa de todos e xingar os professores. Como aquelas meninas eram bem paranóicas, Tony era o único que me alegrava nesses momentos.

Ele sempre dizia que prestava bem atenção nas aulas para não ter que ficar estudando naquele resto de tarde e começo de noite.

Durante o dia, uma tempestade de neve fora de época pegou todo o território de Hogwarts, então, impossibilitou as idas ao jardim e logo, as aulas de Trato com Criaturas Mágicas foram canceladas por motivos óbvios.

Por impulso, já ia convidá-lo para ir ao meu quarto, mas eu esqueci que não tenho mais um quarto e sim uma cama num dormitório. Ele disse que também é humilde e tem a sua pequena cama no seu dormitório e isso era motivo de orgulho porque não teve que passar por cima de ninguém para tê-la – a não ser pela briga básica pela melhor cama com Dino, Simas e Neville.

Ficamos na Sala Comunal da Grifinória que estava repleta de alunos e bem aquecida comparada ao tempinho chato de lá de fora. Sentamos na mesa, colocando os pés nas cadeiras, expulsando alunos do segundo ano que jogavam xadrez bruxo, quase chutando as meninas que estavam discutindo algum assunto sem noção e insultando a mãe de uns três 'bad boys' do quarto ano que estavam nos irritando profundamente, .

Por um lado, era bem melhor ficar ali do que estudar, por outro, preferia não ver certas imagens tais como Harry e Gina traçando caricias e brincadeiras. Ao ver meu olhar compenetrado naqueles dois, Tony chamou minha atenção limpando a garganta.

- Acho que você queria estar lá. – Soltou brincando.

- Não. – Voltei a realidade. – Não queria. – Peguei uma cerveja amanteigada de cima da mesa e a tomei quase que num gole inteiro.

- Sei, e eu sou o Capitão América... – Ri. – Falando em América, meus pais viajaram para lá nessa semana.

- Sério? Que legal.

- Legal nada. Eles vão ficar pelo menos uns três meses lá. Se eu precisar de um help aqui na escola, eles não têm como me socorrer.

- A gente acaba se virando sem os pais. – Disse num sorriso verdadeiro dando mais um gole na cerveja.

Ron entrou na Sala Comunal, olhou Gina e Harry juntos e rolou os olhos vindo na minha direção.

- Aqueles dois me dão vergonha... – Soltou Ron olhando para trás e cruzando os braços. – Deixa Harry souber quantos galhos ele tem na cabeça...

- Como é que é?! – Gritou Tony chamando a atenção de todos. Eu e Ron ficamos estáticos.

- Dá pra falar baixo?! – Sussurrei.

- Eu falo de mais...! – Ron levou uma mão na testa.

- Não, cara, me explica isso direito. – Demonstrou-se bem interessado no assunto.

Ron me olhou e eu ri.

- Pode contar, ele é de confiança.

- É, Ronyzão, eu sou de confiança. – Sorriu largamente.

- Mas tem que ficar na 'miúda', Tony, 'ce não eu te mato, cara, falo sério!

- É, e eu também! – Ron puxou uma cadeira e sentou na nossa frente.

Contou tudo sem citar nomes antes que alguém ouvisse e estragasse tudo. Tony estava realmente surpreso, tudo que Ron contava, eu concordava e aproveitava insultando aquela ruiva.

- Que história... – Soltou levando uma mão na boca. – Isso porque eu já peguei ela...!

- Como assim 'já pegou'?! – Disse Ron ficando nervoso.

- Desculpa falar, Ronyzão, mas sua irmã, com todo o respeito, é mais rodada do que calota de caminhão. – Eu comecei a rir pensando naquela imagem. Pensei que Ron ia ficar p. da vida mas apenas concordou se acalmando.

- É, cara, eu também acho.

- Bom, se ela tá mesmo com esses caras que vocês estão falando, ela não tá saindo com eles de noite, porque quase todas as noites, Harry não dorme no dormitório. – Meu queixo caiu como o de Ron.

- Filho de uma p- – Soltou o ruivo quase levantando para partir para cima de Harry.

- Calma, aí Ronyzão! Ele pode tá esquentando a cama da Mione, também. – Fiquei extremamente vermelha e dei um tapa no braço de Tony.

- Ah, ele também sabe? – Perguntou Ron rindo.

- Sabe, Ok? Mas o assunto aqui não sou eu, seus idiotas! – Disse irritada.

- Sem estresse, Mione, é brincadeira. – Riram. Rolei os olhos e suspirei. – Aliás, quem não sabe que você é o Harry- - Peguei na sua boca e impedi que continuasse.

- Cala a sua boca, Ronald. – A soltei fazendo os dois voltarem a rir. – Isso mesmo! Podem rir. – Me levantei. – Riam sozinhos! – Disse num tom divertido.

- Eu conto os dias, conto as horas pra te ver! – Começou a cantar Tony quando eu já estava no meio da Sala.

- Eu não consigo te esquecer! Cada minuto é muito tempo sem você, Oh Mione! – Cantaram juntos gritando para mim.

- Vão se ferrar! – Gritei rindo, saindo da Sala Comunal olhando para trás; Ao pisar para fora, esbarro em alguém e quase vou ao chão.

A pessoa me segurou pela mão e depois me colocou de pé de novo. Quando reconheço, já era tarde de mais, já tinha sido gentil. Com o passar do tempo, aprendi que o primeiro passo para aceitar a pessoa, é ser gentil de mais. Gentileza é uma merda.

- Ah, você... – Soltei com desprezo.

- Que alegria em vê-la por esses corredores, Hermione. – Disse Adam, abrindo os braços. – Sempre te salvando, serei eu o seu príncipe?

- Definitivamente, não. – Nem sabia para onde eu ia, apenas desci as escadas e ele me acompanhava.

Tinha reparado que havia cortado o cabelo, ou feito algo que o deixou melhor do que antes. Não que esteja querendo algo com ele, sem chances, é que qualquer menina repararia. Adam não era feio, até que era um dos garotos mais bonitos da Sonserina, mas está aí o grande problema. Ele é da prole do mau, não querei eu, me envolver ainda mais com aquelas serpentes.

Ser amigo de Draco complica ainda mais as coisas. Seria crucificada pelo loiro por estar com seu amigo e não estar com ele, já que os dois são – perante todos – dois seres desprezíveis.

- Lógico que sou, essa deve ser a quarta-

- Segunda. – Corrigi rapidamente cruzando os braços.

- Isso, a segunda vez que eu te salvo. – Rolei os olhos.

- Quer o que? Um busto ou uma placa de homenagem a serviços prestados? – Ironizei ainda sem encará-lo.

- Não, mas você me deve favores.

- Não te devo favores! – Quase gritei, agora sim, o encarando com uma ponta de raiva e irritação.

- Bom, se é assim que você espera me agradecer por tudo que eu lhe fiz...

- Olha aqui, - Me virei para ele, ergui um dos dedos e quase encostei em seu peito. Cerrei os olhos e se eu fosse ele, ao me provocaria mais. – se você pensa que consegue me comprar com essa psicologia barata e essa chantagenzinha emocional, pode esquecer. – Fui clara e grossa. Continuei a andar e ele a me seguir.

- Você nem quer ouvir minha proposta?

- Não estou aberta a propostas, Adam, agora, saia do meu pé, Ok? – Suspirei.

Entramos no Salão Principal que estava com poucas pessoas, mas era o bastante para formar uma platéia.

- Mas eu tenho certeza que essa você vai aceitar. – Abriu um sorriso malicioso.

- ... E o que te faz pensar sobre isso? – Cruzei os braços um pouco mais calma, mas séria e certa em lhe dar um pé na bunda se for preciso. De dentro do bolso de seu casaco, tirou um pedaço de papel verde e me entregou; olhei para o papel, depois para aquele sorriso malicioso que tinha e o aceitei mesmo sem querer, acho que a curiosidade era maior.

- É uma festa, só entra quem tem convite. – Rolei os olhos e devolvi o papel para ele grosseiramente.

- Será que você nunca se toca?! – Quase gritei. – Esqueça, Adam, eu nunca irei a uma festa com você.

- E quem disse que eu quero ir a uma festa com você? Eu quero que você apenas vá. – Voltei a encará-lo já pensando nas possibilidades de eu ir. – E lá, as coisas podem mudar para ambos os lados. – Pegou uma mecha do meu cabelo e eu bati em sua mão.

- É, as coisas vão mudar- - Abriu um sorriso maléfico. – sua cara vai ficar totalmente desfigurada se você encostar mais uma vez em mim. – Ele riu.

- Além de ser linda, é agressiva. – Sussurrou perto do meu ouvido e logo me esquivei. – Fique pelo menos com o convite, vai que- - Aproximou-se ainda mão estendendo a mão com o convite na ponta. – mude de idéia.

- Esqueça. – Soltei pegando o convite e saindo do Salão sem ser seguida por ele.

Quer homem mais CHATO e IRRITANTE do que isso? Pronto, conseguiu estragar com o resto da minha noite. Sempre tem aquele que consegue esse ato incrível ... !

Enquanto voltava a Sala Comunal da Grifinória – afinal, lá é o único lugar que ele não colocaria os pés – lia o convite que estava começando a me cegar. As letras estavam em roxo, apareciam e desapreciam revelando novas frases. "Festa do Verde, só quem estiver com algo verde, entrará!", isso é a prepotência Sonserina. "A melhor festa do ano!", repito: prepotência. Mais algumas frases divulgando, horário, local e data. Fiz as contas de que dia era hoje e meus olhos cresceram. Era amanhã.

Aquele viado só me avisa agora? Um dia antes? Será que ele não sabe que tem que ter um preparo psicológico avançado para essas festas?! Principalmente, nós mulheres?? Espera um minuto, você está pensando em ir, Hermione? Está querendo mesmo dar o braço a torcer a esse ignorante que tem o ego maior do que tudo nesse mundo?

Não seria uma má idéia, mas irei sozinha? Com ele que eu não vou. Tenho que fazer alguém ir comigo, nem que seja a Meg.

Entrei no quarto rapidamente; Elas já tinham cessado a sessão de estudos e agora estavam apenas conversando. Ao me verem, pararam e olharam para o papel nas minhas mãos.

- Ah, também vai? – Parvati tirou seu convite de cima de seus livros.

- Que bom que pelo menos uma irá...! – Sentei-me na minha cama e respirei mais aliviada.

- É, pelos menos uma mesmo. – Disse Sarah emburrada. – Só a Parvati foi convidada.

- E ainda por causa do Dylan que conhece os garotos da Sonserina. – Completou a morena. – E você? Como você conseguiu?

Poderia dizer várias desculpas esfarrapadas, mas diremos logo a verdade para depois verem as conseqüências.

- Adam McCartney. – Algumas gemeram, outras falaram algumas coisas inaudíveis e os olhos de Parvati cresceram.

- Adam McCartney?! – Perguntou mais uma vez.

- É, algum problema?

- Problema é pouco. – Disse Sarah cruzando os braços. – E olha que eu estou a pouco tempo nessa escola e já repugno esse cara.

- Ele está no topo da lista da McGonagall. – Cerrei as sobrancelhas e me virei para Meg.

- E a McGonagall tem uma lista...? – Ironizei mas o caso parecia ser sério.

- Essa escola tem aqueles que McGonagall e toda a legião de professores idolatram, e tem aqueles que prefeririam que estivesse bem longe daqui.

- E provavelmente, ele não está nessa primeira lista-

- Não mesmo.

Caí nos ombros. Será que eu nunca irei acertar?! Não que eu queira algo com ele, não, isso eu não quero mesmo, mas só me envolvo com caras desse tipo.

Será que eu tenho prazer pelo errado?

***

Terminei meu banho e fui até o quarto, ainda enrolada na toalha, olhar mais uma vez para aquele convite, em cima da minha cama. Olhei no relógio, roía uma das unhas enquanto relia pela nova ou décima vez, ainda tenho um pequeno tempo para escolher uma boa roupa e ir, mas algo me dizia que era bom eu ficar. O que era, não sabia.

Vou e saio um pouco daqui de dentro ou fico, e conto moscas que me rodeiam. Vou e conheço novas pessoas, mesmo que sejam todas da Sonserina e Corvinal, ou fico, e não faço nenhuma social. Vou e fico agüentando Adam no meu pé, ou fico e me livro dele. Suspirei e joguei o convite em cima da cama novamente. Sentei-me numa das poltronas cruzando os pernas e braços já aborrecida.

Parvati irá, mas estará com Dylan e não dará a mínima atenção a mim, Draco também pode ir, mas aí, eu que não poderia dar atenção ao garoto. Harry não irá, Gina não irá, não sentirei nenhum peso na consciência nem inveja daquele dois amantes; Essa deve ser a única festa que terei essa oportunidade.

Eu vou.

Levantei-me, abri o guarda roupa e o voltei a fechá-lo fazendo uma careta.

Não vou...

Sentei-me novamente. Bichento saiu de cima da sua almofada e veio ronronar perto da minha perna. Acariciei suas orelhas e o peguei no colo enquanto pensava friamente no que ia fazer. Oh, Hermione! Você não está decidindo o futuro do universo! É uma festa!

OK, eu vou.

Soltei Bichento no chão e voltei ao guarda roupa. Peguei um vestido roxo – um dos mais curtos – e o vesti me olhando na frente do espelho. Dei um laço atrás do pescoço e torci o nariz. Estava fazendo menos de dez graus, vá com algo que cubra seu corpo e Adam também entenderá mais do que devia ao me ver com essa pequena peça de roupa.

Para encurtar a história, foram mais de sete modelitos até encontrar um que seja apropriado para noite: uma blusa preta frente única, uma calça skinny e uma sandália alta. Básica, eu diria. Passei uma maquiagem escura e prendi meu cabelo num coque meio solto, ajeitei minha franja, coloquei brincos, um bracelete e o colar que minha mãe me deu no natal. Até então, nunca tinha usado ele.

Olhei mais uma vez no relógio e já estava me atrasando. Peguei meu casaco e sai do quarto me despedindo de Bichento.

Os corredores estavam mais frios do que eu tinha calculado. Forçava os braços contra o peito acelerando o passo, querendo chegar o quanto antes na Sala Precisa. Acho que deveriam mudar esse nome para 'Salão de Festas Proibidas'. No meio do caminho, já fui esbarrando com algumas pessoas que conhecia mas nunca tinha conversado. Nenhuma delas paravam para conversar, ou trocar uma idéia já que Filth poderia estar por aí, apenas esperando o momento certo para agir.

Perto do destino, encontrei com Parvati e Dylan que vinham da outra direção, abraçados e rindo de alguma coisa que o rapaz disse. Parei esperando-os com um sorriso no rosto, Parvati acenou e enganchou num dos meus braços, andando os três sem muitas conversas para não fazer barulho.

Ao chegarmos à porta, tinha um aluno do sexto ano encapuzado ao máximo pegando os convites daqueles que estavam chegando. Tirei o meu do bolso ficando a frente deles, entreguei ao garoto que olhou diferente para mim e para Parvati. Deve ter estranhado o fato de duas grifinórias irem a uma festa predominantemente sonserina. Ao entrarmos, Dylan disse que ia com seus amigos e deixou Parvati comigo.

- Merlin, está lotado. – Soltou Parvati grudando em meu braço assustada.

Sim, estava mesmo lotado. Toda a Sonserina e Corvinal estava ali. Havia poucos lugares vazios, e esses que estavam vazios ou estavam sujos, ou perto dali, estava um casalzinho ou pessoa indesejável. Adam é mesmo popular, tinha que aceitar.

- Onde está o Adam? – Sorriu maliciosamente e eu suspirei.

- Não me interessa onde ele esteja. – Disse irritada; Parvati fingiu acreditar e me arrastou para as bebidas. Pegamos, cada uma, um copo de Fire Whisky e depois fomos até um dos locais mais vazios e que desse para sentar.

Lá, estava abafado, tinha uns sofás, umas cadeiras, caixas, qualquer coisa sólida que pudéssemos sentar. Nos sentamos numa caixa que tinha acabado de ficar vaga. Tirei meu casaco o deixando do lado e arrumei minha blusinha quando, no mesmo momento, ocorre uma briga lá no meio da pista. Como não tem nenhuma pessoa responsável para apartá-los, formou-se uma rodinha e 'Briga! Briga! Briga!' era o que predominou. A música até ficou mais baixa.

Parvati subiu na caixa para ver o espetáculo com um sorriso malicioso no rosto, me arrastou também e ficamos as duas em pé. Dois garotos saindo na porrada não era nada legal muito menos excitante. A música aumentou de novo quando alguem sensato estuporou os dois que saíram do meio das pessoas. Voltamos a nos sentar terminando com aquele copo de bebida.

A música era agitada, eletrônica e ótima para dançar. O que eu estava fazendo sentada ali, não sabia. Deixei o copo em cima da caixa, me levantei e arrastei Parvati para o meio. Ela dizia que estava muito cheio, que Dylan estava de olho e eu nem ouvia. Estava ali para me divertir.

Parvati demorou para se soltar, mas quando soltou, revelou-se uma dançarina de primeira categoria. Descíamos até o chão, rebolávamos, até cantávamos a música; Pensei que não sabia, mas a cantou inteira. Várias pessoas ficaram nos olhando, mas nem estávamos ligando.

Descíamos mais uma vez e subamos com os nossos corpos colados; Ouvi um cara dizendo para seu amigo que isso, era a maior fantasia de um homem. Soou até obsceno, aliás, tudo que estava acontecendo nessa festa era obsceno. Afaguei meus cachos deixando-os mais fofinhos e mordi meu lábio inferior. Um desses caras, pegou na minha mão e logo me soltei.

Comecei a reparar nas pessoas ao meu redor, pela primeira vez, algumas nos olhavam com olhares reprovadores, outras dançavam piores do que eu e Parvati; Tinha aqueles esquisitões que dançavam de um jeito próprio mas engraçado e tinha aqueles que simplesmente paravam, e ficavam olhando para sua cara lhe desejando até o último fio de cabelo.

Parvati disse que queria sair daquele lugar abafado e beber alguma coisa. Concordei abrindo espaço para poder passar. Fomos até a mesa, me encostei nela passando a mão sobre meu pescoço que ameaçava suar. Ela pegou duas garrafinhas de cerveja amanteigada e eu falei que isso, era coisa para criança. Peguei uma das garrafas mais caras e mais poderosas que tinha ali e servi dois grandes copos para nós.

Não quis beber antes de cheirar, mas eu propus um brinde.

- Brinde a que?

- Ah, a- - Olhou dos lados. – ao nosso divertimento? – Aceitou batendo seu copo com o meu e virando aquilo junto comigo. O copo desceu como água; Garotos que estavam por ali, assobiaram e soltaram cantadas baratas que tive vontade de mandá-los para aquele lugar.

Dylan apareceu, para o meu desanimo. Ele ia pegar Parvati e tirá-la de mim, mas não fez isso, apenas beijou seu pescoço e pegou um copo de alguma bebida aí, disse que voltaria com seus amigos e que não era para ela ficar aprontando sem ele. Parvati estava mesmo gostando desse cara, ria com tudo que ele fazia.

Se ele respirava, era motivo de graça e admiração da garota. Era até engraçado para quem olhava de fora. O ambiente já estava começando a ficar mais do que abafado, numa dessas olhadas para as pessoas, encontro Draco, Adam e mais dois garotos que não reconheci imediatamente. Dylan saiu de perto de nós e foi justamente com eles.

Draco era amigo de Dylan, amigo de verdade. Minha respiração acelerou e aquele calor aumentou. Parvati dizia algo que eu não escutava, por causa da música e por causa do meu pensamento longe, mirado naquele grupo. Eu sei que Draco é amigo e inimigo de metade dessa escola, mas do Dylan? Isso me surpreendeu.

Eu tinha que ter parado de olhar antes...! Adam mirou em nós e sorriu maliciosamente. Desesperei-me virando para o outro lado e escondendo o rosto.

- O que foi, Mione? – Perguntou Parvati rindo pegando outro copo de bebida. – Viu quem para se esconder desse jeito? – Mirou onde estava olhando e riu novamente. – Ah, lá está ele! Seu príncipe encantado.

- Ele não é meu príncipe encantado! – Quase gritei virando-me para a mesa e me servindo de outra coisa bem cara e bem forte, para poder esquecê-lo.

- Então, tem outro? – Riu encostando-se a mesa também.

- Não! Não tem! – Sacudi a cabeça esclarecendo as idéias.

- Está se aproximando de nós... – Cantarolou virando-se de costas para mim e cruzando os braços.

- Não está... – Era mais um apelo do que uma afirmação.

- Está sim...! – Riu.

- Droga... – Soltei olhando para os céus. Olhei o copo que estava cheio, um líquido ouro velho que desceu rapidamente pela minha garganta.

- Você é a namorada do Dylan? – Perguntou aquela voz que não queria ouvir.

Não vire, não vire.

- Sou, Parvati Patil, prazer. – Parvati só podia estar bêbada!

- Adam McCartney, prazer. – Senti uma mão na minha cintura e logo me desviei ainda não me virando. – Qual é, Mi? Não vai falar comigo? – Gelei no mesmo momento.

Parvati ergueu uma das sobrancelhas e deixou seu copo, ainda cheio, em cima da mesa. Sussurrou algo como 'vou com o Dylan, quero deixá-los a sós'. Rolei os olhos desesperada, olhei para seu copo e o desci garganta abaixo. Não sentia mais o gosto de nada já que, tinha provado quase todas as bebidas daquela mesa em menos de dez minutos.

- Não precisa ter tanta vontade assim de beber. – Tirou o copo da minha mão.

Pela primeira vez na noite, o encarei. Eu estava ofegante, molhando os lábios e engolindo aquele gosto ruim que tinha na minha boca. Apertava os punhos e queria sair de perto dele. Adam estava com uma camisa branca com algumas coisas escritas em vermelho e preto que iam do seu peito até usas costas. Uma cala jeans, um tênis caro e uma colônia para deixar qualquer menina louca.

Eu já estava louca com o simples fato de já estar bêbada, imagina inalando aquele perfume inconfundível. Inconfundível, porque só ele consegue usar coisa tão enjoativa assim.

- Está simplesmente- - Aproximou-se de mim e colocou meu cabelo para trás, indo até meu ouvido. – linda.

- Que bom que achou. – Essa era minha deixa.

Comecei a andar em outra direção que não seja Draco, e que não seja Adam. O moreno era insistente até que me pegou gentilmente pelo braço e me trouxe para perto.

- Calma, não precisa fugir. – Me soltei também de modo gentil e sorri falsamente. – Só quero conversar, só isso.

Me engana, faça isso mesmo...!

- Podemos ir para um lugar mais reservado- - Pegou na minha mão. – O que acha?

- Não acho nada. – Me soltei e cruzei os braços.

- Além de eu ter te salvado várias vezes, ter te convidado para a festa do ano, você ainda me trata assim? – Se vez de vítima, adorava fazer isso e eu odiava ter que ficar vendo seu showzinho. – Vamos beber alguma coisa e depois, podemos conversar e nos conhecer melhor.

Tá, pare e analise sua situação. Você está numa festa sonserina, não conhece ninguém, sua amiga está com o namorado no mesmo metro cúbico que Draco Malfoy. Se for dançar sozinha, além dos moleques caírem em cima, posso morrer soterrada numa das brigas – sair com o olho roxo não é um desejo meu. O único que conhece e ainda, estava te oferecendo bebida e um papo legal, é aquele que você quer distância.

Engraçado não?

- Tudo bem. – Disse rapidamente o acompanhando até a mesa de bebidas.

Fomos até o mesmo lugar que eu e Parvati estávamos. Tinha um casal ali, quase se engolindo num dos amassos mais pervertidos que eu já vi na vida; Adam, sem nenhuma vergonha e uma tremenda cara de pau, expulsou os dois. Lembre-se: ele é o dono da festa.

- De todas as pessoas que eu convidei, você era a que eu tinha menos esperanças que ia aparecer. – Olhei-o confusa.

- Mas você ficou insistindo para eu vir! – Soltei rindo.

- Mas eu achei que você tinha se enchido de mim.

- E me enchi. – Olhei para frente num mero sorriso no rosto.

Eu estava dando espaço, então, não podia reclamar que a culpa foi dele.

- E está gostando? – Confirmei com um aceno de cabeça e dando um pequeno gole na bebida que desta vez, desceu queimando, contrário das outras. – Fiz apenas pensando em você dançando- - Aproximou-se do meu ouvido. – lá no meio...

- Ah, que legal... – Soltei fingindo estar animada, já não gostando da proximidade e daquela conversa.

- É serio, pensei que nunca viria, então, quando vi que todos já estavam chegando e você não, comecei a ficar desanimado.

- Desanimado? Você é o dono da festa! – Disse rolando os olhos.

- Mas essa festa não seria completa sem você. – Pegou no meio queixo e me virou para encará-lo nos olhos, alisou meu pescoço pegando em minha nuca e me trazendo ainda mais para perto.

Eu estava deixando, era certeza disso, mas nessa altura do campeonato, a bebida falava mais alto, não poderia negar que estava bêbada, pois estava mesmo.

- O que você quer? – Perguntei fechando os olhos por um momento.

Meu coração disparou, minhas mãos estava suando frio, meu copo estremeceu e meus pés adormeceram. Respirei fundo com dois centímetros de distância da sua boca.

- Je veux simplement vous...

- Mais je ne veux pas...

- Fala francês? – Roçou seus lábios nos meus.

- Ce n'est pas le moment de discuter de savoir si nous sommes ou non bilingue ...! – Colei meus lábios nos seus.

O copo foi para o chão, tomando cuidado para não derrubar na minha calça. Minha mão já foi no seu cabelo e me ajeitei naquela posição para sair daquele beijo desconcertado e mudar para algo com ritmo. O gosto das duas bebidas, em ambas as bocas me deu um certo enjôo, que não sabia ser era por isso ou pelo fato de estar beijando aquele que sempre neguei algo.

Só estando muito bêbada mesmo para fazer umas besteiras dessa! Pegou na minha cintura e me trouxe para mais perto, desceu a mão até minha coxa e eu até suas costas. A música nem fazia mais barulho, parece que tudo ficou no mais estremo silêncio.

Arregalei os olhos e me separei dele no mesmo momento me virando para um dos lados e abaixando a cabeça no canto, colocando meu almoço e meu jantar para fora. Senti-me tão enjoada que não consegui me segurar.

- Não posso acreditar que me beijar é tão ruim assim! – Brincou limpando os lábios e me colocando de pé, mas eu estava um pouco mole e tonta. Segurei-me nele colocando uma das mãos no rosto e limpei a boca rapidamente. – Vamos beber mais alguma coisa. – Sorriu maliciosamente me arrastando até a mesa e me dando um copo de Fire Whisky; Para tirar aquele gosto da minha boca, ia tudo.

Ele bebia seu copo me olhando maliciosamente, me fazendo ficar totalmente corada e evitar, de uma vez por todas, o encarar. A música estava mais alta ainda e fazia minha cabeça latejar. Ele deixou seu copo em cima da mesa, pegou o meu e também deixou e me pegou pela cintura, me trazendo para mais um beijo, só que agora, não era aquele desastre como foi quando estávamos sentados, era uma coisa bem melhor.

O que eu estava fazendo?!

***

- ANDA LOGO, CARALHO! – As pessoas são bem educadas, não?

Passei uma das mãos no rosto finalmente abrindo os olhos. Estava num chão duro explodindo de dor de cabeça, meus olhos doíam, meus pés estavam sem sandálias mas latejavam e tinha um gosto horrível em minha boca. Mexi-me e senti algo se mexer também. Ajeitei-me no chão coçando a cabeça e bocejando quando vejo Adam também sentado ao meu lado, dormindo com a camisa aberta e uma garrafa de alguma bebida perto do seu braço.

Droga, onde estava? Não consigo lembrar de quase nada. Coloquei uma das mãos na testa e sacudi a cabeça mas isso foi um erro, soltei um gemido de dor e olhei em volta. Afastei a caixa que estava na nossa frente e reconheci aquela Sala com poucos alunos. Alguns arrumavam a bagunça que estava, outros se levantavam escorados por amigos, outros ainda dormiam.

Apenas vinte pessoas, pelo que eu contei. Tentei me levantar, mas meus pés estavam doendo de mais. Sentei-me numa das caixas de frente para Adam tentando me lembrar de tudo que aconteceu ontem e noite. Mais a frente, tinha um moleque esticado no chão agarrado a sua garrafa, fui até ele com dificuldade e vi que horas eram em seu relógio de pulso. Eram mais de dez da manhã.

Dez da manhã?! Quer dizer que eu dormi nesse chão duro e sujo a noite inteira?! Botei as duas mãos na cabeça e suspirei quando sinto uma mão na minha cintura e beijos no meu pescoço.

- Estou morto... – Soltou rindo e em meu ouvido. Soltei-me de Adam quase lhe batendo.

- Como você pode dormir aqui?! – Perguntei ofegante e pegando minhas sandálias que estava uma a dez metros de nós, e outra do meu lado.

- Assim como você, Mi. – Pegou na minha mão e quis me beijar mas eu me soltei.

- Sabe que horas são?! – Perguntei quase gritando acordando alguns condenados.

- Sei lá! Sete?

- Dez! – Meneei e fui até a porta.

- Ah, Mi, já estamos aqui mesmo, que tal aproveitarmos mais um pouco? – Me agarrou novamente e eu me soltei.

- Eu preciso de um tempo, Ok? – Saí da sala colocando minhas sandálias.

Droga, droga, droga! Se pelo menos eu lembrasse o que aconteceu, eu estava mais tranqüila mas não tempo nada depois daquele beijo. Eu posso ter pirado, ficado só de lingerie e dançado em cima de qualquer caixa daquela... ! Que horror, Hermione, pare de pensar assim.

Entrei dentro do primeiro banheiro feminino que vi, expulsando algumas meninas do terceiro ano que me olhavam assustadas; Não era para menos, quando me olhei no espelho, quase gritei.

Meu cabelo estava totalmente fora do lugar e totalmente armado, meus olhos fundos e vermelhos, a maquiagem borrada e a minha boca vermelha como meu pescoço. O que eu fiz, Meu Merlin?! Apoiei-me na pia e abri a torneira. Tirei meu anel e passei água no meu rosto, nos meus pulsos e na minha nuca. Suspirei me olhando novamente no espelho, estava pálida de mais.

Sequei-me e peguei meu anel novamente só que, como estava com uma mão furada daquelas, o anel acabou caindo dentro da pia, tentei pegá-lo só que sambava naquela louça até cair ralo adentro.

Era o anel que Draco me dera! Ele caiu no ralo!

MEU DEUS! Levei uma das mãos na testa e tentei pegá-lo enfiando o dedo mas não conseguia. Droga, Droga, Droga! Vou repetir isso até não querer mais! COMO EU CONSIGO FAZER ISSO?! Apalpei minha calça atrás da minha varinha mas tinha esquecido que nunca a levo para festas. E agora?!

Andei pelo banheiro desesperada, levando as mãos no cabelo e na boca imaginando como Draco ficará uma fera quando descobrir. Sentei-me num dos bancos e apoiei-me nos joelhos, com a cabeça entre eles. Meneava com a cabeça várias vezes até que escuto a porta se abrir. Uma menina do quarto ano, eu acho, entrou e já foi até um dos reservados, mas eu a impedi ficando a sua frente e segurando em seus ombros.

- Me dá sua varinha! – Ordenei gritando.

- O que há com você?! – Perguntou assustada.

- Só me dá sua varinha!! – Gritei ainda mais. Pegou sua varinha e me entregou tremendo. – Obrigada! – Sorri largamente e fui até o cano. – OK, Hermione! OK, acho que deve estar entalado porque o cano é fino de mais! Então, é só achar aonde ele caiu e arrebentar o cano! – Ri desesperada. A menina tinha ficado atrás de mim, com as costas curvadas e as mãos nos joelhos, apenas olhando o que eu estava fazendo.

Respirei fundo e fechei os olhos, apontei para uma parte do cano e o arrebentei, só que como não conheço nada de encanamentos, acabei estourando um dos canos que leva água até a torneira. A água começou a jorrar na minha cara e na cara da menina fazendo as duas irem para ao chão. Gritei colocando uma das mãos na frente do rosto até a menina pegar a varinha da minha mão e estancar a água.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! – Perguntou a mim.

- Eu que-quero- - Me sentei no chão respirando fundo e ameaçando chorar. – EU sou uma inútil! Eu não sei fazer nada! Eu não sei!!

- calma! – Gritou também. Pegou a varinha e apontou para o cano que leva a água usada para o esgoto, o abriu e logo de primeira, achou o anel. – É isso? – Olhei o anel com os olhos lacrimejados e pulei no pescoço da menina.

- OBRIGADA! MUITO OBRIGADA! – Disse chorosa.

- Ok, Ok, só me largue... ! – Pediu numa voz abafada.

- Oh, desculpe... – Sentei-me no chão e o coloquei no dedo sorrindo largamente.

A menina me chamou de doida e se olhou no espelho, estava respingando água, rolou os olhos e saiu do banheiro rapidamente ainda me xingando. Eu me levantei num sorriso de orelha a orelha que se foi minguando ao me ver totalmente molhada. Como eu vou para o dormitório nesse estado?!

Tentei me secar com todos os papéis que tinha naquele banheiro só que ainda, estava pingando. Rolei os olhos e fui até a porta. Tomei coragem, respirei fundo e sai cruzando os braços com o frio que estava. Não era para menos, você estava ensopada, Hermione, e ainda sem casaco! Meu casaco! Não! Ficou na sala! Não vou voltar para pegá-lo.

Comecei a correr atropelando todos que via, alguns riam, outros se perguntavam de onde eu tinha saído. Subi as escadas rezando para que nenhum dos professores me visse naquele estado. Apertava os braços contra o peito mais e mais até passar pela Mulher Gorda e entrar na Sala Comunal da Grifinória.

Era domingo de manhã, todos estavam lá, então, estava simplesmente ferrada. Parei ao colocar o primeiro pé para dentro, algumas pessoas me olhavam confusas, cruzei os braços e atropelei todos até esbarrar em alguém. Era Gina, e trazia um copo de Chocolate Quente e eu fiz o favor de derrubá-lo no chão.

- Olha por onde anda, Gran- - Parou ao meu ver daquele estado. Examinou de cima a baixo e abriu um sorriso malicioso.

- Sai da minha frente, Gina, eu tenho mais o que fazer. – Empurrei ela pro lado e comecei a subir as escadas rapidamente.

Entrei no dormitório trincando os dentes de frio. Todas me chamaram mas eu não ouvi, peguei minha toalha e entrei no banho.

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