Malditos Oráculos




Capítulo XXIII


Malditos Oráculos



É, eu não consegui me concentrar novamente. Depois que Luna foi embora, Tony apareceu, com certeza eu não me concentrei. Contei-lhe o que tinha acontecido e ele ficou surpreso, não imaginaria uma coisa dessas da 'certinha' da Luna. Ao final, vimos que a culpa não é totalmente da loira, ela também tinha seus motivos, talvez a culpa até seja minha.


 


Faltava quinze minutos quando pegamos o caminho para o auditório. Ao entrarmos, já tinha uma porção grande pessoas do sétimo ano. Eu tinha que ficar em cadeiras separadas, perto dos professores, então, Tony se despediu com um pequeno beijo me desejando sorte. Sorri retribuindo e fui até meu acento. Neville já estava lá, assim como Dino e a outra menina que ainda não sabia o nome.


 


- Está nervosa? - Perguntou Neville.


 


- O que você acha...?! - Minhas mãos suavam. Abri minha bolsa, peguei meus instrumentos, minhas folhas e dei uma lida minuciosa.


 


Eu nem vi o tempo passar, meus pensamentos foram interrompidos por Minerva que entrara no local e saudava a todos. Levantei-me, deixando as minhas folhas em cima da cadeira. Ficou dez minutos falando e falando, quase dando um sermão indireto em nós. Disse que todos temos que encarar esse seminário como uma aula extra, e ameaçou os baderneiros com trabalhos sobre os assuntos.


 


O primeiro ia ser Dino, falaria sobre Runas Antigas. Mesmo não querendo confessar, eu sabia tudo desse assunto, então, aproveitei para dar mais uma estudada. Um dos tópicos do trabalho seria a o seminário de, no minimo, quinze minutos. Pelo jeito, Dino ocupará bem mais do que isso.


 


Neville também foi esperto e releu todas as suas anotações, poderíamos usá-las, contando que não leia-as fielmente. Cada minuto que passava parecia uma eternidade. Antes, eu até estava sentindo um pouco de cansaço, de sono, mas agora, tudo foi pro espaço.


 


Naquele segundo, Dumbledore entrou discretamente, sentando-se em uma das cadeiras. ESPERA UM MINUTO, quem disse que Dumbledore ia participar disso?! Tentei focar meus olhos na platéia, atenta e devoradora.


 


Reconheci Harry, Ron – que fazia tudo, menos prestava atenção naquilo – Parvati, Anne, Sarah, Tony estava logo ali em baixo com mais alguns meninos. Subi meu olhar e dei com os olhos de Draco, me olhava profundamente, minha espinha até arrepiou. Desci o olhar e reconheci Dylan, Adam-Filho-da-Puta e mais meninos da Sonserina. É, todos estavam em peso.


 


As palmas invadiram o silêncio do Salão. Dino agradeceu e sentou-se.


 


- Caramba... - Soltou passando uma das mãos na testa. - É uma sensação horrível!


 


- Valeu, cara... - Ironizou Neville.


 


- Você foi super bem.


 


- Espero que a Minerva pense como você, Mione. - Apoiou-se na cadeira passando mais uma vez a mão na testa.


 


Era a vez da garota. O nome dela era Rebecca Willians, ela ia falar sobre História da Magia, outro assunto super interessante...! No começo, ela gaguejou, esqueceu o que tinha que falar, o auditório inteiro ficou na espectativa.


 


- Vai, você consegue... - Soltou Neville quase levantando da cadeira.


 


Meu Merlim, e se acontecer uma coisa dessas comigo?! Eu não irei saber o que fazer, ficarei olhando para essas pessoas a minha frente, essas dezenas de pessoas, mais todo corpo estudantil dessa escola sem uma palavra concreta saindo da minha boca.


 


Pare de pensar nisso, Hermione! Pare agora antes que você pire por completo.


 


Rebecca começou a explicar seu tema, as vezes, o professor de História da Magia ou até Minerva a interrompia e fazia alguma pergunta sobre algum dos assuntos que ela deixou escapar. Era torturante, parecia que a menina ia entrar em colapso a qualquer hora. Ao contrário de Dino, que disse tudo calmo e certo, ela estava ainda mais nervosa com cada pergunta que aqueles miseráveis faziam.


 


- Será que eles vão fazer perguntas a nós também? - Perguntei me inclinando aos poucos perto de Neville.


 


- Desculpe a franqueza, mas eu tenho certeza que McGonagall te bombardeará de perguntas.


 


- Obrigado, Neville...! - Rolei os olhos voltando a ficar reta na minha cadeira.


 


Ao terminar, todos aplaudiram e a cara da professora não foi a das melhores, fez anotações no pedaço de pergaminho a sua frente e voltou para nós com um sorriso. Só faltava eu e Neville, com certeza, ela me deixará por última.


 


Minerva McGonagall era uma bruxa, no sentido figurado da palavra. Ela poderia ser a bruxa má de todas as histórias da Branca de Neve, a Madrasta da Cinderela. Por que será que toda professora que pega no seu pé, é aquela que você mais tem contato?


 


Seminários como esse, não deixam de ser um ato de humilhação pública, onde a platéia solta coisas como: que bom que é ele que está lá, e não eu. Poderia muito bem ser substituído por algum trabalho escrito, ia ser tão mais fácil e tão menos constrangedor. Adolescentes, como nós, não querem ser expostos dessa maneira.


 


- Senhor Longbottom. - Disse fazendo um movimento com a cabeça.


 


Maldita.


 


Neville levantou-se, pegou suas anotações, mais algumas coisas que eu lhe emprestei como um esqueiro – não queiram saber o que eu faço com um esqueiro na minha bolsa – meu iPod e assim vai. Deixou tudo em cima da pequena mesa redonda de pé firmes que tinha no meio daquele 'palco' e tossiu para limpar a garganta.


 


Por um momento, olhou todos, me olhou, olhou Dino e Rebecca, e por último, os professores e Dumbledore. Esfregou uma mão na outra e suspirou bem fundo.


 


- Bom, - Só faltou o barulho dos grilos. - eu irei falar sobre o Estudo dos Trouxas. - Tossiu mais uma vez. - É um assunto complicado para bruxos que quase não tiveram contato com esse mundo. As- Pego sua folha e deu uma olhada. - Os trouxas são pessoas que não nasceram bruxos e-


 


- Sério?! - Uma voz saltou do auditório e logo seguidos por risadas.


 


- Silêncio! - A voz dura de McGonagall sessou o barulho.


 


- Sua vida é muito interessante, por exemplo, eles não têm que fazer, sem nenhum auxílio de magia, a limpeza da casa, da garagem, do jardim, enfim, fazem o trabalho doméstico eles mesmos. - Torcia os dedos e andava de um lado ao outro, tentando não olhar para ninguém.


 


- Senhor Longbottom, me conte sobre os transportes trouxas. - Interrompeu McGonagall olhando suas anotações logo em seguida.


 


- Eles usam caros normais, ônibus térreos ou com dois andares, para voar, usam aviões, usam também os trens, metrô, bicicletas, patins, skates, eles não se incomodam de passar um dia inteiro em uma viajem de avião fazendo várias escalas pelo mundo para chegar ao seu destino. Eles não tem o recurso de, em um estalo, estar em outro lugar.


 


McGonagall estava atenta a todas as palavras daquele garoto, fazia algumas anotações, voltava a olhá-lo, Neville estava até que indo muito bem. Seu próximo assunto, foi o tipo de vida que os trouxas levam, comentou o trabalho, o lazer, a vida em si que uma pessoa sem dons mágicos poderia levar.


 


Finalmente, foi até os instrumentos que trouxera.


 


- Esse é um reprodutor de música portátil. - Pegou meu iPod e o mostrou. - Não é como nossos rádios velhos, é bem avançado e com um toque, pode-se ver vídeos, ouvir músicas, jogar e mais infindáveis coisas.


 


Fez demostrações com o aparelho e depois, pegou o esqueiro.


 


- Nós, para acender alguma coisa, recorremos a varinha, falando alguns feitiços, os trouxas usam esse esqueiro, levam no bolso para onde preferirem, é bem prático, sabe, é só você abrir aqui- - Não estava conseguindo, algumas risadas surgiram ao fundo e eu passei uma das mãos no rosto meneando com a cabeça. - tá meio difícil.. - Correu para meu lado e pediu para que eu o abrisse. - Não tá indo! - Sussurrou me olhando desesperadamente.


 


- Deixa eu tentar.


 


Com uma das mãos segurando as folhas com todas as minhas anotações, eu tentei pegar aquele esqueiro e fazê-lo funcionar. As folhas estavam bem perto do objeto, e eu nem me toquei. Quando consegui abrí-lo, estava em chama alta e incendiou todas as minhas folhas. Sentindo o calor, as larguei e em segundos, elas viraram cinzas. Pergaminhos pegam fogo mais rápido do que qualquer outra folha, essa foi a grande falha.


 


Meus olhos ficaram enormes, meu queixo caiu e meu ar pareceu não querer entrar para dentro dos pulmões. Todo meu trabalho, minhas anotações, minha carreira escolar tinha virado pó.


 


- Oh! - Soltou Neville.


 


- Senhor Longbottom, pode prosseguir, por favor. - Pediu McGonagall indicando o centro do palco.


 


Neville ficou um pouco atrapalhado e voltou até a sua apresentação. Era impossível salvas alguma coisa dali, estava tudo inlegível. E agora?! Como eu vou fazer a minha apresentação?!


 


Por que essas coisas só acontecem comigo?!


 


Nesses meus pensamentos pesados e culpados, nem percebi, mas Neville já tinha terminado sua apresentação, e agora, como última, era a minha vez. Ele voltou-se ao seu acento pedindo milhares de desculpas e eu estava ligeiramente ansiosa, nervosa, medrosa e furiosa.


 


- Por fim, Senhorita Granger. - Pediu com um mero sorriso nos lábios.


 


Todos olharam para mim e eu continuei sentada pensando o que eu ia fazer naquele momento. Relaxe, Hermione, você estudou pra caramba, um pouco você sabe. Mas esse um pouco, pode ser meu passaporte para a reprovação.


 


- Senhorita Granger, por favor. - Indicou o meio do palco e minhas pernas fraquejaram.


 


- Vai lá, Hermione, você consegue! - Disse Neville me encorajando assim como Dino.


 


Peguei algumas coisas que tinha trazido para ilustrar meu trabalho e me dirigi nervosamente para o centro do palco. Deixei as coisas em cima da mesinha, voltei-me a grande platéia e juntei as mãos. Do mesmo jeito que Neville, encarei todos antes de começar.


 


- Quando quiser, Senhorita.


 


Cala a boca, velha idiota! Pensei enquanto suspirava e abria a boca para começar.


 


- Er- - Limpei a garganta. - Bom, boa tarde a todos, sou Hermione Granger, como a maioria deve saber- - Você não disse isso! - e hoje, eu vou falar sobre Adivinhação. Adivinhação não é, e está longe de ser a minha matéria favorita, mas se o professor Dumbledore- - Olhei para ele um momento tremendo dos pés a cabeça. - escolheu para mim, ele deve ter uma ótima razão.


 


Quer indireta melhor do que essa?


 


- Como aconteceu um mero acidente com as minhas anotações e todo meu trabalho virou cinzas minutos antes de eu estar aqui, eu tentarei falar o máximo que sei sobre esse assunto. - Alguns gemidos, alguns sussurros. - Bem, eu escolhi os Oráculos, não é a parte mais fácil, nem a parte mais difícil, mas é bem abrangente. - Suspirei olhando para a ponta dos meus dedos. - Oráculos são meios do homem conseguir prever o futuro. Pode ser tanto pedras, como cartas, amuletos, borras de café e estrelas. - Dei a volta na mesinha passando a mão sobre algumas coisas que eu trouxe.


 


Estava tentando fazer aquilo que Tony me disse, tentava focar em tudo, menos naquelas pessoas a minha frente. Ele também disse para imaginar todos sem roupa, mas seria uma visão deplorável, com certeza.


 


- Atualmente, prever o que acontecerá no dia seguinte, deixou de ser algo incomum, e até no mundo dos trouxas, passou a ser um ato corriqueiro. - De onde eu tirei essa palavra?


 


- E como os trouxas prevêem o futuro, Senhorita Granger? - Perguntou McGonagall.


 


- Eu já ia chegar nessa parte, professora, só tenha um pouco de calma. - Disse me virando completamente para ela, dizendo entre os dentes, deixando bem claro a minha raiva para com ela. - Entre os mais populares, estão os horóscopos que podem prever desde um dia até uma vida inteira, em categorias como relacionamento amoroso, finanças, trabalho e saúde. Por exemplo,- - Peguei uma revista trouxa de Horóscopo. - No dia de hoje, no meu signo Virgem, aqui diz que “você pode estar entrando numa fase difícil da sua vida, encare os acontecimentos com mais maturidade e não cometa nenhum ato precipitado.”, ele quer dizer que hoje eu estou fazendo um seminário que pode mudar ou não a minha vida e pede para para que eu não cometa nenhum ato precipitado, como – Pensei um pouco. - arrancar a cabeça de alguém com os dentes. - As risadas foram coletivas, olhei lentamente para McGonagall e continuei minha apresentação.


 


Deixei a revista em cima da mesa e voltei ao público, estava um pouco mais calma.


 


- Os oráculos podem ser anjos, mesmo não sendo muito convincente. - Peguei um grosso e pequeno livro, abri até a minha marcação. - Por exemplo a 38ª Força, HAAMIAH. “As pessoas nascidas sob influência deste anjo, quase sempre dão um caráter sagrado a cada uma de suas ações, inclusive as mais corriqueiras. São defensores das liberdades individuais e freqüentemente aceitam com naturalidade aquilo que poderia espantar a média das pessoas.” Esse anjo é correspondente ao dia em que eu nasci e também aos dias 12/02, 26/04, 08/07 e 01/12, traduzindo, pessoas nascidas esses dias, fazem de suas ações as melhores, sempre dão o máximo de si, e não se impressionam com qualquer coisa. Para mim, eu achei uma grande mentira porque eu me espanto com qualquer coisa. - Mais algumas risadas.


 


- Hermione, qual é o anjo do dia 15/06? - Perguntou uma menina.


 


- Deixe-me ver... - Folhei o livro. - Aqui, anjo HARIEL, “Quem nasce sob esta influência, tem grande pureza de sentimentos, é simples mas refinado para os valores materiais e sociais. Irresistivelmente perfeito, terá tendência a estudos das ciências esotéricas, organizando associações, promovendo conferências ligadas ao assunto e trabalhando para instituir a legalização nas atividades esotéricas ou alternativas.”, também aparece nos dias 03/04, 27/08, 08/11 e 20/01, alguma dessas coisas combina com você? - Concordou. - Para alguns pode funcionar, para outros não. Adivinhação não é uma ciência exata, venho defendendo esse título desde quando conheci essa arte.


 


Deixei o livro sobre a mesa e peguei a xícara de café.


 


- Continuando, os árabes acreditavam na cafeomancia, a arte de ler o futuro nas borras de café. Ela foi muito usada pelas odaliscas dos antigos sultões. - Analisei aquela xícara já feita com a borra de café. - Esse é oráculo ajuda no desenvolvimento da intuição, facilitando a comunicação espiritual e é um exercício para a percepção espiritual, a medida que se tenta desvendar os significados dos símbolos. Essa xícara, quem fez foi o senhor Goldstein, - Disse num sorriso olhando para ele. - aqui é fácil identificar vários símbolos, à esquerda, como a parte que fala do passado da pessoa, há um formato de cadeira ou algum acento do gênero, pode ser reflexo da preguiça excessiva. - Riram. - E do lado direito, referente ao futuro, tem uma banana- - Mais risadas. - é relacionado ao fato de se declarar. - Assobios e logo senti minhas bochechas queimarem. - Bom, as borras estavam certas. - Risadas e assobios renderam um pedido de silêncio de McGonagall.


 


Deixando a xícara de lado, fiquei um pouco perdida, olhei as coisas em cima da mesa e tentei lembrar qual era o próximo assunto.


 


- Er, - andei de um lado para o outro, parei e encarei a primeira pessoa que achei, Harry. Lógico, os sonhos. - Por fim e não menos importante, os sonhos. Há séculos os sonhos têm sido motivo de estudo para vários pesquisadores que os definem como "estados de consciência que ocorrem durante o sono". O sonho está ligado às nossas mais profundas experiências. Nos sonhos, muitas vezes, nós criamos um mundo em que o espaço e o tempo não possuem poderes restritivos.


 


- A senhorita já teve sonhos premunitivos?


 


- Oh, sim, quem não teve?! - Ironizei sem perceber. - Eu acho que para ser uma premonição, você precisa ver perfeitamente o que acontece, tem sessações, acordar assustado a noite, ficar pensando naquilo milhões de vezes até acontecer. Vai de cada um. - Voltei a olhar para o público.


 


- Mas- - Voltei a encará-la. - se você seguir fielmente o que um sonho lhe mostra, e no final, aquilo não aconteceu como imaginado, você pode pensar que isso foi uma peça que sua mente pregou em você.


 


- Perfeitamente.


 


- Senhorita Granger, - Agora, quem falava era Dumbledore, para meu espanto. - quem prevê o futuro, para a senhorita, claro, é considerado um sortudo?


 


- De jeito nenhum. - Alguns sussurros. - Prever para quê? Ficar paranóico? - Dei uma pequena risada óbvia. - Já sou paranóica naturalmente, imagine se previsse o futuro. - Mais risadas.


 


Dumbledore deu um pequeno sorriso e depois olhou Minerva significativamente.


 


- Prosseguindo, eu trouxe alguns instrumentos, dentro deles, um Porta Retrato Refletor. - O peguei e mostrei a todos. - Ele pertence ao senhor Potter, eu pedi emprestado pois nunca tinha viso nenhum objeto semelhante. Ele funciona do seguinte modo: há três chaves, uma do passado, uma do presente, e uma do futuro. A chave do futuro está bem guardada, não queremos nos aventurar naquilo que não conhecemos. - Peguei a chave do passado e fui até Neville. - Use a chave do passado, pensei em algum fato e o porta retrato te mostrará. - Já estava combinado, Neville ia pensar em nada constrangedor, lógico.


 


Pensou no dia em que ganhou seu sapo, Trevo. Uma cena muito fofa...


 


- Ele mostra o presente, o que as pessoas estão fazendo naquele instante, mostra o passado, fatos que apenas você conhece e prevê o futuro. - Neville me devolveu. - Essa pode ser uma importante e muito perigosa arma na mão daqueles que não sabe usá-lo, pode levar os mais sábios homens a loucura, por isso, que sumiram com a chave do futuro.


 


Guardei as coisas e olhei todos novamente.


 


- Alguma pergunta? - Uma menina levantou a mão.


 


- Quantos objetos desses há no mundo?


 


- Que eu saiba, três. - E mais uma mão se levantou.


 


- Por que não estudamos isso na escola? Até hoje, eu nunca tinha ouvido falar sobre essa coisa.


 


- Não pergunte a mim, pergunte aos professores.


 


- Não estudamos objetos como esse pois o- - Dumbledore parou. - não caberia na grade escolar. - Não era isso que ele ia falar.


 


- Sem mais perguntas? - Silêncio, graças a Deus. - Professores? - Nenhum deles. - Ótimo, est la grande finale.


 


Aplaudiram e eu agradeci. Minha vontade era de sair correndo gritando milhares de palavrões, arrancar toda roupa e pular naquele lago gelado, mas eu me contive, peguei minhas coisas e me sentei.


 


- As quatro apresentações foram excepcionais. Os quatro alunos fizeram por merecer, as notas saíram um semana antes dos NIEM's, isso é um recado a todos: a vida não irão lhe dar mais oportunidades como essas, aprendam a agarrar todas as oportunidades com unhas e dentes. - Terminou McGonagall dizendo que estavam dispensados.


 


Suspirei tirando um caminhão de minhas costas. Peguei todas as minhas coisas enfiando dentro da minha bolsa e peguei a saída como todos. Lá fora, Tony me esperava com um sorriso no rosto.


 


- Caramba, você arrasou. - Me deu um beijo pegando no meu rosto com as duas mãos. - Mesmo sem as suas anotações, você falou super bem.


 


- Segui seus conselhos.


 


- Ah, imaginou todos pelados?! - Riu.


 


- Não, seu bobo! Tentei falar como se estivesse conversando.


 


Passou a mão pelo meu ombro e me conduziu até um lugar mais reservado.


 


- Seguinte: Como comemoração por você, Neville e o Dino, vamos ter 'festa' hoje lá na sala da Grifinória, todo o sétimo ano, sem nenhum pirralho do sexto!


 


- Pode deixar, eu irei com certeza. - Me aproximei lentamente mordendo os lábios e dando um beijo demorado e picante. - Agora, só quero um banho.


 


- E eu posso te acompanhar? - Sorriu maliciosamente.


 


- Lógico que pode, senhor Goldstein.


 


- Obrigado, senhorita Granger. - Riu me dando mais um beijo.


 


***


 


- O ridículo do Córner deu em cima da Parvati e quase que o Dylan arrebenta ele no meio! - Todas nós rimos.


 


Estávamos na Sala Comunal da Grifinória, todas nós com nossa básica garrafa de cerveja amanteigada em uma das mãos, sentadas algumas na mesa e outras duas em uma poltrona. A música rolava, todos os alunos Grifinórios do sétimo ano estavam lá, não perdiam uma farra nem por decreto.



- Estranho sem a Deena, não é? - Soltou Parvati um pouco triste.


 


- McGonagall me disse que ela está bem, ela já acordou mas ainda está fraca.


 


- Coitada... - Soltou Anne.


 


- Cadê a Meg? Eu não a vejo desde manhã.


 


- Deve estar com algum moleque por aí... - Soltei com um pouco de maldade dando mais um gole na minha bebida.


 


- E aí, meninas? - Tony se aproximou me abraçando por trás e beijando meu pescoço. No mesmo momento, Sarah inventou uma desculpa qualquer e subiu para o quarto. - Foi alguma coisa que eu- -


 


- Não, relaxa. - Soltei lhe dando um pequeno beijo olhando a morena subir as escadas.


 


Harry desceu as escadas com Ron, o ruivo nutria uma cara fechada e um bico do tamanho de um bonde.


 


- Vamos lá com os meninos. - Disse para Tony e piscando para as meninas. Entrelacei seus dedos nos meus e fui até Harry, Ron, Neville e Dino que estavam sentados perto da janela que se encontrava aberta para ventilar um pouco aquele ar abafado daquele lugar.


 


- Me desculpe, de verdade, Hermione! - Pediu Neville mais uma vez.


 


- Esqueça, Neville, ocorreu tudo na mais tranqüila apresentação. - Disse sorrindo. - O que você tem?


 


- Nada, Hermione. - Disse Ron com a cara fechada. Encarei Harry e ergui uma sobrancelha. - Tá, amanhã eu vou falar com a Deena.


 


- Você devia ficar feliz, ela está bem.


 


- Mas está lá, Hermione!


 


- Não vamos começar... - Soltou Harry aborrecido pegando um copo de FireWhisky. Fui seca pegar o copo da sua mão mas desviou. - Nem pensar. - Disse divertido.


 


- Por que? - Soltei tristonha. - Dá só um golinho! - Tentei pegar.


 


- Você fica 'alta' rapidinho, Hermione, esquece! Sem vexames hoje. - Riram.


 


- Eu tomo dele, tá?! - Mostrei a língua e peguei o copo de Tony virando em uma tacada só.


 


- Depois, você cuida, Ok? - Disse Harry apontando para Tony.


 


- Com o maior prazer... - Beijou meu pescoço.


 


Deixando Tony com os meninos, voltei a fazer companhia para as meninas, agora, só Parvati e Anne. Não pensem que eu esqueci da Anne em cima daquele palco, arrasando.


 


- Hm, eu não lembro quem canta uma música... - Disse fingindo estar intrigada.


 


- Que música? - Perguntou Parvati.


 


- Ela é mais ou menos assim: Shut up and let me go... - E fiz alguns sons.


 


- É dos The Ting Tings. - Respondeu no ato.


 


- Ah, a música que você cantou quinta é deles? - Disse num sorriso largo e um olhar malicioso. Anne ficou mais branca do que de costume, Parvati ficou extremamente confusa, mas nem liguei. - Não foi essa? Será que eu estou enganada? - Me fingi de esquecida. - Ah, qual é, Anne! Fala aí, você é louca por esses caras, né?


 


A loira estava realmente em choque.


 


- Não- Limpou a garganta. - Não sei o que você está falando, Her-Hermione. - Gaguejou.


 


- Ah, sabe sim! Eu até gritei para você me dar um autógrafo e você disse exatamente: Autógrafos depois, pessoal! - Seus olhos ficaram do tamanho de duas ameixas.


 


- Você está lou-louca?! - Levantou-se.


 


- Louca está você de querer entrar para o Coral da escola! Seu sangue é Rock'n'roll, não essas canções clássicas! - Anne suspirou, passou uma das mãos no rosto e voltou a me encarar um pouco diferente.


 


- Ok, você venceu! Mas o que estava fazendo lá? Como conseguiu ir?!


 


- Pó de flú. - Sorri maliciosamente. - Eu, Deena, Ron e Tony, ficamos bem perto do palco, principalmente quando os Strokes tocou.


 


Parvati desistiu de entender e estava presentando atenção em outra coisa.


 


- Cara, eu consegui tirar altas fotos com eles! - Disse agora, não como a Anne que a gente conhece que nem sabe da metade das palavras que pronunciamos e sim como a verdadeira Anne, aquela que eu vi arrasando em cima do palco. - Podem dizer o que quiserem do Julian, mas ele é de mais! - As últimas palavras ela quase soletrou.


 


Eu apenas ria com essa nova Anne.


 


***


 


- Eu já disse- - Solucei e ri mais um pouco. - que estou SUPER bem!! - Tentei levantar, mas não estava nem conseguindo ficar sentada.


 


Vamos dizer assim que eu bebi 'um pouco' de mais. Não só eu, Tony também não estava conseguindo distinguir a coisas. Estava no fim, apenas Parvati, eu e Tony estávamos naquela Sala Comunal.


 


- Tony, leva ela pro quarto dela, e depois, volta, Ok? - Mandou me ajudando a levantar.


 


- Caramba, Parvati! Como você fica bem de roxo! - Disse isso quase gritando e rindo horrores.


 


- Vai logo, Antônio! - Soltou completamente estressada.


 


- Tá, vamos com calma, Ok?! - Quase me joguei em suas costas, ele tentou me segurar mas quase caiu também.


- Merlin, está um pior do que o outro! - Suspirou.


 


- Eu levo ela, pode deixar! Boa noite, Parvati! - Soltou o moreno enquanto eu brincava com uma garrafa fingindo que ela era um avião.


 


Eu não irei lembrar de nada.


 


***


 


Que horror, como pode fazer tanto sol assim?! Fechem as janelas, por favor! Me cobri com a coberta e tentei voltar a dormir. Aquela claridade intensa me deixou com uma leve dor de cabeça. Que estranho, nunca aconteceu isso. Me mexi e senti tudo, principalmente a cabeça doer.


 


Droga, não foi a claridade...!


 


Descobri a cabeça comprimindo os olhos e esticando um dos braços. Como impulso, tentei colocar a alça da minha camisola em cima do ombro, mas percebi que estava sem ela, ou melhor que estava nua. Bom, eu devo ter dormido assim porque está muito calor.


 


De repente, encostei em algo diferente naquela cama, pensei que era Bichento, mas o gato estava do outro lado do quarto, no meu campo visual. Apalpei até ouvir um gemido.


 


- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?! - Berrei quase caindo da cama me cobrindo o máximo.


 


- NÃO GRITA! - Disse sentando na cama passando uma das mãos nos olhos e a outra segurava a cabeça. - Que merda, Hermione! Minha cabeça está doendo horrores! - Voltou a deitar de barriga para baixo descoberto. Meus olhos arregalaram-se até ver aquela bunda branca na minha frente. A cobri com meu travesseiro e saltei da cama pegando meu lençol. - O que foi, hein?!


 


- COMO ASSIM 'O QUE FOI'?! - Sentou-se colocando a almofada no meio das pernas. - Nós estamos nus, deitados numa cama e eu não lembro nem como cheguei aqui... - Disse completamente atordoada.


 


Tony olhou ao redor, coçou a cabeça e bocejou.


 


- O que você acha que fizemos?! - Ainda com o travesseiro tampando suas partes íntimas, levantou-se e foi até o banheiro.


 


Eu, totalmente descrente daquela situação, sentei na cama com olhos e boca arregalados, olhando fixamente para o nada, tentando me enrolar naquele lençol o máximo que podia. Tony voltou, desta vez, enrolado numa toalha.


 


- Cara, eu nem lembro de nada mas eu tenho certeza que foi maravilhoso... - Soltou jogando-se ao meu lado.


 


- Meu Deus... - Soltei suspirando fundo. - E alguém viu a gente? Alguém ouviu a gente?!


 


- Sei lá. - Soltou nem se importando. - Estávamos bêbados, Princess,foi até melhor assim, se eu broxei ou você falou coisas que não devia, nenhum dos dois vai lembrar.


 


Ainda não acreditei que uma coisa dessas aconteceu comigo. Geralmente, essas coisas só acontecem em filmes, com casais que se odeiam e de repente, estão numa cama fazendo sexo como dois selvagens. No nosso caso... Eu nem lembro o que aconteceu para poder comparar as duas situações.


 


- Não abala, Princess, faça que nem eu, pense que isso pode ser algo construtivo!


 


- Construtivo? - Perguntei divertida.


 


- É, construtivo, não sei porquê, mas essa é a melhor palavra para o momento. - Rolei os olhos e deitei ao seu lado, ficando os dois de barriga para cima. - Você lembra de alguma coisa?


 


- Não, e você?


 


- Também não.


 


Um silêncio pensador ocorreu naquele momento. Nos encaramos e no mesmo momento, pulamos um contra o outro nos beijando ferozmente.


 


***


 


Eu só queria ir até a cozinha, pedir alguma coisa bem gostosa aos elfos e correr até a Sala Comunal Grifinória para conversar com Ron sobre a visita dele ao Hospital. Era difícil ficar longe de Tony, pode ter certeza que relembramos tudo que fizemos até as quatro horas da tarde.


 


Estou achando que virei uma ninfomaníaca. Ele disse que iria para seu quarto tomar um banho, relaxar e dormir pois a sua dor de cabeça ainda lhe perturbava. Vestido roupas típicas da primavera inglesa, desci até a cozinha, peguei alguns bolinhos e uma bomba de chocolate e corri até a Sala Comunal. Não era difícil encontrar Ron já que o garoto não saía de lá.


 


Estava com Harry, Dino, Neville, Simas e mais alguns jogadores do time, provavelmente, conversando sobre Quadribol. Me aproximei lentamente com as mãos para trás e cutuquei o ruivo. Dei uma boa tarde coletiva e o arrastei para um local mais reservado.


 


- Soube que o Tony não dormiu no dormitório... - Disse sorrindo maliciosamente.


 


- Gracinha... - Soltei ironizando. - E como foi hoje?


 


- Ah, bom.


 


- Bom de bom? Ou bom de-


 


- Ah, você sabe, Deena é um pouco orgulhosa e bem pé no chão. Eu tentei concertar as coisas, mas pareceu que Luna chegou primeiro do que eu lá, eu não sei o que aquela maluca foi fazer no hospital!


 


- Eu pedi para que ela fosse, Ron. - Ele me olhou um pouco confuso. - Mas e a Deena? Como está?


 


- Ela já estava com a cabeça feita, e garantiu para mim que tudo que a Luna disse, entrou por um ouvido e saiu pelo outro, aceitou as desculpas dela mas nada será como antes. - Cruzei os braços. - Ela disse que não quer voltar, que irá se machucar ainda mais e que eu devia ficar com a Luna.


 


- Parece até que ela foi induzida a falar isso.


 


- E foi o que eu pensei! Mas eu sei quando a Deena está falando a verdade e naquela hora, ela estava sendo mais verdadeira, impossível. - Sorri levemente.


 


- E você vai respeitar isso a risca?


 


- Hermione, parece que você não me conhece! - Riu. - Querendo ou não, eu amo a Luna, mas eu vou dar um tempo para que tudo fique 'normalizado', chega de fazer os outros sofrerem. - Lhe dei um abraço.


 


- Queria que todos fossem assim. - Sussurrei em seu ouvido.


 


- Harry tem um bom motivo para fazer isso com você. - Sussurrou de volta enquanto me separei.


 


- Espero que tenha mesmo. Bom, vou falar com as meninas, dar as notícias.


 


- Tudo bem. - Sorriu de volta indo com os meninos e eu subi as escadas rapidamente.

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