O País das Maravilhas



Image and video hosting by TinyPic


Capítulo V
O País das Maravilhas



Com alguns problemas novos em minha mente, terminei de assistir as minhas aulas vespertinas. Esse 'novo' McLaggen floresceu para mim como uma grande surpresa, uma descoberta que tinha medo que ainda fosse verdade. Solitária, resolvi ocupar minha boca de matéria orgânica me dirigindo intensivamente para o Salão. Mais à noite, tudo tinha ficado ainda mais frio. Meu sonho de consumo era uma cama quentinha. Sabia que amanhã acordaria toda quebrada, pedindo para que trouxessem uma cadeira de rodas.

Oh, Merlin, ainda tem a festa desse idiota do Adam. Não sabia de ia, mas não podia deixar Mc sozinho. Acho com o loiro ali, junto a mim, duvido daquele retardado ameaçar romper a barreira dos cinco metros de distância. Entrei no Salão. Meus passos eram rápidos e marcados, aquele corredor nunca ficou tão comprido. Ao me sentar ao lado de Deena e Parvati, reconheci dois novos rostos a nossa frente.

Anne estava terminando de se servir de purê de batatas e ajudava uma garota a localizar as pessoas. Cabelos castanhos e presos de um jeito leve, pele num tom moreno claro, os olhos grandes e amendoados. Usava brincos grandes e tinha pulseiras dignas de um mostruário de loja. Devia ser a outra aluna nova que entrou nessa semana. Ótimo, alunas novas já preenchendo o lugar que Kim e Verônica deixaram.

- Você é a Hermione, não é? – A menina sorriu largamente, seu sorriso era um dos maiores que eu já vi. Os dentes brancos e perfeitos. Passou a mão pelos cabelos e vi aquele comprimento que poderia bater quase na cintura. Tinha mechas em tons mais claros e um corte um tanto irregular. – Muito prazer, Sarah Ferraz.

- Prazer. – Disse piscando algumas vezes.

- Essa Hogwarts é bastante interessante! Na escola lá na Espanha, não era assim.

- Espanha? – Perguntei mirando Parvati.

- Oh, sim. Eu estava na escola Espanhola para Bruxas. – Fez uma rápida trança deixando-a caída sobre seu ombro direito enquanto conversávamos. – Lá era pequeno, não era como aqui que tem tantos alunos assim! – Riu.

Já pude ver que aquela garota era de bem com a vida. O mundo poderia estar acabando lá fora que estava sorrindo.

- Mas eu não nasci na Espanha, não, não. Nasci no México, vim para Europa ainda pequena. – Anne estava um pouco longe, mexendo a sua comida com a ponta da faca apoiando seu queixo na sua mão.

- Está se acostumando? – Perguntou Deena.

- Ah, estou sim. Uma rotina fora do comum, mas a gente vai levando! – Riu. – Meu irmão já estava em Londres faz uns dez anos, foi fácil me instalar.

Não tinha aquela timidez que toda a aluna nova teria. Falava mesmo e não tinha vergonha. Perguntava sempre quem era quem naquele salão, até seu dedo cair em cima de Harry, Gina e Ron, que comiam não muito longe dali.

- Sim, lógico que eu sei quem é Harry Potter, e aquela ali? – Apontou para a ruiva.

- A pior pessoa que você pode conhecer...? – Soltei sem perceber o que tinha dito.

- Gina Weasley, namorada do Harry. – Explicou Parvati. – Mas não liga pra Hermione, não. Elas eram muito amigas e agora estão se alfinetando por aí.

- Por que?

- Harry Potter, ainda tem dúvidas?! - Mirei meu olhar matador sob Parvati que riu.

- E aquele?

- O irmão dela, Ron Weasley, futuro namorado da nossa Deena... – Sorriu maliciosamente para a loira.

- Pára com isso, Parvati.

- Ah, ele é seu namorado? – Perguntou animada.

- Não! Não, mesmo! – Fez alguns gestos ficando da cor da rodela de tomate que estava em seu prato.

Sarah abriu sua bolsa transversal parecendo ser feita de algum tecido típico da América Central e pegou um pedaço de pergaminho amassado. Resgatou um lápis e apoiou-se na mesa.

- O que vai fazer? – Perguntou em alarme, se inclinando sobre a mesa para ver o que ela estava escrevendo.

- Pode ficar tranqüila. Deena com dois 'n'? – Negou voltando a ficar vermelha.

- Hey! Não faça nada! – Pediu. Eu estava estática, olhando a cena num leve sorriso como Anne e Parvati. Pegou sua varinha e enfeitiçou o papel, o transformando num passarinho e o levando até o prato de Ron. Deena se encolheu colocando a mão no rosto e virando-se para mim. Começamos a rir para desespero da loira que se encolhia ainda mais.

Ron pegou o pássaro mirando seu olhar em nós, se perguntando porque aquelas loucas estavam rindo. Desembrulhou e seus olhos percorreram todas as linhas. Eu não me controlava, nem sabia o porque de estar rindo. O ruivo olhou para nós num sorriso sarcástico e depois riu entregando para Harry.

- Ah, meu Merlin, o que você escreveu? – Perguntou totalmente perturbada, voltando a ficar na sua cor natural.

- Nada de mais, um versinho popular lá na Espanha. – Levou uma das mãos na boca e voltou a rir. – Ele vai gostar, pode ter certeza. – Piscou. A loira emudeceu, ficou olhando fixamente para seu prato totalmente assustada. Era engraçado.

Essa era das minhas.

***

Ao abrir a porta do meu quarto, as quatro entraram rapidamente. As duas últimas – Anne e Sarah – estavam deslumbradas coma beleza e o luxo que um quarto reservado poderia oferecer. Disse para não ligarem para a bagunça. Deixei minhas coisas em cima da cama, tirei meus sapatos e meu sobretudo. Entrei no banheiro e abri o armário abaixo da pia. Lá tinha um suprimento de cerveja amanteigada. Peguei cinco garrafas e voltei ao quarto.

- Como chama isso? – Perguntou Sarah.

- Cerveja Amanteigada.

- Ah, na Espanha é Chipas. – Bebeu dois goles tirando seu cachecol logo em seguida. – Aqui faz muito frio.

- Todo o Reino Unido é assim. Hogwarts ainda é um 'calabouço da solidão', a sensação térmica sempre diminui. – Indagou Deena, demonstrando estar mais tímida do que Anne e Sarah.

- Você era a amiga que ajudava Harry Potter nas suas 'desventuras', não é? – Todas nós ficamos em silêncio. A resposta não foi imediata, ponderei muitas coisas naquele momento antes de soltar qualquer abobrinha.

- Era, disse bem. – Analisei a minha própria mão e depois a garrafa.

- O que é isso, Hermione? – Virei-me para Parvati que estava esticada de bruços atrás de mim. Deixou sua garrafa em cima da cabeceira da cama e desenrolou os fones de volta do aparelho.

- iPod, conhece? – Negou.

- Como funciona? – O liguei colocando numa música legal, indiquei para colocar os fones no ouvido e quase se assustou. Anne levantou-se e sentou-se ao seu lado, dei uma pequena aula de como manusear um aparelho como aquele e logo elas conseguiram se achar, cada uma com um fone.

- Como conseguiu trazer o seu?

- Ah, enfiei dentro do meu malão. – Sorri sem jeito.

- Minha mãe não deixou eu trazer o meu, disse que eu tinha que ocupar minha mente de outras coisas e me desligar um pouco do mundo de lá de fora. – Completou.

- É meio difícil você se desligar estando em Hogwarts. – Disse Deena ajeitando-se no sofá.

- Mas eu consegui trazer minha câmera digital. – Sorriu largamente.

- Sério? – Perguntei animada, quase pulando da cama.

- Pelo menos uma coisa que me faça lembrar que não estou no século XIX! – Rimos.

Batidas na porta foram ouvidas entre alguns risos, os fones absurdamente altos nos ouvidos de Parvati e Anne e as ronronadas de Bichento na perna de Deena. Levantei-me e logo abri também rindo, a figura parada atrás da porta, também era cômica, principalmente sua expressão divertida. O puxei para dentro por um dos pulsos o jogando no covil das garotas.

- Muito bonito, festinha e esquece do Tonyzão aqui, né? – Brincou cruzando os braços. – Olá, Deena, Parvati, Anne, se é que vocês estão me escutando. – Rolou os olhos. Teve uma resposta coletiva, menos de Sarah que olhava Tony surpresa, atônita e um pouco boba.

- Ah, Tony, essa é a Sarah, é a aluna nova que entrou com a Anne. – Sarah se levantou num salto, assustando o pobre do meu gato.

- Antonio, prazer, mas a mulherada me chama de Tonyzão, o bom! – Ela riu, colocando uma das mãos na boca. Tony fez um sinal escroto que queria conversar a sós.

- Ele é um palhaço, não liga pra ele. – Sorri falsamente o empurrando para o banheiro deixando a porta entreaberta. – O que aconteceu?

- A notícia boa ou a notícia ruim primeiro? – Minha expressão tinha mudado. – Brincadeira, eu sempre quis dizer isso.

- Sério, o que houve?

- Não sei se você irá se interessar, sei lá, mas eu achei que seria a melhor pessoa para contar.

- Fala logo, Tony! – Minha ansiedade me matava.

- A Gina- - Cai nos ombros e ameacei entrar novamente no quarto. – ela deu entrada na enfermaria, parece que aquela pancada na cabeça foi feia. – Estacionei. Virei meu corpo para Tony e comprimi os olhos abrindo a boca largamente. – Eu sei, eu sou um inútil em vir contar isso para você, mas eu acho que seria bom você saber logo, vai que ela morre e aí o Harry seria todo- - Limpou a garganta e enfiou as mãos nos bolso da calça. – Você entendeu.

- Até que não seria uma má idéia. – Sorri maliciosamente. – Mas- – Inclinou-se levemente para frente querendo argumentar. – Harry não é minha prioridade, deixou de ser desde que- – Calei-me. – desde que me magoou profundamente. – Saí do banheiro.

- O que aquele idiota fez? – Me seguiu. Aquelas lá estavam bem ocupadas conversando, se divertindo com meu iPod e com outras coisas do quarto para prestar atenção exclusivamente em nós. – Me fala que eu vou agora tirar satisfações com ele! – Quase gritou, revelando-se estar realmente bravo. Abaixei seu braço que apontava para fora e o arrastei para fora do quarto, fechando a porta atrás de mim.

- Você não irá fazer nada, Tony! – Adverti erguendo meu dedo que logo abaixou.

- Bem que eu tava notando o clima obscuro em volta de vocês, mas eu pensei que era por causa da Gina! O que ele fez, Hermione? Eu quero saber. – Apontou para o chão para que eu fosse logo contando.

- N-não posso contar agora, Tony, entenda isso. – Soltou o ar que prendia.

- Reza pra eu não descobrir por outra pessoa, senão a coisa vai feder e vai sobrar até pra quem tá perto. – Peguei em seus pulsos a fim de acalmá-lo um pouco.

- Eu falei de mais, Tony! Eu nem devia ter tocado nesse maldito assunto! – Levei as duas mãos ao rosto.

- Não, relaxa, Hermione. Foi a tensão do momento... – Relaxou-se em partes, pegando no meu ombro fazendo com que eu erguesse minha cabeça para encará-lo. – Independente do que ele fez, acho que para magoar uma pessoa como você, ele deve ter seus ótimos motivos, se não tiver, bom, aí é uma filha da putice sem tamanho... – Me fez rir enquanto eu segurava as lágrimas. – E também, ela não merece uma menina maravilhosa como você. – Pulei em seus braços, segurando em seu pescoço.

- Você não existe, Tony... – Sussurrei em seu ouvido deixando as lágrimas caírem livremente.

- Eu sei, Princess, eu sou o Tonyzão, o bom, esqueceu? – Me fez rir. Separei-me entrando no quarto num largo sorriso. As lágrimas foram escassas do meu rosto antes de revelá-lo a todas do quarto.

***

Terceira roupa que tinha ido pelos ares. Deena era uma garota tão difícil de agradar, era incrível.

Estávamos no dormitório feminino, apenas eu, a própria loira e Parvati. Meg estava sentada em sua cama com um livro em mãos mas nem estava no mesmo mundo que nós. Era sexta a noite, hoje seria o tal encontro de Deena e Ron. Não sei o que deram para a garota mas ela parecia estar elétrica, ligada na última potência. Qualquer coisinha fora do lugar era motivo para ataques.

Não encontrava a roupa perfeita, não sabia se estava à altura de Ron Weasley.

- Não mude só para agradá-lo. – Soltou sabiamente Parvati analisando as roupas que jogava em cima da cama.

- Vocês têm idéia que eu irei sair com Ronald Weasley?! O melhor goleiro de Hogwarts?! O melhor amigo de Harry Potter?! – Dei uma risada gostosa.

- Ele é um garoto como os outros, Deena! Como melhor amiga dele, eu posso dizer isso. – Pisquei.

- Com certeza. – Confirmou Parvati. – Se eu fosse você, eu levava fé nos conselhos da Hermione, ela sabe mais do que nós com quem você está lidando. – Levantei-me e fui ao seu lado.

- O Ron gosta de menina simples, não aquelas que vai à padaria de salto alto, entende? – Fiz alguns gestos com as mãos que acabaram unidas na altura do meu estomago. – Se você for a verdadeira Deena, essa noite promete...

- Então, - – Pegou um conjunto e jogou em cima da cama. – este- – Apontou e pegou uma bota em baixo da cama. – está bom? – Analisei e concordei.

- Perfeito. – Disse Parvati sorrindo largamente.

Num movimento súbito, Meg levantou-se. Pegou o seu sobretudo e calçou um tênis, saindo do quarto fechando a porta vagarosamente. Bom, dane-se ela.

- Que horas você marcou com o ruivo? – Voltei a me sentar.

- As oito, na frente do relógio. – Começou a se maquiar, sentada num banquinho em frente o grande espelho.

- Querida, são oito e dez. – Alertou Parvati olhando no seu relógio. A loira entrou em choque, começou a se vestir rapidamente, quase colocando a roupa do avesso ou ao contrário. Pedimos calma, mas isso era a última coisa que ela poderia nos dar. Vestiu-se numa rapidez que pegou seu cachecol e só gritou um 'me desejem sorte!' e saiu do quarto. – Boa sorte... – Murmurou Parvati deitando-se na sua cama fitando o teto. – A festa do Adam é a amanhã, não é?

- Já?! – Deitei-me na cama de Deena.

- Esse ano irá voar, não quero nem ver... – Pousou as mãos sobre o rosto e suspirou.

***

Como era sábado, não tinha Tony me acordando numa musiquinha escrota. Deixei meu sono me acordar. Um sono tão exigente, fui acordar eram quase uma da tarde. Coloquei meu roupão e me sentei perto da janela. Queria tanto abri-la mas uma grossa camada de neve me impedia. E também, louco aquele que botar a cabeça para fora de seus quarto hoje. Bem, eu terei que sair alguma hora. Às nove horas da noite, seria a tal festa de Adam McCartney.

Não estou muito animada, aquele moleque consegue me tirar do sério. Se eu estivesse livre de qualquer compromisso, eu o trataria melhor. A última coisa que eu quero, é ficar difamada por ter traído McLaggen, uma coisa que não se deve fazer. Pensando bem, eu já fiz, e fiz até de mais, mas sem ressentimentos! Erga essa cabeça e continue andando.

Agarrei as pernas junto ao corpo e deitei a cabeça nos meus joelhos. Ainda estava com um pingo de sono. Sabe namorinho de novela? De filme de romance clássico? Isso que eu via minha vida. O mocinho perfeito que ouve, compreende, agrada e ainda fala que ama. Onde eu encontraria um homem assim?! Sim, é surreal, confesso que desde o primeiro dia, acho que vivo num conto de fadas.

Contos de fadas que está me deixando louca, isso sim! Minhas idéias enroladas dentro da minha cabeça estavam dando nó.

Duas batidas curtas na porta. Saltei de onde estava e logo abri uma pequena fresta na porta. Era Anne junto com Sarah, traziam uma cesta do tamanho de uma cabeça coberta com um pano xadrez. Dei licença para que entrassem e assim fizeram.

Parecia que lá fora estava um frio só ou que estavam de partida para o Alasca, creio eu. Sarah deixou a cestinha em cima da cômoda e se sentou numa das poltronas tirando seu gorro e seu cachecol. Anne sentou na beirada da cama, ainda desarrumada, tirando suas luvas e o laço de seu grande cachecol.

- O que é isso? – Espiei por debaixo do pano.

- Fatias de pavê de Wafer. – Respondeu Anne sorrindo. – É delicioso!

- Roubamos da cozinha dos elfos, pensamos que você poderia gostar. – Um leve silêncio abateu a sala, até eu cruzar os braços e serras as sobrancelhas.

- Ok, podem contar a verdade.

- Parvati nos mandou aqui porque ela nos contou que você está anêmica. – Anne foi logo contando tudo.

- Anne! – Gritou em advertência aborrecida. – Era segredo, esqueceu? – Eu ri discretamente.

- Obrigada pela preocupação de vocês, gente, mas eu estou sem fome. – Abri a minha gaveta e peguei meu pote de comprimidos, tinha apenas mais três. Tomei um deles com um copo de água ao lado da cama e limpei a garganta. – Irão à festa do Adam hoje à noite? – Se entreolharam confusas.

- Festa? – Repetiu Sarah inclinando-se lentamente.

- Oh, vocês não devem saber dessa parte de Hogwarts! – Fiz um gesto óbvio e me sentei numa das poltronas. – Hoje, às nove, lá na Sala Precisa.

- Mas são festas proibidas? – Parecia ser uma novidade prazerosa para ambas inocentes que eu conversava.

- Totalmente. Tem música alta, gente bêbada e muita pegação... - Sonhei contando esses fatos à elas. - Todas as festas de Hogwarts são assim. – Cruzei as pernas e apoiei num dos braços da poltrona.

- Amei!

Sarah era uma filha que eu sempre sonhei para mim.

- A gente vai- - Estralou os dedos algumas vezes e olhou para o teto. – como chama?

- Se encrencar?

- Isso! A gente vai se encrencar se formos pegos?

- Nunca fomos, não será agora que seremos.

Confiante e encorajadora. Quer pessoa melhor? Pensando a grosso modo, seria um bom começo para que aquelas duas enxerguem esse lado desconhecido de Hogwarts. Meu medo, era de ficarem assustadas e nunca mais quererem saber de diversão.

***

- Mas que inferno! Onde eu te coloquei?!

Procurava apenas uma pulseira. Estava quase pronta, faltava apenas a bendita pulseira. Revirava minhas gavetas, minhas coisas, meu guarda roupa e tudo mais. Estava começando a ficar aborrecida. Olhando mais uma vez no relógio, vi o que ainda tinha mais dez minutos. Mc me encontraria na frente do Salão para irmos juntos.

Analisei-me mais uma vez na frente do espelho ajeitando minha sandália preta. Uma calça jeans justa, uma bata de alça, larga, até a metade da coxa num tom roxo. Um decote tão aparente que rezava para aquele idiota usar o cérebro que Deus lhe deu e colocar um feitiço de aquecimento naquela sala. Sentei-me novamente na cama e suspirei aborrecida. Não sairia dali sem aquela maldita pulseira. Levantei-me e fui até a caixinha preta de música que pertencia a minha mãe. Ao abri-la, a bailarina saiu dançando e a pulseira lá estava. A peguei e a beijei, aquela musiquinha era perturbante.

- Irá sair? – Dei um grito tão agudo que tive que tossir para sentir minhas amídalas voltarem. Se minha varinha estivesse ao meu alcance, cabeças rolariam. – Calma! Sou eu!

- COMO VOCÊ ENTRA DESSA MANEIRA?! – Gritei passando as mãos nos cabelos e me sentando. Tonks foi até mim e tentou me acalmar mais uma vez. – Alias, o que você está fazendo aqui?! Como entrou?!

- Respira, Mione, por favor! – Sentou-se a minha frente também se apoiando nos joelhos. Sacudi minha cabeça entre as pernas e me encostei totalmente naquele encosto, tombando minha cabeça para trás, fitando o teto. – Uma aparatação especial para noticias especiais!

- Pela entonação, deve ser alguma coisa boa. – Ainda fitava o teto.

- Maravilhosa! – Sorriu largamente juntando as mãos embaixo do queixo.

- Fale, não tenho muito tempo. – Voltei a encará-la, colocando minha pulseira.

- Cada coisa aconteceu essa semana! Nem eu estou acreditando! – Abanou-se.

- Tonks, seja breve. – Pedi me levantando e retocando minha maquiagem.

- As investigações sobre o colar estão quase concluídas! Moody saiu do hospital e já está se recuperando! Eu virei chefe da nova liga de Aurores! Lupin me convidou para sair e-

- O quê?!! – Gritei borrando meu gloss.

- É, é fantástico! Eu, chefe de uma repartição do Ministério da Magia! – Seus olhos brilharam.

- Não, não! Não é isso! – Me olhou desapontada. – Ok, isso é fantástico, meus parabéns mas- - Vomitei as palavras. – Lupin? Remo Lupin? Que me deu aula?

- Ah, isso? Pensei que estava empolgada pela promoção, sua ingrata. – Grunhiu cruzando os braços.

- O Lupin te chamou para sair?! Quando isso?

- Faz uns dois dias... – Analisou as próprias unhas.

- E você aceitou? – Concordou com desdém.

- Eu sei que ele não é a oitava maravilha do mundo mas é um bom homem. – Por esse lado, estava certa. Voltei a me maquiar. – Inteligente, sagaz...

- Só por curiosidade, quantos anos ele tem? – Deu uma risada sarcástica.

- Apostaria uma manada de hipogrifos como você perguntaria isso. – Sorriu. – Ah, ele deve ter a mesma idade de Sirius, Thiago, Lílian...

- Disso eu sei, eles estudaram no mesmo ano em Hogwarts! Quero saber números.

- Ah, sei lá, Hermione! – Levantou-se e foi até meus perfumes, esborrifando alguns no ar para sentir seu aroma.

- Mas você gosta dele?

- E você gosta de todos os caras com que você namora...? – Uma pergunta capciosa.

- Ok, mau humor, eu estou atrasada, se me der licença e não tiver mais nenhuma novidade... – Fiz uma reverencia e abri a porta do quarto.

-Er, bom- - Torceu os dedos. – conheceu minha meia prima Keiko?

- Como não pude conhecer tão adorável pessoa...! – Rolei os olhos.

- Toma cuidado com ela, Ok? Ela sempre arrancava as cabeças das minha bonecas e enfiava em palitos. Era horrível.

- Era uma criança com defeitos, Tonks, quase todas fazem isso!

- Não, você não entendeu! Ela fazia isso quando tinha a minha idade de agora.

Engoli seco saindo do quarto meneando a cabeça. Sob esse aviso tão tentador, fui em passos rápidos até a entrada do Salão Principal. Parei, ofeguei e juntei ainda mais os braços contra o peito. Encolhi as pernas, os ombros e o pescoço. Andava de um lado para o outro trincando os dentes de puro frio.

- Meu Merlin, está tremendo de frio! – Soltou Mc se aproximando de mim e tirando uma de suas jaquetas e jogando por cima dos meus ombros.

- Pensei que não ia demorar.

- Eu fiquei enrolado com umas coisas, me desculpe. – Sorriu amigavelmente passando uma das mãos sobre meus ombros e me trazendo para mais perto enquanto pegávamos o caminho para a Sala Precisa.

Não pude deixar de notar que Mc estava num perfume diferente. Um perfume quase idêntico ao meu. Nenhum problema até aí, mas o meu é feminino, hiper doce, hiper enjoativo e não combinaria com um cara como ele. E lá estou indo para meus devaneios sobre as possíveis 'coisas' que ele poderia estar se 'enrolando'.

Não que eu queira bancar a ciumenta ultrapossessiva, mas convenhamos, que contos de fadas é esse?! Tá tudo perfeito! E quando a esmola é muita, o santo desconfia.

McLaggen era o cara perfeito, ele tem tudo para ser o cara mais badalado de Londres. Seu único defeito é se gabar de tudo que aquilo que tem, que faz e que sonha em ter. Seus sonhos não são como os de nós, simples mortais, o cara pensa em Prêmio Nobel! Na boa, cara igual a esse, nem fazendo cópias.

Paramos junto mais alguns alunos. Com um pequeno aceno de cabeça, os cumprimentamos. A porta começou a tomar forma; Ao passarmos para dentro, nossos queixos caíram. Acho que nem quando o professor Binns surtou e ficou nu no pátio pode ter reunido tanta gente.

A sala estava enfeitada com velas flutuantes, de preferência nas grossas pilastras. Não havia mesa para bebidas, havia uma caixa – dessas de madeira – num dos cantos. Estava enfeitiçada para sempre sair a bebida que você pedisse. Algo sensacional. Não sabia se ainda estava nos limites de Hogwarts. Havia vários sofás velhos, cadeiras, caixas, carteiras pelos cantos, o meio livre para aquela multidão se esbaldar de tanto dançar.

As meninas de mini saia, blusas hiper curtas, muito bem maquiadas, dançando promiscuamente com os 'caras' da noite. Grupinhos de amigos fazendo zona com, cada um, uma garrafa de Fire Whisky na mão. Uns loucos dançando em cima das cadeiras, alguns apenas conversando com sua habitual garrafinha de cerveja amanteigada na mão e outros dançando absurdamente bêbados. E olha que a festa nem tinha começado direito.

- Animada, não? – Comentou enfiando as mãos nos bolsos.

A música era um eletrônico muito bom para se dançar, nem sei o que estava fazendo ali parada. Peguei no braço de Mc e desci os dois degraus para pisar naquele chão que tremia de tanto as pessoas pularem. Andando pelo meio das pessoas, pedindo licença, pedindo que saíssem logo da frente, fomos até aquela arca de madeira, pedi uma garrafa de Néctar com Licor da Irlanda, aquele delicioso coquetel que tinha bebido no baile do Ministério. Mc pegou Fire Whisky e tirou a sua jaqueta dos meus ombros. Estava calor, não podia negar.

Ao longe, pude ver Parvati dançando com Dylan. Mexia-se, rebolava, quase se esfregava no pobre rapaz que respondia deslizando pelas suas curvas. Passava a mão pela sua calça e subia pela sua blusinha curta. Meneei a cabeça e mirei num outro canto da sala, acabei por ver Ron sussurrando algo no ouvido de Deena, fazendo a loira rir. Essa que tinha se vestido maravilhosamente bem. Um vestido preto bem curto com alguns detalhes que só a luz poderia mostrar. Sentados numa das grades caixas, conversavam como um casal, não como amigos.

Encontrei o dono da festa, numa camisa branca, uma calça jeans e um tênis de quatro dígitos. Ao seu lado, Draco. Esse aí com uma camisa verde escura e uma calça jeans também. Muitas pessoas passavam no meu campo de visão, não conseguia mais enxergar nada.

- Eu vou com meus amigos, já voltou. – Pegou levemente no meu braço antes de falar em meu ouvido e me deu um beijo na bochecha. Não deixou nem eu dizer um 'tudo bem', recolheu-se sumindo dos meus olhos.

Ótimo, o que eu faria sozinha? Meus pés acompanhavam a música, batidas lentas. O néctar desceu como um veludo pela minha garganta e quando pousou no meu estomago, senti uma leve ardência na língua. A melhor bebida que poderiam inventar. Deena acenou e eu me dirigi até eles, me sentando a sua frente e de Ron, cruzando as pernas.

O ruivo mantinha a mão atrás das costas da loira e o outro apoiado nos joelhos segurando uma garrafa. Deena e suas pernas uma por cima da outra num jeito tímido porém a vontade. O que eu estava fazendo ali?! Segurando um castiçal?

Nossa conversa foi proveitosa porém desnutrida de assuntos de suma importância. Quinze minutos ali e a desculpa de 'vou me acabar de dançar' rapidamente me tiraram deles. Deixei minha garrafa – já vazia – em cima da primeira coisa que eu encontrei e migrei para o meio da pista.

Nem dez segundos depois, uma mão pegou em meu braço, acariciando-o suavemente. Pensei que era Mc, mas era Adam, no seu sorriso sarcástico no rosto. Torcia para ninguém ver aquela abordagem. Desviei meu braço de sua mão e dei um sorriso amarelo lhe dando as costas.

- 'Pera aí! 'Pera aí! – Pediu voltando a pegar no meu braço. Pessoas que dançavam ao nosso lado, nos empurravam em movimentos bruscos onde tínhamos que ter uma boa desenvoltura para não cairmos no chão. – Nem irá me cumprimentar? – Inclinou-se e beijou minha bochecha sussurrando: - Está linda. – em meu ouvido.

- Mas é só para meu namorado. – Sussurrei de volta me soltando e indo a outra direção, acabando esbarrando em Anne e Sarah que acabavam de entrar na festa.

Sarah tinha ficado mais alta do que eu, numa camisa branca surrada e uma calça jeans skinny. Prendeu seu cabelo e não parava de mexer no grande colar que trazia no pescoço. A outra estava numa saia preta, uma blusa branca e seu cabelo preso deixando alguns cachinhos feitos sobre o rosto. Sarah pulou em meu braço fazendo eu quase ir para o chão; Tinha um sorriso largo e gostoso de quem queria mesmo era aproveitar.

- Me responde uma coisa: bebida tá liberada? – Começou a me arrastar entre as pessoas, sendo empurrada por algumas e pisoteada por outras.

- Claro que sim, mas será que pode devolver meu braço? Eu precisarei dele para viver. – Me soltei bufando. Anne acelerou o passo atrás de Sarah cabisbaixa e assustada com todos aqueles animais pulam com uma batida infernal.

Peguei mais uma garrafa aproveitando a breve companhia daquelas duas e me perdi pelo salão. Meus pés acompanhavam a música, meu corpo era levado lentamente. Entre sorrisos faltos e encaradas profundas, tentei achar um lugarzinho onde pudesse dançar em paz. Paz era a última coisa que encontraria ali.

Apoiei-me em uma das pilastras sentindo todo aquele chão querer sumir; meus olhos se fecharam lentamente, minhas unhas tentaram cravas no liso e maciço mármore branco e meus olhos fraquejaram até sentir uma mão segurar na minha impedindo que eu caísse. Quando aquela garrafa foi ao chão, fosse como todos os vidros do mundo tivessem sido quebrados ao mesmo tempo. Meu corpo foi levado pela pessoa até quase não ver mais nada.

Voltei a mim após vinte segundos. Sentia meus pés longe do chão e meu corpo sendo carregado, abri os olhos e passei uma das mãos na testa, logo depois, levei a mão no rosto daquele bom samaritano. Ao sentir uma pequena barba rala e um queixo um pouco familiar, meus olhos cresceram. Olhei a distância que estava do chão e comecei a me debater pedindo que me pusesse em pé.

- É melhor você me soltar!

- Qual é a chance de, dentre todas as lindas garotas da festa, justamente você passar mal e eu estar do seu lado para te socorrer? – Serrei os punhos e tentei esmurrá-lo. – Não vou te colocar no chão até você sentar.

- Adam, se você não me soltar eu juro que armo um escândalo que ficará com zumbidos nos ouvidos até a sua morte.

Clara e coerente nas palavras. Uma ameaça bem feita é a alma do negócio.

Esperou chegar numa daquelas grandes caixas e me soltou. Ao sentir novamente o chão, meu primeiro instinto foi de partir para cima daquele idiota a tapas para aprender a nunca mais fazer isso, mas não aconteceu desse modo. Pegou numa das minhas mãos e a outra, passou em volta da minha fina cintura me trazendo para perto.

Com mais proximidade, mas eu tentava me soltar. Como ele era forte. Minhas mãos iam de encontro ao seu peito totalmente malhado para tentar descolar nossos corpos mas estava quase impossível. Olhei dos lados para tentar chamar alguém, mas vi que estávamos num canto escondido, um lugar bem estratégico.

- Me solta. – Vomitei as palavras inclinando minha cabeça para trás tentando desviar das suas caricias. Tentava percorrer meu corpo com suas mãos mas eu não deixava; Quando pousou num lugar que vocês já sabem aonde, lhe dei uma 'joelhada' que foi parar no chão. – Eu mandei você me soltar! – Arrumei minha roupa deixando ele ali, gemendo de dor.

Bati os calcanhares e saí dali rapidamente, meneando a cabeça e rolando os olhos. Não ficaria ali nem mais um minuto. Se até o dono da festa tenta me agarrar a força, imaginem só os outros! Vou achar Mc e vou partir para fora dali, não tenho motivos para ficar. Dando uma passada rápida no salão, o encontrei conversando com seus amigos, rindo, se divertindo. Quase dez passos de distância era o suficiente para enxergar.

Cruzei os braços e comecei a ponderar: McLaggen era o namorado perfeito, nunca pediu que eu fizesse nada de espetacular, sempre me respeitou, sempre disse que me amava, é o cara perfeito. Se eu chegasse ali, o arrancasse de lá e falasse que ia embora, seria mancada, mesmo que ele não queira ficar integralmente comigo, mas sou sua namorada! Acho que gostaria da minha companhia e seria o mínimo a fazer.

Suspirei e peguei outra direção. Parvati acenou. Estava sozinha, sem nenhum Dylan por perto. A alcancei e fui puxada para longe da multidão. Maldita mania que as pessoas tem de achar que eu sou uma boneca para ser arrastada para todos os cantos. A morena estava radiante, um sorriso cheio e brilhante como seus olhos.

- O Dylan é perfeito! – Deu uma pirueta juntando as mãos junto ao peito.

Perguntei o que ele tinha feito e lá veio uma história cheia de fantasia. No final de tudo, ela disse que ele tinha lhe beijado e falou para manterem contato. Saiu da festa mais cedo do que todos, desculpa de muito cansaço. Soltei algumas alfinetadas como 'não fica se iludindo porque homem é assim mesmo!'. Agora, as duas estavam solitárias.

Fomos dançar juntas. Mãos, pés, cabeça, pescoço, o corpo todo no ritmo daquela batida quente, naquela batida que deixava todos nós mais animados. A morena sabia mexer. Alguns pulos e na ultima aterrissagem, acabei pisando no pé de alguém que logo soltou um insulto que me chamou a atenção. Abri a boca e levantei a mão para reclamar quando reconheço a face de Luna totalmente aborrecida. Aborrecida ficarei eu, porque aquela vadia copiou a MINHA roupa! Fechei a boca e analisei aquela blusa, aquela calça, apenas a sandália não era a mesma.

- Eu não acredito. – Soltei articuladamente dando uma risada nervosa e dando as costas para a loira. Peguei Parvati pelo pulso e a arranquei de lá. – Você viu aquela idiota?! Ela copiou a minha roupa! – Esbravejei já longe de todas as pessoas.

- Não acredito que vai perder sua noite por causa dela! – Cruzou os braços.

- Você fala isso porque não é a sua roupa que copiaram!

Respirei, tentei me acalmar. Olhava Luna tentando dançar aquelas músicas que não combinava nada com seu jeitinho. Era desengonçada, não sabia mexer. Apertei os braços contra no peito mirando meu olhar num barril de bebida que estava sendo levada por quatro garotos; Meu olhar variou de lá, para Luna, da Luna, para lá. Pisquei algumas vezes, limpei a garganta e sorri largamente dando uma pequena risada. Parvati me questionou o porque da felicidade repentina e nem teve sua resposta. Apoiei-me numa das pilastras de costas para todos, ergui a calça da minha perna direita e saquei minha varinha.

- Ela foi longe de mais. – Soltei quase num sussurro passando por Parvati e entrando no meio da multidão; Dançava, erguia os braços, me disfarçava entre todos.

Ao ver onde aqueles garotos estavam, fui até eles num mero sorriso no rosto.

- O que tem aí dentro? – Perguntei colocando meus braços para trás e me inclinando na rodinha lentamente.

- Vinho tinto, você quer? – Pisquei mais algumas vezes.

Serviu-me uma daquelas grandes canecas – canecas dignas de Hagrid – e me retirei agradecendo carinhosamente. Voltei a dançar; Parei perto da aparelhagem de som hiper moderna. Passei a mão sobre alguns cds, bebi um gole daquele delicioso vinho e depois selecionei uma outra música.

Sabe aquele rock que só dá para dançar pulando, erguendo os braços e fazendo farra? Era perfeito para concluir meu plano. Foi instantâneo: Quase todos voltaram para a 'pista', até foi difícil achar meu alvo no meio de todo mundo. Enfeiticei a minha caneca para não derrubar nenhuma gota enquanto eu não passar por todos.

Parei a sua frente, pulava e fingia que sabia a letra mas nem sabia o nome da banda. Uma última olhada e retirei o feitiço. Aquela desculpinha de 'me desculpe, me empurraram!' serviu como luva. Derramei todo aquele liquido desde seu cabelo escorrido até seu dedão. Luna parou, ficou com os braços erguidos e a boca aberta totalmente pega de surpresa.

- Desculpe- - Fiz uma expressão contrariada. – Foi sem querer... – Sussurrei num leve sorriso.

Luna começou a chorar e saiu empurrando todos da frente. Seu cabelo alvo tinha pegado uma cor rósea e sua blusa tinha manchas que não sairiam tão cedo assim. Comecei a rir, rir satisfeita. Parvati estava no mesmo lugar, encostada nas pilastras e olhando para mim totalmente descrente.

- Eu não vou falar nada. – Balbuciou se distanciando de mim.

- Ah, qual é, Parvati?! – A segui com os braços jogados. – Vá dizer que você nunca sonhou em um dia fazer isso?! – Ri.

- Sonhei, mas nunca fiz, principalmente numa festa como essa. – Parou e me encarou por alguns segundos.

- Tá, que seja, mas está feito e não posso voltar atrás. – Queria demonstrar estar um pouco arrependida, mas por dentro, era a melhor coisa que eu pude ter feito naquela noite.

Pensei em segui-la mais um pouco, mas Mc se aproximou pegando em uma das minhas mãos e me agarrando docemente. Coloquei as mãos sobre seus ombros e sorri maliciosamente, grudando seus lábios nos meus.

- Oh, lá vem o exibido do Potter... – Soltou ao olhar por cima do meu ombro. – Tá cada dia mais insuportável no treino. – Meu olhar migrou até o seu. Um pouco surpresa, virei meu rosto e logo vi Harry sozinho. É, sozinho mesmo.

Cada dia que passava, Mc se revelava um dos mais fortes inimigos colegiais de Harry. Era incrível as alfinetadas que o loiro soltava, coisas que nem ouvi Draco um dia dizer sobre ele. Coisas que nem eu diria.

- Pensei que nem ia aparecer. – Comentou Mc; vez com que eu virasse de frente para o casal, me abraçando por trás e colocando seus braços na minha cintura. – A Gina ainda está na enfermaria?

- Acabei vindo porque ela insistiu, ela não existe. – Faça isso para me provocar, senhor Potter.

- Não tenho esses problemas, Mione gosta muito de sair. – Fiquei com meu olhar mirado em qualquer outra coisa, comprimia os lábios e engolia toda aquela saliva excessiva. – Hoje o treino foi puxado.

- Se a gente não puxar para que os novos entrem no ritmo, o ano que vem a Grifinória perderá todos os jogos. – Harry até foi um pouco prepotente nessa frase, mas era a primeira vez que tinha visto. Já Mc, era toda hora a todo o momento se gabando dos seus maiores feitos e que a humanidade não seria nada sem seu talento.

- Também acho. – Sorriu falsamente limpando a garganta. – Vamos, Mione? – Não pensei duas vezes e o tirei dali ainda em seus braços. – Viu só o que eu te digo?! Ele acha que é ele que segura o time.

- Desculpe, Mc, mas é verdade. – Mc parou, me pegou pelo braço e me olhou confuso e incrédulo.

- Como disse...?

- Harry é o apanhador, - Comecei ainda parada. – é o capitão do time faz uns três anos, - Cruzou os braços e me encarou. – a obrigação dele é fazer a Grifinória ganhar, você dão assistência, lógico que sem vocês o time não é nada, mas pegou o pomo, o jogo acaba e isso é tarefa exclusivamente e unicamente do Harry. – Ouviu aquele discurso pasmo.

- Está defendendo ele?

Mexi com seu ego.

- Não, não estou defendendo ninguém, apenas acho que você está errado quando- - Aproximou-se de mim rapidamente pegando nos meus dois braços.

- Eu nunca estou errado, Hermione. – Soltou-se de mim e foi em outra direção.

Peguei todo o ar daquele metro cúbico e cruzei os braços levemente. Como há pessoas que não consegue ouvir umas boas verdades, não é mesmo? Não irei me importar com isso. A festa estava rolando e eu estava ali parada, no meio de todos nem ouvindo a música que estava tocando.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.