Cansei de Ser o Mesmo!



Capítulo XXXII


Cansei de Ser o Mesmo!



            Eu sei, vocês vão achar muito estranho, mas a parada é o seguinte: agora, eu, o Ronyzão 'Tudo de bom' é o narrador dessa história, uma honra, não? Cara, eu nem sei por onde começar!


 


            Pelo começo seria uma boa pedida.


 


            Quarta-feira, uma quarta-feira pacata diria eu. Hogwarts nunca esteve tão tranqüila. Sem comensais, sem Ministério, sem Ministro nem muitas fofocas, posso dizer que você não está perdendo nada, Mione. Posso começar dizendo o porquê de eu narrando esse capítulo e não a nossa querida Hermione. Bom, ela só está desacordada a mais de uma semana, intubada e com medicação pesada na veia lá no Hospital St. Mungos. Apenas isso! Pensem pelo lado bom, pelo menos, está viva...! - Péssimo comentário.


 


            Não sei porque me escolheram, acho que o herói épico desse romance está muito ocupado passando noites e noites do lado da nossa heroína revesando com Gina. Harry também dá suas passadas regulares a sala de Dumbledore, depois, quem sabe, ele explica o que anda fazendo por lá.


 


            Mas enfim, vamos voltar alguns dias no tempo e recordar como viemos parar aqui...


 


            Depois dos dementadores sugarem a alma de Narcisa, a Tropa de Elite bruxa composta por mais de vinte aurores, Dumbledore, Minerva e o Ministro, em seus tretálios, invadiram o local. Eu não pude ver muito bem pois tinha ganhado um belo galo na cabeça pela pancada que Narcisa me dera. Tony trazia consigo Gina nos braços, desacordada também.


 


            Harry caiu do lado de Mione verificando se o sangue ainda corria pelas suas veias. Com voz de prisão e os Dementadores voltarem sabe-se lá de onde saíram, Lupin e mais alguns aurores ajudaram eu a me levantar. Eu tinha quebrado o tornozelo também. Aliás, ninguém ali saiu ileso de alguma pancada, corte, sangramento ou quebra.


 


            Subi naquele tretálio com Lupin atrás de mim, com muito cuidado para não cair pois eu não conseguia vê-lo. Tonks agarrou Harry e lhe deu um forte abraço fazendo ele gemer. Passou a mão no rosto de Hermione e a ergueu com a varinha, deixando o seu corpo quebrado o mais quieto possível.


 


            Ela foi num tretálio junto com Harry. O cara é bom! Isso eu posso assegurar. Tomou várias pancadas mas ainda consegue guiar um animal daquele.


 


            Todos em seus cavalos invisíveis, voltamos até Hogwarts. A viajem eu nem senti pois adormeci de tão cansado e dolorido que estava.


 


- Chegamos, Ronald. - Sussurrou Lupin pousando o bicho no meio do jardim.


 


            Acordei rapidamente e com a ajuda dele, desci e sentei num dos bancos para esperar os outros. Naquela área, não deve ter chovido nem um pinguinho como choveu a noite inteira naquela floresta. Estou com medo de tomar banho e ficar enrugado para sempre.


 


- Espero que ela fique bem. - Disse olhando para Hermione que estava sendo colocada em uma maca e sendo coberta com três cobertores.


 


- Todos nós queremos isso. - Soltei sorrindo e gemendo de dor.


 


- Oh, senhor Weasley! O Senhor acaba com as minhas poções de restauração de ossos! - Comentou Madame Pomfrey ao ver o meu estado.


 


- Tamos aí pra isso, dona! - Disse um pouco irônico tentando me levantar mas foi inútil. Ia cair ao chão, mas Harry surgiu e me segurou. - Valeu, cara. - Soltei sorrindo. - Você é feito do que?! - Perguntei rindo. - Era pra você tá mortaço.


 


- Tenho meus pulos. - Rimos. - Vamos, eu te ajudo.


 


            Harry me ajudou ir até a enfermaria. Nesse caminho, fomos conversando sobre o que aconteceu. Ele me contou o que aconteceu enquanto eu estava desacordado e eu fiquei realmente surpreso. Essas coisas só acontecem com a gente e esse é o melhor!


 


            Ao sentar numa cama, senti como se fosse a melhor coisa da minha vida. Imundo, molhado com vários machucados sérios ou não, deitei a cabeça e não queria mais levantar.


 


- Vou cuidar primeiro da sua irmã, senhor Weasley. - Concordei. Gina também não estava muito bem, tinha quebrado um dos pulsos e sua cabeça estava com um ferimento horrível. - Tome essa poção para amenizar as dores, o senhor também, senhor Potter. - Entregou dois potinhos para nós, cada um numa cama. Tony estava em outra, meio ludibriado com tudo.


 


- E a Mione?


 


- Hospital St. Mungos, senhor Potter. Ela teve hemorragia interna, o frio a deixou com hipotermia e perdeu muito sangue. Aqui é só uma enfermaria...! - Suspirou chateada.


 


- Eu quero ficar com ela! - Levantou-se.


 


- Ainda não, Harry. - Ouvimos Dumbledore entrar na sala. - Você terá bastante tempo para ir visitá-la.


 


- Mas eu quero ficar com ela, professor!


 


- Eu entendo, Harry, mas você está machucado, por favor, cuide-se para poder cuidar dela também.


 


            As palavras sábias de Dumbledore. Naquele instante, o sol nascia por trás das grandes colinas de Hogwarts. Tingia a sala de um amarelo tosco e deixava minha visão debilitada. Meus dentes começaram a bater e a dor começava ir embora. 


 


***


 


- Certo, eu também concordo. - Disse uma voz muito familiar que ficou mais alta quando eu abri os olhos. - Oh, Roniquinho!


 


            Mamãe...!


 


- Como você está? Todos os seus irmãos e seu pai passaram a noite em claro por você e pela Ginny!


 


- Estou bem, mãe. - Ao acordar, senti meu calcanhar preso por uma tala e alto para que melhorasse logo. Minha cabeça estava envolta por uma faixa e eu me sentia limpo e quente. Isso era bom. - E a Gina?


 


- Pobrezinha, fraturou a mão esquerda e ainda não acordou, os remédios para dor foram bem fortes...


 


            Ergui levemente a cabeça e procurei Harry.


 


- Ele foi pro Hospital, Ron. - Disse papai me tranqüilizando.


 


- Como ela está?


 


- Melhor do que antes, posso dizer. - Dei um mero sorriso e cai novamente no travesseiro.


 


- Você só se mete em confusão, meu filho!


 


- Molly, querida, não é hora... - Boa, pai! Me livrou de um sermão! - Vamos falar com Dumbledore, ele quer conversar conosco sobre umas festas que o senhor anda freqüentando.


 


- É tudo mentira, eu nego! Nego e nego! - Soltei em minha defesa.


 


- Tudo bem, tudo bem. - Beijou minha testa. - Melhore, filho.


 


            Saiu os dois, fechando a porta e deixando o silêncio comigo, não por muito tempo, logo a porta se abriu de novo e por ela, passaram Deena e para meu espanto, Luna. As duas juntas, sem se matar! Incrível, não?


 


- Olá, meninas. - Disse um pouco fraco.


 


- Como você está? - Perguntou Luna se aproximando mais do que Deena.


 


- Melhor, bem melhor.


 


- O que aconteceu? - Perguntou Deena por sua vez. - Soubemos que a Mione está internada.


 


- É, a história é longa, vocês têm que ler os jornais.


 


- Já lemos, mas queremos saber de vocês. - Luna entregou para mim a primeira página onde o meu rosto, junto com o de Harry e Hermione estavam estampados. A foto era um pouco velha, tirada no final do sexto ano.


 


            “TERROR NA FLORESTA: ESTUDANTES DE HOGWARTS ENCURRALADOS POR COMENSAIS!”


 


            “Na manhã dessa quarta-feira, estamos orgulhosos em informar, em primeira mão, os acontecimento dessa madrugada envolvendo os jovens Harry Potter, Hermione Granger, Ronald Weasley, Gina Weasley e Antônio Goldstein, alunos do sétimo e sexto ano da escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Segundo nossas fontes seguras, os cinco amigos teriam sido atraídos para o centro mais obscuro da Floresta Negra, no território da escola. Perdidos e separados um dos outros, se depararam com vários perigos eminentes. O pior deles, foi o encontro com Lúcio e Narcisa Malfoy, comensais procurados pelo Ministério da Magia de Londres. Após horas de lutas, foram salvos por Dementadores e o Ministério munido de vários aurores.


            Harry Potter, o garoto que mais estampou a primeira página desse jornal, teve seu lugar roubado pela história de sua amiga e amante Hermione Granger. Hermione, nascida-trouxa, filha de pais dentistas cujo foram assassinados na chacina de trouxas no começo do ano passado, guardou esse segredo até a culpa recair em seus ombros. Querendo descobrir a verdade, quase se aliou às artes das trevas junto com os ex-Aurores do Ministério, Nifadora Tonks e Remo Lupin.


            Seu segredo foi descoberto durante as investigações, que, até então, somente o Ministério sabia. Hermione adotou um estilo de vida diferente para camuflar sua dor pela perda dos seus pais. Talvez isso tenha feito o sentimento de vingança falar mais alto e sua vontade de matar Narcisa Malfoy prevaleceu. Narcisa foi presa com uma das mãos trituradas e ferimentos por todo corpo. Ela e seu marido serão condenados ao beijo do Dementador até o final dessa semana.”


 


            A notícia continuava em mais duas folhas.


 


- Mione vai querer matar alguém quando ver isso. - Soltei passando uma das mãos na boca.


 


- E quem não mataria?! - Perguntou ironicamente Deena.


 


            Que silêncio constrangedor.


 


- Er, vocês estão tendo aula normal? - Que pergunta, meu Merlim!


 


- Ah, ontem não tivemos pois todos os professores foram atrás de vocês, mas hoje está sendo normal, aparentemente. - Disse Luna em sua cara redonda.


 


- Só vamos voltar a ter aulas daqui umas duas semanas depois de vária sessões terapêuticas! - Ri.


 


- Não tem graça. - Disseram juntas e eu me calei.


 


- Tem razão. - Cuspi rapidamente. - Quando o Harry voltar, eu vou conversar direitinho com ele e conto tudo que aconteceu, eu não lembro muito bem, fiquei a maioria do tempo desmaiado.


 


- Ok, eu vou indo. - Disse Deena virando os pés e correndo para fora da enfermaria deixando a porta entreaberta. Certeza que ela vai ficar esperando Luna sair, eu conheço aquela loira.


 


- Não queriam me contar o que tinha acontecido com você. - Soltou Luna me olhando nos olhos.


 


- Por que?


 


- Porque tinham medo de eu ir atrás de você.


 


- Lu, você é muito medrosa pra isso. - Estendi a mão e ela aceitou.


 


- Eu sei. - Ela riu e sentou-se ao meu lado da cama. - Até meu pai ficou preocupado! Ela ficou mandando corujas relâmpago para seu pai a noite toda.


 


- Que desespero. - Soltei assutado.


 


- Ele é assim, Rony, você sabe. - Sorriu de canto e se aproximou mais um apouco. - Mas você está bem, e isso que importa. Ah! - Tirou algo do bolso e me entregou. - Fiz pra você. - Ao pegar, reconheci uma pulseira ao estilo da loira. Sorri e pedi que ela colocasse.


 


- É meio gay, mas eu gostei. - Soltei balançando ela presa no meu pulso.


 


- Você é gay, Ron. - Riu.


 


- Obrigada pela parte que me toca, Luna Lovegood! - Rimos e mais uma minutos de silêncio.


 


- Bom, eu vou antes que aquela enfermeira chata venha me expulsar daqui. - Levantou-se e andou até a porta. - Bons sonhos, amor.


 


            Sorri e ela fechou a porta sumindo, me deixando sozinho.


 


***


 


            Deixando essa parte mela-cueca queima filme que acabei de presenciar, por volta das nove horas, Gina acordou dizendo estar com dores de cabeça horríveis. Não era pra menos, ficará com aquele roxo por algumas semanas. Nenhuma notícia dos protagonistas dessa história, papai e mamãe também não voltaram e nem Dumbledore veio dar as caras. Totalmente entediante.


 


            Tony acordou logo depois de Gina e Sarah veio lhe fazer uma visita. Mais uma cena melosa. Me senti sozinho quando as amigas de Gina também vieram fazer uma visita. Relia as velhas revistas, os velhos jornais, jogava a bolinha para cima e para baixo.


 


            Entediante ao máximo. A meia noite, Harry entrou por aquela porta me despertando de um sono leve. Sua aparência era melhor da última vez que o vi. Me ajeitei na cama e ele se sentou na cadeira ao meu lado.


 


- E a Mione, cara? - Suspirou apoiando nos joelhos.


 


- Não perdi ela por muito, muito pouco. - Fitou o chão e eu respirei aliviado.


 


- Isso é bom, cara! Por que está com essa cara?


 


- Fico pensando no que aquela idiota da Narcisa disse. - Me olhou. - E se ela estivesse controlando a Hermione?


 


- Ah, por favor, Harry! Lógico que não, você sentiria, até um asno sentiria.


 


- Mas o que ela falou, faz sentido, pelos meus cálculos, Hermione começou a agir esquisito quando pegou naquele colar, ficava entrando em contradição consigo mesma, até naquelas horas, Ron. - Ergueu uma sobrancelha. - E se aquele colar fosse usado apenas para confundir a cabeça dela? Confundi-la e sabe-se lá o que fazer?


 


- Harry, pára de pensar nisso. Está tudo indo muito bem, obrigada. Hermione está relativamente bem, eu também, Gina, Tony, você! Narcisa e Lúcio estão trancafiados, aquele merda de colar destruído...


 


- É, isso me assusta.


 


- Você é muito paranóico.


 


- Pois é. - Rimos baixo. - E a Gina? - A olhou na outra cama.


 


- Dores de cabeça, pulso quebrado, nada que não posso concertar. Madame Pomfrey disse que eu estou livre a partir de amanhã de tarde, eles vão ficar mais alguns dias.


 


- Hermione só depois de duas semanas, eu acho. - Disse um pouco otimista.


 


- Convenhamos, ela agüentou muito bem pela surra que levou, você também! Não ficou um minuto desacordado, só queria ficar do lado dela! - Meus olhos brilharam. - Vocês são meus orgulhinhos!


 


- Você está me assustando. - Soltou engraçado.


 


***


 


            A repercussão pela escola não poderia ser outra. Buchichos, fofocas, tititis, babados. Essas coisas que acontece quando a gente tenta salvar o mundo – ou as nossas peles. Virei quase uma celebridade, todos viraram meus amigos. Dei algumas declarações pros jornais da escola, contei algumas vezes repetidas a história para aqueles amigos mais íntimos e quando me perguntavam sobre Mione, dizia a mesma coisa: Melhor do que antes, pode ter certeza!


 


            Logo que saí da enfermaria apoiado em muletas com a ajuda de Dino e Simas, McGonagall me chamou em sua sala. Velha maldita! Não está vendo que eu tô morrendo pra andar com essa perna quebrada e ela me faz atravessar a escola inteira para, certamente, ouvir uma bronca.


 


            Repito: Velha maldita! Ao entrar na sua sala, estava meia duzia de fanfarrões como eu. Pediu que eu me sentasse no único local vago em frente a sua mesa e já foi despejando.


 


            Falou que as festas estão terminantemente proibidas nessa escola, que mais meia duzia deveria ouvir mas estão incapacitados ou expulsos da escola, que a Sala Precisa será trancada, selada, fechada a trezentas chaves e quem ousar entrar lá, será punido e blábláblá. Aquele papinho de sempre.


 


            Saímos de lá xingando a nona geração daquela uva-passa.


 


***


 


            De interessante que possa avisá-los, senhores, mais nada aconteceu. Momentos melosos protagonizados por mim e pela Luna, momentos de ternura entre nós três e a Deena – estamos bem, isso que conta. Tony saiu da enfermaria  e já foi ser cuidado pela namorada e Gina saiu por último, quase cem por cento, querendo ir visitar Hermione.


 


            Coisa que estamos indo fazer agora.


 


 


 


 


 

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