Você é Minha Doença




Capítulo XXV


Você é Minha Doença




 


 


- Já são dez e meia, Hermione! - Disse Tony andando de um lado para o outro naquele quarto.


 


- Já estou acabando! - Berrei.


 


Eu estava terminando de maquiar dentro do banheiro. Tony colocou uma camiseta verde musgo com várias coisas escritas, uma calça jeans e tênis confortáveis. Eu, depois de quase vinte minutos escolhendo a roupa, escolhi uma frente única preta bem colada, valorizando meu decote. Eu já não tinha muito peito, aquela blusa ajudava um pouco. Uma calça jeans escura e um bracelete combinando com os detalhes prateados da sandália altíssima.


 


Quando terminei, me olhei mais uma vez naquele espelho ajeitando minha franja e meus cachos. Ao sair, Tony virou-se e me analisou, dos pés a cabeça com um sorriso no rosto.


 


- Está linda. - Sorri retribuindo o elogio. - Vambora! Estamos completamente atrasado! - Pegou na minha mão e me arrastou para fora. Só deu tempo de pegar meu casaco e lançar um beijo para meu gato. - Já devem ter acabado com a bebida...


 


- Lembre-se: nada de exageros. - Coloquei meu casaco enquanto ele fechava a porta.


 


Pegando caminhos vazios e longe de qualquer zelador chato, fomos rapidamente até a Sala Precisa, no caminho, encontramos mais algumas pessoas que iriam também a festa. Ao entrarmos, nos envolvemos numa bolha de proteção para que nenhum som saia e logo, sentimos aquele ar de festa.


 


A música estava absurdamente alta, o local estava repleto de adolescentes procurando um pouco de diversão. Deixamos nosso casacos num canto e descemos os degraus até a 'pista de dança.' De cara, encontrei Parvati e Dylan, ambos com um copo de alguma coisa na mão, dançando discretamente ao ritmo da música.


 


- Hermione! - Sorriu, estava até que alegre de mais. - As meninas estão por ali! - Apontou com um sorriso de orelha a orelha. Peguei o copo da sua mão e cheirei, puro FireWhisky. Meneei com a cabeça e dei para a primeira pessoa que passou por nós.


 


- Vai com calma, garota. - Disse parecendo uma mãe chata e super protetora.


 


- Relaxa, não sou como você que chapa o coco e depois fica lamentando as besteiras que fez! - E ria sem parar.


 


- Vamos logo. - Pedi discretamente para Tony e saímos sem ser notados.


 


Eu fui a frente e Tony mais atrás, com uma mão nas minhas costas. Reconheci metade do sétimo ano, cumprimentei algumas pessoas, assim como Tony. No final daquele correr de gente, estava Anne, Sarah e Deena, a última sentada em uma cadeira com a cara fechada e os braços cruzados.


 


- Ah, qual é, loira?! Animação! - Pediu Tony se aproximando.


 


Notei que as bochechas de Sarah ficaram da cor de um pimentão e logo tentou se distrair com alguma outra coisa que não fosse a gente.


 


- Tô bem aqui, gente. - Seus olhos estavam presos no horizonte de pés. Tentei focalizar no local que estava olhando mas não achei nada de importante.


 


- E vocês? Vão ficar aqui? - Perguntei as outras duas.


 


- Daqui a pouco vou dançar. - Disse Anne sorrindo.


 


- Sarah? - Perguntei um pouco aborrecida pois a morena estava me ignorando por completo.


 


Levantou-se, deu um sorriso sem graça e partiu para o outro lado, passando pelo meio de todos.


 


- O que há com essa garota?! - Anne fez uma careta e coçou a cabeça, Deena apenas virou os olhos.


 


- Ciúme. - Sussurrou.


 


- Francamente... - Olhei para o local que tinha ido cruzando os braços.



Peguei na mão de Tony e o arrastei para a improvisada pista de dança. Uma música com um ritmo legal começou a tocar, paramos num espaço onde dois corpos caberiam sem nenhum esforço e começamos a dançar. Tony era engraçado, fazia passos insólitos e caretas esquisitas. Eu o tentava, dançando daquele jeito que qualquer homem pira. Passei uma mão em seu pescoço e a outra pela sua cintura, colando seu corpo no meu.


 


Rocei meus lábios nos seus, na sua bochecha, mordi sua orelha e o trouxe mais para perto. Uma de suas mãos foi na minha cintura, quase enganchando no meu bolso traseiro, a outra na minha nuca, passando pelos meus cabelos. Quando nos lábios se selaram, senti um arrepio esquisito no corpo, sua mão que estava na minha cintura, descobriu todo o território das minhas curvas, a outra puxava levemente minha cabeça para trás.


 


- Imagina ficar te olhando todos os dias e não poder te tocar desse jeito... - Sussurrou no meu ouvido abocanhando minha orelha.


 


- Não sabia que despertava esse tipo de sentimento nos homens... - Voltamos a nos beijar.


 


Um beijo tão intenso que fiquei ofegante quando nos separamos.


 


- Você desperta muito mais. - Encostou sua testa na minha alisando o canto do meu rosto.


 


E mais um beijo sufocante mas delicioso.


 


***


 









 


 


Baby, baby


Baby, Baby


 


When we first met I never felt something so strong


Quando nós nos encontramos eu nunca senti nada tão forte


 


You were like my lover and my best friend


Você foi como meu amor, e melhor amigo


 


All wrapped in one with a ribbon on it


Pacote completo embrulhado em uma fita


 


And all of a sudden you went and left


E totalmente de repente você se foi,


 


I didn't know how to follow


Eu não soube como seguir


 


It's like a shock that spun me around


Foi como um choque, mudou tudo ao meu redor


 


And now my heart's dead


E agora meu coração está morto


 


I feel so empty and hollow


Eu me sinto vazia e oca


 


 


Estávamos sentados em uma mesa improvisada. Eu, Deena, Anne, Tony, Dino, Neville, Simas e logo depois, Parvati se juntou a nós. A caixa que servia de mesa, estava com, pelo menos, dois copos de cada um de nós, ou seja, completamente lotada. Conversávamos sobre tudo, sempre saia em alguma brincadeirinha que deixava um ou outro sem graça e os outros se arrebentavam de rir.


 


Encostei a cabeça no ombro de Tony e ele me olhou sorrindo, me deu um pequeno beijo e logo sentiu um gelo vou na sua direção.


 


- Filha de uma mãe! - Jogou o gelo novamente em Simas.


 


- Mas voltando ao assunto, se vocês expulsarem aquele garoto do quarto, vocês podem se meter em encrenca! - Soltou Anne.


 


- Estamos pouco se lixando, o cara é um pé no saco! - Disse Dino maldosamente.


 


- Ele merece os nerds, aí sim ele ia se encontrar. - Rimos.


 


- Chega mais Harry! - Neville chamou. Harry e Ron acabaram de chegar perto de nós, deram um aceno geral e ficaram um pouco 'tímidos', mas logo duas cadeiras surgiram para que eles se acomodassem. - Aonde vocês estavam?


 


- Por aí. - Soltou Harry sem graça.


 


- Ah, tô vendo que já se amarrou de novo, Harry! - Simas disse rindo com os outros, menos eu, que deitei ainda mais no ombro de Tony.


 


- Não é bem assim. - Riu sem graça, Ron lhe deu uns tapinhas nas costas.


 


- Ele não agüenta ficar sozinho! - Rimos mais uma vez.


 


 


And I'll never give myself to another the way I gave it to you


E eu nunca me dei a ninguém do jeito que me dei a você


 


You don't even recognize the ways you hurt me, do you?


Você nem reconhece a maneira que me machuca, não é?


 


It's gonna take a miracle to bring me back


Vai ter que conseguir um milagre para me trazer de volta


 


And you're the one to blame


Porque você é o único culpado


 


And now I feel like.... Oh!


E agora eu me sinto como... Oh!


 


 


É, eu estava morrendo de ciúmes e não queria demonstrar. De repente, a música agitada deu lugar a uma música mais lenta, a pista se desmembrou em casais coladinhos, dançando passinho para cá, passinho para lá. Olhamos aquela cena fofa e até rimos.


 


- Me permite essa dança, madame? - Simas esticou a mão para Anne que olhou para todos sem graça.


 


- Aceita logo! - Soltei dando mais um gole na minha bebida.


 


A loira, morrendo de vergonha aceitou a mão e foi junto com Simas para o meio das pessoas. Acompanhamos com os olhos rindo e zoando com eles.


 


- E seu namorado, Patil? - Perguntou Dino.


 


- Já foi embora. - Sorriu maliciosamente. Os dois levantaram para a surpresa de todos e foram dançar.


 


Deena apoiou-se nos braços suspirando até Ron se levantar e ir ao lado da loira.


 


- Vamos dançar? - Ela ergueu seu olhar totalmente confusa. Fechei meu sorriso, queria que ela fosse mas algo me dizia para ela não aceitar. - Como amigos.


 


Ela exitou, olhou para mim e depois para ele. Aceitou a mão dele um pouco receosa e se aproximou daquela multidão. Harry e eu trocamos olhares um pouco preocupados mas parece que tudo estava muito bem.


 


 


You're the reason why I'm thinking


Você é a razão pela qual eu estou pensando


 


I don't wanna smoke on these cigarettes no more


Que não quero mais fumar esses cigarros


 


I guess that's what I get for wishful thinking


Eu acho que é o que eu ganho por ilusões


 


Should've never let you enter my door


Nunca deveria ter deixado você entrar pela minha porta


 


Next time you wanna go on and leave


Próxima vez que você quiser ir e me deixar


 


I should just let you go on and do it


Eu devo apenas deixar você ir em frente e fazer isso


 


'Cause now I'm using like I bleed


Porque agora eu estou usando o modo como eu sangro


 


 


- E o único casal de verdade não vai dançar?


 


- Sou uma negação para dançar. - Soltei antes que Tony se manifestasse.


 


- Por que você não dança com ela, Potter? - Perguntou Tony virando-se para o moreno. Ambos os dois ficaram totalmente surpresos.


 


- Dan-Dançar?


 


- É, cara! Eu também sou uma negação para dançar, mas ela tá louca para ir lá, pagar esse mico!


 


Antônio Goldstein, eu juro mato você. Harry levantou-se, estendeu a mão para mim fazendo uma referência.


 


- Vocês só podem estar loucos... - Soltei olhando para outro lado.


 


- Qual é, você não dança tão mal assim que eu sei. - Sussurrou Harry esperando que eu aceite a mão.


 


 


It's like I checked into rehab


É como eu cheguei à reabilitação


 


And baby, you're my disease


E baby, você é minha doença


 


It's like I checked into rehab


É como eu cheguei à reabilitação


 


And baby, you're my disease


E baby, você é minha doença


 


I gotta check into rehab


Eu tive que entrar em reabilitação


 


'Cause baby you're my disease


Pois baby, você é minha doença


 


I gotta check into rehab


Eu tive que entrar em reabilitação


 


'Cause baby you're my disease


Pois baby, você é minha doença


 


 


Encarei aqueles olhos verdes e depois Tony e seu sorriso maroto. Suspirei e peguei em sua mão. Parece que levei um pequeno choque com aquele toque, segurou com força para que eu não fuja e me levantou. Fui até o centro olhando para Tony novamente que tinha um sorriso largo no rosto.


 


Paramos ali no meio, ficamos nos olhando até ele colocar as suas mãos na minha cintura e eu segurar em seu pescoço. Estávamos totalmente sem jeito, parecendo dois estranhos, não pude conter o rubor nas minhas bochechas e as mãos suadas.


 


Parecia uma criança que nunca amou, uma adolescente boba com o seu primeiro namorado. Aqueles olhos nunca foram tão profundos. Evitava olhá-los, claro, não queria ficar com mais vergonha ainda. Deus, vergonha do quê?! Esse cara a sua frente já te viu nua, não há o que para ter vergonha!


 


- Pode se mexer, Hermione. - Disse num mero sorriso.


 


- Desculpe. - Abaixei meu olhar e olhei envolta.


 


- Não tem que se desculpar, faço isso mesmo com as mulheres, deixo-as sem reação. - Olhei fingindo estar incrédula.


 


- Convencido... - Riu discretamente. - O Tony é louco.


 


- O lance é sério? - Ergui uma sobrancelha.


 


- Mais ou menos. - Torci o nariz. - Tony é mais um amigo do que namorado.


 


- Mas já dormiram juntos, né? - Arregalei os olhos e dei um tapa em seu ombro. - Estou brincando. - Ficamos mais uma vez sem dizer uma palavra, apenas apreciando o nada. - Fiquei surpreso, pensei que você não ia aceitar.


 


- Também fiquei surpresa em aceitar. - Dei um meio sorriso e deitei no seu ombro enquanto a música passava.


 


Parvati olhou incrédula quando me viu dançando com Harry. Sussurrou algo como 'Cadê o Tony?!' e eu ri. Logo depois, Anne soltou um 'Arrasa!' que me deixou um pimentão.


 


 


Damn, ain't it crazy when you're love swept


Droga, você fica louco quando está apaixonado


 


You'd do anything for the one you love


Você faz qualquer coisa por quem você ama


 


'Cause anytime that you needed me I'd be there


Pois todas as vezes que você precisou de mim, eu estive lá


 


It's like you were my favorite drug


Era como se você fosse minha droga favorita


 


The only problem is that you was using me


O único problema é que você estava me usando


 


In a different way than I was using you


De uma maneira diferente que eu usava você


 


But now that I know it's not meant to be


Mas agora eu sei que isso não era para ser


 


I gotta go, I gotta wean myself off of you


Eu preciso ir, eu preciso me encontrar sem você


 


 


- Perfume novo?


 


- Uhum... - Ainda estava deitada em seu ombro.


 


- Tudo está tão confuso, não é?


 


- Por que diz isso? - Fechei os olhos.


 


- Estamos tão perto, mas parece que estamos tão distantes.


 


- Isso porque você queria se afastar de mim.


 


- Pois é... - Ponderou. - Principalmente depois que você terminou com o Malfoy, você está tão estranha.


 


Será que ele notou? Notou que toda vez que eu chegava perto dele, parecia que não conseguia agir como uma pessoa normal, parecia uma boba apaixonada?!


 


- Um relacionamento pode abalar as pessoas. - Menti.


 


- Principalmente com aquele cara... - Apertou um pouco mais a minha cintura e me fez erguer minha cabeça de seu ombro.


 


- Passado, Ok? - Suspirou. - E a Gina? Tem falado com ela?


 


- Daquele jeito, ela fala, eu finjo que ouço e fica tudo bem. - Ri. - Estamos melhor do que antes, posso afirmar.


 


- Que bom.


 


- Vocês poderiam acabar com a criancice e voltar a se falar, não é?


 


- Não peça muito, Harry! Por favor! - Voltei a deitar no seu ombro sussurrando. Ele encostou sua cabeça na minha apoiou os lábios perto do meu pescoço, pude sentir seu pequenos beijos por cima do cabelo, um louco.


 


Seus lábios quentes, bem ali, perto de todos, com meu namorado a metros de distância. Antes, eu era julgada a inconseqüente, agora, o papel se inverteu. E não culpe a bebida, senhor Potter! Essa é a minha desculpa.


 


 


And I'll never give myself to another the way I gave it to you


E eu nunca me dei a ninguém do jeito que me dei a você


 


You don't even recognize the ways you hurt me, do you?


Você nem reconhece a maneira que me machuca, não é?


 


It's gonna take a miracle to bring me back


Vai ter que conseguir um milagre para me trazer de volta


 


And you're the one to blame


Porque você é o único culpado


 


'Cause now I feel like....oh!


Pois agora eu sinto como... Oh!


 


 


- Eu amo seu cheiro... - Sussurrou. - O cheiro do seu cabelo, da sua pele.


 


Engoli seco, levantando a cabeça lentamente e focando Tony conversando animadamente com os outros garotos.


 


- Queria largar tudo e ficar com você... - Levantei a cabeça do seu ombro e finalmente encarei aqueles olhos.


 


- Você não pode, eu não posso.


 


A música tinha acabado, nos separamos com a distância de um passo e sem mais palavras, voltei mais rápido do que ele para aquela mesa.


 


- Se divertiu? - Sentei no colo de Tony respondendo sua pergunta com um aceno de cabeça.


 


Harry sentou um pouco depois um pouco duro e sem graça. Logo depois, os outros casais voltaram, Deena e Ron ficaram por lá, o que me deixou um pouco preocupada. Por sorte, Luna não tinha vindo hoje, menos uma confusão.


 


- Estou cansada, vamos? - Olhei no meu relógio e vi que marcava três e meia da amanhã. Essa mentira era para sair do alvo dos olhos massacrantes de Harry.


 


- Tem que ser agora? - Fez uma carinha que não pude resistir.


 


- Eu vou, e você pode ficar. - Sorri acariciando seu rosto.


 


- Você não existe! - Me deu um beijo. - Boa noite.


 


- Boa noite. - Me levantei. - Boa noite, pessoal!


 


- Mas já?! - Perguntou Parvati caindo nos ombros.


 


- Tô ficando velha para essas coisas. - Sorri e peguei o caminho para a porta. Senti os olhos daquele moreno em mim, até eu sair da vista de qualquer um.


 


 


You're the reason why I'm thinking


Você é a razão pela qual eu estou pensando


 


I don't wanna smoke on these cigarettes no more


Que não quero mais fumar esses cigarros


 


I guess that's what I get for wishful thinking


Eu acho que é o que eu ganho por ilusões


 


Should've never let you enter my door


Nunca deveria ter deixado você entrar pela minha porta


 


 


Peguei meu casaco e saí daquela sala. Tinha esfriado significadamente, torci os braços e eu passos rápidos, voltei até o quarto.


 


***


 


E quem disse que eu consegui dormir? Apenas tomei um banho rápido, limpei meu rosto, prendi meu cabelo e coloquei uma pijama. Fiquei sentada naquele lugar que uso para espairecer naquele quarto. Bichento dormia horrores naquela almofada, podia cair o mundo ao seu lado que não acordaria, tinha certeza disso.


 


Eram quase cinco da manhã quando batem a minha porta, tinha certeza de quem era.


 


- Tony, você tem que- - Parei ao ver que não era o Tony. Harry estava encostado ao batente, ao me ver, ergueu-se e enfiou as mãos no bolso.


 


- O seu namorado pediu para dizer que amanhã não vai dar para vocês fazerem aquilo que ele não disse para mim. - Riu. Eu fiquei um pouco confusa e dei espaço para que entrasse. - Ele bebeu um pouco além.


 


- Isso porque eu falei que era para não exagerar! - Suspirei.


 


Harry entrou, ficou tímido com as coisas que encontrava ali, ficou longe de tudo olhando meus movimentos. Acendi a luz e me abaixei para pegar Bichento.


 


- Er, bonito pijama. - Disse num sorriso maroto. Levantei-me rapidamente deixando o gato no chão e cruzando os braços.


 


- Então,- - Sentei-me na beirada da cama. - ele fez alguma besteira?


 


- Só dançou pelado em cima das mesas depois de tentar beijar o Neville. - Meus olhos cresceram. - Brincadeira. - Riu. - Não fez nada de errado, Senhorita Granger, fiquei de olho nele, amanhã provavelmente, acordará com uma grande dor de cabeça.


 


- É, eu sei. - Cocei a cabeça. - E você?


 


- Não, eu não bebi muito. - Rolei os olhos.


 


- Eu acho que ele não mandou você falar isso.


 


- Por que? - Perguntou confuso.


 


- Porque já tínhamos cancelado. - Olhou para os próprios pés. - Por que você veio?


 


Não respondeu de imediato.


 


- Fiquei com vontade de te ver. - Ri, um pouco sem graça, um pouco óbvia. - Bom, já vi, e agora vou indo. - Virou-se para a porta.


 


- Não! - Soltei como impulso. - Quer dizer-- Virou-se e me encarou. - pode ficar, se quiser.


 


- Amanhã, ou melhor, daqui a pouco eu teria que estar de pé para resolver algumas coisas do time, tenho que ir.


 


- Sempre Quadribol em primeiro lugar.


 


- Não é bem assim. - Cruzou os braços e eu me levantei.


 


- É sim! Você sempre dá a desculpa do Quadribol, time, jogo... - Suspirei. - Homens, todos iguais.


 


- Vou logo avisando que eu não sou igual aos outros, Hermione. - Foi até a porta e eu fiquei a sua frente, encostando as costas nela e cruzando os braços.


 


- Então, me fala o real motivo para você querer ir embora.


 


Olhou profundamente nos meus olhos e segurou no meu pescoço alisando o canto do meu rosto e depois desceu até a maçaneta.


 


- Porque você quer que eu vá.


 


É, não podia mentir. Dei espaço par a que ele abra a porta e assim ele fez. Ao sair, voltou um pouco e ergueu um dos dedos como se quisesse dizer algo, mas não disse.


 


- Fala.


 


- Não, deixa quieto. - Segurei em seu braço.



- Pode ir falando. - Pedi cruzando os braços.


 


- Só ia dizer para ter bons sonhos.


 


Nossos olhares de ternura se encontraram, mordi o lábio inferior e abri um pouco mais a porta.


 


- Boa noite.


 


- Bom dia, você quer dizer. - Sorriu e desceu as escadas.


 


Oh, Meu Deus!


 


***


 


Aquela segunda-feira estava tão esquisita. Um tempo que ameaçava chover, mas os raios de sol ainda predominavam. Todos se enfiaram em algum lugar para estudar ou descansar. Os corredores estavam quase vazios e os jardins desérticos.


 


Sabe quando você sente que algo irá acontecer?


 


Tony me encontrou a caminho da biblioteca, disse que ia chover por eu estar estudando e eu ignorei aquele comentário. Juntos, íamos estudar, a não ser por Parvati invadir nossos planos como um tiro, disse que tinha notícias, no mínimo, bombásticas.


 


- Fala logo, Parvati!


 


- Descobri porque Meg andou tão sumida!


 


- Fala, então! - Eu e Tony estávamos curiosíssimos.


 


- Meg está namorando, nada mais, nada menos- - Naquele momento, eu nem precisei que ela terminasse aquela frase, Meg surgiu, de mãos dadas com, nada mais, nada menos que – Harry Potter.


 


Meus olhos ficaram do tamanho de duas ameixas, minha boca caiu e o ar começou a faltar. Tony levou uma mão a boca e soltou algumas coisas inaudíveis. O que aquela desgraçada está fazendo com ele?! Como ele não me contou isso?! Ele ficou dando mole para mim todos esse dias e agora, aparece com essazinha sem sal?!


 


Parece que fiquei um bom tempo fora e todas as coisas mudaram.


 


- Eu sabia que ela era uma grande admiradora dele, mas como eles começaram a namorar?! - Disse Parvati.


 


Todos olhavam para aquele casal, eu, Tony e Parvati éramos uma pequena porção. Na minha mente, eles andavam em câmera lenta, o vento batia naqueles cabelos dourados, brilho saía dos seus dentes perfeitos e seu andar era gracioso de mais. Sacudi a cabeça suspirando profundamente.


 


- Oh, Hermione! Quanto tempo! - Meg saltou para o meu lado e me deu um abraço. - Parece que não nos falamos a décadas!


 


- Pois é. - Disse seca olhando Harry que desviava o olhar de mim.


 


- As meninas estão combinando de estudar amanhã, vem com a gente?


 


- Não vai dar. - Olhei Parvati que abaixou a cabeça e meneou.


 


- Ah, tudo bem, amor, vamos? - Harry concordou e a seguiu.


 


Não é possível.


 


- Eles formam um casal esquisito... - Soltou Tony torcendo o nariz.


 


Engoli seco, minha cabeça deu alguns giro, meus olhos se encheram de lágrimas e eu saí sem dizer nada a nenhum dos dois. Tony me seguiu e pediu o que tinha acontecido, pedi um momento para mim mas ele não deixou, disse que era melhor conversar, assim não guardaria tudo para eu mesma.


 


Conversar tudo que estou pensando com meu namorado, não vai ser legal.


 


***


 


- Ele é um idiota, Tony! Um idiota! - Soltei andando de um lado para o outro.


 


Estávamos perto do lago, ele estava sentado numa grande pedra e eu ficava marcando o chão, de um lado para o outro, sem parar, tentando aliviar a raiva e a dor.


 


- Eu sei que você gosta dele, Hermione, mas relaxa.


 


- NÃO DÁ PRA RELAXAR! - Gritei e ele me encarou longamente. - Eu falei que não era bom a gente conversar... Eu ia acabar- - Respirei passando a mão na testa. - Eu ia acabar falando coisas que pode magoar você, Tony.


 


- Princess, relaxa, eu já sabia que você e o Harry tem alguma coisa de especial, eu queria comprovar quando pedi pra ele dançar com você.


 


- Coisa que você não devia ter feito. - Suspirei aborrecida.


 


- Eu estabeleci um critério: se ele não quisesse dançar com você, eu- - Molhou os lábios. - eu teria certeza que ele esqueceu que um dia teve alguma coisa com você, ou quem sabe, teria um pouco de respeito a mim, mas como ele aceitou dançar com você, eu vi que ele te ama, Hermione. - Meneei com a cabeça.


 


- Você sabe muito bem, Tony, que ele tem o 'segredo' que não pode deixar que fiquemos juntos!


 


- Dane-se o segredo! Você ficou visivelmente abalada quando viu aqueles dois juntos! Você ficava visivelmente abalada quando via o Harry e a Gina se pegando! Tá na cara, Hermione! Todos sabem que você é louca por ele, e ele é louco por você.


 


- Estou cansada de ouvir isso...!


 


- Vocês são mais enrolados do que nó em fio de telefone! - Comparação idiota. - Eu sei que você não está nos seus melhores momentos, mas eu acho que se você continuar comigo, aí mesmo que você vai ficar pior. Vocês só não se pegaram naquela pista de dança porque eu estava lá, tava na cara!


 


- Você tá dizendo – Fiquei muda.


 


- É, Hermione, se você nunca ganhou um, fico feliz por ser o primeiro! Estou te dando um pé na bunda.


 


Suspirei muito aliviada. Caí nos ombros e o trouxe para um abraço bem apertado.


 


- Nós somos melhores como amigos! - Soltei num mero sorriso.


 


- É, eu sei disso, mas sabe, se um dia você estiver carente e quiser-


 


- Pode deixar, você será o primeiro que eu irei recorrer! - Lhe dei mais uma abraço.


 


***


 


Já era hora do jantar, eu não tinha ido como todo mundo porque estava confabulando no meu quarto, sozinha, eu e meus pensamentos. Várias coisas, dentre elas, algumas sangrentas e mortais, surgiram enquanto eu pensava em um modo de livrar Harry dessa loira desgraçada.


 


Andava de um lado para o outro, pensava em planos, articulava sonhos, imaginava como seria se não tivesse depositado confiança naquela idiota...! Primeiro, rouba minhas amigas, segundo, rouba meu lugar naquele quarto, e terceiro, rouba o meu 'namorado'?! Maldita!


 


Naquele instante, batidas na porta fizeram com que eu parasse e voltasse ao mundo real.


 


- O que você quer aqui? - Perguntei completamente surpresa ao ver Gina do outro lado, um pouco séria e aborrecida.


 


- Posso entrar? 

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