Meu Mundo de Outro Jeito




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Capítulo XI
Meu Mundo de Outro Jeito



Antes mesmo de poder vestir minhas sandálias, Anne tinha me achado e me arrastado para o dormitório delas. Disse que tinha umas novidades e essas novidades me deixaram totalmente nervosa e com a imaginação a mil. Perguntou o que eu estava fazendo por lá e eu disse que dormi por lá mesmo. Não dia revelar todos os detalhes, por enquanto não.

Ao entrar lá, quase todas prontas para irem e só eu, coma mesma roupa de ontem, a mingua de comida e bebida e com uma camiseta masculina. Parvati correu até mim e quase esfregou a sua mão direita no meu rosto. Reconheci um anel de compromisso.

- Mas já? Vocês estão tão pouco tempo juntos. – Soltei me sentando na cama de Deena.

- Ah, mas ele me ama e eu o amo, Hermione! – Disse sonhadora.

- Você tá de mi-mi-mi, Parvati! – Soltei indiferente. – Você nunca foi a 'boba apaixonada'.

- Boba apaixonada por ele, sim! – Estava disposta a me contrariar. Rolei os olhos e notei que Deena estava um pouco deprimida e com um olhar baixo como se tivesse perdida de seu dono.

- Deena, está tudo bem? – Perguntei me debruçando na cama.

- Tá sim, Hermione. – Sorriu falsamente dobrando suas roupas.

- Ron queria que ela fosse pro quarto dele e ela não quis. – Soltou Sarah para esclarecer minhas dúvidas.

- Obrigada, Sarah. – Soltou com raiva, jogando seu olhar furioso sobre ela.

- De nada. – Sorriu amigavelmente.

- E vocês brigaram?

- Ele estava bêbado, Hermione! – Disse numa voz chorosa. – Ele não estava falando coisa com coisa e queria porque queria que eu fosse com ele pro quarto! Eu não ia! A gente não tem nem uma coisa séria e ele- - Parou de falar e respirou fundo.

- Relaxa, o Ron, quando bebe, não fala muita coisa boa. Se já sóbrio é um bobão, imagina bêbado. – Sorriu.

Dei uma olhada pelo quarto não achando Meg.

- Onde a Meg está?

- Nossa, não era você que dizia que a presença dela era algo insignificante?

- Nunca disse isso. – Me defendi.

- Ainda não voltou. – Respondeu Anne. – Aquele moleque lá eu já vi na Sala Comunal, mas ela não.

- No mínimo, ainda deve estar dormindo em alguma cama por aí.

- Como você, né dona Hermione?! – Brincou Parvati sentando ao meu lado. – Pensa que eu não sei que você dormiu com o Antonio? – Todas explodiram. Sarah ficou estática e não disse nada, apenas me olhou com uma profunda tristeza e remorso.

- Eu não dormi com ele, Parvati! Eu apenas dividi a mesma cama com ele! São coisas completamente diferentes! – Explique-me para o alivio da latina. – E também, Harry e Neville estavam no quarto! Vocês queriam o que?

- Ah, mas você pegava?

- Lógico que não! Tony e eu somos amigos. – Se divertiram com a minha cara e eu ignorei. – Ele é uma pessoa especial pra mim.

- Ah, sei, sei... – Brincou Deena.

- Podem acreditar se quiserem. – Disse rudemente.

- A gente acredita, é que é engraçado ver você nervosa. – Riram. – Aliás, de quem é essa camiseta? – Pegou por debaixo do casaco a puxando para fora.

- Ah, é do Harry, eu acabei sujando a minha.

- E já estão de bem de novo a ponto dele te dar roupas? – Rolei os olhos e encarei Sarah.

- Não, não estamos e ele não me deu, ele me emprestou por causa, como eu disse, eu sujei a minha. – Sorri sarcasticamente mas estava começando a me encher.

- Gente, são dez e meia! Vamos logo!

- Mas eu tenho que trocar de roupa! – Me arrastaram para fora.

- Você está ótima assim! – Deena me jogou um cachecol e luvas.

- Mas estou-

- Dane-se! – Disseram juntas me arrastando para fora daquele quarto.

***


Bem que eu deveria ter despistado aquelas garotas e corrido para meu quarto e trocar de roupa, nem que seja só de camiseta. Não sei como Harry fazia para impregnar seu perfume nas camisetas mesmo lavadas. Isso só me deixava ainda mais nervosa. Passei para dentro da Dedos de Mel e logo fui comprando tudo que via pela frente. Estava verde de fome, precisava comer antes que dê entrada novamente na enfermaria.

Doces, bombons, mais e mais coisas que só de pensar, já engordava. Quem liga?! Estou com fome! Muita fome. Sarah e Anne, as únicas que estava comigo porque Parvati e Deena foram com seus namorados, estranharam eu comer tanto assim. Passei no caixa, paguei e logo sai de lá comendo um pão de mel tamanho família.

- Que delicia... – Disse lambendo os lábios; Estavam tão no meu mundo que não vi quando esbarrei em alguém e metade de um chocolate quente foi no meu casaco. Abri a boca para começar a protestar, quando vi Gina, Harry e Luna. Gina segurava o copo e não duvido que foi proposital. – Não olha por onde anda?! – Quase gritei. Sarah pegou a sacola da minha mão enquanto eu abria meu casaco as gargalhadas de Gina e Luna. Harry apenas observava a cena, quando viu que eu abria o casaco totalmente, pulou na minha frente o fechou.

- Harry, o que deu em você? – Perguntou Gina cruzando os braços.

- Nada, Gina, nada. É que- - Me abraçou. – hoje é- - Gaguejou. – aniversário- - Não conseguia dizer as palavras e eu não conseguia entender. – de um mês! – Todas nós estávamos confusas.

- Aniversário do que? – Estava nervosa, ficara da cor do seu cabelo. Eu, sem fazer nada, nem encostava em Harry, ele que me abraçava.

- Fecha esse casaco e some daqui. – Sussurrou no meu ouvido.

- Aniversário de um mês que eu dei o melhor presente do mundo ao Harry. – Sorri entendendo o recado. Separei-me dele fechando o casaco.

- Que melhor presente do mundo é esse, Harry?! – Estava tendo aqueles ataques de mulher ultraciumenta. Não foi a melhor coisa que eu disse nos últimos dias, mas serviu para alguma coisa.

- Um dia eu te mostro, amor. – Lhe deu um pequeno beijo e a arrancou dali me jogando um olhar ameaçador em cima de mim.

Sarah e Anne observaram a cena atônitas, não entendendo absolutamente nada. Eu também não entendi o que se passou na cabeça daquele louco para me abraçar na frente da namorada! Preferia abraçar agora a ela ver a camiseta que estava comigo. Gina era o tipo do inseto que repara em tudo, então, isso seria um sério problema.

- Ele é doido? – Perguntou Sarah se aproximando de mim. Peguei minha varinha e limpei a mancha.

- Um pouco, eu acho – Sorri a guardando e pegando meus doces de volta.

Bem esperto, Harry. Esse é o primeiro abraço em um... mês. Foi uma coincidência ou ele marcou mesmo essa data? Foi exatamente há um mês que tudo aconteceu. Quando eu digo tudo, é tudo mesmo. Desde amor até ódio.

***


- Soube que teve seu encontro com Gina agora a pouco. – Conversávamos apenas eu e Ron, sentados numa das mesinhas do Três Vassouras. Deena, Sarah e Anne, tinham ido até a Dedos de Mel.

- Por muito pouco, não morro ali mesmo.

- Harry me contou. – Riu. – Mas por que você ainda não trocou de roupa?

- Por que sua namorada e as amiguinhas dela, me arrastaram para cá do jeito que eu dormi e do jeito que eu acordei.

- Você recebeu uma carta de Tonks? – Cerrei as sobrancelhas.

- Não, você recebeu? – Concordou. – E o que queria?

- Ela disse pra eu ficar de olho no Harry. – Rolei os olhos. – Pediu isso pra você também?

- Pediu, e parece estar bem determinada que eu descubra o que ele anda fazendo.

- Por que ela está tão preocupada? – Olhei dos lados e comecei a falar mais baixo porque poderia ter várias pessoas escutando com aquele bar cheio.

- Ela disse que o Ministério não está como antes e que muita coisa ruim ainda pode acontecer.

- E ela acha que o Harry tem alguma coisa a ver com isso? – Concordei. – Ela está pensando o que?! Que ele está querendo enfrentar você-sabe-quem sozinho?! – Brincou.

- Não sei, Ron. Depois daquele presente que Sirius deu no Natal, Harry anda muito esquisito.

- Pensei que ele estava esquisito por causa do que aconteceu com vocês! Não por causa disso.

- Eu também pensei no começo, mas Tonks me abriu os olhos; Não é isso, Ron, o buraco é mais fundo do que a gente pensa. – Encostou-se totalmente na cadeira. – E o que você respondeu?

- Não respondi ainda, eu queria primeiro falar com você.

- Ela mencionou meu nome na carta?

- Não, mas pediu que eu não contasse pro Harry de jeito nenhum. Então, só me restou você em quem eu posso confiar. – Sorri. – Eu confio na Deena, mas esses assuntos são demais pra ela. Não quero preocupá-la nem colocá-la em risco. Se eu tenho medo por você estar muito envolvida, imagine pela Deena que é nova nesses assuntos! É o que eu e o Harry mais tememos.

- Não precisam temer, eu sei me cuidar.

- Sirius sabia, Cedrico também sabia. – Abaixei meu olhar para a mesa e depois o encarei. – E deu no que deu.

- É, eu sei. – David me veio na memória e meus olhos se encheram de lágrimas.

- E o que nós vamos fazer? – Olhei mais uma vez em volta, suspirei e o olhei profundamente.

- Esperar.

Sarah, Anne e Deena se aproximaram com sacolinhas e nós cessamos o assunto no mesmo momento.

***


Já estava quase na hora de voltarmos para o castelo quando dou por falta de Sarah. Estávamos todas ali, mais o Ron, que disse que preferia ficar com nós a ver imagens nojentas envolvendo sua irmã. Ao perguntar de Sarah, recebi uma surpresa: estava com Tony. Sim, o Antonio, o Tonyzão. Será que ela conseguiu aquilo que ela queria? Repito: Tony é homem de uma mulher só, e essa mulher – creio que não – não é a Sarah.

Se ele a decepcionar, eu juro que o mato. Mas nem precisei pensar muito quando vejo os dois saindo de uma loja apenas conversando. Acho que está contando alguma piada porque ela nutria um sorriso largo em seu rosto. Aproximaram-se, Sarah sorriu mas Tony tinha que marcar presença. Agarrou-me e me deu um beijo no rosto de fazer um grande estalo.

- Tony, pára com isso. – Pedi um pouco séria.

- Ah, você nunca reclamou, Princess! – Voltou a me beijar.

- Mas agora eu reclamo sim! Pára. – Vi que os olhos de Sarah mudaram como sua expressão. Sim, ela estava mesmo gostando dele e eu acho que não gosta muito dessa nossa 'amizade'.

- O que deu em você? – Soltou-se de mim.

- Nada, Tony, nada. Vamos logo! – O peguei pelo braço e o arrastei de lá seguindo todos.

Ao chegarmos no castelo, fomos logo pro jantar. Isso porque eu ainda não tinha tido uma refeição digna, um banho com sabonete e uma cama só para mim. Tratei de comer mais rápido do que todos. A desculpa era única e verdadeira: Estava morrendo naquele jeito. Terminei de comer antes do que muitos se sentassem. Enquanto Dumbledore parecia dar um recado, eu me levantei e corri para fora.

Só de imaginar um banho num banheiro grande e que não abafa por qualquer coisa, com sabonetes cheirosos e toalhas macias que não cheiram a colônia masculina me deixa mais feliz. Imagina uma cama bem fofinha e bem grande onde eu possa me esparramar a noite inteira. Imagina como seria a minha vida sem tudo isso?!

Que delícia de vida...!

***


Oh, não. Era a próxima aula. Eu só sei que estou pirando, contando os segundos para que a sineta bata. Na próxima aula teria a prova da Minerva. Nunca estive tão nervosa assim, deve ser porque eu não estou segura de nada! Deve ser também porque as provas avisadas dela, são as mais temidas, principalmente para o sétimo ano.

Parvati e Sarah também estavam bem agitadas. Mas elas estudaram! Elas prestaram atenção, e você, Hermione, não! Não fez nada disso. Está apenas com a base da matéria que elas lutaram pra botar na sua cabeça. A sineta tocou e fomos as três para a sala de McGonagall. Ao entrarmos, Parvati encontrou com Dylan e foram sentar juntos, Sarah e eu nos sentamos mais a frente, atrás de Harry e Ron que dividiam o período conosco.

- Hermione, viu a Dee?

- Não, Ron. – Disse num tom de voz preocupada, olhando constantes vezes no relógio.

- Aconteceu alguma coisa? – Harry virou-se também para trás.

- Ainda não... – Soltei me debruçando sobre a mesa.

McGonagall entrou na sala, deu os recados e disse que tínhamos trinta minutos. Entregou as provas e meu coração queria sair pela boca. Escrevi meu nome – coisa que pelo menos eu sei – e comecei a ler as questões.

Questão 1:
Desde os primórdios, foram descobertas as Transfigurações Substanciais que são, resumidamente, transfigurações de vida. A) Cite três tipos de Transfigurações Substanciais; B) Classifique-as quanto grau de importância de sua descoberta;


Por sorte, uma eu sabia. Respondi para não perder tempo e logo fui para a outra.

Questão 2:
Neste ano, você aprendeu sobre a transfiguração humana. A) Cite o encantamento; B) Cite três conseqüências de seu uso indevido; C) Explique seu descobrimento;


Essa me pegou. Respondendo por cima e com uma resposta bem meia boca eu poderia até tirar um meio certo, só tem um problema: pra essa professora, ou está certo ou errado, e normalmente, ela apela pra segunda opção.

Questão 3:
A Filosofia tem grande interferência na Transfiguração Humana. Diziam que os antropomorfos era aquele que tinha o total equilíbrio entre as duas especialidades. A) O que sãos os antropomorfos? B) Explique essa relação em poucas linhas;


Questões como essa, nunca mais irei ver, então vamos respondê-las com calma.

E assim foi até a décima segunda questão. Consegui responder todas, mesmo colocando alguns absurdos, mas não deixei nenhuma em branco. Quando a sineta bateu, todos saíram da sala mais aliviados. Até eu que estava tão preocupada, não achei a prova tão difícil assim.

Já Sarah que dizia que entendia, quase se descabelou para fazer aquela prova. Só eu sabia quantas vezes escrevia e apagava ao meu lado. No almoço, todas nós nos reencontramos. Meg, que estava um pouco distante desde a festa, voltou a conversar ativamente conosco.

Almoçamos tão bem que até parecia que algo de ruim poderia acontecer a qualquer momento, porque quando a calmaria é tanta, pode ter certeza que tempestade virá por aí. E não pude nem terminar de concluir meu pensamento quando um aluno do terceiro ano veio me dar um recado que a professora McGonagall queria falar comigo. Será que ela quer elogiar meu desempenho nessa prova? Tomara que sim.

Terminei de almoçar, comi minha sobremesa e falei que as encontrava na próxima aula. Subi as escadas alegremente, cumprimentando quem me cumprimentava e sempre com um leve sorriso no rosto de tudo andar nos seus devidos lugares. Eu até parecia uma heroína romântica totalmente idealizada onde tudo acontece de bom e de melhor.

Entro na sala da professora e a vejo no fundo, com duas folhas na mão, Gina estava lá também e me olhou sarcasticamente quando eu entrei. Pediu que eu fechasse a porta e que eu me aproximasse. Minerva estava séria e Gina confiante de si.

- Bom, senhorita Granger, eu quero se breve. – Cruzei os braços já esperando o pior. Estão vendo? Não cantem vitória antes do tempo! Não mesmo! – A senhorita foi uma das melhores alunas na prova de hoje. – Abri um sorriso e agradeci. – Mas- - O fechei. – acho que aconteceu um pequeno problema.

Só me falta a prova ser cancelada.

- Essa é a sua prova. – Mostrou-me como se eu não a conhecesse. – e esse é o gabarito da prova, que estava dentro da minha gaveta quando a senhorita veio aqui pegar a lista dos monitores, segundo a senhora Weasley.

Engoli uma laranja. Meu estomago afundou. Com uma leve batida de olhos, pude concluir que as provas estavam parecidas, não iguais.

- Professora, eu não-

- Sabe o que me espanta? – Pegou um pergaminho. – Essas são suas notas. A maioria é vermelha! E justamente quando a senhorita supostamente entra na minha sala sem a minha permissão, sem ninguém responsável estar aqui para pegar uma lista de monitoria, a senhorita consegue tirar uma das melhores notas.

- Espera aí, a senhora está me acusando de cola? – Apontei para o próprio peito totalmente injustiçada. – Eu não fiz isso!

- Então, nega ter entrado aqui?

- Não, mas é que-

- Eu a vi, professora, e ela estava mexendo na gaveta.

- Mas eu não peguei nada! – Disse me virando para Gina. – Professora, eu dei sorte e eu estudei um pouco! Eu não peguei nenhum gabarito! Não tenho culpa que a relação dos monitores fique na mesma gaveta das provas!

- Não estava na mesma gaveta das provas, senhorita Granger.

- Lógico que estava professora! Eu vi, eu-

- Você viu? – Droga. – Senhorita Granger, não terei alternativa a não ser cancelar sua prova. – Cai nos ombros.

- Isso é uma grande injustiça, professora. – Disse articuladamente demonstrando meu ódio daquelas duas.

- Injustiça seria deixá-la impune enquanto os outros se esforçaram o máximo.

- Eu me esforcei o máximo para essa prova!

- Professora, ela violou mais regras do que uma simples cola! Ela invadiu sua sala, mexeu nas suas coisas sem permissão! – Soltou Gina provocando minha ira.

- Ninguém pediu sua opinião. – Respondi grosseiramente apertando os punhos.

- Eu sei disso, Senhorita Weasley, não preciso de ninguém para ficar me lembrando. – Leva essa pra casa, cenoura. – Eu terei que tomar atitudes perante a isso também, então eu quero que entregue seu cargo e seu quarto de monitora chefe a senhorita Weasley.

Meu mundo não tinha mais bases. Comprimi os lábios, olhei para aquela professora com ódio e desprezo. Gina, ali do lado, queria que explodisse. A professora, na minha frente, queria que se matasse. O mundo, queria que desabasse e todos fossem pro inferno. Não posso ser derrotada assim. Ela não me ouviu! Ela não usou aquilo que ela chama de cérebro! Ela prefere escutar essa pérfida e nojenta cenoura a mim, que sempre teve confiança.

Isso tem um nome: putaria, e das grandes. É assim então? Uma diz que viu tal entrar em qualquer lugar e é colocada em um pedestal por isso?! É assim que querem levar esse mundo pra frente! Dane-se que eu perdi meu cargo, meu quarto e todas as minhas regalias. Só não admito que passe por mentirosa.

- Professora, a senhora não-

- Eu sei o que estou fazendo, Senhorita Granger. Já está decidido, por um mês, Gina Weasley será a nova monitora chefe da Grifinória. – Gina sorriu largamente juntando as mãos embaixo do pescoço.

- Muito obrigada, professora! Muito obrigada mesmo!

- É apenas um mês, senhorita Granger, não adianta fazer essa cara.

- Só digo uma coisa: - Apoiei-me na mesa, debruçando lentamente para perto daquela professora. – quando descobrir a verdade, esqueça, esqueça de verdade em vir pedir algum tipo de perdão.

Fui rude nas palavras que deixou a professora totalmente surpreendida. Virei explodindo em ódio, abri a porta e a fechei quase a trincando no meio. Esbarrava em todos que via, mandava saírem da frente! Mandavam todos pro inferno! Como aquela vadia teve coragem?!

Chorava de ódio, chorava de tristeza, chorava por ter sido humilhada. Chorava por tudo. Atropelava as pessoas pelo qual entravam em meu caminho. Queria ver todo mundo no inferno, isso sim. Não liguei para os chamados pelo meu nome e nem pelas piadinhas. Enxugava as lágrimas com brutalidade sobre as bochechas. Subi as escadas, entrei no meu quarto e me fechei lá dentro.

***


Enfiei a última blusa dentro do meu malão e o fechei. Guardei meu iPod na bolsa e Bichento na gaiola. Certifiquei que não deixei nada para trás, não queria ver aquela vadia desfrutar de nada do que é meu. Mesmo que seja por um mês, eu já estou com saudades, afinal, aqui foi minha segunda casa. Tudo que tinha pra acontecer, aconteceu aqui – ou quase. Esse quarto tem história e agora, ela ficará aqui dentro com o poder nas mãos.

Tem meu quarto, meu cargo, meu 'namorado', quer mais o que? Minha vida? Não vai conseguir. Não sei, já sou acusada injustamente por tanta coisa que não duvido nada que façam uma 'denuncia' e eu seja logo expulsa dessa merda de escola.

Nesse momento, era o que eu mais queria, mas que fique só entre nós, Ok? Senão, como da última vez, torna-se realidade! Ao abrir a porta, dei de cara com Gina e seu malão. Entrou no quarto, o analisou com um sorriso nos lábios e sorriu largamente para mim.

- Será um prazer ocupar seu lugar! – Como era falsa.

- Você nunca vai ocupar meu lugar, querida.

- Harry vai adorar isso aqui! – Deitou-se na cama.

- A propósito, o Harry não curte muito esse quarto. – Disse voltando ao lugar.

- Por que?

- Por que tem coisas que aconteceram que ele prefere não lembrar. – Sorri maliciosamente e fechei a porta atrás de mim.

Não sei se era verdade mas a deixei curiosa o suficiente. Desci as escadas e fui até o dormitório feminino. Todos me olhavam como se fosse uma estranha, o jantar ainda nem tinha sido servido então todos se concentravam nos corredores e dependências do castelo por onde eu passava.

- Hermione! – Ouvi Tony me chamar. – Aonde você tá indo?!

- Vamos, é uma longa história. – Peguei no seu braço e fomos até a Sala Comunal da Grifinória.

Sentei-me numa das poltronas e ele em outra, estava vazia, ninguém ia nos ouvir. Contei tudo deixando ele totalmente surpreso.

- Filha de uma- - Parou no mesmo momento colocando a mão na boca para não baixar o nível. – Não acredito.

- Acredite. E do jeito que as coisas vão, daqui a pouco serão dois, três meses! E as aulas terminam e aquela vadia fica no meu lugar. – Me ajeitei.

- Essa Minerva é uma vaca mesmo! Ela não te ouviu?

- Você acha que vai me ouvir? Sou um caso perdido, Tony! Um caso perdido! – Ele suspirou. – Dane-se! Não quero saber disso! Tenho que me instalar no meu novo quarto porque aquela vadia não vai sair de lá tão cedo.

Levantei-me e peguei minhas coisas.

- Relaxa, Princess. Pelo menos você tem uma coisa que ela não tem.

- O que?

- Amigos. – Sorriu largamente. Eu fui até ele e lhe dei um abraço e um beijo no rosto.

***


Fiz de tudo para caber mais uma cama naquele quarto das meninas. Não dia ficar num lugar onde não conhecia ninguém! Principalmente com alguma menina chata e irritante. Bom, elas estavam ainda mais surpresas. Quando entraram e me viram meditando, olhando fixamente para o teto com mais uma cama naquele quarto, explodiram em perguntas e eu respondi todas elas com palavras monossilábicas. Não estava com saco, nem com um bom humor para ficar relembrando de tudo aquilo.

- Um mês? – Perguntou Parvati caindo em sua cama. – Ela vai fazer o que ela quiser! Isso não pode acontecer.

- Não mesmo, se Minerva não acredita na Hermione, ela pelo menos devia não acreditar na Gina e não lhe dar um cargo de estrema importância! – Deena concordou sentando-se aos pés da minha cama.

- Gente. – Chamei uma vez, mas aquela 'mesa de discussão' nunca me escutaria.

- Ela deve pensar que está com a bola toda! Passará por cima de qualquer um!

- Isso se o Harry também não entrar no embalo! Com a irmã e o melhor amigo nos cargos de monitoria chefe, não duvido nada.

- Gente! – Chamei mais alto olhando fixamente para o teto como em toda a conversa.

- Por que ela não se toca de uma vez?

- Isso é ridículo!

- E se a Hermione re-

- GENTE! – Gritei me levantando chamando e calando todas. – Por favor, não quero mais falar sobre isso, Ok? – Disse rapidamente voltando a me deitar.

***


A divisão de banheiros, a luz acesa antes ou depois do seu bem entender e a falta de educação quando você estava trocando de roupa e alguém abria a porta e lhe pegava naquele momento constrangedor, eram algumas das inúmeras coisas que me incomodavam. Estava tão acostumado com uma vida só minha, num quarto só meu, que esse local coletivo era totalmente fora do comum.

Freqüentemente, eu esquecia e agia como se não tivesse mais ninguém ali. Várias vezes, fui chamada a atenção por deixar a toalha jogada por qualquer canto e deixar minhas coisas no banheiro. Quanto mais o tempo passava, mas eu me senti sufocada. Era divertido e proveitoso sempre ter alguém pra conversar a noite e não precisar andar o castelo inteiro para pedir emprestada alguma coisa, mas também tinha seus contras que nem preciso ficar citando um por um.

Nessa semana que se passou para eu me adaptar a minha vida 'conjugal', percebi que Gina no comando da monitoria, era um risco a minha integridade nessa escola. Apenas por eu fazer alguma coisa fora das regras, já foi me recriminando e enchendo a boca para dizer 'eu sou monitora chefe, e se eu consegui esse posto, é porque dou conta, ao contrário de você.' Eu me controlava para não mandar Gina pro inferno ou pra uma série de palavrões. Isso só pioraria as coisas.

Em uma conversa franca com Meg – que virou uma das minhas maiores confidentes – confessei que sinto mais pena do que ódio de Gina; que para mim, ela não passa de uma menina que não sabe fazer nada sozinha e precisa passar pelos outros para alcançar seus objetivos. Também disse que sou indiferente a essa escolha de McGonagall, se a professora é burra a ponto de acreditar nela a mim, problema das duas e que se resolvam quando a verdade for esclarecida.

Dentre todas essas coisas relevantes, uma me chamou a atenção: Harry voltara a ser totalmente grosso e ignorante comigo. Depois da primeira 'grosseria' me distanciei por completa. Pra que ficar atrás de um idiota que tem o ego maior do que a própria cabeça?

- Tudo bem, te espero lá. – Sorri e peguei um caminho diferente ao de Deena que disse que tinha que se encontrar com Ron o mais rápido possível.

Ajeitei minha bolsa – presente de Tonks no natal – em cima do meu ombro esquerdo, pressionei os livros contra o peito e acelerei o passo. Vamos com calma, não estou com pressa e não tenho que matar ninguém, vamos aproveitar esses minutos livres até a próxima aula. Respirei fundo soltando meu cabelo e ajeitando meus cachos, minha franja e guardando minha presilha dentro da minha bolsa. Passava pelos arcos do jardim que estava lotado até a parte mais perto da minha próxima aula.

Pirraça, como sempre, atacando alunos do primeiro ano com suas travessuras e logo o Barão Sangrento aparecia e lhe botava rédeas. Entrei no jardim para atravessá-lo e economizar tempo. Mirei numa farra de alunos no sétimo ano, quando reconheci McLaggen lá no meio. Abaixei meu olhar, acelerei o passo, agora com motivos, e passei para dentro do castelo.

Tarde de mais. Ele me viu e chamara pelo meu nome, coisa que me assombra. Não tínhamos mais nenhum contato desde tudo aquilo que aconteceu. Que eu saiba, a sua namorada terminou, a sua amante nunca mais quis olhá-lo e as meninas estão fugindo de seu charme, mas sempre tem a vadia que quer impressionar e se rebaixa ao seu nível.

- Eu preciso falar com você. – Pediu depois de me chamar tantas vezes.

- Fale. – Parei e cruzei os braços, demonstrando toda minha indiferença e a minha irritação por estar ali, ouvindo ele e não estar fazendo algo útil.

- Não dá para ser aqui. – Aproximou-se lentamente jogando um olhar, mas eu fingi de desentendida.

- Dá pra ser sim, fale antes que a sineta bata. – Suspirei.

Olhou dos lados antes de começar a dizer. Estava contrariado e eu sabia o quanto odiava isso.

- Eu- - Hesitou de primeira, mas depois não se calou mais. – eu quero que você reconsidere a sua decisão sobre nós. Eu acho que não é assim que a gente pode resolver as coisas, podemos conversar melhor sobre o que aconteceu e-

- E você acha que ainda existe um diálogo entre nós? – Ri voltando a andar. – Depois do que você fez, acho que nem o céu te aceita.

- Não quero saber dos céus, quero saber de você! – Me seguia. – Você é a menina mais especial que eu já conheci! Eu acho que a gente não pode terminar assim.

- Já terminamos, McLaggen.

- Você foi a única menina com que eu me apaixonei de verdade.

- Você diz isso para todas? - Ironizei. - Porque, para segurar um cara, eu digo isso para todos.

Engoliu seco, engoliu uma laranja.

- Até que nós somos parecidos, McLaggen, você acha que eu não te traí enquanto estávamos juntos? - Ficou pálido, eu apenas o olhava com um sorriso sarcástico.

- Você-

- Sim, mas não interessa quem foi o felizardo, já que- - Ri relembrando de Harry, Draco e mais alguns devaneios que tinha.

- Hermione, você só pode estar brincando.

- Não, não! Imagina se eu brincaria com um assunto tão sério como esse! De jeito nenhum! Eu só acho que você tem que deixar de ser tão egocêntrico, porque um dia, você irá receber o troco e não será de mim. - Passei a mão por debaixo do seu queixo e a sineta bateu.

Como minha próxima aula era Feitiços Avançados, ele teria que ir comigo como toda a Grifinória do sétimo ano. Seguia-me insistindo fielmente no assunto. A irritação estava tomando conta de mim. Ouvi umas treze vezes que ainda estava apaixonado por mim, umas quinze que espera uma reconciliação e umas dez que não acredita que eu possa ter feito aquilo.

Entramos na sala apenas para que eu marque presença e depois vá embora, como toda aula daquela professora. Ainda não podia fazer nenhum esforço exagerado, senão, ia para enfermaria.

- McLaggen, esqueça, eu não gosto mais de você. – Disse clara e articulada para que, além dele, todos da sala ouvissem, e foi isso que aconteceu.

Constrangido e furioso, jogou um olhar sobre todos e depois em mim; Foi para um canto da sala com seus amigos e eu apenas ri. Parvati e Sarah que estavam observando tudo de camarote surgiram em olhares e sorrisos sarcásticos.

- Adoro o jeito que você trata eles. – Disse Parvati fazendo a gente rir.

No mesmo momento, alguns alunos entram - dentre eles Meg, Anne e Deena - e logo atrás, Keiko e seu humor pleno e digno. Foi até sua mesa como um tufão e procurou um papel revirando tudo. Aproximei-me para ser logo dispensada e foi preciso chamá-la quatro vezes para que me ouça.

- Eu já ouvi, Senhorita Granger, não sou surda. – Encontrou o papel e o enfiou dentro de sua gaveta.

- Professora, eu só marquei presença e já estou indo.

- Pode ficar. – Parei onde estava e me virei.

- ... Como disse?

- Não se faça de burra, você ouviu perfeitamente. – Cruzou os braços.

- Mas professora, McGonagall disse que eu não posso fazer-

- Me responda uma coisa, Senhorita Granger, McGonagall dá aulas de Feitiços Avançados? – A sala inteira começou a prestar atenção naquela conversa; olhei para os lados, e neguei com a cabeça.

- Não, senhora, mas-

- McGonagall sabe dessa sua frescura de fazer uns meros exercícios?

- Não é frescura, senhora, é que-

- É o que, Senhorita Granger? – Estava realmente furiosa. A sala estava atônita. – Quero fileiras! – Ordenou indo para o centro da sala.

- Professora, eu não posso fazer aula, eu passo mal.

- Passa mal? Que pena de você. – Riu maldosamente.

- Não sou digna de pena, senhora, só não posso-

- Que bom que reconhece, Senhorita Granger! Agora, se me der licença, já perdi muito tempo de aula me preocupando com você. – Olhou friamente para mim e depois para a sala que ainda estava pasma. – Estão esperando o que?! – Gritou.

Eu fiquei no meu lugar, totalmente furiosa e procurando o que fazer para sair dessa enrascada. Se eu fizer aula, estou propicia e piorar minha saúde, e se eu não fizer, posso dar adeus as minhas noites livres para agüentar aquela professora nas detenções.

***


- Eu sabia que não devia ter feito essa aula... – Comentei me apoiando nos braços em cima da mesa do Salão Principal.

- Hermione, você está pálida. – Comentou Deena assustada com minha situação.

- Não me diga, Deena...! – Soltei irritada. – Aquela desgraçada...! – Bati fortemente na mesa chamando a atenção de muitos.

Ron se aproximou da mesa, sorriu para a namorada e me chamou algumas vezes até que ergui a cabeça para o ruivo.

- Posso falar com você um instante?

***


- Fale logo, Ron, eu estou realmente cansada. – Me apoiei numa das pilastras daquele corredor ao lado do Salão Principal.

- Achei uma sacanagem aquilo que a Keiko fez com você, mas se abríssemos a boca, poderíamos nos encrencar ainda mais. – Suspirei.

- Essa briga é entre eu e ela, não se metam, por favor. Mas o que você queria falar comigo?

- Onde fica Cambridge?

- Ron, pra que você quer sa-

- Onde fica? – Repetiu. Relembrando minhas aulas de geografia no primário, respondi com exatidão:

- É uma cidade perto de Londres, por que você quer saber? – ron retirou um pedaço de pergaminho amassado de dentro do bolso e me entregou.

Tinha um mapa, feito a lápis com linhas tortas parecendo ser feito em cima da hora. Estava amassado e um pouco sujo de terra.

- De quem é isso?

- Achei nas coisas do Harry. – Meus olhos cresceram.

- Você mexeu sem permissão nas coisas do Harry?! – Quase gritei.

- Não, eu não mexi nas coisas dele. Ele tava mexendo numas coisas e esse papel caiu e ele nem percebeu, quando eu fui abrir, estava escrito isso aí.


- É, mas não é dele. – Ron me olhou confuso.

- Como você sabe que não é dele? – Foi ao meu lado e olhou o papel.

- Porque está escrito Liverpool com apenas um 'o', na verdade, são dois, e Harry não cometeria um erro fatal como esse. – Me olhou e sorriu.

- Então, de quem será?

- Aí você está querendo de mais. – Lhe entreguei rindo.

- Por que Cambridge, Liverpool e Leeds? O que ele teria a ver com essas cidades?

Pesquei nos meus pensamentos qualquer vestígio, o ruivo também não sabia de nada, senão, não me perguntaria. Harry está com algum plano em mente, isso eu tenho certeza.

- Não sei, Ron, não sei.

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