O Colapso




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Capítulo XIV
O Colapso



Passada uma semana da vinda dos membros da Ordem a Hogwarts, a tensão que estava corroendo cada de um nós três, triplicava a cada dia. Os poucos momentos que via Harry, estava pensativo, preso em seus pensamentos, esquecido do mundo. O Profeta Diário, segundo Ron, estava sendo vetado de publicar qualquer notícia sobre Harry Potter, Voldemort, Comensais da Morte e derivados do assunto. O Ministro estava com pulso firme e isso estava refletindo em todos os lugares que íamos.

Semana passada, não teve nenhum passeio a Hogsmeade, diziam que o pequeno vilareijo poderia ser invadido a qualquer momento e nem Dumbledore, muito menos Minerva queriam que acontecesse alguma coisa com os alunos de Hogwarts.

Deixando um pouco a teoria do caos de lado, dei um grande enfoque a minha vida pessoal, já que está uma lástima. Eu corria de Adam, literalmente. Numa dessas tardes, travamos um teste de atletismo pelos jardins. Ele botou na cabeça que irá ter algo comigo. Mesmo eu dizendo que foi coisa do momento, da festa e da bebida, ele não acreditou em mim. Disse que tudo aquilo que aconteceu conosco, não podia ser deixado de lado;

Eu estava procurando minha saída de emergência.

Cada vez que ele vinha falar comigo, eu estava ficando mais tolerante, e esse tolerante, estava me preocupando.

- É, pode ser. – Espera um minuto, eu concordei com Adam? Deena ergueu seu olhar para mim e deixou seu queixo cair. – Quer dizer-

- Tudo bem, Mi, amanhã em Hogsmeade. – Sorriu largamente malicioso e saiu da nossa mesa.

- Eu ouvi isso mesmo? – Perguntou Sarah rindo. – Cadê a repulsa?

- Eu não agüento mais, de verdade! – Deitei a cabeça em cima dos meus braços e balbuciei palavras de trégua.

- Dá um fora nele. – Sugeriu Parvati.

- E o que você acha que eu ando fazendo nessas duas semanas?!

- Três. – Corrigiu.

Terminei meu café da manhã e fomos para nossa primeira aula.

***


Estava sentada numa das grandes pedras que tinha fora do jardim, com os olhos fixos no horizonte. O frio já não era totalmente predominante, a neve estava dando lugar a grama verde e o ventinho chato já tinha ido embora. Pensava apenas na vida, em tudo que fiz e o que irei fazer, ocupava minha mente de coisas, digamos, fúteis e outras até bem sérias.

Mexi os pés e as pontas dos dedos e suspirei.

- Hermione? – Ouvi me chamar e logo me virei para reconhecer Draco. Saltei de onde estava e olhei para todos os lados. – Relaxa, não tem ninguém a pelo menos trinta metros daqui. – Sentou-se ao meu lado. – Nunca mais te vi.

- Você já sabe que a Gina pegou meu lugar na Monitoria da Grifinória... – Soltei em desprezo, cruzando os braços.

- Aquela cenoura idiota... – Sussurrou encarando o horizonte. – Ela é uma depravada mesmo.

- Por que? – Eu não devia ter perguntado.

- Não que eu fique espionando aquilo que ela chama de vida, mas- - Parou e me encarou. – Ah, não, não irei falar. – Riu.

- Por que não? – Perguntei confusa.

- Por que você é apaixonada pelo Potter! Você pode muito bem correr pra os braços dele e me abandonar. – Pisquei algumas vezes e comecei a rir.

- Em primeiro lugar: Harry e Gina terminaram por minha causa, em segundo: eu não irei correr para os braços dele, e último: você está bem? Está parecendo um louco enciumado! – Ri ainda mais colocando uma das mãos na boca. – Pode ir contando, Senhor Malfoy. – Intimei cruzando os braços.

- Contei três caras diferentes indo dar uma voltinha naquele quarto. – Meu queixo caiu.

- Que horror... – Levei uma das mãos a boca. – Eu vou ter nojo daquele quarto quando pegá-lo de volta.

- O Potter é um corno ignorante! Ele sabe muito bem que a sua namorada fica saindo com um monte de caras e fica na dele... – Cruzou os braço. – Isso mancha a reputação masculina.

- Ele a ama, por isso que ainda tá com ela. – Disse confiante.

- Ué, não vai começar a chorar? – Perguntou depois de uma longa analisada na minha expressão.

- Chorar?

- É, ele a ama, ela o ama, e eles vivem felizes e blábláblá e você não tá com o mínimo de remorso ou ciúmes? – Neguei com a cabeça.

- Cansei de ter ciúmes de Harry Potter. – Cruzei os braços. Ficamos num jejum de palavras até um pio de uma coruja quebrar aquele silêncio mórbido.

- Hã, escuta, você está com o Adam? – Perguntou para meu espanto.

- Eu?

- É, vocês ficaram na festa e depois-

- Ele anda espalhando isso por aí? – Concordou. – Desgraçado... Eu não tenho absolutamente nada com ele.

- Nunca vi aquele cara daquele jeito. – Meneou a cabeça. – Ele não é boa gente, Hermione.

- Você acha que eu não sei?! E ainda por cima, um sonserino... – Suspirei, só depois vi o que disse. – Me desculpe, é que os Sonserinos não tem uma boa fama, você sabe disso.

- Não te culpo, eu também sou assim. – Encarou o horizonte. – Só que tenha cuidado com ele. – Agora, eu o encarava.

- Pode deixar, eu não tenho nada com ele.

- Não é isso. – Levantou-se. – Ele passa por cima de qualquer um para conseguir aquilo que quer. – Engoli seco. – Bom, a gente se vê por aí. – Sorri e ele pegou seu caminho ajeitando sua mochila nas costas.

***


Estávamos todas no jantar, menos Deena que não sabia onde tinha se enfiado. Até o que clima estava calmo, todos comendo e conversando, nenhum assunto de extraordinário e nenhuma briguinha de última hora. Bem monótono, eu diria. Passado o horário de permanência nos corredores, eu e Sarah nos apressamos para não sermos vistas por nenhum dos monitores ou até por Filth.

A morena me contava sobre sua mãe que lhe escreveu e disse que ganhou um prêmio de culinária bruxa, até que ouvimos uma voz além da nossa nos chamando. Lá estava Gina, com aquele emblema de Monitora Chefe pendurado na gola de seu sobretudo, nutria um sorriso malicioso e uma das sobrancelhas erguidas.

- O que as duas estão fazendo por aqui, a essa hora da noite? – Perguntou dando uma risada vitoriosa no final.

- Nada da sua conta, Weasley. – Soltou Sarah me pegando pelo braço e continuando a andar.

- Esperem aí. – Ordenou. – Eu sou a Monitora Chefe da Grifinória. – Andou até nós, ficando na nossa frente. – Vocês me devem, no mínimo, respeito.

- Nem você se respeita, Weasley, nos deixem em paz. – Como Sarah tinha adquirido aquele estresse, eu não sabia.

- Será que eu terei que tirar pontos da Grifinória porque duas delinqüentes não respeitam as regras? – Cerrei os pulsos e quis avançar em cima dela.

- Estamos apenas oito minutos além do tempo permitido, isso não é um exagero.

- Mas eu posso transformar isso num exagero, Granger. – Comprimi os lábios e soltei o ar que prendia.

- Olha aqui, Weasley... – Soltou Sarah apontando o dedo para o seu rosto.

- Olha aqui você, sua ridícula!

Sarah fechou o punho e deu um soco no rosto de Gina que me fez levar as duas mãos no rosto por causa do inesperado golpe da morena.

- Ridícula é você! – Disse enquanto ela se contorcia de dor no chão, com a mão no local. – Ah, largue de frescura, eu nem bati com muita força...

- Sarah, vamos sair daqui, a coisa vai feder pro nosso lado. – Disse pegando no nosso braço.

- Paradas! – Ouvi a voz de McGonagall surgir ao longe, logo depois, seus passos acelerados chegaram perto de nós. Ajudou Gina a se levante e viu que estava com um corte no sobre cílio. – Oh, vamos para a enfermaria, Senhorita Wealsey, e vocês duas, para minha sala, agora! – Gritou levando Gina a enfermaria.

- Droga... – Soltamos juntas.

***


- Ficar agredindo os outros, principalmente uma monitora quando vocês é que estão erradas, não justifica nada!

- Professora, ela nos ameaçou! – Exagerou Sarah apontando para Gina que estava com um dos olhos roxos e os dois vermelhos de tanto chorar. – Ele disse que poderia ‘exagerar’ só porque estávamos oito minutos fora do horário permitido!

- Senhorita Ferraz, as regras são claras! A partir das oito e meia, não oito e trinta e oito, todos, absolutamente todos devem estar em suas casas! E não perambulando por aí! – Eu só mudava de posição naquela cadeira. – Não sei o que eu irei fazer com vocês duas...

- Nós duas? Só nós duas? – Perguntei. – E ela? Ela abusou da autoridade! Enquanto eu era Monitora, isso nunca aconteceu.

- Senhorita Granger, se não vê, ela é a vitima aqui. – Cai nos ombros sussurrando algumas coisas. – Terei que deixá-las de detenção por uma semana. – Assinou um pergaminho.

- Uma semana?! – Perguntou Sarah incrédula.

- Isso é o mínimo que vocês merecem por causa disso. – Levantei-me com ódio.- Estão dispensadas.

- Ótimo...! – Soltei saindo da sala de McGonagall, acompanhada por Sarah e batendo a porta atrás de mim. – Se você não fizesse, eu faria. – Disse rindo.

- É, eu sei. – Riu também.

Ao chegarmos no quarto, todas estavam na cama de Deena. A loira estava se descabelando de tanto chorar. Sarah foi ao encontro dela enquanto eu tirava meu sobretudo e meu suéter. Pelo que eu pude ouvir, Deena brigara com Ron, e deve ter sido uma briga feia.

- Calma, Deena... – Soltou Anne.

- CALMA? ELE FICA COM OUTRA E VOCÊ ME PEDE CALMA??

- O Ron fez o que??! – Perguntei indo até a cama também. Meg e Anne a cercavam, eu, Parvati e Sarah sentávamos nos pés da cama.

- Eu não agüento mais isso! – Levantou-se saindo de perto de todas nós.

- O que houve? – Perguntei a Parvati.

- Deena tinha combinado com o Rony de dar uma volta no lado, mas ela o viu com a Luna e parecia que a garota se jogava em cima dele...

- Mas ela o beijou? – Negou. – Então, por que você está assim?

- Por que eu sei tudo que o Ron sente pela Luna!! Eu sei! – Gritou mais algumas vezes limpando o rosto bruscamente. – EU SOU UMA BURRA DE TER ACEITADO NAMORAR UM CARA QUE SÓ TEM OLHOS PARA OUTRA GAROTA!

Todas nós trocamos olhares preocupados.

***


Acordei quase atrasada como todas as outras. Pelo menos, era sexta feira. Deena ficou chorando por mais duas horas depois que eu cheguei e fomos dormir lá pelas três horas da madrugada. Todas estavam acabadas. As primeiras aulas, foram um convite para um belo cochilo, principalmente as minhas que eram História da Magia e Adivinhação.

Sentei-me com Tony no primeiro período, ele disse para eu deitar a minha cabeça em seu colo. Como sentávamos no fundo e a professora nunca ia nos ver, fiz isso. Peguei no sono com ele acariciando meus cabelos. Depois, sentei-me com Anne e Deena, em Adivinhação, enquanto duas ficavam acordadas tentando fazer aquilo que a professora dizia, uma dormia.

Na hora do almoço, estávamos um pouco melhor. Parvati entrou no Salão Comunal como um tiro, pegou pelo meu pulso e disse que tinha que conversar comigo a sós. Levantei no mesmo momento, se não era para as outras saberem, é uma coisa realmente grave. Fomos até o banheiro e lá ele me contou.

- É culpa da Gina, sim, Hermione! – Fiquei olhando fixamente para o chão até meus pulsos se fecharem.

- Aquela desgraçada! – Quase chutei o banco. – Como ela pode fazer uma coisa dessas? A vida é da Luna! Ela não pode ficar manipulando a garota assim!

- Ela que deu a idéia pra loira, ela disse que era só provocar um ciúme besta, porque ela sabia que a Deena ia brigar com o Rony e era capaz de terminar tudo.

- E como ela sabe dessas coisas?! Elas nunca trocaram uma só palavra! – Suspirei.

- Não sei, Hermione... – Olhou-me. – O que você irá fazer?

- Não posso fazer nada, já estou encrencada o bastante com a Gina, qualquer coisinha que eu fizer, ela irá botar a boca no mundo e eu posso até pegar uma expulsão.

- E vamos contar isso para Deena?

- Por enquanto não.

Voltamos para o nosso almoço e depois, fomos até nossas aulas vespertinas.

***


Sexta feira à noite, quase nada para se fazer a não ser comer alguns doces e ver algumas revistas trouxas. Eu deitada em minha cama, via revistas, ouvia música e comia besteiras, mas sempre ouvia o que as outras diziam.

Meg experimentava roupas; Ela tinha um corpo perfeito, tudo que ela vestia ficava bom. Sarah a ajudava e até tirava fotos, Parvati e Anne faziam testes amorosos em uma revista qualquer.

Minha mãe dizia que esses testes, além de ser uma perda de tempo, só fazem a gente ficar paranóica, mas quem sou eu para proibi-las. Suspirei e me sentei na cama estralando minhas costas. Aumentei a música e comecei a dançar lentamente até a cama de Meg que estava forrada de roupas.

- Ficou bom? – perguntou me apontando um vestido vermelho que acabara de vestir.

- Ficou. – Sorri. – Por que está experimentando todas essas roupas?

- Ah, nada para fazer. – Sorriu largamente pegando outra peça de roupa.

- Veste essa. – Disse Sarah lhe jogando uma blusinha.

Naquele momento, batem a porta. Como eu era a única desocupada, fui até ela, tirei meus fones a abri. Era Ron, para meu espanto.

- Podemos conversar? – Estava com as orelhas vermelhas e pálido que só vendo.

- Não estava com a Deena?

- Ela já vem vindo, agora, vem comigo.

Mesmo estando descalça, o segui até a Sala Comunal que estava quase cheia. Disse que aquele lugar não dava, então, saímos. Eu disse que estávamos encrencados se fossemos pegos, mas ele disse que estávamos seguros.

- Harry sumiu.

Pisquei algumas vezes e cruzei os braços.

- ... Como?

- O Harry sumiu, Hermione! As coisas dele não estão mais no quarto, a cama está arrumada e levou até a coruja! – Levei as duas mãos no rosto.

- As pessoas não somem desse jeito! Quando você o viu pela última vez?

- Foi antes do jantar, ele disse que ia passar no quarto e que era pra eu ir indo, ele não apareceu e quando eu voltei no quarto com o Tony, as coisas dele tinham sumido! – Estava realmente desesperada, estava me deixando desesperada.

- E não deixou nenhum bilhete?

- Se tivesse deixado um bilhete, eu não estava assim! – Andou de um lado para o outro, em frente o quadro da Mulher Gorda.

- Ron, não dá pra acreditar numa coisa dessas! Harry é seu melhor amigo, porque ele não te disse nada??

- Como é que eu vou saber? Eu devo estar mais surpreso do que você! – Sentou-se num dos degraus e passou as mãos pelos cabelos.

- Por que ele fugiria?

- Não sei, ele deve ter descoberto alguma coisa e- - Parou e me encarou, fiz o mesmo crescendo os olhos.

- Moody. – Sussurrei sentando-se ao seu lado apoiando-me nos meus joelhos. – O que será que esse imbecil colocou na cabeça Harry para ele fugir desse jeito?! Sem avisar ninguém... – Cai nos ombros.

- Alguma coisa relacionada a Voldemort? – Neguei com a cabeça.

- Se fosse algo com Voldemort, a última pessoa que iam comunicar é o Harry, porque eles sabem que o garoto ficaria totalmente paranóico e poderia fazer uma besteira!

- Como fugir sozinho! – Rolei os olhos. – O que a gente vai fazer, Hermione?

- Quem mais sabe disso?

- Só nós dois e o Tony.

- Não avisa a Gina e mais ninguém. Se isso cair na boca de Hogwarts, pode ferrar a gente e ele, entendeu?

- Gina tem direito de saber, ela é namorada dele! – Disse em sua defesa.

- Era, Ron.

- Ainda é, voltaram há dois dias. – Meu queixo caiu.

- Tão rápido assim...? – Perguntei quase rindo, não querendo acreditar. Apertei minhas mãos e respirei fundo esclarecendo as idéias. - Mesmo assim, quanto menos pessoas souberem, melhor.

- Irão sentir a falta dele!

- Que sintam! – Levantei-me. – Vamos falar com Dumbledore.

- Dumbledore? – Levantou-se e me seguiu. – Mas no que ele vai poder ajudar?

- Harry não é o seu protegido? Ele deve saber.

Fomos até o escritório de Dumbledore. Ao entrarmos, ele estava concentrado em uns pergaminhos que fez o favor de guardar rapidamente quando nos viu entrar. Levantou-se e foi ao nosso encontro.

- Não deveriam estar em suas camas?

- Professor, precisamos falar com o senhor. – Disse Ron.

- O que houve? – Perguntou erguendo uma sobrancelha.

- Harry fugiu. – Soltei para seu total espanto. Ficou nos encarando com os olhos um pouco crescidos e a boca semi aberta.

- Como ‘fugiu’?

Ron explicou tudo, desde a última vez que o viu, até o último momento.

- Mas isso- - Respirou fundo. – Como ele fugiu de Hogwarts?

- Isso que queríamos saber, professor. – Dumbledore não sabia de nada, se soubesse, estaria fingindo muito bem. – Nem pra nós ele disse para onde ia, pensei que o senhor-

- Senhorita Granger, eu e Harry estamos, ultimamente, afastados, ele está preso em seus problemas e nem comigo ele quer abrir, as aulas de Oclumência não estão mais adiantando.

- O senhor está fazendo algumas de Oclumência com ele? – Perguntei confusa.

- Já faz um tempo, Hermione, Harry me contou. – Respondeu Ron para meu espanto.

- Pensei que ele tinha lhe contado.

- Eu e ele também estamos um pouco afastados. – Sorri amarelo.

- Eu acho que não posso ajudá-los.

- Mas o senhor não irá fazer nada para tentar achar o Harry?

- Se ele fugiu, ele sabia muito bem o que estava fazendo. – Troquei olhares com Ron e suspirei. – Boa noite, crianças. – Voltou-se a sua mesa. Eu fiquei olhando aquele velho por alguns segundos até Ron me pegar pelo braço dizendo que era uma boa a gente cair fora dali.

- Professor- - Fui até ele, me soltando de Ron. – eu acho que o senhor sabe muito bem onde está o Harry e não quer nos contar.

- Senhorita Granger, acho que a senhorita está encrencada de mais então, procure não se meter.

O ar faltou. Do que ele estava falando?! Eu rezava para ser algo relacionado a Gina e não àquele pingente. Se Dumbledore sabia, eu poderia estar encrencada de verdade. Droga, eu nunca conseguiria esconder uma coisa dessas de Dumbledore! Afinal, ele é um dos melhores bruxos da história, não é? Não dá para esconder algo dele, principalmente uma simples aluna do sétimo ano.

- Vamos, Hermione. – Eu estava estática e deixei que Ron me levasse para fora dali.

Descemos as escadas. Eu estava muda, presa em meus pensamentos, enquanto Ron dizia algo sobre Harry, parecia estar mais rogando uma praga. Fomos rapidamente para a Sala Comunal, e lá, disse que tinha que dormir porque estava com a cabeça cheia de mais. Ele disse que tentará amenizar as dúvidas dos outros com uma história qualquer.

Entrei no quarto, todas estavam lá e pararam ao me ver entrar. Fui até minha cama em silêncio, peguei meus fones e os liguei no último volume, deitando a cabeça no travesseiro e fechando os olhos lentamente.

***


Essa era a melhor coisa que eu tinha a fazer já que enfiei a corda no pescoço e dei para que me enforcassem. Segurei a carta com as duas mãos e escolhi uma coruja para que a mandasse até Tonks, tentando explicar o que tinha acontecido. Não quero saber que o Ministério estão inspecionando as corujas, quero mais que aquele lugar vá para o inferno com todo mundo dentro. Amarrei no pé de uma daquelas, e logo levantou vôo.

Suspirei passando uma das mãos no meu pulso que ainda doía e voltei para as escadas; No último degrau, esbarro – uma sorte incrível – em Adam que também trazia uma carta nas mãos. Rolei os olhos e passei por ele, sem trocar uma palavra ou um olhar.

- Depois a gente precisa conversar, Ok? – Soltou num sorriso malicioso.

- Eu não tenho nada para conversar com você. – Respondi dando as costas.

- Mas eu tenho certeza que você irá querer ouvir. – Minha espinha congelou. Virei-me para soltar uma dúzia de ofensas mas ele já estava no topo da escada, sem poder vê-lo por completo. Cruzei os braços suspirando e fui até o castelo.

Passando pela Biblioteca para ver se encontrava Sarah por lá, esbarrei em Deena que suspirava e exalava felicidade; Ao perguntar o motivo de tanta aura cor de rosa, disse que estava com Ron e ele quase fez uma declaração de amor por ela. Não querendo acabar com os sentimentos da garota, eu não disse que quase todo homem diz isso e também, no caso de Ron, tem Luna no meio dessa história. Ela também disse que ele estava completamente esquisito quando perguntavam sobre o Harry.

Ron inventou a desculpa: teve que cuidar dos pertences de seu padrinho. Todo mundo estava acreditando, menos Gina que sabia que algo de mais sério estava acontecendo. Eu o assegurei que ele logo voltará, pois ele não ia jogar fora sete anos da sua vida.

Seja lá que Harry foi fazer fora de Hogwarts, ele deve estar aprontando alguma. Se não contou nem para Ron, a coisa é bem séria. Moody também tem sua parcela de culpa, talvez até Tonks tem sua parcela de culpa nisso, mas ela nunca irá me contar.

Era quase sete da noite quando fomos todas juntas até o jantar; Quase nenhuma novidade, alguns avisos de Dumbledore sobre algumas aulas extras e depois, voltamos juntas para o quarto, só que no meio do caminho, Adam nos encontrou e disse que tinha que conversar aquele assunto sério e que eu queria muito saber. Mesmo não querendo e achando que estava entrando numa fria, fui com ele até a Sala de Astronomia, um lugar estranho para querer conversar.

Entramos e ele acendeu as velas. Não sabia suas reais intenções então, não me sentei, não me acomodei e nem demonstrei estar de acordo em nós estarmos ali. Foi até uma das lunetas e ficou olhando lá para baixo, em silêncio.

- O que você quer? – Perguntei e ele nem me ouviu. – Adam! O que você quer? – O chamei mas estava perdido naquilo que o olhava. Fechei a lente da luneta que lhe fez ficar reto e me encarar num sorriso malicioso.

- Ah, você tem certeza que irá me tratar assim, Mi?

- Pare de me chamar assim, Adam, você sabe que eu não te dei liberdade para isso. – Riu, foi até uma das almofadas e se sentou.

- Vem sentar do meu lado. – Puxou outra para apontou para ela.

- Estou bem em pé. – Cruzei os braços.

- Se quer assim... – Ajeitou-se e me olhou dos pés a cabeça, sem eu entender nada.

- Dá pra falar logo o que você quer conversar comigo?

- Essa minha namorada é muito curiosa... – Dei uma gargalhada irônica.

- Sua namorada? – Ri mais uma vez. – Esqueça, Adam.

- Ah, por que? – Levantou-se e foi até mim, pegando uma mecha do meu cabelo. – O Draquinho não deixa eu encostar no que é dele?

Meus olhos cresceram e minha respiração foi a mil. Engoli uma pedra de tanto desespero que senti naquele momento. Draco não deve ter contado para esse idiota! Ele está jogando verde pra colher maduro, só pode ser.

- Que papo é esse? – Dei uma pequena risada nervosa e olhei dos lados, me soltando dele.

- Ah, Hermione, fala a verdade, você só não fica comigo porque você sabe como o Draco irá se sentir, não é?

- O que o Dra- - Parei.- Malfoy tem a ver com isso? – Cruzei os braços mais uma vez, apertando-os contra o meu peito.

- Me diga você.

- Pelo amor de Merlin, de onde você tira essas idéias absurdas?! – Estava totalmente nervosa, fui até a porta, a abri mas Adam surgiu, a fechou com força e ficou na minha frente, encostando suas costas nela.

- Ele me contou, Hermione, não se faça de desentendida. – Abri a boca para protestar mas lhe dei as costas.

- E você acredita? Malfoy é uma doninha asquerosa!

- Doninha asquerosa? – Riu. – Essa é nova para mim.

- Eu não estou de brincadeira, se você me trouxe aqui pra me dizer isso, tudo bem, já disse? Eu irei embora. – Fui até a porta mas pegou-me pelo braço e me trouxe para perto de si. – Me solta, seu idiota.

- Parece que você não quer que todos saibam que você e a ‘Doninha Asquerosa’ estão tendo um caso, mesmo você namorando inúmeras vezes esse ano. – Meu sangue congelou em minhas veias.

- Do que está falando? – Soltei ainda perto de si, querendo começar a chorar.

- Estou falando daquilo que vocês faziam toda a noite, daquele lance de ‘nunca pensei que estaria apaixonado por você’ e também daquelas investidas do qual ‘usa esse anel pra não esquecer de mim’. – Quando disse isso, pegou na minha mão direita e apontou para o anel que ainda estava lá.

- Você é louco... – Soltei olhando profundamente nos seus olhos.

- Vamos fazer um trato. – Me soltou com brutalidade. Eu ajeitei meu casaco olhando fixamente para o chão, pensando nas possibilidades do Draco ter contado alguma coisa a essa cobra maldita.

- Não quero fazer tratos com você.

- Ótimo, então, pode ter certeza que amanhã bem cedo, todos saberão o quanto Draco Malfoy e Hermione Granger se amam. – Sorriu maliciosamente fazendo eu arregalar os dois olhos.

Meu mundo entrou em colapso. Tudo de ruim estava acontecendo comigo, não dava para acreditar. Harry some, Dumbledore tem suspeitas de tudo que eu fiz, Adam está ameaçando contar a todos que eu e Draco somos muito mais do que dois inimigos colegiais e acima de tudo, você não sabe o que fazer para resolver esses problemas.

Me dê paciência, Mamãe, porque se me der forças, eu acabo com ele.

- O que você quer? – Perguntei com a cabeça baixa.

- Garota esperta. – Foi até mim e pegou no meu queixo mas eu me soltei. – Minha namorada não vai poder ficar me evitando.

- Não acredito que você está fazendo tudo isso para eu ser sua namorada! – Gritei com lágrimas nos olhos. – Ele é seu amigo!

- É, disse bem: meu amigo... – Sorriu maliciosamente. – Então, ele irá entender quando eu ser seu namorado. – Cai nos ombros achando aquilo tudo um absurdo sem tamanho. – Vou deixar você pensar até amanhã cedo, aí você já pode me dar uma resposta. – Abriu a porta. – Já pode ir.

Andei olhando com o maior desprezo da minha vida para aquele ser. Ele nutria o mesmo sorriso malicioso nos lábios; Se eu estivesse com minha varinha, todos aqueles dentes estariam no chão. Muitas coisas que aparecem na minha mente, aparecem sem os ‘efeitos colaterais’, então, penso tais atrocidades que me renderia uma passagem só de ida para o inferno.

Queria saber o porque do Draco contar essas coisas para o Adam. Ele também nunca quis ser visto comigo. Bom, eu nunca perguntei isso a ele, talvez ele tenha mais coragem do que eu, mas Draco veio de uma família de bruxos das trevas mega conversadora, se seu primogênito namorasse uma sangue ruim, iam fazer da vida do Draco um dos seus piores pesadelos.

Sai de lá derrubando as lágrimas. Desci as escadas correndo, depois, andava em passos rápidos até o quarto. Ao entrar com os olhos vermelhos de tanto chorar, o nariz escorrendo e aquela expressão totalmente cansada de tudo, me joguei na primeira cama que vi e me pus a chorar. Parvati, a única no quarto, foi até mim e perguntou o que tinha acontecido, eu disse que queria ficar sozinha.

Respeitou meu pedido e saiu do quarto preocupada.

As lágrimas eram difíceis de serem contidas, afinal, estava começando a ficar totalmente enlouquecida com tudo isso. Sentei-me na cama agarrando meu travesseiro e fechando os olhos. Por que tudo tinha que acontecer justamente comigo?!

Naquele instante, ouço batidas na janela, corro até ela e a abro, deixo uma coruja marrom entrar por ela e pousar em cima de uma penteadeira. Pego a carta que está em seu pé limpando o rosto ao máximo; Era de Tonks, suspirei soluçando um pouco e abri com um mero sorriso no rosto, pensando em haver uma esperança para mim.

Cara Hermione,

Quantas vezes eu tenho que lhe dizer que não manda esse tipo de informação por qualquer coruja?! O Ministério está investigando e não será nada bom para ambos dos lados se formos descobertos. Quanto a Harry, não sei onde ele está, estou tão surpresa quanto você e o Rony; Perguntei a Moody e ele disse que não disse nada de mais a Harry, disse apenas que era para ele tomar cuidado pois as dimensões dos problemas estão passando por cima de Voldemort, mas não disse nada de tão sério para ele fugir. Lupin está atrás dele com mais uns seis aurores, assim que o encontrarmos, a gente avisa vocês. Agora, essa história de Dumbledore estar sabendo o que você andou fazendo para nós, é coisa da sua cabeça. Eu posso lhe garantir que você está segura, por enquanto. Digo isso, porque o Ministério da Magia está nos investigando e não dou nem um mês para ele aparecer aí em Hogwarts.

Cuide-se,
Carinhosamente, Tonks.


Fechei a carta a amassando com força. Eu não estou ficando louca, Dumbledore sabe sim, ele não é burro. Espantei a coruja com tanto ódio que quando fechei o vidro, a vidraça estilhaçou-se e foi ao chão. Afastei-me para que todos os cacos de vidros caíssem e um forte vento entrou no quarto. Aquele mesmo zumbido que me atormentava tempos atrás, voltou. Meneei a cabeça para esclarecer as idéias e logo ele passou. Abaixei para pegar os cacos e acabei cortando meu dedo.

Levantei-me, peguei minha varinha e estanquei o sangue. Também com ela, fez com que a janela voltasse ao lugar. Encarei-me naquele reflexo e suspirei. Tive a leve impressão de ter alguém atrás de mim, virei assustada e nada estava lá.

Eu não agüento mais isso.

***


Dentre tantas coisas horríveis acontecendo comigo, uma tinha que me levantar pelo menos um pouco. Hoje à tarde eu pego meu quarto de monitora de volta. Isso tinha me deixado um pouco mais feliz, mesmo eu sabendo que eu tinha que dar aquela noticia a Adam daqui a pouco. Só que no lugar dele, quem eu encontrou é Draco, que veio ao meu encontro sorrindo. Estávamos sozinhos num dos corredores, isso era bom e era ruim, pois sempre tem alguém para estragar meus melhores momentos.

- Andou chorando? – Pisquei algumas vezes e olhei para meus próprios pés.

- Se eu fizer uma coisa, você me perdoa? – Me olhou totalmente confuso.

- O que você irá fazer?

- Só me diz se me perdoa. – Pedi me aproximando ainda mais.

- Ok, eu te perdoou, mas o que aconteceu? – Aproximei a ponto de beijá-lo, parei, fechei os olhos e me afastei aos poucos.

- Não posso mais... – Mordi o lábio inferior e me afastei por completo. – Me perdoe.

Corri para um rumo diferente do qual ele ia. Deixei apenas uma lágrima cair, uma lágrima de dor e de pesar por estar fazendo aquilo. Eu sou uma covarde mesmo, eu não consigo fazer as coisas sem ter aquele medo ou arrependimento. Eu irei namorar um canalha nojento por causa de um segredo que todos já estavam em tempo de saber mas você tem medo do que os outros pensem.

Estou transbordando em ética, mas isso está me fazendo mal.

Ao entrar no Salão Comunal, pensei que poderia escapar de Adam e suas ameaças, mas não consegui, ele estava me esperando na porta, como se já soubesse a resposta. Encarei o chão e deixei que ele viesse até mim.

- Pensou? – Concordei olhando para o chão. – Então? – Lhe dei um beijo colando meus lábios nos seus. Soltei-me o fuzilando com o meu olhar.

- Se você está pensando que sairá limpo dessa, está muito enganado. – Sorriu maliciosamente e pegou no meu queixo.

- Amor, pode ficar tranqüila, eu sei o que estou fazendo. – Despediu-se piscando e saindo do Salão Comunal. Eu suspirei fundo e meneei a cabeça; ao chegar na mesa, Deena soltou seu garfo em cima do prato, todas me olharam com olhares reprovadores e depois, começaram a fazer perguntas.

***


- Nada do Harry mesmo?

- Hermione, pela milésima vez: Não! – Soltou já se enchendo. Estávamos indo para nossa aula de Herbologia, apenas eu e Ron. Harry viria conosco, só que ele tá por aí, tirando meu sono.

- Eu não agüento mais, Ron... – Mordi o lábio inferior.

- Você está com o McCartney? – Perguntou cerrando as sobrancelhas.

- Por que? – Engoli seco.

- Está? – Concordei. – Só para confirmar o que estão dizendo.

- Posso fazer uma pergunta? – Concordou. – Estou fazendo o certo? – Me encarou longamente.

- Você quer que eu seja educado ou sincero? – Rolei os olhos suspirando. – Ok, eu acho que não é uma boa porque o cara não tem um histórico de confiança, entendeu? O cara não presta, resumindo.

- É, eu sei disso... – Encarei o chão mais uma vez.

- E por que está com ele se sabe? – Respirei fundo.

- É uma longa história, Ron, uma longa história...

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