Livro do Destino



 Quando chegaram à biblioteca, cumprimentaram Madame Pince e sentaram-se à uma mesa próxima.
 -Alguma idéia do que iremos procurar Mione? – Harry perguntou.
 -Claro, procuraremos em ‘’Hogwarts, uma história’’, que fala bastante sobre os criadores de Hogwarts. E também podemos procurar em outros livros sobre Mérlim, suas armas, as árvores genealógicas e o que mais que possa ter informações.
 -É, realmente você leva à sério todas as possibilidades – disse Rony.
 Hermione sorriu para ele, e se levantou. Pouco tempo depois voltou, trazendo sobre o braço um enorme livro de couro, onde se lia o título destacado: Hogwarts – Uma história.
 -Bem, é este aqui. Penso que vocês nunca viram igual, não é mesmo?
 Hermione enfim abriu o livro velho e despedaçado que apanhara em alguma estante, e as páginas amareladas comidas por traças mostravam as letras mais miúdas que Harry já vira na vida.
 -Hm... Página trezentos e quarenta e quatro... – disse Hermione, analisando o índice. – Aqui – ela encostou o indicador em algum ponto no livro, e os quatro se juntaram para poder ler o capítulo.
 Harry olhou através dos óculos e leu: capítulo setenta e um, Helena Ravenclaw.
 -Hermione, o que Ravenclaw nos ajudará sobre esse tal Rey? – perguntou Rony, pensando exatamente o mesmo que Harry.
 -Imaginamos que esse Colapogge seja o herdeiro de Ravenclaw, não?
 -Imaginamos? – perguntaram os três juntos, em uníssono, espantados.
 Hermione olhou incrédula para eles.
 -É claro que imaginamos! Um aluno tão brilhante como Colapogge, tão inteligente, exatamente as características de Ravenclaw! Raciocinem, gente. Tantas evidências, encontrarmos algo sobre os herdeiros na câmara, escrito por Colapogge... Não sei não, mas acho que sim, ele é o herdeiro.
 Harry coçou a cabeça e voltou à sentar em seu lugar, analisando as páginas rasgadas. Sim, Hermione estava certa, era óbvio. Como não percebera? Estava ali, o tempo todo, estampado em seu rosto.
 -Será que ele está em Hogwarts? – perguntou Gina.
 -Pode estar em qualquer lugar. – respondeu Hermione.
 -Será... Será que haverá outra guerra? Será que teremos de voltar à lutar, outras mortes? – Rony perguntou.
 -Não sei... – respondeu Hermione. – Ah, por Mérlim. Deus queira que isso acabe.
 -Hei, não devíamos estar pesquisando sobre Colapogge? – disse Gina sabiamente.
 -Sim deveríamos – disse Hermione, debruçando-se sobre o pesado livro.
 Os quatro começaram a ler o livro ao mesmo tempo, o começo do capítulo estava chamuscado pelo que pareciam ser chamas e as letras estavam um pouco apagada, mas inteiramente visíveis.

                   Capítulo Setenta e um – Helena Ravenclaw

A Histórica e renomada Ravenclaw, dona de sua própria casa em Hogwarts, viveu de 0043 a 0108, sessenta e cinco anos de prêmios, glórias e glamour. Seus alunos levam fama por serem os mais inteligentes da escola, mas não deixam de ser amigos e companheiros um dos outros. Ficou muito conhecida por ser dona de um diadema que produzia sabedoria para os que usavam, conhecido mundialmente como o diadema de Ravenclaw. Dizem que até hoje tem fama de ser a melhor professora de História da Magia que Hogwarts já teve. Seu Patrono tomava a forma de uma águia gigantesca, e diziam que ela possuía os melhores poderes videntes, tanto que fora várias vezes chamadas para ser professora de Junglet, uma escola da Itália pouco renomada, e até de escolas mais tradicionais, como Beauxbatons.
 -Mione – disse Rony. – Acho que não vamos achar nada nesse livro.
 Hermione continuou a ler, mas deu um suspiro e parou levantando a cabeça.
 -Você tem razão – concordou ela, se levantando. – Vou ver se posso achar outros livros. Esperem-me aqui, eu já volto.
 Ela saiu, então, caminhando, olhando as prateleiras cobertas com livros.
 -Ah – ela disse próxima. – Esses podem ajudar.
 Ela voltou trazendo três livros pesados nos braços, e os estendeu sobre a mesa, um mais grosso que o outro.
 -Hmm... – ela continuou. – Sangue mágico... Veremos.
 Ela abriu, o livro não era tão velho quanto o outro que leram, mas também não era novo. Colocou o dedo em uma página e começou a ler.
 -Aqui. Árvores genealógicas dos grandes bruxos.
 -Você acha que esse livro é da época de Colapogge? – Harry perguntou.
 -Não faço idéia – ela respondeu.
 Foram lendo, mas nada realmente interessante. Resolveram descartar, pegando outro livro. Também nada.
 -Só resta esse – disse Gina, pegando o menor livro dos três. – Bruxos famosos.
 -Não acho que esteja nesse – disse Hermione. – Mas não custa tentar.
 Ela leu o índice com uma cara levemente preocupada. Leu mais uma vez, e então o fechou.
 -Nada. Acho que procurei no lugar errado – disse ela, se levantando novamente.
 -Aonde você vai? – Rony perguntou.
 -Procurar mais livros. Tenho certeza que encontraremos.
 Harry, Rony e Gina trocaram um olhar desacreditado, mas não contrariam Hermione.
 -Esse tal Rey Colapogge... Tenho certeza que já ouvi falar.
 -Ele é famoso, não? – disse Rony à Harry.
 -Não tanto. Nós não o conhecíamos, não é? Até Hermione nos falar.
 Ao falarem o nome, ela voltou, mas não voltou normal, estava com uma cara assustada e desconfiada, e trazia um livro gigantesco debaixo do braço. Só pelo que puderam ver ao longe, as páginas estavam encardidas e rasgadas, aparentava ser muito velho.
 -Vocês não vão acreditar – ela disse, mostrando o livro. – Muito, muito estranho.
 -E o que é? – disse Rony, se levantando para ver.
 -Esse... É o livro do destino! – disse Hermione.
 -Já ouvi falar nele! – disse Gina. – O professor Binns disse que o livro foi roubado, séculos atrás, e que ninguém mais o viu.
 -Pois é. Veremos quem pegou ele por último, então.
 Hermione abriu a capa da frente, e deu um grito tampando a boca, o que chamou a atenção de Madame Pince.
 -O que é que há? – Harry perguntou.
 -É ele! – Hermione sussurrou. – Rey Colapogge foi o último a tirar o livro da biblioteca!
 E ela estava certa. Estava lá, a lista de quem pegou o livro pela última vez. Era quase impossível de ser ler de tão suja que a página estava, mas dava para se perceber: Rey Colapogge.
 -É ele! – disse Rony.
 Hermione pousou o livro sobre a mesa e o abriu. A primeira página tinha uma escritura: Este livro foi escrito pelos deuses.
 -Acha que é verdade? – perguntou Gina.
 -Duvido – respondeu Hermione.
 Ela virou mais uma página, e deu de cara com datas.
 -Foi feito em 205 depois de Cristo – ela disse, apontando para a data que dizia: 0205 – Hogwarts foi fundada.
 -Era uma data desconhecida! – disse Gina.
 -Sim, realmente ninguém sabia quando Hogwarts foi fundada – disse Rony.
 -Vamos à nossa data! – disse Harry.
 Hermione virou várias folhas de uma vez, e chegou em: 1997 – A derrota do herdeiro Sonserino.
 -Sim, está certo – disse Rony. - Será que as outras profecias também estão certas?
 Hermione olhou algumas delas.
 -Algumas... Sim – ela disse. – Algumas não. Aliás, esse livro só faz Profecias sobre Hogwarts.
 Hermione virou a página, e deu de cara com a data: 1998.
 -Aqui – disse Harry. – Diz: Os herdeiros serão convocados para a batalha final. Somente um sobreviverá.
 -É verdade – disse Hermione, com um arrepio. – Possivelmente, Colapogge pegou esse livro centenas de anos atrás, leu essa informação e hoje quer realizá-la.
 -Mas... Por que ele tem que fazer isso? Por que ele não pode simplesmente... Ignorar? – disse Rony.
 -Colapogge viveu há muito tempo, Ronald – disse Hermione. – E o Livro se diz escrito pelos Deuses. Um bruxo daquela época, completamente tradicional, quis tornar as vontades dos Deuses realidade. É óbvio, não?
 -Somente um sobreviveria – disse Harry. – Terei que lutar contra Voldemort, contra Colapogge. E possivelmente o bruxo da Lufa-Lufa é bruxo das Trevas, também. Era tudo o que eu precisava.
 -Fique tranqüilo – disse Rony. – Se ele realmente estiver escondido em Hogwarts, eles conseguirão pegá-lo.
 Harry coçou os cabelos negros e apoiou o rosto nas mãos. Folheou mais um pouco o livro.
 -O que você ta procurando, Hermione? - Gina perguntou. - Tem algo interessante aí?
 -Não sei... Talvez tenha algo. Mas não acho que tenha. Aliás, ta muito difícil de ler esse livro. Essas páginas estão muito sujas.
 Harry suspirou. Quando é que eles teriam uma vida normal? Mais um bruxo das Trevas, significava mais mortes, mais dor, mais imponência... Ele era o único que poderia fazer a diferença. Como sempre foi. No fim, era ele quem teria de morrer, era ele que teria de dar a vida para salvar os outros. Por que era tudo tão difícil para ele? Por que, em dezoito anos que se passaram, ele não teve um tranqüilo e sem preocupações, como o ano de todos os outros?
 -Hermione – disse Gina. – Como foi que você encontrou esse livro?
 Hermione hesitou.
 -Na verdade, o encontrei por acaso. Eu estava escolhendo os livros, quando minhas mãos ficaram ocupadas e a minha varinha caiu.
 -Caiu, aonde, exatamente? – Rony perguntou.
 -Atrás de uma estante velha. Então, quando eu coloquei a mão lá para apanhar a varinha... Senti que encostei a mão em algo... Então, além da varinha eu trouxa algo, mas estava invisível. Eu usei o feitiço ‘’Revelio’’; e ele voltou à ser visível.
 -Melhor voltarmos para a Sala Comunal – disse Harry. – Logo teremos que estar na aula de Transfiguração.
 -Tem razão – disse Hermione, se levantando. – Espere um segundo. Acho que vou levar esse livro comigo...
 -O quê? – perguntou Rony, assustado. – Você pretende roubar o livro da biblioteca?
 -Não, não pretendo roubar, obviamente – disse Hermione. – Mas talvez precisemos dele, não? Esse livro... Parece-me ser... Diferente... Além do mais, se eu devolvesse o livro para a biblioteca, não poderíamos mais por as mãos nele.
 -E se alguém desconfiar que você esteja com o livro? – perguntou Rony.
 -Ele está sumido a mais de mil e setecentos anos, Ronald. Quase ninguém sabe dele.
 Rony lançou um olhar de avaliação à Hermione, mas concordou. Os quatro se levantaram e começaram a guardar os livros nas prateleiras.
 -Será que a professora Minerva passará muito dever de casa? – disse Hermione, preocupada. – Se passar, não sei, Harry, acho que não terei tempo de jogar Quadribol.
 -Ah, não se preocupe, Hermione – tranqüilizou-a Harry. – Com certeza você dará conta dos deveres e dos treinos. Não tem por que se preocupar.
 Hermione mordeu o lábio inferior, mas não respondeu. Continuaram a guardar os livros. O dia seguinte seria um passo muito importante, não só para ele, mas para todo o time. Tudo o que queria era ser campeão novamente pelo time da Grifinória.

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