A promessa



 O óculos de Harry caiu no chão, quebrado. Hermione, sabiamente, não se mecheu, e Harry achou melhor assim.
 -Acha que pode me comprar assim, tão fácil, moleque? Ah, não, não e não. Você tem muito o que aprender, ah, tem sim. Accio varinha!
 A varinha de Harry vôou diretamente para as mãos do homem.
 -Ah, sua varinha. Já chegou à pensar, um dia, que ele lhe faria algum mal?
 Novamente Harry não respondeu. Viu sua própria varinha apontada diretamente para seu rosto.
 -DEVOLVE A MINHA VARINHA! - Explodiu, se colocando em pé num salto.
 -CRUC...
 -Não! - Hermione saltou debaixo da capa e esticou a varinha. - PROTEGO!
 O a maldição vôou, explodindo parte do teto. Harry percebeu que tinham pouco tempo, o teto ia desabar.
 -AVADA KEDAVRA!
 O feitiço ia diretamente para Hermione, mas ela agilmente saltou para o lado. Harry pulou e agarrou a espada do chão.
 -Não vai machucar ela! - Urrou.
 Harry usou a espada como se fosse uma varinha. Dela, saiu um raio de luz púrpura, atingiu o homem e ele caiu, deixando cair as duas varinhas, Aquela era a hora.
 -Ele está estuporado, Hermione, pegue as varinhas!
 Hermione obedeceu, agarrou as varinhas e o óculos, devolveu à Harry e quebrou a varinha do homem, jogando aos seus pés. Harry não pode acreditar na sua sorte.
 O teto estava começando à desabar... Pedaços do teto caíram à centímetros deles.
 Finalmente chegaram à escada, subiram, ocultos pela capa. Viram cerca de dez homens descerem.
 -Temos que correr! - Hermione disse, muito baixo.
 Ocultos pela capa, correram, deixando a escada livre para os homens descerem. Todos usavam aquela farda.
 -MEU DEUS, É O OLIVER! ELE VAI MORRER SE FICAR ALI! - Um deles gritou.
 Juntos, ele e Hermione correram. Harry sabia que, se eles acordassem o homem, ele iria dizer a verdade, diria que tinham um capa, diria que subiram as escadas e que estão tentando salvar Gina...
 -Espere, Hermione! - Harry parou abruptamente. - Temos que impedi-los de nos seguir!
 Hermione concordou, e eles se aproximaram sorrateiramente da escada: HAarry apontou a varinha por baixo da capa, e apontou para o homem chamado Oliver, deitado inconciente no chão.
 -Obliviate! - Murmurou.
 Harry não pode dizer se funcionou ou não, pois o homem estava desmaiado e não podia mostrar reação alguma. Todos os outros olharam para a origem do feitiço.
 -Quem está aí? - Gritou o mais forte do grupo.
 Escondidos sobre a capa, recuaram e se protegeram atrás da parede.
 -Temos que estuporá-los, é o único jeito... - murmurou Harry para a amiga.
 -Mas eles são muitos!
 -Eu sei, mas eles vão nos seguir se não o fizermos, e não podemos matá-los! Precisamos estar sozinhos se quisermos salvar Gina, e tenho um mal pressentimento de que não vai ser tão fácil.
 -O que quer dizer?
 Harry não respondeu, mas fez um sinal para a amiga de que ia em direção a escada.
 -Quem está aí? - Novamente o homem perguntou.
 -Estupefaça! - Harry gritou, apontando para ele.
 O feitiço acertou em seu rosto, enquanto o homem já caía, estuporado.
 -Estupefaça! - Hermione acertou um homem próximo.
 Não esperava que seria tão fácil. Logo um homem lá atrás gritou:
 -Expulso!
 Bem em tempo, Harry puxou Hermione e se escondeu atrás da parede. Harry sentiu a varinha escapar entre seus dedos, mas segurou-a bem em tempo. O feitiço subiu a escada e bateu no teto. O chão abaixo deles estava desmoronando... Novamente Harry esticou o braço, apontando para baixo.
 -Estu...
 -Confringo!
 A explosão à centímetros deles. Harry sabia o que ia acontecer, então por instinto, recuou. O a maldição os desprotegera, arrebentou a parede, mas graças à Deus não os atingiu.
 -Restavam poucos agora... A maldição ajudara o chão à desabar, muitos deles estavam agora cobertos pelas rochas... Os poucos que restaram pareciam muito assustados, as varinhas erguidas, sem saber o que procurar.
 -Expelliarmus! - Harry apontou para um homem próximo, despindo de vez a capa, deixando somente Hermione escondida.
 -POTTER! - Urrou o único homem armado que restou. - SECTUMSEMPRA!
 Tudo se resumiu na dor; Acertara na sua perna, ele percebeu, o sangue jorrava dele como uma fonte. Caiu de joelhos... Não teria tempo para gritar de dor agora, tinha que lutar. Hermione também tirou a capa.
 -Estupore! - disse Hermione, se juntando à Harry.
 -Protego! O homem se defendeu. - Avada Kedavra!
 Harry se lançou para o lado, sentiu o calor da maldição à milímetros de seu rosto...
 -Bombarda! - Harry gritou, ajoelhado.
 -PROTEGO! - Novamente se defendeu.
 O duelo tinha começado, Feitiços para todo o lado, arrebentava as paredes de Azkaban...
 Então foi aí que aconteceu. O chão onde pisavam estremeceu, tinham segundos, ele iria desabar à qualquer instante...
 -VAMOS - Harry gritou. Apontou a varinha para o homem desarmado enquanto corriam em direção à escada. - Estupefaça!
 O feitiço acertou-o, e ele caiu novamente. O teto iria desmoronar, correram o mais rápido que puderam, Hermione agarrou a capa...
 Saltaram para o terceiro andar. Um segundo depois, o estrondo informou-lhes que o segundo andar não existia mais. A poeira se ergueu, e Harry não pode deixar de sentir pena dos prisioneiros que estavam naquele andar...
 Havia uma placa colada ao teto, Harry leu.
 -Terceiro andar, o andar de suspeitos. Gina está neste andar!
 Harry olhou à sua volta. Duas portas guardavam a Câmara: Uma tinha um letreiro que dizia:

   Dementador Residente do Terceiro Andar.

 Na outra porta não tinha nada escrito.
 -E então? - Harry perguntou. - Acho que achamos Gina.
 -Sim, penso que achamos... Mas o problema é, como tiraremos ela daí?
 -Tem que ter um jeito.
 Harry coçou a cabeça. A dor na perna o impossibilitava de pensar.
 -Eu cuido disso - disse Hermione. - Episkey!
 O corte foi cicatrizendo, se fechando... e logo estava só uma marca na perna de Harry.
 Harry a agradeceu, e conduziu Hermione até a porta. Era a única maneira de fazer o que vieram fazer.
 Harry abriu a porta...
 Harry se viu novamente no Departamento de Mistérios. Ou pelo menos foi onde ele pensou estar. As dezenas de porta rodeavam a sala, de fora à fora. Poderiam ter centenas; talvez milhares. Muitas e muitas portas de aço, sujas e sem brilho.
 -Certo - disse Hermione. - Não tem legendas nas portas, é claro.
 -Sabe algum feitiço? - Harry perguntou, desesperado. - Algum feitiço que nos possibilite de olhar através da porta.
 Harry não acreditava muito na hipótese.
 -Infelizmente, não.
 Harry se sentiu amarrado, de mãos atadas. Não podia fazer mais nada, então. Provavelmente não seria fácil abrir qualquer que fosse das portas.
 Hary pôs o cérebro pra funcionar. Provavelmente a porta era à provade som, impossibilitando que conversassem com qualquer prisioneiro. Harry soube que a varinha seria inútil para descobrir em que porta Gina estava. As portas, portanto, eram impenetráveis. Centenas de suspeitos por crimes, aguardavam, atrás da porta, o momento em que seriam liberados...
 Um punho, um grito. Harry sentiu o frio instantâneo, sentiu seu pescoço congelar por dentro e por fora. Garras o seguravam.
 Hermione recuava, com a varinha erguida, não parava de gritar. Harry sentiu o desespero cada vez mais próximo, porque os vultos negros se multiplicavam à cada segundo. Tudo acabara ali, mas ele não ia morrer sem tentar, e se sua alma fosse arrancada de vez do corpo, seu último ato seria salvar Gina.
 Harry estava cada vez mais desesperado, O grito abafado chegava aos seus ouvidos, Harry percebeu com esforço que estava consciente, melhor, estava vivo. Nunca dementadores o afetaram tanto. Harry, pela primeira vez, viu... Através do capuz do dementador que o agarrara pelo pescoço, viu aquela boca circular e desdentada... A única coisa que entrou em sua mente foi a conversa com Remo Lupin, cinco anos atrás.
 ''-O que tem atrás do capuz de um dementador? - Harry perguntou.
 -Ninguém sabe - respondeu Lupin. - Se um dia alguém chegou à ver, essa pessoa não estaria em condições de descrever.''
 Fechou os olhos. Era o fim.
 Uma luz por perto iluminou o rosto machucado de Harry. Com dificuldade abriu os olhos, a mão fria que o agarrava ao pescoço se afroxou e finalmente ele caiu de costas para o chão, ofegante, sentindo o restinho de esperança que ainda tinha dentro dele. Através dos óculos quebrados e embaçados, viu algo se movimentar por perto, viu criaturas voando, e se sentiu novamente mais forte. Não foi ali para desestir, foi aí que ele reviu a lontra, agora fraca e semi-evaporada, atacar os dementadores.
 Enfim, a lontra desapareceu de vez. Harry rápido descobriu que ainda tinha sua alma, caso contrário, não teria forças para enfiar a mão no bolso e agarrar a varinha.
 Com muito esforço, de pôs de pé. Os dementadores já se aproximavam, e era agora que ele tinha de fazê-lo, enquanto os dementadores não sugassem o resto de suas forças... Caso isso acontecesse, duvidava que conjuraria um Patrono forte o suficiente. Ele conseguiria salvar Gina de qualquer jeito, isso tinha certeza, e foi possuído por esse milagroso pensamento que gritou:
 -EXPECTO PATRONUM!
 Mais forte do que nunca, o Cervo explodiu da ponta da varinha, tão forte que Harry caiu sentado para trás. O cervo investiu diretamente aos dementadores, que rápido se afastaram. Só se afastaram... Seria suficiente? Viu Hermione esparramada no chão, provavelmente desmaiada. Quando voltaria à ver Rony, agora amarrado dentro da Ala Hospitalar, se perguntando onde teriam ido que não o visitaram mais, sem saber em que situação terrível estavam agora. É, ele tinha que lutar, o Cervo era suficientemente forte para metade deles... Só agora percebeu como eram numerosos. Imaginou-se com Rony e Hermione, sentados em poltronas à luz da fraca lareira da Sala Comunal da Grifinória, e só então se deu conta de como aquiço era precioso. Não perderia aquilo por nada...
 -EXPECTO...
 O braço de Harry tremeu. Os dementadores começavam à ganhar a batalha do desespero contra a esperança...
 -EXPECTO... EXPECTO PATRONUM!
 Foi aí que o segundo Cervo se juntou ao primeiro; Juntos, protegeram Harry... Os dementadores saíram pela porta mesmo, afugentados pelos Patronos.
 Harry agitou a varinha em sua direção, e os Patronos mais fortes que já produziu se juntaram à ele. Harry mandou um para a porta de entrada, para que nenhum dementador se aproximasse, e o outro iria onde eles fossem. Harry correu para Hermione.
 -Hermione! - Harry correu até ela e ergueu a varinha. - Enervate!
 Hermione ofegou. Harry se ajoelhou no chão.
 -Mione? Você tá bem?
 Hermione resmungou um sim. Ainda de olhos fechados sentou-se.
 -E então? - ela perguntou, olhando a situação à volta. - Conseguiu afugentá-los?
 -Sim.
 Hermione abriu os olhos devagar.
 -Tudo em vão - disse, se levantando. - Não vamos conseguir salvar Gina, com todas essas portas. Teremos de arranjar outra maneira.
 -Outra maneira, Hermione? Não existe outra maneira. Esse é o único jeito.
 Hermione suspirou.
 -Você trouxe a bolsa de contas? - Harry perguntou.
 -Sim - respondeu Hermione. - Nem sei o porque. Só sei que talvez precisássemos, sei lá, por algum motivo.
 -É... Vigilância constante.
 Harry trocou um olhar com Hermione, e ela imediatamente absorveu a mensagem. Harry sorriu, Hermione retribuiu o sorriso.
 -Harry! Brilhante!
 Hermione enfiou a mão no bolso.
 -É... O professor Moody, sempre tão eficiente, mesmo estando morto.
 Então Hermione tirou da bolsa, o milagroso Olho Mágico do Professor Moody. Mais ou menos do tamanho de uma bola de golfe, sempre tão útil.
 Harry sorriu de orelha à orelha, não conseguiu se conter. A grande virada na situação não podia conter sua euforia, nem mesmo quando milhares de criaturas tentavam tira-lá dele.
 Hermione jogou o olho para ele, e Harry, acostumado aos jogos de Quadribol, agarrou com facilidade. Harry colocou o Olho Mágico na frente do seu, como se fosse um onióculo.
 No mesmo instante Harry percebera que deu certo. Viu nas primeiras portas homens aparentemente desacordados. Atrás das portas tinham um prqueno corredor, com cerca de três metros, que dava em uma grade.
 Harry se pôs a espiar cada uma das celas. Viu um homem deitado com as mãos na cabeça, outro sentado na pedra olhando para o chão, uma mulher se acabando de chorar, um homem consciente e uma ave... Outra mulher, baixa e careca, um duente, um homem de cabelos loiros...
 -E aí Harry? Achou ela? - perguntou Hermione de repente.
 -Ainda não - ele respondeu. Vai ser difícil...
 Harry voltou a atenção para espiar as celas. Um homem de cabelos ralos dava cabeçadas nas paredes, outro parecia muito assustado e cobria a boca com as mãos. Uma cela vazia... Não, ali tinhaum homem muito franzino, deitado de barriga para cima.
 Dez minutos depois, Harry já tinha visto maioria das celas, mas não encontrou Gina em nenhuma delas.
 -Gina... - Harry murmurou para si mesmo. - Gina... Cadê você...
 Harry viu uma cela com um homem mutilado, viu um velho ajoelhado, rezando... Viu um homem grande e pesado tentando passar pela janelinha mínima da prizão... Uma mulher com cabelos compridos e da cor do fogo...
 -ACHEI! - Harry gritou de repente, assustando Hermione. - Ela está ali Mione, está ali!
 Harry apontou para uma porta a metros deles. Correram nessa direção... Harry chegou na porta e, sabendo que era inútil, puxou a varinha.
 -Alohomorra!
 Nada.
 Harry examinou a porta. Não tinha nenhuma fresta de luz, era tudo escuro. Uma fechadura...
 Precisamos da chave, Harry disse mentalmente.
 -Onde encontraremos...? - disse Hermione, lendo os pensamentos de Harry. - Não podemos sair por aí procurando. Não temos tempo, e é arriscado demais.
 -Eu acho que não precisaremos procurar. Não colocariam feitiços protetores em chaves, não é mesmo?
 -Não, não colocariam - concordou Hermione. - Acho que os seguranças de Azkaban devem carregá-las com eles.
 Harry apontou a varinha para a porta.
 -Accio chaves!
 Um barulho metálico fora da porta, e instantes depois voava o molho de chaves, de tamanho monstruoso, para os braços de Harry. Harry agarrou com dificuldade, caindo de costas.
 -Ah, Harry - Hermione desaminou. - Não vai ter jeito. Temos que dar outro jeito para abrir essa porta.
 Harry olhou para o gigantesco molho de chaves. Provavelmente, tinha as chaves das portas da prizão inteira.
 -Tudo bem - disse Harry, pousando as chaves no chão e se lavantando. - Bombarda Máxima!
 A explosão aconteceu no ar, metros antes do feitiço chegar à porta.
 -Não vai ter jeito, a porta está impertubável - disse Hermione.
 -Pois é, foi isso que pensei.
 Harry hesitou por alguns segundos, e voltou a colocar o Olho de Moody em frente ao seu. Gina estava lá, os cabelos ruivos esvoaçantes ao vento da janela entreaberta... O luar iluminava fracamente seu rosto, e ela parecia muito infeliz. Tinha que dar um jeito, antes que os dementadores percebessem que estavam ali e os atacasse em massa... Seus patronos não eram suficientemente fortes para lutar contra milhares de dementadores.
 -Vamos ter que tentar uma por uma - Harry disse, minutos depois.
 Hermione abriu a boca para falar, mais Harry interrompeu antes que ela pudesse contradizê-lo.
 -Não demorará e encontraremos. Só nesse andar já deve ter umas quinhentas celas. Na prisão toda...
 -Vinte cinco mil chaves - disseram, juntos, olhando para o objeto circular que serveria facilmente de bambolê para Hagrid.
 Harry se levantou, e arrastou as chaves consigo. Agarrou uma, torcendo sem muita esperança que fosse a certa.
 Girou a chave...
 Não funcionara. Harry achou que um choque mínimo pudesse ter atacado-o nas pontas dos dedos.
 Tentou novamente com outra chave. Não deu certo, e Harry novamente teve a sensação que tomasse um choque.
 -Não entendo... - disse para Hermione. - Tenho a sensação de tomar um choque.
 -Pode ser... pode ser que os seguranças saibam quais chaves abrem quais portas...
 -E daí?
 -E daí que obviamente colocariam um feitiço para impedir que alguém que não fosse eles abrisse qualquer uma das portas.
 -Mas é só um choque de nada... Quase não faz diferença, aliás nem tenho certeza do que senti, posso ter imaginado.
 Mas Harry sabia que não imaginara. Continuou a testar as chaves, e acada vez, sentia um pequeno choque, cada vez mais forte.
 Tudo bem, é suportável, Harry pensou, rodando a vigésima chave. Torcia para que aquele choque não aumentasse.
 Rodou a trigésima... a centésima... O choque, agora muito mais forte, quase não deixava Harry esconder a dor de Hermione. Se Hermione soubesse que a dor aumentara, provavelmente impediria(ou pelo menos tentaria) Harry de continuar.
 Duzentas... trezentas... Harry pensou que poderia desmaiar, agora a cada tentativa sua mão tremia.
 Poderiam ter ido mil chaves, uma hora de tentativas. Harry parou de contar, estava com uma dor de cabeça terrível, para completar.
 O tempo passava, e Hermione permanecia sentada logo atrás dele, lendo um livro de capa estranha.
 A tremedeira na mão de Harry era inevitável quando se passara duas horas de tentativas ilusitadas. Sua mão já estava quase paralisada, quando deu uma hora e meia de tentativas.
 Harry começou a suar. Sentiu que seus dedos iriam ser tostados.
 -E aí, Harry? Quer ajuda? - disse Hermione
 -Não... não precisa, Mione, obrigado... - Harry tentou não mostrar sua voz fraca, mas era inevitável.
 -Está bem? A dor aumentou?
 -Não, tudo bem...
 Hermione voltou a ler seu livro.
 Harry ficou feliz por poder descansar um pouco da dor, mas de nada adiantou, quando imaginou ter rodado cem mil chaves.
 Duas horas... duas horas e dez... Seu braço vibrava e latejava, e Harry se lembrou, tristonho, das detenções da velha Umbridge, nas quais as dores iam aumentando cada vez mais...
 Harry olhou para sua cicatriz na mão, ''Não devo contar mentiras.'' Essa cicatriz era um símbolo, o símbolo da guerra e da oposição... Isso serviu de estimulo para Harry. Três horas...

 Harry pensou que já tinha testado dez mil chaves, no mínimo. A cada tentativa, jogava a chave errada no chão, ao seu lado, formando um pequeno monte.
 Até um momento, a dor chegou ao limite, e Harry soltou uma exclamação de dor.
 Hermione olhou-o de imediato.
 -Harry! O que está acontecendo?
 -Não é nada, estou bem...
 Harry olhou para as mãos, as veias saltadas.
 -Harry - Hermione se levantou. -, me deixe fazer um pouco.
 -Não, Mione, a idéia de vir foi minha.
 -E daí, eu quis vir junto, aliás, Gina também é minha amiga...
 -Mas...
 -Harry, confie em mim!
 Harry hesitou, suspirando. Encarou Hermione por alguns segundos.
 -Tudo bem, eu não aguentaria mais mesmo...
 Hermione agarrou o molho de chaves, agora com a metade do peso. Harry estremeceu em pensar que só tinha experimentado a metade da dor.
 Hermione se aproximou da porta, e enfiou a chave na fechadura.
 Milagrosamente, teve um tranco, e a porta se abriu.
 Harry! - ela urrou. - Consegui!
 Harry sorriu, sem acreditar no que via. No auge da felicidade, morrendo de saudades, Harry passou pela porta, junto de Hermione...
 Os seus olhos brilharam como de uma criança ao ver um doce, o aperto em seu peito se afroxou, era o fim da apreensão. Gina olhou para ele, e Harry correu em direção a grade.
 -Alohomorra!
 Desta vez, a grade se abriu sem problemas.
 -Gina! - Harry correu para a namorada, agarrando-a em um grande abraço.
 -Eu sabia, eu sabia que você viria!
 -É claro, eu nunca deixaria você aqui...
 -Ei, gente - interrompeu Hermione. - Somos invasores de Azkaban, esqueceram? Temos pressa, e muita!
 Harry soltou o Gina, mas ainda ficou com os braços em seus ombros, contemplando-a sorridente;
 -Vamos!
 Juntos, correram, a porta ainda aberta. Deixando as chaves ali, espalhadas de qualquer jeito, correram em direção a porta, não de metal, mas de aço, a saída...
 Correram o mais depressa, saltaram para o patamar de baixo, onde dez homens desacordados jaziam...
 -Pegue uma varinha - Harry pediu à Gina.
 Gina agachou e apanhou uma das varinhas. Harry apontou a varinha um por um, murmurando mentalmente ''Obliviate!''.
 -Tudo bem - Harry esclareceu para as duas. - Nós vamos abrir a porta e juntos vamos lançar patronos por nossa volta. Vamos voar em direção à margem e entrar na caverna. Gina, lá...
 -Lá tem um dragão, ouvi dizer. Dizem que ninguém nunca entrou lá.
 Harry e Hermione trocaram os olhares. Com certeza tinha outra maneira de entrar. Olharam para a espada na mão de Harry.
 -Onde achou isso? - Gina perguntou.
 -Lá. Na caverna.
 -E tem realmente um dragão?
 -Sim.
 -Como escaparam?
 -Na verdade, a espada nos salvou. Teremos mais tempos pra explicações quando chegarmos à Hogwarts.
 Gina olhou para Harry, sinalizando que concordava. Juntos, caminharam para a porta.
 Harry abriu a porta, devagar. Dezenas de vultos o rodeavam, só de perto, sem falar os que estavam mais distantes. Teriam apenas segundos...
 -Expecto Patronum!
 O primeiro Patrono à aparecer foi o cervo. Gina foi a segunda à lançar seu Patrono, um cavalo, e logo depois Hermione, na segunda tentativa.
  Juntos, em perfeita harnonia, o cavalo, e cervo e a corça subiram aos ares, travando uma guerra mortal contra os dementadores.
 Hermione e Harry montaram em suas vassouras.
 -Gina, suba aqui comigo!
 Gina subiu na vassoura, Harry na frente. Harry subiu no ar, seguido de Hermione...
 Harry vôou tão rápido quanto quis. A vassoura era sensível ao mínimo toque, alcançou a velocidade precisa para fugir dos dementadores. Hermione estava sendo deixada pra trás, portanto Harry diminiui a velocidade.
 Harry estava começando a se sentir muito mal. Mal chegaram na metade do caminho, quando os Patronos já estavam ficando mais fracos. Harry sentiu inveja da águia que voava ao longe, sem poder ser afetada. Por algum motivo aquele animal lhe causava aversão.
 Chegaram a margem, finalmente.
 -Vamos colocar os Patronos pra vigiar a entrada - Harry disse.
 Agitaram as varinhas e logo, o cervo, o cavalo e a lontra formaram um triângulo protetor, o reflexo iluminado se sobrepondo na água escura.
 -E vamos carregar tudo isso nos braços - Perguntou Gina, indicando a capa, as vassouras e a espada.
 -Bem lembrando - disse Hermione, parando. Fez um floreio com a varinha, e logo os objetos cabiam na palma da mão, exceto a capa.
 ''Nós vamos precisar'' disse Hermione, pálida, indicando com a cabeça o fim da caverna, que levava a câmara com o dragão.
 Harry suspirou e hesitou um pouco. Da outra vez, conseguiram escapar do dragão. Tentar novamente seria abusar da sorte. Tinham a varinha, o dragão estava cego, e não saberia onde atacar. Tudo o que precisariam fazer era lançar um feitiço silenciador sobre eles e passar despercebidos.
 Enfim chegaram à porta de carvalho ornamentada.
 -Alohomorra! - exclamou Hermione, e a porta se abriu com um estalo baixo.
 -É o seguinte - Harry explicou para Gina. - O dragão está cego. Nós vamos passar pela câmara, não vai ser perigoso.
 -Tudo bem, Harry. Não se preocupe.
 Novamente trocaram um olhar. Gina estava tão bonita quanto da vez em que Harry a vira da última vez. Ela era forte, Harry sabia disso, e resistiu bravamente aos dementadores.
 Harry finalmente abriu a porta. Colocou a cabeça para dentro.
 -E então, onde o dragão está? - Hermione perguntou.
 -Tudo escuro - disse, voltando. - A luz do feitiço se extinguiu. Você acha que o dragão perceberá se lançarmos outro?
 -Provavelmente - disse Hermione mordendo o lábio posterior. - Não saberemos se não tentarmos.
 Hermione deu um passo à frente, e esticou o braço.
 -Lumus Solem!
 A iluminação do feitiço iluminou o rosto de Harry, cegando-o por alguns segundos, por causa do tempo que ficara sem ver a luz. Era como abrir a janela logo após acordar.
 Harry espiou. O dragão estremeceu, logo após o lago, o rosto cheio de cicatrizes debaixo da asa negra.
 Silenciosos, eles entraram na Câmara. Harry espiou o perímetro mal iluminado, à procura de uma fresta que era a saída.
 -Está lá - sussurrou Hermione. - Vamos.
 -Vamos por cima desta vez - Harry disse à Hermione. Tire as vassouras.
 Hermione tirou as vassouras da bolsa de contas, e transfigurou-as ao tamanho normal.
 Harry e Gina montaram na Flying Rex, e Hermione em sua Nimbus. Levantaram vôo...
 Mal tinham avançado, quando bateram com estrondo numa barreira invisível. Juntos, caíram no chão, de costas.
 -O que é que há? - murmurou Harry, olhando assustado para o dragão adormecido.
 -Eu acho... eu acho que temos que atravessar pela água, Harry!
 O pensamento de Harry vôou para a caverna que visitou com Dumbledore, anos atrás. Foram induzidos à fazer da forma que Voldemort propora para obter o medalhão, afinal, não podiam tocar na poção, portanto Dumbledore bebeu-a. Estavam sendo forçados à atravessar o lago pela água, sem voar por cima...
 -Bem... É o jeito, então. Eu vou primeiro, só entrem quando eu der o sinal do outro lado.
 -Mas... - começou Hermione.
 Porém Harry já pulara. Sentiu novamente o frio congelando atacar seus poros, e o som abafado pela água que chegou aos seus ouvidos foi um mal sinal. Um rugido, e Harry viu o fogo cortar o ar, olhou para o baixo e viu a mesma corrente que prendia o dragão, presa no chão.
 Harry, enquanto nadava com todas as forças em direção à margem, ouvia gritos, poderiam ser feitiços ou todo mais.
 Harry agarrou nas pedras e saiu da água, sentindo o o calor seguido do frio num choque térmico que o fez tremer. O suor misturado com água escorria em seus olhos, e neste momento o o dragão cego investiu exatamente onde ele estava.
 Harry deu graças à Deus pr estar com a varinha guardada no bolso, pois o fogaréu queimou-lhe a mão. Harry sentiu seu braço se decompor virar churrasco à chama, e instintivamente enfiou a mão em brasas na água fria do lago.
 As chamas foram embora com a água, mas a dor ficara: Seu braço, agora chamuscado e com feias queimaduras, recusava-se à parar de doer. À cada metro que olhava, via uma chama crescendo, olhou para trás e viu Hermione e Gina, com as varinhas erguidas, lutando bravamente contra o fogo...
 -VOCÊS PRECISAM SER RÁPIDAS! - Harry gritou para elas. - PULEM NO LAGO!
 A solução era entrar no lago: Se ficassem por fora, não poderiam evitar o fogo por muito tempo, poderiam lutar de dentro do lago, ou pelo menos tentar...
 Harry viu Hermione e Gina pularem, então pulou também, logo em seguida. O dragão rugiu alto, e a nova chama passou a centímetros da cabeça de Harry, chamuscando-lhe os cabelos.
 Provavelmente, pensou Harry, quem entrasse na água emitiria um aviso, que seria transmitido pela corrente. Se o dragão rugira, provavelmente quem entrasse na água causaria-o dor, impossibilitando uma fuga sem acordá-lo.
 Harry voltou a cabeça à Tona, o dragão cego emanava fogo para todos os lados, rugindo. Harry apontou a varinha.
 -Abaffiato!
 Harry sabia que não ia adiantar, enquanto o dragão estivesse sentindo dor ele atacaria o lago; Eles não poderiam sair, se saíssem morreriam queimados. Precisavam fazer tudo rápido... Harry submergiu, e fez sinal para as duas o acompanharem.
 Harry levou-as para um canto do lago, onde seria mais difícil serem atingidos.
 -Nós temos que apagar esse fogo logo - disse. - Vamos apagar só o necessário para podermos voltar. Mione, você conhece o feitiço da multiplicação?
 -Conheço, sim, Harry, por que?
 -Porque vamos ter de usá-lo.
 -Usá-lo? Para quê? Em vez de apagar o fogo, você quer multiplicá-lo?
 -Não é o fogo que eu quero multiplicar, Mione. Gina e eu vamos conjurar a água, e você multiplica. Concordam?
 As duas fizeram um leve aceno com a cabeça.
 -Então tudo bem - disse Harry, erguendo a varinha. - No três... Um... dois...
 "TRÊS!" - disse mais forte. - Aquamenti! - Conjuraram ele e Gina.
 -Safogio! - disse Hermione.
 Os dois feitiços, disparados para o alto, foram multiplicados, então literalmente choveu na câmara. O próprio dragão estava atordoado, a água molhava cada centímetro, e tudo estava se apagando... O dragão não hesitou em disparar mais fogo...
 -VAMOS - Harry gritou.
 Juntos, os três saíram do lago. Correram, à toda velocidade, em direção à fresta, agora visível, metros à frente.
 Harry deixou Gina e Hermione passarem na frente, e quando elas saíram, Harry mergulhou atrás.
 Novamente, sentiu seu rosto batendo na areia quente e áspera, e ele soube, com uma felicidade incontrolável, que conseguira. Gina estava ali, com eles, não era um sonho, e se fosse, não queria acordar mais. Se sentou, limpando a areia de seu rosto sorridente, e viu Hermione e Gina, ali com ele, rindo e comemorando.
 Harry se levantou e juntos, os três se abraçaram. Finalmente, conseguiram se safar. A dor na mão de Harry foi esquecida. Nenhum dementador atacara Gina e, o melhor de tudo, estavam vivos!
 -Enfim, estamos aqui - disse, após se soltarem. Não conseguia conter a alegria. - Os dementadores, eles não fizeram nada com você, não é, Gina?
 -Pra falar a verdade, não - ela respondeu. - Quando estavamos à caminho de Hogwarts, três homens mascarados me desarmaram enquanto passava pelo corredor. Me silenciaram com um feitiço, então eu não pude pedir ajuda. Me deixaram em um casebre abandonado, eu não tenho idéia da localização, pois estava estuporada. Quando acordei, uma voz de homem falou comigo, que não era eu que eles queriam, mas você, Harry. Ele disse algo sobre descendentes, algo sobre Gryffindor e Ravenclaw. Eu estava muito mal, sentia enjôo. Não pude entender direito o que eles falavam.
 -Colapogge - Harry murmurou para Hermione.
 -Sim, foi o que pensei.
 -Do que é que vocês estão falando?
 Harry hesitou. Aquilo não era um segredo para Gina, ela podia saber, era digna de toda a confiança do mundo.
 -Tudo bem, Gina. Eu vou lhe contar. Mas só depois de chegarmos à Hogwarts.
 Harry agarrou a mão de Gina, depois a de Hermione. Juntos, giraram no ar.
 Harry caiu de joelhos na grama, seus óculos caíram e ele viu com sua visão embaçada o reflexo da lua no lago. Não pode ser, pensou, imaginando que tinham voltado ao lago da caverna, mas lembrou-se que lá não poderia ver o reflexo da lua, e não teria caído na grama, mas sim, na pedra. Apanhou os óculos e colocou-o, levantando-se.
 -Enfim, chegamos - disse Hermione. - Será que Rony já está melhor?
 -O que aconteceu com Rony? - perguntou Gina, assustada.
 -Na aula de duelos, foi enfeitiçado. Mas não foi nada tão grave, ele ficará bem.
 Harry viu a angústia estampada no rosto de Gina. Queria poder fazer algo...
 -Já é noite, Mione - disse Harry. - O Prof. Richard's não irá gostar de saber que nós saímos, isto é, se ainda não sabe. Vai gostar menos ainda de saber que fomos à Azkaban, e que soltamos Gina.
 -Isso, ele vai. Mas não tem outr... Hagrid! - disse Mione.
 -O que tem Hagrid? - Gina perguntou.
 -Ele ainda é o Guardião das Chaves de Hogwarts, não? Pode abrir o portão para nós!
 Hermione ergueu novamente a varinha.
 -Expecto Patronum!
 O Patrono falante de Hermione atravessou o portão como se ele fosse fumaça, e deslizou em direção à cabana de Hagrid.
 -Vamos esperar - disse Gina, sentando-se no chão.
 Harry e Hermione sentaram também. O rosto de Harry estava todo machucado, graças ao feitiço do homem chamado Oliver.
 Uma coruja voava, distante, piando alto. Não carregava cartas, pousou diretamente no Corujal. Harry pensou tristemente em Edwiges... Afinal, venceram a guerra. Mas será que realmente venceram? Depois de todas aquelas mortes, poderia ser considerada uma vitória?
 Passos pesados ao longe chamou a atenção de Harry ao presente. Harry viu seu ''grande'' amigo Hagrid, caminhando rapidamente na direção do portão, segunrando chaves em suas mãos. Não parecia muito feliz.
 Hagrid, enfim, parou, poucos metros separando-os. Escondida pelo enorme corpo de Hagrid, surgiu Minerva McGonagall.
 O rosto de McGonagall apagou sua euforia no mesmo momento. O olhar dela, a boca fina e crispada, o coque no cabelo, tudo fora muito familiar, ainda mais agora, com a expressão de puro ódio. Seus olhos diziam claramente ''Quanta irresponsabilidade!''. Seriam, então, expulsos? O sonho se tornara um pesadelo?
 Hagrid abriu o portão.
 -Onde é que vocês três se meteram, hein? A escola toda estava procurando vocês, não fazem idéia da encrenca em que poder ter se met...
 -Hagrid - disse Minerva. - Eu falo com eles.
 -Mas, professora McGonagall, esses garotos...
 -Hagrid.
 Rúbeo calou-se. Lançando de cima para baixo um olhar preocupado para os amigos, saiu da frente para que McGonagall pudesse ficar de frente para eles.
 -Potter, Granger, Weasley. Sigam-me.
 Os três entreolharam-se, assustados. Temerosos, deram alguns passos à frente.
 McGonagall se virou de frente e caminhou, seu andar sempre inflexível. Os três acompanharam-na, mudos.
 Minerva chegou ao portal de Carvalho, em total silêncio, abriu-o. Adentraram, e caminharam mais um pouco, o salão vazio, provavelmente eram meia-noite. Harry consultou o relógio: Meia noite e doze.
 Harry lembrou-se, então, que Minerva sabia onde andaram. Conversara, no mesmo dia, com Flitwick, sobre a prisão de Gina e agora ela estava presente, ali com eles.
 Chegaram no corredor que era a entrada da sala do diretor. Harry, assustado, imaginou que entrariam por aquela porta e falariam com o diretor em pessoa, mas passaram reto. Chegaram, enfim, à uma porta no fim do corredor.
 McGonagall fez um gesto com o braço, e a porta se abriu, levantando uma fina nuvem de poeira.
 -Entrem - disse McGonagall, mal mechando os lábios.
 Harry entrou na sala da Sub-diretora. Estantes ás paredes laterais estavam cobertos de livros e objetos, uma janela fechada atrás da escrivaninha de azevinho.
 Minerva sentou-se na cadeira atrás da escrivaninha, conjurando três cadeiras simples para que ele, Hermione e Gina pudessem se sentar.
 -Expliquem-se - disse rispidamente.
 Harry hesitou. Olhou para Hermione, procurando alguma coisa para dizer.
 -Eles me salvaram - disse Gina.
 -Sim, eles te salvaram.
 -Eu fui sequestrada por homens enquanto vinhamos para Hogwarts. De alguma forma, eles descobriram onde eu estava e foram até lá.
 Enquanto Minerva digeria a informação, Harry aproveitou:
 -Nã...
 McGonagall levantou a mão, indicando que ele se silenciasse.
 -Como foi que descobriram onde Weasley estava? - disse Minerva.
 Harry pensou que, naquela situação, era melhor ser sincero.
 -Ouvimos... aliás, eu ouvi... uma conversa...
 Minerva não disse nada. Era um sinal para Harry continuar.
 -Ouvi a conversa da Sra. com o Prof. Flitwick.
 -E não pode resistir à ir salvá-la, não?
 Harry olhou para os próprios sapatos.
 -Você tem idéia, Potter - continuou Minerva. -, do que poderia ter acontecido? Você não conhecia os riscos? Vocês poderiam estar mortos. Vocês poderiam estar presos.
 Harry continuou calado. Achou melhor deixar Minerva fazer do jeito dela.
 -Eu também não concordo com a prisão de Ginevra. Mas nem por isso, fui procurá-la.
 -A idéia foi minha, Sra. - disse Harry.
 -Como disse?
 -Hermione não tem culpa, fui eu que pedi pra ela ir. E Gina, não poderia culpá-la, não é? Se a Sra. estivesse em Azkaban, hesitaria se tentassem salvá-la?
 Harry ergueu os olhos. Minerva encarava-o.
 -Aonde quer chegar?
 -Eu estou apenas pedindo para que não expulse-as. Se alguém for expulso, essa pessoa teria de ser eu.
 Hermione chorava baixo. Gina mantinha-se impassiva.
 -Ninguém vai ser expulso, Potter. Apesar de tudo, sei que suas intenções foram boas, e sei a diferença entre o certo e o errado.
 ''Não estou dizendo que o que fizeram foi certo.'' - finalizou Minerva, levantando-se. ''Caso tenham outro problema como esse, peço que resista às tentações de salvar quem for que seja e comunique à mim.''
 Harry, Hermione e Gina levantaram-se também.
 -Ala hospitalar - finalizou McGonagall, saindo da sala.
 Os três saíram da sala. Minerva já havia sumido.
 -Pensei... pensei... - gaguejou Hermione.
 -Fique tranqüila, Hermione. Não vamos ser expulsos.
 -A culpa é minha - disse Gina.
 Harry olhou para ela.
 -Se alguém aqui tem culpa, essa pessoa não é você.
 -Não, Harry. Vocês foram atrás de mim...
 -Pelo amor de Deus, Gina, não se culpe. Eu fui atrás de você por que quis, ninguém me obrigou. E você não tem culpa de ser... de ser...
 Harry se lembrou da conversa que ouvira horas atrás. A voz de Hermione soou em seus ouvidos: ''Um bruxo e uma bruxa se encontravam na cena do crime, juntos à quatro trouxas, em Londres, num Beco abandonado e muito suspeito.''
 -Mas, Gina - disse Harry, parando abruptamente. - Minerva disse que você estava em um Beco, em Londres.
 -Sim, é verdade - disse Gina.
 -E então? - Harry perguntou. - O que foi que aconteceu?
 Gina olhou para ele.
 -É claro, Harry. Precisavam de uma desculpa para me prender. Após me prenderem, me levaram desacordada à Londres.
 ''Me jogaram nesse Beco e me acordaram. Enfiaram em minha mão uma varinha falsa, e o outro homem matou aquelas pessoas.''
 -Você não viu quem era esse homem? - Hermione perguntou.
 -Não. Ele lançou feitiços silenciosos, então não pude reconhecer a voz.
 ''Esse homem aparatou logo em seguida'', continuou Gina. ''Eu fiquei lá, a varinha erguida. Não podia ser conhecidência, mas um bruxo do Ministério estava passando por aquele mesmo local, na mesma hora.''
 ''Tentei provar que eu não tinha culpa'', disse Gina, as lágrimas brotando em seus olhos claros.'', mas o homem não acreditou. Disse que eu tinha transfigurado a varinha''.
 ''Eu não pude fazer nada, Harry''.
 Harry se adiantou e abraçou-a, mais uma vez. Gina começou à chorar furtivamente.
 -É claro que você não tem culpa, Gina. Mas vamos achar esses homens. Eles são os culpados. Vamos pegar esses homens, e eles vão passar o resto da vida em Azkaban.
 Gina olhou para Harry, desconfiada.
 -Eu prometo.

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