VOU FALAR MAIS DE UMA VEZ!

VOU FALAR MAIS DE UMA VEZ!



Harry passou as mãos pelos cabelos rebeldes. Gina sabia que esse era um gesto que significava que ele diria ou faria alguma coisa séria. Mesmo que essa coisa fosse uma besteira. Mas esse era Harry Potter, o “garoto que sobreviveu”.

- Por que, Rony? – perguntou-lhe Harry.

Como o ruivo olhava para ele sem entender a pergunta, o amigo foi mais direto.

- Você não achava trezentos e cinqüenta mil galeões anuais um bom salário?

- Ei, eu não ganho isso na Itália! – protestou Gina

- Seu irmão recusou esse valor e mais os bônus que os norte-americanos lhe ofereceram.

- Por que, Rony? – perguntou a garota, mas sentiu-se estúpida em seguida. Ela sabia o porquê .

Como se pudesse ler a sua mente Harry lhe dirigiu a palavra:

- Acho que você sabe porque. Suponho que era mais importante ficar aqui na Inglaterra tomando conta de mim! Alguém pode me explicar isso? Você acha que eu algum dia quis prejudicar a sua carreira, Rony?

- Não estou entendendo, Harry.

- Você, que sempre quis seguir uma carreira profissional, recusou uma proposta ótima dos Estados Unidos. Por que? Só porque sua irmã, sua mãe e sei-lá-mais-quem querem que você tome conta de mim?

- É, só por isso – disse Rony calmamente.

Harry ficou surpreso com a sinceridade do amigo. Gina olhava divertida a confusão do moreno. “Boa, Rony!”, pensou a ruiva. Essa conversa seria muito mais interessante do que ela imaginava.

Rony levantou-se e encarou Harry de maneira decidida.

- Agora que sua senhoria já teve o ataque do dia, trate de me escutar! E me escute porque eu só vou falar uma vez! Bem, talvez mais de uma, porque você é muito burro!

Gina abafava o riso. Era interessante ver Rony encurralar o moreno de vez em quando. Harry havia esquecido o quanto era perigoso mexer com um Weasley.

- Você é o meu melhor amigo. Não, mais do que isso, você é mais do que meu irmão! E você sempre quis salvar o mundo e defender todo mundo, não é?

- Bem... – começou a dizer Harry, mas foi interrompido.

- Eu sei que sim! Eu me lembro do seu truque do escudo durante a guerra. Eu não sou burro, sabe? Eu sei que não foi “você-sabe-quem” que ergueu aquela barreira.


Depois de quebrar os intrincados feitiços da entrada da fortaleza de Voldemort, a “Força Aérea” aterrisou à frente do horrendo portão que dava acesso ao prédio que era exclusivo do bruxo das trevas. Parecia que ele gostava de privacidade e, pouco megalomaníaco, havia reservado um verdadeiro mini-castelo como aposentos particulares. A “Força” havia silenciado as sentinelas, enquanto patronos conjurados na entrada haviam afastado os dementadores. Dois gigantes haviam sido abatidos por Hagrid e seu meio-irmão. Agora era tudo ou nada. Eles não sabiam se havia mais alguém nos aposentos reservados de Voldemort, mas Harry sabia que agora seria com ele. Ele havia se preparado para aquele dia. Como a presença deles ali não deveria ser mais surpresa, M’Bea colocou abaixo a porta sinistra com um feitiço barulhento. Harry tomou a frente, entrando no local. Quando os demais tentaram segui-lo uma barreira os impediu. Rony, o africano e Krum lançaram vários feitiços sem sucesso. Harry sorriu despreocupadamente para os amigos e disse:

- Acho que ele não quer platéia. Somos só nós dois. Rony, diga para Gina... Bem, diga o que você sabe que precisa dizer.

Desesperados, os demais só conseguiram localizá-lo horas mais tarde, em meio aos escombros da construção obscena. Harry havia matado Voldemort. O corpo viperino do Lorde das Trevas jazia a poucos metros do jovem bruxo. O que apenas Rony sabia
era que a barreira que impediu a entrada dos amigos de Harry foi erguida por ele e não por Voldemort. Rony o havia surpreendido treinando um feitiço desses na sede da Ordem da Fênix. Era um feitiço-escudo, só que ele nunca imaginou que o amigo pudesse invocá-lo de maneira tão poderosa, resistente até mesmo a bruxos experientes como M’Bea. Ele, mais uma vez se sacrificara para salvar as pessoas com as quais se importava. Como havia feito antes com Gina. E a ruiva iria odiá-lo por isso por muito tempo.



- Era diferente, Rony – disse Harry, quase num murmúrio – Era a vida de vocês que estava em jogo.

- Oh, claro! O grande defensor do mundo mágico pode arriscar a vida pelos amigos e eu não posso perder alguns galeões.

- Mas, Rony...

- Eu falei que você ia me ouvir! Você é o melhor amigo que um cara pode ter, mas é também o mais cabeçudo! Escute bem, Sr. Potter: Eu vou tomar conta de você enquanto eu achar que devo e enquanto achar que você precisa! E eu vou perder quantos galeões forem necessários e nem você, nem Draco Malfoy, nem Merlin reencarnado vão me impedir. E não porque minha mãe ou Gina me pediram isso, não porque Hermione me pediu isso. Mas porque, eu, RONALD BILLIUS WEASLEY VOU FAZER ISSO! POR QUE FAMÍLIAS FUCIONAM ASSIM E VOCÊ É E SEMPRE VAI SER PARTE DA MINHA FAMÍLIA! PORQUE EU SEI QUE VOCÊ É UM CARA LEGAL E EU ME PREOCUPO COM VOCÊ APESAR DE VOCÊ SER UM TAPADO! ESTAMOS CONVERSADOS OU VOCÊ QUER TOMAR UMAS PORRADAS PARA CLAREAR AS IDÉIAS?

Harry estava boquiaberto. Rony nunca havia perdido o controle dessa maneira com ele. Gina olhava para o irmão abismada. Num gesto brusco, como se tivessem combinado, os dois jovens bruxos se levantaram e ficaram se encarando por um momento que pareceu a Gina uma eternidade. Ela estava pronta para azarar os dois se eles se engalfinhassem. Rony era bem mais mais alto do que Harry. Os treinos de quadribol o deixaram com braços musculosos, embora ele continuasse magro. Harry não tinha adversários no quesito feitiço, mas numa briga de trouxas Rony o destruiria. Então o moreno tomou a iniciativa e, cruzando os poucos passos que o separavam do amigo, deu-lhe um grande abraço.

Gina estava ainda mais surpresa. Harry não era dado a essas demonstrações físicas de afeto, embora, ela soubesse por experiência própria, que ele era capaz de grandes idiotices para demonstrar o apreço que tinha pelos amigos. “Homens! Seres estúpidos e complicados!”, pensou a garota.

Quando se separaram, Gina reparou que os olhos de Harry brilhavam estranhamente e Rony fingia coçar o rosto, afastando discretamente uma lágrima.

- Bom – pigarreou o ruivo – Acho que nos entendemos, não é?

- Acho que sim – respondeu Harry com a voz embargada.

- Ah, Rony! – Gina agarrou-se ao irmão, enchendo-o de beijos – Eu amo você, sabia?

- Claro que eu sabia – respondeu sem jeito, as orelhas muito vermelhas, tentando livrar-se da irmã mais nova, perguntando-se se ela havia feito algum feitiço de aderência, pois não conseguia desgrudar-se da garota – As mulheres não resistem a um ruivo simpático, alto e bonitão como eu – acrescentou de maneira fingidamente afetada.

- E modesto também – disse a ruiva, rindo muito, soltando-se finalmente de Rony.

- Claro, garota Weasley! – brincou, esquivando-se em seguida de um tapa da irmã.

- OK – disse Harry – Então vamos mesmo ficar com o Malfoy?

- Você não precisa fazer isso, cara – falou Rony – Nós não queremos que você...

- Agora é você quem vai escutar, Rony. E eu só vou falar uma vez, bem talvez mais de uma – interrompeu Harry, imitando de maneira hilária a voz do amigo – Eu jamais iria impedir vocês de ganhar dinheiro honestamente. E não porque Draco Malfoy ou Vitor Krum me pediram isso. Mas porque vocês são a minha família, porque eu amo vocês, e porque eu gosto de jogar quadribol e quero fazer isso junto com vocês.

Primeiro fez-se um silêncio na sala, depois Gina, que não escondia o quanto aquilo a havia tocado, começou a dizer:

- Harry, você...

Mas a garota não teve tempo de terminar o que quer que estivesse planejando dizer. A porta se abriu e palmas batidas por Draco Malfoy ecoaram pelo ambiente. Ele parecia feliz como se fosse um garoto descobrindo que o natal cheio de presentes havia chegado mais cedo. Toni também parecia feliz. Até Vitor Krum parecia menos carrancudo.

- É muito feio ficar ouvindo atrás da porta – falou Gina, visivelmente contrariada.

- Como se vocês não estivessem berrando... – retrucou Toni M’Bea, entre goles de um copo de milkeshake gigantesco.



Numa sala cheia de livros uma jovem cientista de cabelos crespos acabava de responder às cartas recebidas.

“Querida Gina:

Nem vou discutir a sua sugestão de um romance entre eu e o ‘assunto’ de olhos verdes. Você está maluca, digo mais uma vez! Estou partindo hoje para a Escócia, de onde retorno dentro de uma semana. Vou participar de um congresso chatíssimo e devo terminar tudo com o idiota do meu namorado. Sim, pode chamar o idiota de idiota. É o que ele é. Na volta vou ter uma conversa séria com o ‘assunto’. O fato de não estar interessada nele de forma romântica não significa que eu não ame aquele cabeça dura. Nos falamos em breve.
Hermione”


“Caro Rony:

Não é verdade que eu não me importe com você. Quero que você seja muito feliz e ainda o considero muito, apesar de às vezes você ser um idiota. Nem pensar, ouviu bem? NEM PENSAR! Você sabe o que eu estou falando, não é mesmo? Harry é e sempre será um dos meus melhores amigos e uma pessoa que eu amo como irmão, portanto esqueça suas idéias idiotas de cupido. Quanto ao resto, irei ter uma conversa séria com ele quando voltar da Escócia em uma semana. E obrigado por cuidar dele. Você é às vezes um tanto idiota, mas ainda é uma pessoa maravilhosa.
Hermione”


“Caro Sr. Malfoy:

Sim, a sua carta realmente foi uma surpresa. Você tem razão também quanto diz que eu pouco me importo com a sua vida. Mas eu realmente me importo (muito) com Harry Potter. Estou partindo hoje para a Escócia para participar de um congresso e poderei encontrá-lo na volta. Mandarei uma coruja assim que retornar.
Atenciosamente
Hermione.
P.S. Me lembre de lhe pagar os dez galeões que perdeu com os idiotas dos seus amigos sonserinos. Minha vida amorosa não era e continua não sendo da sua conta.”







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