NA TOCA



- O Krum é um cara muito decente, Harry. Não consigo imaginar o sujeito metido com esses empresários picaretas – raciocinava Rony, sentado confortavelmente em sua poltrona favorita no apartamento que dividia com Harry.

Ambos foram pegos de surpresa com a inesperada revelação de Vitor Krum na festa dos Tornados, que com certeza chamaria mais atenção da mídia bruxa na semana subseqüente do que o abraço de Harry e a “garota Weasley” (Gina detestava ser chamada dessa forma). Esticado no carpete da sala, vestindo apenas a calça do terno Armani e camiseta, e tomando um gole de suco de abóbora gelado, Harry refletia sobre o desfecho inesperado da festa. Era comum receber convites de times de todas as partes do mundo. Há dois anos um empresário canadense oferecia mundos e fundos para que ele se transferisse para a América do Norte. A Liga Norte-americana chegou a oferecer um contrato de um milhão de galeões anuais e ele poderia escolher o time que quisesse jogar. Mas, propostas vindas de outros jogadores era novidade. Ainda mais do Krum, tão esquivo em relação à mídia quanto ele.

O time em que ele e Rony jogavam era um time menor, todos sabiam. Obtiveram três terceiros lugares consecutivos quase por acaso e graças às apanhadas sensacionais de Harry e às defesas espetaculares de Rony. Ele, Harry, jogava no time mais como um favor ao seu amigo Floreans, que o montou junto com outros empresários do Beco Diagonal, principalmente por razões sentimentais. O velho Floreans perdeu dois dos seus filhos num ataque dos Comensais da Morte ao Beco durante a guerra. O mais velho, Phineas estava para ingressar na equipe principal dos Tornados. Organizar aquele time mambembe era mais uma homenagem aos filhos mortos, fanáticos por quadribol, do que um empreendimento esportivo ou empresarial.

- Você não vai acreditar, Rony – disse de repente Harry, segurando na mão esquerda o cartão mágico que Krum lhe dera, com o dia da reunião que havia marcado (segunda-feira próxima), mas com o local em branco que se acenderia mais tarde para evitar curiosos da imprensa, como lhes dissera o búlgaro.

- Acreditar no quê?

- O endereço apareceu agora. Senti alguma coisa comichar no meu bolso. Dá uma olhada.

- Caracas! – exclamou Rony – O encontro vai ser no...

- Escritório do Floreans, ao lado da sorveteria. Dá pra acreditar? A reunião vai ser aqui, dois andares abaixo da gente!












Rony e Harry passaram o fim de semana na Toca. Normalmente passavam alguns dias no final da temporada de jogos com os familiares de Rony. Harry gostava muito de rever o Sr. e a Sra. Weasley, pessoas que considerava como seus próprios pais. Naquele Ano, Gina também de férias da liga italiana, estava presente. Nos anos anteriores ela evitava passar esses dias de férias com os pais, pois evitava encontrar o amigo do irmão. Contente com todos os filhos jogadores presentes e aquele que era considerado um membro quase efetivo da família, a Sra. Weasley caprichou enormemente na confecção dos pratos do jantar de sábado e do almoço de domingo. Aquela casa trazia grandes lembranças a Harry. Ali havia sido o primeiro local em que ele realmente havia sido tratado com carinho. As conversas com Rony e Hermione, o início do namoro com Gina, as risadas que dava das piadas dos gêmeos Fred e Jorge, a tensão e as angústias durante a guerra. As perdas: Percy, Carlinhos, irmãos de Roni, mortos durante o conflito. Em nenhum outro lugar Harry sentia-se tão em casa como na Toca, que agora estava bem maior e mais bonita, mas continuava com aquele ar maravilhoso de lugar um pouco bagunçado e extremamente acolhedor. Mesmo contendo lembranças dolorosas, aquela era a sua casa.

Quando completara a maioridade herdara a casa de seu falecido padrinho Sirius Black, que havia sido a sede da Ordem da Fênix, organização que lutara contra Voldemort durante a guerra. Após o conflito, Harry doou a propriedade para uma organização, a princípio dirigida pelo Ministério da Magia do Reino Unido, e agora pelo Prof. Dumbledore, ex-diretor de Hogwarts, que cuidava dos órfãos, desamparados e feridos durante a guerra. As lembranças daquele lugar sim, eram insuporttáveis. Havia herdado também a maior parte da fortuna imensa da família Black, o que somado ao que herdara dos pais, tornava o “garoto que sobreviveu” um dos bruxos mais ricos da Grã-Bretanha. Podia dar-se ao luxo de ceder mensalmente a maior parte do seu salário como jogador de quadribol a diversas instituições de caridades e ao Hospital St. Mungus, que tratava bruxos vítimas de doenças e acidentes mágicos.

Por tudo isso Harry Tiago Potter era o jovem bruxo mais cobiçado do país. Rico, famoso, modesto, avesso às badalações, altruísta ao extremo. Algumas mulheres o achavam bonito e o fato de fugir das companhias femininas o tornava um troféu ainda mais cobiçado. E boatos abundavam sobre ele: Seria gay e teria uma paixão platônica por seu companheiro de time Rony “Maluco” Weasley (Sim, platônica, pois o goleiro dos Trasgos Diagonais vivia cercado de belas mulheres!). Teria sofrido uma terrível desilusão amorosa na adolescência (E aí as suspeitas sobre as possíveis destruidoras de seu coração eram inúmeras: apostavam em Gina Weasley, irmã do seu melhor amigo e companheiro de time, a artilheira dos Tornados Angelina Johnson, que o teria trocado pelo empresário Jorge Weasley, sua ex-colega de Hogwarts, Hermione Granger, que, intelectual que era, não teria aceitado a escolha profissional de Harry pelo quadribol). Teria ficado sexualmente impotente em função dos ferimentos e dos cruciatus que recebera durante a guerra. E a teoria que emocionava as mulheres de todas as idades: seu grande e único amor havia morrido durante a guerra e Harry havia prometido que não se relacionaria mais com outra mulher. Os místicos tinham também uma teoria muito boa: a castidade do rapaz seria o pagamento pelos poderes que havia reunido para enfrentar e matar “Você-Sabe-Quem”.

Na verdade, Harry Potter tinha ainda demônios interiores que o quadribol não conseguiam expulsar. Odiava aquelas besteiras que diziam dele. Às vezes fingia achar graça do que os jornais e revistas bruxas escreviam e que divertiam tanto seu amigo Rony. O quadribol havia sido uma tentativa de esquecer as dores da guerra e lembrar dos tempos felizes de Hogwarts. Nunca imaginou que o esporte o tornaria ainda mais famoso do que já era por sobreviver a Voldemort com apenas um ano de idade, enfrentá-lo diversas vezes na adolescência e finalmente matá-lo aos dezoito anos. "Maldito Roni, que me convenceu a entrar nessa! " Mas tinha que admitir: a excitação de uma partida, a velocidade, o vôo, apanhar o pomo... Nada superava isso. O problema é que tudo isso o havia transformado numa “personalidade” e sua vida estava ficando complicada, sem nenhuma privacidade, e com idiotas inventando histórias escabrosas e piegas a seu respeito.

Deveria contar a Rony sobre as coisas que o perturbavam? E Hermione, que sempre lhe escrevia, perguntando se tudo estava bem? E Gina? Ela ainda gostava dele depois de sua estupidez no passado? Harry refletia sobre tudo isso deitado no gramado em frente a entrada principal da Toca quando “Ela” veio. A dor, o incômodo, ou seja lá o que fosse. Era algo impossível de descrever. Apenas parecia que sua alma era sugada para um grande abismo. Fechou os olhos e sufocou um gemido involuntário. Quando os abriu, já parcialmente recobrado, duas cabeças ruivas curvavam-se sobre ele. Eram Rony e seu irmão mais velho, Gui, que vinha cuidando do seu dinheiro desde o recebimento da herança de Sirius e era a pessoa a quem ele confiava

seus investimentos e quem recebia (com ordem de recusar) as propostas de equipes de vários lugares do mundo. Gui tinha o rosto tranqüilo, mas Rony, ao seu lado, estava visivelmente preocupado com o amigo.

- Tudo bem, Harry? – perguntou seu companheiro de time – Você sumiu, cara. O Gui queria falar sobre umas propostas aí. Mas pode ser mais tarde se você quiser descansar.

- Oi, Gui. – disse Harry, fingindo-se muito animado – Tá tudo bem , Rony. Você está parecendo a sua mãe. Daqui a pouco você vai me mandar comer.

- Até que não seria má idéia. Você anda comendo muito pouco para um atleta – completou o ruivo, com o semblante visivelmente preocupado.

- Ei, cara, não se preocupa muito comigo, tá legal? – sorriu Harry para o amigo, levantando-se do gramado e lhe dando tapinhas amistosos nas costas - Estou bem mesmo. Só não dormi muito a noite passada. Essa coisa toda do Krum...

- Bom, isso é tudo muito curioso mesmo – refletiu Rony, ainda um pouco desconfiado.

- É sobre isso que eu quero lhe falar, Harry – disse Gui – Melhor a gente conversar lá dentro. Você também, Roni. O Krum disse pra você ir também na reunião, certo?

- É, foi. Mas eu acho que é só pro Harry não deixar de ir. Eles acham que ele não faz nada sem mim – sorriu orgulhoso, Rony.

- E eles têm razão, meu chapa – sorriu de volta Harry, a sensação ruim finalmente se dissipando.
















E AÍ, ESTÃO GOSTANDO DESSA FIC? ESTÃO CURIOSOS PARA SABER SOBRE O PASSADO DO HARRY E DA GINA? E O QUE TEM O HARRY? AGUARDEM OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS...

A PROPÓSITO: VOCÊS NÃO ESTÃO SENTINDO FALTA DE UMA CERTA PESSOA?













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