A Ressurreição



Capítulo 35




A Ressurreição




Foi a mão pesada de Hagrid que içou Harry do chão e o apertou num abraço forte. Ele não teria condições de precisar o tempo que ficara de joelhos, absorvendo a visão da sua casa em pedaços. Já tinha visto uma casa assim, mas tinha sido tão diferente. Doera. Muito. Nem um milésimo da dor que ele sentia agora. Naquele verão em que fora a Godric’s Hollow vira ruínas tristes, cheias de mato, que falavam de um passado que Harry, por mais que desejasse, não lembrava. Agora, enquanto ele urrava de fúria e dor no ombro do amigo – que já mais o continha do que abraçava – o que tinha atrás de si eram as ruínas dos seus sonhos. Sua casa com Gina. Aquela que vagava na periferia da sua mente desde o dia em que ele a beijara pela primeira vez, em frente a todos os alunos da Grifinória, e soubera que era “ela”.

Agora, havia apenas o nada. Gritou mais. Sentia que se berrasse mais alto, mais forte, aquele veneno que o sufocava poderia escorrer para fora dele. Talvez, assim, ele conseguiria respirar outra vez. Hagrid chamava por ele, pedia calma, mas Harry sabia que se o amigo não estivesse sendo obrigado a contê-lo, provavelmente estaria uivando como um lobo ferido. E isso lhe deu uma raiva insana. Não queria ficar calmo. Não queria que dissessem para ele se acalmar. Começou a chutar, bater, berrar mais alto. Precisava sair dali. Fazer alguma coisa. Mas o quê? “ME-DEIXA-SAIR-DAQUI!

Hagrid abriu os braços, soltando-o instantaneamente, como se tivesse levado um choque. Uma força invisível tinha emanado do rapaz obrigando-o a largá-lo.

– Harry... – havia um lamento profundo na voz de Hagrid.

Ser solto do abraço foi quase como cair de um muro baixo e Harry cambaleou para trás até conseguir ficar novamente em pé. Não que ele confiasse em suas pernas. A sensação de que tudo o que havia dentro dele estava morto não colaborava para que elas quisessem mantê-lo em pé. Ergueu os olhos para Hagrid, que mantinha os braços ainda estendidos para ele, a cara peluda lavada num choro silencioso.

– Por que eu, Hagrid? Por que é sempre comigo?

Sua voz saiu tão estrangulada e rouca por causa dos gritos que nem parecia ser dele. Nada, aliás, parecia ser dele. Era isso, pensou num assomo de desespero, não era com ele que aquilo estava acontecendo, era com outra pessoa. Um outro alguém com quem ele tinha a vaga afinidade que se tinha com outros seres humanos. Provavelmente aquele pesadelo vinha de uma notícia de jornal ou de um livro que ele lera.

– Diz que não é verdade, Hagrid! Por favor! Diga que vou me virar e vai estar tudo lá. Exatamente como era.

– Harry... tente se...

– Eu não quero ficar CALMO!!! Eu quero que alguém me diga o que eu fiz para merecer isso! Eu quero... – virou para a casa destruída e caiu novamente de joelhos – eu quero que isso pare...

Se jogou de borco na grama coalhada de cacos de vidro, sem se importar se eles o feriam e espetavam. Só queria perder a consciência. Só queria não ter de pensar nos seus bebês ou em Gina. Só queria estar com eles, onde quer que eles estivessem.

– Harry – a voz de Hagrid veio de algum ponto acima dele – não sabemos o que aconteceu. Talvez eles... eles estejam... Ah! Levante-se, meu filho, você está se machucando.

Novamente, Hagrid o içou do chão, colocando-o em pé e segurando-o com a mão pelos ombros.

– Como soube que eu vinha para cá? – perguntou num rasgo de sanidade enquanto olhava para os escombros fumegantes e fazia contínuas negativas com a cabeça.

– Dumbledore... – respondeu Hagrid com a voz embargada. – Ele me disse para vir atrás de você. Achou que era o lugar mais provável... Mas Harry, nós temos é que descobrir o que acont... Harry! Onde você...?

Só que a súbita sanidade de Harry já tinha ido embora e ele havia se livrado do amigo e agora corria como um doido em direção a casa destruída. Sentia que era muito difícil tentar raciocinar qualquer coisa, então simplesmente agiu, como se uma força externa o estivesse guiando com um controle remoto. Suas mãos feridas pelos cacos de vidro reclamaram baixinho quando ele se jogou sobre os escombros, chamando por Gina e pelos bebês, levantando tijolos como se um deles ou alguma resposta qualquer pudessem saltar dali. Hagrid veio no seu encalço e, embora continuasse a pedir calma, também passou a levantar grandes pedaços de madeira calcinada e meias paredes, procurando. Afinal, ele já tinha tirado um bebê com vida de uma casa exatamente como aquela. Foi meio sem pensar que Harry finalmente puxou a varinha e começou a erguer pedaços maiores de concreto, madeiras, restos de móveis, portas, janelas e... Nada... O pavor se acercando dele com cada vez mais vontade, deslizando por ele, envolvendo-o como se fosse uma cobra enorme. E junto com ele: ódio. O maior, o mais viscoso. De um tamanho que ele nunca sentira. Um ódio que matava qualquer piedade, qualquer compaixão. Um ódio que parecia começar matando-o antes de qualquer coisa.

– Harry Potter, m-meu s-senhor... – a voz esganiçada e chorosa de Dobby interrompeu o aperto que já estrangulava sua alma.

Virou-se rápido e deu de frente com o elfo muito trêmulo e com os olhos arregalados. Ele segurava o que parecia se um embrulho de roupas que Harry reconheceu imediatamente. Sentiu o corpo viscoso da cobra afrouxar em torno dele e se jogou sobre a criaturinha puxando o fardo para si e não pode deixar de sorrir por um instante, cheio de alívio. Joanne dormia inocentemente aninhada na mantilha cor-de-rosa. O ar voltou a circular nos pulmões e o sangue a aquecer suas veias. Harry voltou a ter consciência de todos os sons, cheiros, gostos. Até as suas mãos feridas pareciam ressentir-se mais e a sensação de estar vivo era dolorosa e boa.

– Onde estão Gina e Lyan? – perguntou eufórico.

Dobby se encolheu.

– Dobby n-não teve culpa meu senhor – lamuriou-se o elfo esfregando as mãos uma na outra. – Dobby bem que queria proteger a família de Harry Potter, m-mas... – ele tremia furiosamente. – Dobby não conseguiu, meu senhor. Não que Dobby se importasse em morrer por seus amos. Dobby é um elfo livre e morre por quem quiser e morreria com prazer por Harry Potter e sua doce senhora...

Harry deu um suspiro de impaciência, firmou a filha em um dos braços, se agachou e pegando Dobby pelo ombro o sacudiu com violência.

– Onde estão a minha mulher e o meu filho, Dobby?

Dobby irrompeu num choro convulsivo.

– Eles os levaram, Harry Potter. Os bruxos maus. Eles vieram e levaram a minha doce senhora e o pequeno mestre Lyan. Dobby tentou ajudá-los, tentou sim, mas a minha doce senhora... – explicou por entre soluços – Ela quis que Dobby pegasse os dois bebês, mas... – ele se jogou no chão pegando um grande pedaço de tijolo e começou a bater com ele na cabeça. – Dobby foi lento, merece... morrer... Dobby mau!

Harry apenas lançou um olhar cansado para Hagrid que assistia a tudo parecendo meio tonto. Sem que precisasse falar, Hagrid chegou até os dois em uma passada e afastou o tijolo de Dobby enquanto o continha com apenas uma das mãos, segurando-o pelos ombros. Só que isso não foi suficiente para que o elfo parasse de guinchar e se maldizer.

– DOBBY! Fica quieto! É uma ordem!

O elfo engoliu o choro e mirou Harry, apavorado.

– Agora, me conte exatamente o que aconteceu. Devagar e sem crises de choro ou auto-flagelação, ouviu?

Parecendo assustado com o tom que jamais tinha ouvido de Harry, Dobby engoliu em seco e começou a contar com a voz chorosa entremeada de fungadas e soluços.

– A senhora do Dobby chegou de manhã cedinho na Toca e trouxe os gêmeos e Dobby para casa, para que os pais dela descansassem, ela disse. Então, ela e Dobby trocaram as fraldas dos bebês, lhes deram mamadeiras e os fizeram dormir e minha senhora disse que dormiria um pouco também porque passou a noite toda acordada. Então, Dobby foi fazer as suas tarefas – ele deu um soluço sentido – mas o Aquiles começou a latir muito e de um jeito estranho e mesmo a coruja Edwiges começou a fazer barulho. Então Dobby saiu para ver o que era. Achei que fosse a gata. Meu senhor sabe que a gata Tileti é um bicho muito mimado e gosta de provocar os outros dois. E Dobby foi lá ralhar com ela. E foi aí que houve o estrondo grande na frente da casa. Dobby disse para Edwiges ir procurar o meu senhor Harry Potter bem rápido e soltou o cão, que estava muito furioso. Ele correu para frente latindo, então... ganiu de um jeito estranho... e depois... ficou quieto...

Harry fechou os olhos por um instante, absorvendo as palavras do elfo e depois os abriu novamente, cheio de decisão.

– Continue!

Lágrimas grossas saíam dos imensos olhos de Dobby e uma delas pendia da ponta do seu nariz em forma de lápis.

– Dobby foi direto para o quarto dos pequenos mestres. Dava para ouvir os bruxos maus entrando na casa porque eles riam e caçoavam e destruíam tudo o que viam pela frente e Dobby reconheceu... – ele estremeceu fortemente.

– Reconheceu o quê, Dobby? QUEM? – berrou Harry.

– M-meu an-antigo mestre, meu senhor. Ele....

Malfoy – compreendeu Harry cheio de ódio.

Dobby acenou freneticamente com a cabeça, a lágrima pendurada caiu do nariz junto com outras manchando a camiseta de colorido chocante que ele usava.

– Lucius Malfoy? – rugiu Hagrid. – Ah se eu colocar as minhas mãos naquele miserável, desgraçado, filho de uma... Eu nem me importo de passar o resto da minha vida em Azkaban. Eu vou fazer ele...

– Continue – ordenou Harry para Dobby, fazendo a voz se sobrepor às ameaças de Hagrid.

Dobby se embalava para frente e para trás e olhava com cobiça para uma barra de ferro equilibrada sobre os escombros, mas deu um saltinho no lugar ao ouvir a voz de Harry e, com evidente esforço, continuou.

– A minha senhora já estava no quarto e me deu a pequena Joanne para carregar, mas Dobby começou a ficar fraco, sem muita magia...

– Como assim?

– Dobby sentiu as... criaturas – respondeu num choramingo assombrado.

Sem se controlar, ele prorrompeu num choro sentido, cobrindo o rosto com as mãos. Harry olhou para Hagrid, que havia parado de praguejar, esperando que ele lhe desse alguma resposta mais articulada que a de Dobby.

– Os elfos domésticos são, na maioria, criaturas inocentes. Os beusclainhs... – Dobby estremeceu e soluçou alto. Hagrid pareceu desistir de entrar em detalhes. – Erm... não vem ao caso, Harry. Mas parece que o tipo de magia negra dos demônios interfere na mágica própria dos elfos. Acho que seria muito difícil para Dobby aparatar ou lançar qualquer magia se estivesse na presença de um deles.

Harry assentiu compreendendo.

– Dobby. Dobby! – O elfo baixou as mãos do rosto e o olhou em pânico. – Eu preciso que você continue contando o que aconteceu.

Engolindo uma nova crise de soluços, Dobby prosseguiu.

– Minha senhora percebeu a fraqueza de Dobby... e... e convocou a capa do meu senhor e a jogou sobre Dobby... E-ela ia entregar também o pequeno mestre Lyan, mas... mas... nã-ão d-deu tempo-o-o – disse abrindo novamente o berreiro.

– Dobby! Quer fazer o favor de se controlar! E depois? Quero saber o que houve depois!

Harry mantinha os olhos vidrados no elfo e tinha de fazer um grande esforço para não saltar sobre o pequenino obrigando-o a falar tudo de uma vez. Dobby engoliu o choro com forte empenho.

– Dobby ficou escondido sob a capa com a bebê e ouviu eles entrarem no quarto. A minha senhora estava disposta a lutar... ela disse que eles teriam de matá-la para tocarem no seu filho – o coração de Harry veio na boca. – Então o Sr. Malfoy, aquele bruxo malvado, disse que ainda não era a hora para isso e havia uma mulher que perguntou pela menina, mas ele disse que não tinham muito tempo e que um só bastaria. Depois ele riu e disse que se ela estivesse na casa, eles dariam um jeito para que meu senhor Harry Potter a encontrasse morta e... Aí...aí...

Dobby arregalou ainda mais os olhos, se isto era possível.

– Aí? – perguntou Harry apertando a filha nos braços.

– Tudo explodiu. Dobby não entende bem o que aconteceu, Harry Potter. Mas foi mágica. Mágica forte. Das trevas. Isso foi. Dobby se encolheu sob a capa e conseguiu fazer um escudo para proteger a pequena mestra usando toda a força que tinha. Dobby quase morreu isso sim, mas Dobby não se importaria, contando que a pequena Joanne ficasse bem.

Hagrid que estava um pouco atrás do elfo, olhou com atenção para as suas costas e pela expressão que fez, Harry deduziu antes que ele falasse.

– Amiguinho, você se feriu!

– Não foi nada – retrucou Dobby com um jeito triste. – Dobby se machucaria muito mais pelos bebês de Harry Potter. Mas Dobby não pode salvar a sua doce senhora e o pequeno Lyan. Dobby não merece nem pena e nem perdão! – e com o rosto contorcido de fúria, ele se jogou em direção à barra de ferro, a qual não parava de lançar olhares, e ameaçou enfiá-la no peito. Hagrid foi rápido e o impediu sustentando o elfo com uma das mãos enquanto ele esperneava e tentava alcançar a barra na outra mão do gigante.

Joanne se mexeu no colo de Harry libertando as mãozinhas e mexendo a boca pequenina como quem busca um bico. Sentindo um misto de vazio e felicidade por tê-la com ele, o rapaz deslizou a mão pelo rosto da filha que, agora, lhe pareceu serena demais para tudo o que havia acontecido.

– Joanne não chorou Dobby?

O elfo parou de espernear e tentar alcançar a barra de ferro.

– Dobby também não entende, meu senhor. Quando minha senhora a entregou para mim, pediu que ela ficasse em silêncio e não chorasse. E a pequena mestra dorme desde então.

Harry franziu a testa e trocou um olhar com Hagrid.

– Não me pergunte. Deve ser alguma coisa que as mães bruxas fazem.

– Ou que Gina faz... – sugeriu com um novo assomo de esperança. Hagrid sorriu e limpou as lágrimas com as costas da manga da camisa, enquanto fungava sonoramente.

– Harry, Gina e Lyan não estão aqui. Se eles os levaram, eles... eles ainda estão vivos – argumentou enquanto soltava um Dobby mais controlado no chão.

Harry continuava com os olhos fixos em Joanne.

– Eu sei – respirou profundamente, buscando forças no rosto adormecido da filha e no peso morno e suave que ela espalhava pelos seus braços, aquecendo-o por quase inteiro. Depois, sem lançar um olhar sequer para as ruínas, se pôs a descer os escombros de paredes brancas e cinzentas. Afinal, eram só tijolos. – Vamos embora! Preciso deixar Joanne em segurança antes de ir pegar Gina e Lyan de volta.

Nem Dobby, nem Hagrid questionaram uma palavra do que ele disse e o seguiram.




*************


Gina cruzou impaciente, pela milésima vez, a sala em que fora deixada. Sinceramente ela esperava um lugar bem diferente como cativeiro. Algo úmido, sujo e mal cheiroso. Ao invés disso, estava em um quarto amplo com paredes altas e forradas de brocado vermelho, encaixilhadas em esquadrias de madeira escura e lustrosa. Móveis antigos, de estilo aristocrático, se espalhavam sobre o tapete carmim escuro dando ao lugar uma atmosfera de ostentação pesada e de mau gosto. Em uma das pareces duas grandes janelas, emolduradas por cortinas de veludo quase no mesmo tom das paredes traziam a única luz clara ao ambiente inteiro. Alguns espaços descorados mostravam que os quadros tinham sido removidos da sala. Cadeiras, poltronas e sofás pequenos acomodavam-se mais ou menos em círculo pelo aposento. Gina avaliou o lugar como uma espécie de sala íntima, talvez um lugar para receber visitas. Mas ela não era uma visita. Vidros a prova de quebra e uma porta trancada deixavam isso bem claro.

Porém, de tudo, o mais estranho do lugar, era a paisagem que se podia ver pela janela. Somente o mar. Não havia uma única faixa de terra entre ela e o oceano. Com esforço, Gina conseguira divisar pelo vidro que as ondas vinham quebrar abaixo de onde ela estava. Sua impressão era de que aquele lugar estava encravado na rocha crua, ou numa caverna. Fosse o que fosse, era certamente um tipo de fortaleza onde só se poderia chegar, conjeturou Gina, numa vassoura ou sabendo precisamente onde aparatar.

Ela tinha acordado em um dos sofás, há algumas horas, sem Lyan em seus braços, o que a deixara apavorada. Tinha tentado gritar, socar a porta, chamar pelos captores, mas não tivera resposta. Por fim, desistira e começara a andar de um lado para o outro, tentando pensar. Se os Comensais a haviam trazido para ali é porque tinham um propósito e, se ainda estava viva, significava que ela ainda tinha tempo... Tempo para que Harry os encontrasse.

Correu os olhos pela sala. Talvez houvesse uma chance de fugir dali. Ora, mas o que estava pensando? Não fugiria dali sem o filho. Então, primeiro tinha que se concentrar em achar o seu bebê.

Se ao menos ainda sentisse a presença dos poderes de Aradia. Aí sim conseguiria pensar em escapar, mas sem isso... Hermione e ela tinham concluído que os poderes tinham se manifestado apenas quando ela estava grávida. Bem, não fora assim da primeira vez, quando Harry havia derrotado Voldemort. Mas ali, segundo Hermione, ela estava no centro do poder da antiga bruxa, o círculo de pedras de Hogwarts: o Campo de Aradia. Contudo, parecia que sem uma situação especial, Gina Weasley Potter não era nada mais que uma bruxa habilidosa. “Harry não demore”, pediu mentalmente.

Acabou desabando frustrada em uma cadeira de espaldar alto forrada de chintz. Obviamente Gina não tinha idéia de onde tinha ido parar a sua varinha e realmente não esperava que os Comensais a fossem deixar com ela. Afundou a cabeça entre as mãos tentando não mergulhar no desespero, precisava continuar raciocinando com clareza, precisava descobrir onde Lyan estava. Tinha a clara sensação de que ele não estava longe.

Ergueu-se da cadeira e recomeçou a andar pela sala. Também queria saber se Joanne estava bem. Será que Dobby tinha conseguido protegê-la? Não se lembrava de ter ouvido a menina chorar quando Lucius jogou o feitiço sobre si. Desejava ardentemente que os Comensais não a tivessem descoberto. Mas queria tanto ter certeza.

Chegou a frente à enorme janela e fechou os olhos, deixando que o sol fraco – registrou mentalmente que devia estar bem ao norte – batesse sobre eles. A imagem de Joanne, o rostinho delicado, se formando com clareza na sua mente. Ficou tentando imaginar onde ela estava, o que ela sentia, se estava aquecida, limpa, alimentada. Então, apareceu. Gina sentiu como se um redemoinho quente a envolvesse e por instantes que iam e vinham ela pode saber com perfeição. A linha leve da mantilha roçando suavemente no rosto. O embalo de um caminhar decidido e vigoroso. Estava segura. Mas não era Dobby quem a segurava. Eram braços maiores e mais fortes. Gina inspirou fundo. Reconheceria aquele cheiro em qualquer lugar. Harry. Joanne estava tranquilamente adormecida no colo do pai.

Abriu os olhos assustada. O que exatamente fora aquilo? Olhou para as próprias mãos que tremiam visivelmente. Fizera magia sem varinha. Tinha certeza absoluta que por segundos estivera com a filha. Uma euforia louca tomou conta de Gina. E se os poderes de Aradia não tivessem ido embora? E se ela apenas precisasse se concentrar com mais afinco, como tinha acabado de fazer? Mas e por que ela não conseguira antes? Ora, confesse Gina, como você se concentraria tendo de dar atenção a duas (três, não se esqueça do Harry) “crianças” carentes sempre pedindo por você? A voz na sua cabeça parecia bastante sensata, mas Gina não pretendia argumentar e sim usar o poder recém descoberto. Soltou os músculos das costas mexendo o pescoço e com um entusiasmo genuíno decidiu que iria descobrir onde Lyan estava e depois, quem sabe, se isso não fosse algo apenas restrito aos seus filhos, conseguiria tentar dizer para Harry onde estavam.

Respirou fundo e se preparou para tentar a magia mais uma vez, mas não teve chance. A única porta do aposento se abriu e alguém com as vestes negras dos Comensais entrou por ela. Mesmo tentando disfarçar o susto de ser surpreendida e o fato de o seu coração ter ido parar na boca, Gina não conseguiu evitar recuar uns dois passos. A porta se fechou atrás do Comensal e ele fez menção de se aproximar.

– Onde está meu filho? – perguntou Gina de chofre e ele paralisou. Fosse coragem ou instinto materno, o fato é que ela não conseguiu não perguntar. E mesmo com todo o medo, seu tom de voz estava muito mais para leoa enraivecida do que para presa acuada.

– Ele está bem e em segurança, Sra. Potter – respondeu uma voz masculina que Gina não reconheceu.

– Sabe, essas roupas não são tão impressionantes vistas à luz do dia. – Cale-se Gina! Você quer ser torturada ou morta e deixar seu filho com esses monstros? Fique quieta e guarde suas opiniões para si!

No entanto, o Comensal pareceu se divertir com o comentário e numa atitude que Gina não esperaria, ele ergueu as mãos e retirou a máscara e o capuz e lhe sorriu.

– Espero que tenha achado as acomodações confortáveis, Sra. Potter. Eu reservei esta sala especialmente para você. Achei que a agradaria. – Richard Oates olhava para Gina como se ela fosse uma hóspede esperada para um final de semana no campo. Mas ele não se parecia muito com o Oates que ela lembrava. O homem a sua frente tinha uma aparência doentia, muito magro, escaveirado, com olheiras imensas e escuras sob os olhos. Rugas na pele ressequida e a boca flácida o deixavam com uma aparência muito mais velha do que a da última vez que ela o vira. Mas Gina não estava nem aí se ele apenas parecia doente ou estava doente realmente. Devolveu um olhar de nojo ao traidor.

– Isso é algum tipo de piada? – ela questionou incrédula e o homem franziu a testa.

– De maneira alguma. Por quê? Você não gostou? Algo lhe desagrada? É a melhor vista de toda a fortaleza – explicou pressuroso. – Posso levá-la para outro quarto, se quiser – ele deu alguns passos em direção a ela e Gina recuou desconfiada com o jeito com que ele a olhava. – Tenho certeza de que sua figura ficaria magnífica no quarto verde. Iria parecer uma rainha irlandesa – falou de um jeito sonhador, mas que causou arrepios de asco em Gina.

– Você é louco? Eu fui raptada da minha casa! Vocês tiraram o meu bebê e você quer saber que tipo de cor eu prefiro na decoração? Eu quero saber onde está o meu filho! – Exigiu com o tom de voz aumentando consideravelmente a cada palavra, mas Oates não se alterou. Mantinha um sorriso cordial, quase feliz.

– O menino está bem, acredite Sra. Potter. Temos um pequeno exército de elfos domésticos tomando conta dele e das outras crianças.

– Outras crianças? Que outras crianças?

– Ah, bem, tivemos de trazer outras crianças para cá... eu realmente sinto muito – ele falou com seriedade. – Você sabe que às vezes precisamos de sacrifícios para preservar nossos mais queridos... Mas eu posso lhe garantir que você e o pequeno Lyan estão a salvo.

Era como ter dormido e acordado no mundo do bizarro. O homem na frente dela parecia acreditar que aquelas palavras a acalmariam. Em resumo, ele deveria ser mais insano do que Bellatrix Lestrange.

– De que crianças você está falando? – perguntou Gina entre os dentes e colocando a mão na barriga para tentar controlar o fato de que suas entranhas pareciam ter sido substituídas por gatos vivos.

Oates deu um longo suspiro e depois deu mais uns passos na sua direção e Gina continuou recuando até ele parar.

– Seria melhor se você não soubesse quem elas são. Mas eu entendo. De qualquer forma, terei de fazê-la esquecer depois. – Gina começou a avaliar possíveis rotas de fuga pelos cantos dos olhos. Não podia deixar aquele maluco encurralá-la em um canto da sala. – Se eu lhe mostrar as crianças – ele continuou falando – você concordaria em dar um passeio comigo pela ilha?

Gina arregalou os olhos, estupefata. Só podia ser brincadeira.

– NÃO! – Depois processou a outra informação. – Estamos numa ilha?

Apesar de aparentar decepção com a recusa enfática dela, o rapaz sorriu para a pergunta.

– Sim, pertence a minha família há gerações. Bem, não exatamente ao meu ramo da família, mas sempre gostei de vir aqui para ficar com o meu tio, que é o dono. Tenho certeza de que com o tempo, você também gostará muito desse lugar.

Com certeza Gina não pretendia ficar tempo o suficiente para gostar de coisa alguma, ainda assim, engoliu em seco. Havia algo na voz de Oates que a estava deixando inquieta. Era como se ele tivesse planos... Planos a respeito dela. Uma garra de ferro começou a pressionar sua garganta.

– Me deixa ver o meu filho – pediu com a humildade ditada pelo pavor.

Oates sorriu largo e lhe estendeu a mão. Entre a vontade de recusar a mão ofertada e a de saber onde Lyan estava, a segunda foi mais forte. Mordendo o lábio inferior com força para segurar a sensação de náusea que continuava a lhe rondar a garganta, Gina deu a mão para ele e se deixou conduzir até a parede oposta à janela. O toque dele, no entanto, fora ainda mais desagradável do que ela imaginava que seria. A mão de Oates estava muito gelada, a pele tinha a textura dura como um mármore e era possível sentir cada um dos ossos. Era desconfortável como estar de mãos com um cadáver.

Tão logo pararam diante da parede, Gina puxou a mão de volta e a prendeu junto ao corpo, segurando uma enorme vontade de chorar, que ela nem sabia de onde vinha. Por um instante, pareceu que um cinismo frio debochou dela pelos olhos do rapaz. Mas foi muito rápido. Logo depois, ele voltou àquele jeito que mesclava ansiedade, tristeza pela distância dela e uma adoração doentia. O bruxo tirou a varinha de dentro das vestes e fez um movimento largo com o braço em direção à parede. Em resposta, esta se dissolveu lentamente na frente deles, como se fosse se tornando transparente. Gina levou alguns segundos para reconhecer tudo o que via e quando conseguiu discernir todos os detalhes, mal pode sufocar um grito.

O outro lado da parede revelava um quarto igualmente grande. Tinha a mesma decoração antiquada e espalhafatosa, embora em cores claras que mesclavam azul desbotado e um verde-água horroroso. Nele tinha um cercadinho forrado sob o cuidado de três elfos. Um deles, ela pode reconhecer, era uma assustadíssima Winky que, ao contrário dos outros, tinha uma bola de ferro amarrada ao pé. Dentro do cercado, ela pode ver adormecidos – e Gina teve quase imediata certeza de que estavam enfeitiçados – Lyan, Sirius, Sean e Kenneth. Um pouco adiante, encostados aos pés de uma cama grande de dossel de latão, mas bem acordados, estavam Josh e Hector, que tinha Chantal com a cabeça deitada sobre suas pernas e Mel escorada no seu ombro. O menino a enlaçava de um jeito protetor. Pareciam amedrontados e desamparados. Gina tentou caminhar na direção deles, nenhum parecia tê-la visto, mas a parede voltou a se tornar sólida e opaca, o vermelho agredindo as retinas dela.

– O quê...? O que vocês querem com a gente? – perguntou num fio de voz.

Oates não demonstrou nenhum abalo com a angústia dela.

– Você e Lyan estão a salvo. Não se preocupe.

– Não me preocupar? Que espécie de doido pervertido é você? São meus sobrinhos lá! São crianças que vi nascer e ajudei a criar. E... mesmo que eu nunca as tivesse visto... – Ela parou cheia de horror. – Vocês não precisam andar junto com demônios, já são monstruosos o bastante e... NÃO OUSE TOCAR EM MIM! – Berrou quando o viu dar um passo na direção dela com a mão estendida. O sorriso do rapaz sumiu.

– Você deveria se acostumar, Sra. Pot... Gina. Meu mestre prometeu que você ficaria comigo quando ele ressurgisse – o rosto de Oates tinha um brilho fanático.

O terror que vinha ameaçando sufocar Gina aumentou ainda mais, assim como um tremor que parecia vir do frio intenso irradiado por um iceberg que crescia logo abaixo do umbigo.

– Seu mestre não tem nenhum poder sobre mim – disse entre os dentes.

Ele sorriu e o brilho frio rasgou mais uma vez os olhos azuis.

– Meu mestre é muito persuasivo, Gina. Você sabe. Já sentiu o seu poder. Não deve ter esquecido isso.

Gina engoliu em seco enquanto realizava mentalmente quem realmente tinha diante de si.

Voldemort!

A frieza que há pouco espreitara do fundo dos olhos azuis saltou e engoliu a expressão inteira de Richard Oates.

– O Lorde das Trevas admira a sua coragem em dizer o nome dele, minha cara.

– “O” Lorde das Trevas? – questionou arfante, mas ainda assim com cinismo suficiente para ele perceber que não a enganava. – Eu não tenho mais onze anos... Eu sei quem você é!

Os olhos dele se estreitaram e um ricto cansado deformou a boca flácida.

– Esperta. O tempo parece ter sido bem generoso com a pequenina Srta. Weasley. Deixou-a atraente, poderosa, inteligente e... até lhe deu Harry Potter. Imagino que tenha a vida que pediu não, menina?

Gina recuou ainda mais. A respiração saia entrecortada, rápida, superficial.

– Você o está possuindo? – Ele arqueou a sobrancelha positivamente. – Está controlando o pobre garoto desde quando?

Pobre garoto? – Soltou uma espécie de gemido de descrença. – Depois de tudo o que ouviu você acredita que ele é uma vítima? Acho que me enganei quanto a sua inteligência.

– Mas eu pensei...

– Oh, não. Eu o estou controlando, mas não o tempo todo. Digamos que somos dois inquilinos no mesmo alojamento. Um alojamento precário, eu admito. Mas ele estava tão ansioso por servir-me, por poder derrotar o seu... maridinho. Concordou com tudo. O ritual de roubo de poder, assassinar os colegas de departamento, torturar o seu irmão, degradar a própria alma para dar espaço para a minha. Como vê, o pobre garoto foi voluntário e se ofereceu a mim bem antes de meu retorno. Quando saí do Véu da Morte, ele já estava pronto, mas não pudemos terminar a possessão ali, era preciso estar num circulo de pedras, como aquele em que o seu marido achou que tinha me derrotado definitivamente. Então, seguimos para Stonehenge e desde lá, somos um só.

Gina estava horrorizada.

– Mas... mas Harry me disse que quando chegou ao ministério, Richard estava lá – argumentou Gina.

– Um beusclainh assumiu o lugar dele – respondeu Voldemort com calma. Não perecia ver nenhum problema em dar informações a ela. – Seu irmão já estava desconfiando demais de Richard e nós precisávamos de um pouco mais de tempo. De qualquer forma, a batalha em Stonehenge foi bastante proveitosa para mim ao fim de tudo. E o jovem Richard Oates tem se mostrado um hospedeiro bem conveniente – Voldemort se olhou abarcando de um braço a outro. – É muito bom ter um corpo jovem novamente. Não é tão poderoso quanto eu poderia querer... Apenas um intermediário antes da verdadeira ressurreição, mas logo serei mais poderoso do que nunca!

Ainda atordoada, Gina tentava realizar o que Voldemort dizia.

– Então era ele que estava falando comigo antes... E agora...

– Ele foi dormir. Essa coisa é toda um pouco desgastante, sabe. Acho que você deve se lembrar como era. – Voldemort deu mais um passo e Gina recuou, ele sorriu e sentou-se numa cadeira de braços com um movimento elegante, como se estivesse sentando em um trono. – Alterno minhas vigílias com as dele. Mas ele tem dormido mais ultimamente.

– Você o está matando – afirmou Gina. A aparência de Richard dizia exatamente isso assim como o brilho excessivo dos olhos que Voldemort agora usava.

– Ah, claro que sim. Ora, minha cara, você não vai ficar triste, por ele vai? O rapaz é um assassino – o jeito jocoso nauseou Gina. – Mas, bem, como ele fez tudo por você, então, acredito que deva atrair pelo menos um pouco da sua simpatia.

– Por mim? – Gina estava em choque.

– Sim. O rapaz a ama.

– Ele não me ama! – Reagiu cheia de indignação. – Ele nem me conhece.

– Ama, adora, está obcecado... Qual a diferença? Ele achou que se ajudasse ao tio, um servo realmente antigo e fiel, poderia mandar seu marido para o inferno e ficar com você. Então fez o acordo. Deixou as criaturas se aproximarem e envenenarem cada sentimento que ele tinha. Ciúmes viraram inveja, simpatia virou obsessão, rancor virou ódio. Um prato cheio para os beusclainhs, eu diria. E graças a isso, ele foi se tornando um servo cada vez mais prestativo. Uma pena que quando tudo acabar, não restará muito dele. Mas minha dívida maior é com o tio dele e ele não se importa com o destino do rapaz.

O bruxo ficou apreciando o efeito das palavras no rosto dela. Gina sentiu o sangue deixá-la e teve de massagear o peito para tentar fazer o coração bater de forma menos barulhenta e poder pensar.

– Tio? O dono deste lugar?

– Ah sim, você não deve saber quem é, mas, bem, não vejo porque não informá-la. Afinal, devo meu retorno a ele. Esta magnífica fortaleza pertence à Enos Throop, que vem a ser tio materno dos seu “pobre garoto”.

– Santo Deus! – Gina levou a mão até a boca. – Era ele o espião em Hogwarts.

– Conclusão óbvia, não é mesmo? – ele se ergueu e virou-se para sair da sala. – Bem Gina, eu não tenho tanto interesse no seu conforto quanto o jovem Richard, então... eu tenho mais o que fazer. – Voldemort andou alguns passos em direção à porta e depois como se lembrasse de alguma coisa virou-se novamente para ela. – Espero que não tenha colocado excessivas esperanças nas garantias dele de que você e seu filho estavam seguros. Contudo, toda a minha, como direi, ressurreição, está baseada num ritual muito complicado que envolve sacrifícios aos demônios, invocação de forças escuras, comunhão de carne humana... – ele movimentou a mão como que espanta uma mosca sem dar atenção à expressão chocada de Gina – não vou cansá-la com os detalhes. Basta que saiba que você e seu filho são uma parte essencial... Então, eu espero que realmente entenda o rapaz. Sabe, ele ainda acha que o acordo vai valer depois disso tudo e... bem, eu não estou querendo desfazer as ilusões dele no momento.

Apesar de todo o pavor que aquelas palavras haviam lhe trazido, Gina pensou que Voldemort não precisava realmente dizê-las. Ela já sabia. Ainda assim, se as datas estavam corretas, nos cálculos de Hermione e Snape, a respeito do ritual em que o Lorde das Trevas passaria para o corpo definitivo que pretendia, eles ainda tinha alguns dias. Como se tivesse lido o pensamento dela, o bruxo completou.

– Não se preocupe, vou deixar que você fique com os pirralhos enquanto a hora não chega. – E dizendo isso, ele se virou novamente para a porta.

– Acha realmente que Harry não vai nos encontrar? Que ele não moverá céus e terras para vir até aqui e salvar a gente.

Voldemort parou um segundo de costas para ela e depois se virou, o riso sardônico contorcendo as faces escaveiradas do corpo que ele usava.

– Sabe, uma vez um garotinha boba me disse isso – Gina ergueu o rosto em desafio. – E eu vou lhe responder, Sra. Potter, o mesmo que disse a ela daquela vez: eu estou realmente contando com isso.



**********************



As batidas suaves na porta tinham a assinatura de Hermione, mas ainda assim Harry não respondeu. Estava admirando a amiga mais do que nunca. Ela também tinha um filho desaparecido e ainda assim estava firme e transparecia força o suficiente para lidar com uma casa inteira de pessoas histéricas, uma Ordem da Fênix esfacelada e sem comando, já que seus líderes estavam emocionalmente abalados, e ainda com ele e Rony. Harry desviou o rosto da porta por onde ela agora entrava e se esforçou para tirar Rony do pensamento.

– Você dormiu nessa cadeira de novo? – perguntou Hermione se aproximando.

Era de manhã e eles estavam na Toca, no antigo quarto de Gina, onde, num berço, Joanne brincava com um mordedor sob o olhar do pai sentado em uma poltrona próxima à janela.

– Você precisa descansar Harry.

– Eu descanso aqui – ele respondeu sem emoção.

– Dormiria melhor na cama.

Harry ergueu os olhos para Hermione e respondeu no mesmo tom de voz, quase como se não lhe custasse nada dizer aquilo.

– Tive pesadelos o ano inteiro de acordar sem Gina ao meu lado. Não vou transformar meus pesadelos em realidade – Hermione abriu a boca cheia de dó e ele desviou o olhar. – A cadeira está ótima. Alguma novidade? – perguntou mudando de assunto.

– Quim está à frente da maior operação de Aurores que este país já viu. Estão rastreando cada canto, cada lugar possível, cada... – Harry arqueou a sobrancelha. – Ainda não tiveram nem uma pista.

Harry voltou a olhar pela janela. A data sugerida por Hermione e Snape se aproximava dia a dia e eles permaneciam congelados no mesmo lugar. E ele tinha certeza de que a presença de Joanne era o único elo que ele mantinha com a sanidade.

– Harry...

– O que é Mione?

– Você... Humm, o Rony, ele quer...

– Não tenho condições de falar com o Rony ainda, Hermione.

– Harry, você sabe... – ela tentou. Havia uma nota de quase desespero na voz dela.

– É claro que eu sei. Mas ainda não consigo olhar para ele, Mione. Desculpe. Não sou tão bom assim. Minha vontade ainda é... – ele cerrou os punhos e calou.

– Não estou pedindo que seja bom, Harry – ela falou com decisão, já perdendo um pouco a paciência. – Mas você não é o único que está sofrendo, ok? E eu não vou deixar que promova mais uma tortura ao Rony, além das que ele já sofreu! Como acha que ele está com tudo isso? Acha realmente que quando “conceder seu perdão” a ele vai ficar bem? Que atrasar isso vai lhe dar uma “lição”? Que vai conseguir machucá-lo ainda mais?

– Não! – Harry se levantou. – Não estou pensando isso! Apenas... apenas não sei se consigo olhar... para a cara dele, eu...

– Ele era o fiel do segredo da sua casa e foi envenenado e torturado quase até a morte para entregar isso. E ele realmente teria morrido, se você não se lembra? Quem você acha que é para condená-lo? Quantas vezes o Rony já se arriscou por você? Acha que ele teria entregado a própria irmã e os sobrinhos de forma fácil?

Hermione o olhava furiosa, embora mantivesse a voz controlada para não assustar Joanne.

– Eu não estou dizendo isso.

– Não, está fazendo pior. Está agindo como se ele também não fosse uma vítima. Como se ele não preferisse ter morrido realmente a ter entregado o segredo. Ele não é o Rabicho, Harry! É seu melhor amigo. Vai ser sempre! Acha que ele merece mais punição do que ter mais da metade da família nas mãos dos Comensais e se sentir responsável por fazer você e Gina sofrerem?

– Não, eu...

– Você está sendo injusto!

– Mione, eu...

– Ninguém mais do que eu e Rony sabemos por tudo o que passou, Harry. Estivemos lá. Sempre lá. Do seu lado. Por que acha que pode condenar o Rony?

– Não estou condenando o Rony, eu...

– Não, está fazendo pior. Está fazendo com que ele se condene!

Os dois ficaram se olhando muito seriamente. Hermione arfava. Depois de um tempo longo, em que Joanne deu vários gritinhos para chamar a atenção dos dois, e Hermione finalmente a pegou no colo, algo muito duro se quebrou dentro de Harry.

– Cadê ele?

– Está no carvalho perto da estrada, se afogando em auto-piedade e com medo de olhar para você! – A afirmação deixava bem claro que ela já tinha tentado conversar com o marido e tinha conseguido muito pouco com ele, por isso viera tentar a sorte com Harry. Por incrível que pudesse parecer, ele ainda era menos cabeça dura do que Rony.

Harry inspirou profundamente.

– Você fica com a Jô?

Hermione finalmente sorriu.

– Claro. Com prazer.

Harry também sorriu. Inclinou-se e deu um beijo na bochecha da amiga e depois saiu do quarto. Desceu as escadas em direção ao térreo. Nunca em toda a sua vida vira a Toca daquele jeito. Cheia de gente e silenciosa. Falava-se aos sussurros, as pessoas não se olhavam nos olhos, pareciam zumbis. Não havia cheiro de comida vindo da cozinha, há dias os móveis e o chão não viam um feitiço de limpeza. A única coisa que mostrava que a casa ainda era habitada eram as inúmeras xícaras de chá que se acumulavam na pia da cozinha e só. Harry atravessou a sala deserta e saiu pela porta em direção ao caminho que levava à estrada.

A primavera já estava indo embora e o verão chegava luminoso e quente. Nada podia estar em maior desacordo com o deserto frio que Harry se habituara a ter dentro de si na última semana. Registrou o sol da manhã e a grama de um verde luxuriante quase com impaciência. Era como se a paisagem exibisse um tipo de felicidade indecente e ofensiva. Caminhou sem hesitação até perto do velho carvalho, as mãos enfiadas nos bolsos e não demorou a divisar as pernas compridas de Rony balançando de cima de um galho grosso em que ele se escorara. O amigo não o viu se aproximar e Harry ficou parado, sob o carvalho, olhando para o alto e sentindo que não conseguia sentir a raiva de Rony, que ele achava que sentiria quando o visse.

Tinha se recusado a vê-lo desde o início. Não precisou de mais que alguns segundos para perceber que os beusclainhs tinham obrigado Rony a trair o segredo quando o torturaram. Por isso, quando chegou com Joanne na Toca, chamou a todos os membros da Ordem da Fênix em condições de trabalhar, mas pediu expressamente que Rony não aparecesse na frente dele. Os que sabiam: Hermione e o próprio Rony, entenderam a princípio. Os outros provavelmente deduziram. Mas já haviam passado dias e Harry tinha que admitir, Hermione estava certa. Como sempre.

Rony ergueu a cabeça e levou um choque quando o viu.

– Harry! – Ele jogou as duas pernas para o mesmo lado do galho e pulou de cima da árvore, caindo exatamente na sua frente. Os dois ficaram se olhando sem saber o que dizer por uns instantes.

– Me ajuda a achá-los? – pediu Harry. Realmente não queria falar no assunto. De fato, em todas as vezes que tinham se estranhado, ele e Rony não precisavam conversar para se entenderem e voltarem às boas. Bastava simplesmente seguir em frente.

Rony deu um sorriso de lado e afirmou com um alívio enorme na voz.

– Nem que a gente tenha que virar esse mundo inteiro de cabeça para baixo.

– É – concordou Harry olhando dentro dos olhos do amigo e se sentindo feliz por ver que toda a sua raiva não resistia à sinceridade da dor de Rony – vai ser exatamente isso que a gente vai fazer.

O sorriso de Rony se tornou mais largo e no momento seguinte os dois caminhavam em direção à Toca fazendo planos de ação com uma energia renovada. Mal tinha chegado à metade do caminho e uma sucessão de plocs atrás deles os fez se virarem para o início da estrada. Snape tinha aparatado com Sarah e ao lado dos dois estava Draco Malfoy.

– O que ele está fazendo aqui? – reclamou Rony para Harry em voz baixa.

– Quanto quer apostar que não demoraremos nadinha para saber.

Ficaram parados observando os três se aproximarem. Sarah parecia muito nervosa e fazia um quadro dissonante com o jeito habitualmente fleumático de Snape e com o andar arrogante de Draco. Algum desavisado poderia até achar que ela era o centro do problema e que os outros dois estavam ali por acaso. Harry trocou um olhar com Rony. Nenhuma impressão poderia ser mais equivocada do que esta.

– Oi Harry, oi Rony – ela cumprimentou parecendo um pouco sem graça.

– Oi – disse Rony.

– Como vai Sarah? Aconteceu alguma coisa para vocês três aparecerem aqui a essa hora da manhã? – Harry olhou diretamente para os outros dois.

– Podemos conversar lá dentro, Potter? – falou Snape sem nenhuma inflexão na voz, mas Harry o conhecia o suficiente para identificar a gravidade do assunto.

– Claro.

Seguiram até a casa e depois de entrarem e se acomodarem nos sofás da sala, Harry resolveu passar por cima das regras de hospitalidade tão prezadas pela Sra. Weasley e sem dar espaço a qualquer tipo de gentileza, perguntou:

– Então?

Sarah olhou para os dois homens e falou antes que eles se pronunciassem.

– A culpa é toda minha Harry. Eu e as minhas manias. Você sabe que ainda não me acostumei com essas coisas bruxas e...

– Pare de bobagens, Serena – Snape repreendeu a irmã usando o nome que ela recebera da família Snape e não aquele pelo qual fora adotada e que ainda era usado pela maioria dos conhecidos(1). – Não foi tão grave assim.

– O quê foi grave? – perguntou Rony cruzando os braços em frente ao corpo e se postando logo atrás da poltrona em que Harry tinha se sentado.

Snape lançou um olhar a Draco, mas Malfoy não pareceu disposto a começar a falar.

– Draco resolveu dar um passeio fora do Orfanato – explicou Snape.

Harry e Rony olharam para o rapaz e depois para Sarah que torcia as mãos e fazia cara de quem pedia desculpas.

– E como ele conseguiu esse feito? – questionou Harry.

– Usei a chave – respondeu Draco cheio de tédio.

– Chave? – Rony pareceu não entender muito bem o que ele queria dizer.

– A porta do Orfanato tem apenas uma fechadura trouxa – desculpou-se Sarah parecendo muito envergonhada.

Harry olhou para Rony que, sem nenhum disfarce, rolava os olhos, cheio de impaciência, e depois se voltou para os três sentados a sua frente.

– Certo. Mas ele voltou. Então... qual é a parte realmente interessante da sua aventura, Malfoy?

Mas foi Snape que respondeu a pergunta de Harry.

– Draco teve um breve encontro com Lucius.

Harry levantou como se tivesse sido escaldado e Rony parou imediatamente do lado dele. Os dois com os punhos cerrados.

– O que foi? – Desafiou Draco com uma arrogância que ele provavelmente não demonstraria se Snape e Sarah não estivessem na sala. – Vão me bater antes de ouvirem o recado?

– Que recado? – rosnou Harry.

Draco lhe devolveu um sorriso desagradável.

– Não quer saber onde está a sua mulherzinha e os pirralhos, Potter?

O coração de Harry falhou uma batida e ele sentiu a mão de Rony cair pesada sobre o seu ombro. Primeiro achou que ele queria contê-lo de saltar em cima de Draco, mas logo percebeu que Rony estava era tentando conter a si próprio.

– Seu pai disse a você e você resolveu vir me contar?

– Um pouco disso e um pouco de outra coisa.

– Você é mais corajoso do que pensei, Malfoy.

– Por quê?

– Está enrolando, quando sabe que minha vontade é colocar o pé no seu pescoço e apertá-lo até você falar ou até fazer creck.

– Devo tremer de medo, então?

Harry deu um passo para frente, mas Snape surgiu na sua frente.

– Isso seria mais produtivo se você ouvisse o que Draco tem a dizer, Potter.

Draco deu um sorriso desagradável por atrás de Snape.

– Calma, Potter. A curiosidade matou o gato, lembra?

– Pare de provocar, Draco e fale! – Ordenou Snape.

Sentindo os olhos sobre ele, Draco se espichou na poltrona e fez uma careta quando um dos paninhos de crochê da Sra. Weasley enroscou no punho das suas vestes. Ainda demorando mais do que a segurança da saúde dele recomendava, o sonserino voltou a encarar Harry.

– Primeiro, vamos negociar Potter.

Harry rolou os olhos e puxou a varinha sem a menor paciência. A de Rony saltou ao lado dele e os dois as apontaram para Draco.

– Aii – gemeu Sarah – será que vocês não podem conversar civilizadamente?

– Eu me civilizo assim que transformá-lo num yaque – rosnou Rony.

– Controlem-se! – disse Snape com rispidez. – Draco! Por favor!

– O quê? Eu disse que tinha tomado uma decisão e que ia contar do meu jeito, esse é o meu jeito – explicou Draco.

– Ele te falou alguma coisa? – Harry perguntou para Snape baixando a varinha (Rony manteve a sua apontada para Draco), mas o ex-professor negou pressionando os lábios e voltou a sentar. – Ok. Então, o que você quer negociar Draco?

– Minha liberdade.

– O que quer dizer?

– Quero dizer que quando tudo isso acabar, eu quero que você interceda por mim junto ao Ministro. O tal do Norwood te adora. Quero que diga que fui muito colaborativo e que mereço voltar ao seio da nossa sociedade, mexer no ouro da minha família e ter minha mansão de volta.

– Me deixa azarar ele – pediu Rony, ansioso.

Harry ignorou o amigo.

– Sua informação vale tanto assim?

– Para mim, vale. Será que vale para você?

Harry acenou afirmativamente com a cabeça, se a informação o levaria mesmo até Gina, Lyan e os outros, então ela valia.

– Se quiser voto em você até para Papa – fora Sarah os outros não entenderam o comentário. – Está feito, Malfoy. Fale.

– Tenho a sua palavra, Harry Potter?

– Têm, Malfoy... Tem a minha palavra.

Draco deu um largo sorriso.

– Eles levaram sua mulher e os pirralhos para uma ilha no norte da costa da Escócia. Um deles tem uma fortaleza lá. A ilha é protegida por todo o tipo de magia, não está identificável em nenhum mapa, mas eu posso mostrar exatamente onde ela é. – Harry se mexeu pronto para conjurar um mapa. – Só tem um detalhe.

– Eu sabia – disse Rony.

– Qual? – questionou Harry.

– Somente você vai conseguir entrar lá e somente no início da noite do dia vinte e quatro de junho.

Harry franziu a testa.

– Explique-se.

Com um movimento lento, Draco tirou as costas do espaldar da poltrona.

– Haverá um portal que permitirá romper os feitiços defensivos da ilha, mas ele só vai estar aberto ao entardecer do dia vinte e quatro. E só você poderá atravessar porque o Lord das Trevas ordenou que o feitiço só se abriria para quem tivesse o seu sangue.

Rony soltou um palavrão, mas Harry não tirou os olhos de Malfoy.

– Seu pai lhe contou tudo isso?

– Aham.

– E mandou você vir contar para mim.

Draco sorriu.

– Hei! – Berrou Rony. – Então afinal, do lado de quem ele está? – perguntou apontando para Draco que apenas revirou os olhos.

– Parece óbvio, não Weasley? Do meu.

– E isso tira qualquer mérito seu para que Harry o ajude, Malfoy. É uma armadilha, Harry!

– Claro que é – concordou Harry. – E Voldemort e seus comparsas não têm a menor dúvida de que eu irei. Deixe-me perguntar uma coisa, Malfoy. Quando você deveria me avisar?

– No dia vinte e quatro e mostrar aonde ir.

– Quando ele te avisou?

– Acho que no dia em que o “pirralhedo” sumiu.

– Você não esperou o dia vinte e quatro... e também não veio imediatamente contar – comentou Harry.

– Eu estava pensando – respondeu Draco com cinismo.

Rony se bateu contra o ombro de Harry.

– Deixa eu socar ele, vai? Só um pouquinho?

– Se eu vencer você tem minha palavra de que eu o ajudarei a voltar às boas com a sociedade bruxa, se Voldemort vencer... você cumpriu à risca as ordens dele – concluiu Harry ainda com os olhos presos em Draco.

– Eu sei – disse Draco animado. – Não é genial?

Dessa vez, Harry teve de se virar e segurar Rony realmente.

– Para, Rony!

– Seu... seu...

Harry demorou alguns segundos até conseguir que Rony desistisse de pular em cima do sonserino. Sarah olhava o garoto loiro com uma expressão de asco e Snape voltara a ficar em pé, pronto para intervir em caso de agressão física, mas não parecia condenar Draco. Pelo contrário, havia um tipo de inquisição no seu olhar quando Harry, após controlar Rony, se virou para ele. Era como se ele desafiasse Harry a pensar. E, na verdade, Harry achou que nunca em toda a sua vida sua mente raciocinara tão rápido.

– Chama a Hermione, Rony. O Lupin, o Moody e todo o pessoal da Ordem que você encontrar.

– Mas Harry?

– Acredita em mim, Rony. A informação do Malfoy vai valer para salvar o traseiro dele.

Rony mexeu a cabeça de um lado para o outro, incrédulo.

– Como? Ele passou a informação exatamente como o pai dele mandou. Qual é o mérito disso?

– Tempo, Rony. Ele nos deu mais tempo do que teríamos – Harry notou que Snape parecia satisfeito com a sua conclusão. – Nos deu uma chance.

– Viu como eu posso fazer parte do time dos bonzinhos?

Rony rosnou mais uma vez.

– Ainda acho que você merece um soco no meio das fuças. Mesmo que a sua informação nos faça vencer.

– SE vocês vencerem, Weasley – caçoou Draco.

– Se sua dúvida fosse tão grande assim, Draco – arrematou Harry – você não teria vindo me contar.



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Nota da amiga palpiteira: Eu procurei! Coloquei de lado, (só pelo tempo da leitura), a amiga e cutuquei a leitora voraz que existe em mim. E procurei! Um fio da meada que não estivesse perfeitamente bordado na trama, um detalhe que destoasse, uma contradição, uma explicação falha, uma escorregada na caracterização de algum personagem, ou algo do gênero... Só encontrei capricho, inspiração e talento, todos inabaláveis diante de minha investigação. * Aqui a amiga mostra a língua para a leitora, com cara de eu-te-disse-não-disse? * - Aplaudindo este capítulo, Anam, divido meu pobre coração abalado entre a admiração por você, e o terror absoluto do que está por vir... Mais que nunca, te peço: Se cuida! Colocar nossos amados personagens em tais situações desesperadoras é extremamente desgastante emocionalmente. Cuide deles por nós, talentosa autora! E cuide de você, por nós! – Um beijo enorme no seu coração, Anam!! Aplausos e assobios ensurdecedores!! Que todas as fadas literárias te cubram de inspiração e de proteção, igualmente!! – E EU ESTOU CURIOSA!!!!! Está dando até brotoejas...ai ai, ai!!!!De curiosidade ou de medo! Muito provavelmente de medo mesmo...:O - ;D

N/A: Infelizmente será outra N/A curtinha em que não poderei responder a todos individualmente. As razões são as mesmas de sempre, então não me alongarei nelas.
Quero apenas que saibam que valorizo e me encanto com cada comentário, cada nome antigo ou novo que aparece comentando a fic. Escrever o Retorno das Trevas tem sido, sem exagero, uma das experiências mais gratificantes da minha vida e eu devo isso a vocês. Meu imenso obrigada pelos comentários emocionados, passionais, raivosos, doídos. Cada um deles foi uma luzinha quente nos meus dias deste inverno excepcionalmente frio.

Agradeço enormemente aos meus betas (sim, tenho mais de um *sorrisão*), sem essa acessória de primeira, essa fic não seria possível. Belzinha, Darla, Radagst e Sônia Sag, amo vcs!

Eu tinha o plano de acabar esta fic antes do lançamento do livro 7. Porém, não tenho nenhuma ilusão de que vá conseguir isso, então espero sinceramente que:

1) Aqueles que, como eu, lerem o livro em inglês ou as rápidas traduções na internet, não me abandonem.
2) Aos mesmos, peço que em comentários futuros não ponham spoilers sobre o livro para não estragar a festa de quem ainda não leu, certo?
3) E, principalmente, aviso que: o final desta fic está pensado desde o dia em que escrevi o primeiro capítulo, assim, não pretendo fazer ajustes para que ela fique de acordo com o fim da saga. E caso (é remoto, mas pode haver dada algumas imagens da capa do livro que foram divulgadas) ocorram semelhanças longínquas ou próximas entre acontecimentos que vou escrever e o livro (sonha Sally), fiquem avisados: eu pensei tudo isso em janeiro de 2006, ok?

Obrigadão a todos os que comentaram:

Priscila Louredo (claro), Larissa, Manhães, Tonks Butterfly, Luisa Lima, Tucca Potter, Livinha, Guida Potter, Íris Potter, Henrique Malfoy, Gina W. Potter, Ana Carol, Paty Black, Srtáh Míííhh, Lica Martins, Bernardo Cardoso Silva, Alessandra Amorim, Ana Carolina Guimarães, Luh (Valeu!), Gessy Silva, Belzinha, Charlotte Ravenclaw, Natinha Weasley, Sônia Sag, Suzana Barrocas, Pámela Black, Kika (tava com saudade), Lili Negrão (Liz), Mimi Potter, Hannah Burnett, Hellzita, Daniella Granger, Maria Lucinda Carvalho de Oliveira, Mayana Sodré, Bruna Pazarolo, Mi Potter, Patrícia Ribeiro, Drika Granger, Richard A. Black, carol potter, Eleonora, Beatrice Potter, Grazi DSM (hahaha, greve é?), Taciana, Liliane Mangano, Andressa Domingues, Edu Pimentel, Lady Eldar, [*Cris Potter*], Myrthes.

Um beijo enorme e até o próximo.
Sally

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