Dia das Bruxas



Capítulo 21



Dia das Bruxas


“Quereis provar sem freio ou visão estreita?
Provar de tudo, sem medida?”

Fausto, Goethe (1ª Parte, 1808).



Hermione fechou a edição especial do Profeta Vespertino, afastando-o das mãos de Sirius que estava no seu colo e tentava rasgar o jornal. Virou-se para os amigos com uma expressão da mais pura satisfação.

– Sabem que eu ainda não acredito? – Ela não conseguia parar de sorrir, enquanto ajeitava o garoto no colo. – Mais de dez anos! Dá para imaginar? Todo esse tempo para aquela mulher maligna finalmente receber o que merecia depois de tudo o que ela fez.

– Você foi brilhante, Mione! – Ana tinha a mesma expressão eufórica da amiga. – Eu ainda não sei como vou fazer, mas vou dar um jeito de “todo” mundo ficar sabendo o que aconteceu*. Pode apostar que vou!

Hermione riu do entusiasmo da cunhada, mas não conseguiu disfarçar um ar meio presunçoso.

– Como foi que você fez a Emilia Bulstrodge concordar em ceder aquela memória, Mione? – Perguntou Gina.

– Ahh... bem, não foi difícil, sabe? O envolvimento do tio dela com os Comensais repercutiu muito mal para o negócio de vassouras de corrida da família dela depois da guerra. Eu a persuadi de que fazendo isso, ela poderia limpar o nome dos pais. Quando falei que teria imprensa por lá, ela praticamente me jogou a memória nas mãos.

Estavam sentados na varanda coberta e cheia de plantas da casa dos Potter e o dia, apesar de chuvoso, parecia extraordinariamente alegre depois da vitória da manhã. Harry, Gina, Rony, Hermione, Carlinhos e Ana haviam se instalado naquela parte abrigada da casa, já que o dia ainda não exigia lareira. Dobby havia lhes servido um lanche de chá e bolo com pedaços de cereja, passas e laranja cristalizada (“adoro essas manias inglesas”, comentava a brasileira). Carlinhos estava espalhado na namoradeira com Ana acomodada nos seus braços, enquanto Harry se estendia numa daquelas cadeiras longas de jardim com Gina deitada entre suas pernas, a cabeça dela escorada no peito.

Hermione segurou Sirius pelo lado do corpo e se serviu de chá mais uma vez, lançando um olhar para as costas de Rony. O rapaz era o único que estava em pé. Olhava pela parede envidraçada para o quintal desfolhado, as mãos firmemente enfiadas nos bolsos das calças.

– Rony... – ela chamou – seu chá já esfriou, querido... você quer outro?

Ele resmungou algo ininteligível sem se virar e Hermione voltou a pedir ajuda dos amigos com os olhos. Não era a primeira tentativa da tarde de trazer Rony para a conversa.

– Acalme-se garoto – disse Carlinhos descontraído, mas mantendo uma certa autoridade de irmão mais velho. – Já passou. Não aconteceu nada demais.

Rony virou fuzilando o irmão com o olhar, o pescoço e as orelhas escarlates. Harry conhecia Rony bem o bastante para saber que ele não ia se acalmar e nem desenfurecer na rapidez que Mione e Carlinhos queriam.

– Você não tem moral para ficar me dizendo isso, Carlinhos! Se põe no meu lugar e você vai ver que é melhor ficar quietinho!

Carlinhos fez menção de reagir, mas lançou um olhar para Ana e mudou de idéia, parecendo concordar com o irmão. Olhou para Hermione e ergueu os ombros num pedido desculpas.

Harry abraçou Gina com mais força, compreendia Rony plenamente. Na verdade, ele mesmo tinha achado que fora por muito pouco e que Hermione tinha se arriscado em não calcular um possível gesto tresloucado da Umbridge. Não que ele culpasse a amiga, afinal, ninguém poderia prever que a sapa velha se descontrolasse a tal ponto que, ao invés tentar lançar uma azaração qualquer contra ela, lançasse uma maldição da morte. Mas, Hermione – apesar do insólito da situação – achara que a ação intempestiva da sub-secretária sênior do Ministro da Magia tinha sido, nas palavras dela, a cereja do Sunday, já que Dolores ganhara dali uma passagem direta para Azkaban. Rony é que não assimilara tão fácil o fato dela quase ter sido assassinada, bem diante dos seus olhos.

Hermione levantou e caminhou até o marido com o filho nos braços. Rony tornara a fixar o jardim com o mesmo olhar perdido, ofegando levemente; ela passou o braço livre em torno da cintura dele.

– Rony... Não teria acontecido nada de qualquer forma – Hermione falou suave. – A sala estava cheia de Aurores... Tinha muita gente de olho.

– Claro – ele retorquiu cheio de sarcasmo – foi só impressão minha o fato dela só ter sido estuporada “depois” de ter tentado te matar. – Ele bufou. – Se não fosse o Harry, eu...

Hermione se aproximou mais, enquanto Sirius puxava o pai pelo suéter, mas ficou em silêncio. Demorou ainda alguns segundos antes que Rony, finalmente, voltasse a interagir. Ele passou o braço em torno da cintura de Hermione, apertando ela e Sirius com força contra o peito, os olhos brilhando.

– Ahh Rony, não fica assim – animou Gina. – Vamos pensar em coisas alegres!

– Tipo o quê? – Quis saber Harry, se curvando para olhar o rosto dela.

– Tipo... – Gina fez um ar sonhador – a Umbridge em Azkaban... numa cela úmida, apertada, mal cheirosa, sem nem um casaquinho horrível ou um lacinho de veludo para consolá-la...

– Com vista para um lindo e cantante ninho de agoureiros – completou Ana segurando o riso e se servindo de mais um pedaço bolo de frutas.

Os três homens trocaram olhares divertidos e falsamente horrorizados.

– Vocês são monstruosas! – Brincou Carlinhos.

As garotas rolaram de rir. Rony, um pouco mais calmo, soltou Hermione indo sentar em uma poltrona, puxando-a em seguida e acomodando ela e Sirius no seu colo.

– Nem tanto, Carlinhos – comentou Hermione equilibrando Sirius que agora parecia querer escalar os pais e dando um sorriso resignado. – Na verdade, tenho até medo que ela não fique lá muito tempo.

– O quê? – Rony reagiu como se tivesse levado uma bordoada.

– Bem... – prosseguiu Hermione – a Umbridge é política... Eu garanto que ela vai “mexer” todos os “pauzinhos” que tem para não ficar lá.

Harry não estava acreditando no que a amiga falava.

– Mas... depois de tudo o que aconteceu no Tribunal?

Hermione ergueu os ombros.

– Ela é muito bem relacionada e acredito que saiba de muita coisa que gente poderosa, ou com uma carreira política a zelar, não gostaria que o resto da bruxidade soubesse.

– Como o quê e quem? – Questionou Carlinhos.

– O Fudge, por exemplo. Ele sempre abafou o fato de que o Ministério recebeu gordas “doações” de Lucius Malfoy, na mesma época em que a verba de publicidade do governo, junto ao Profeta Diário, praticamente dobrou. Ahh... e isso foi no nosso quinto ano, Harry. Descobri mexendo nuns arquivos fiscais antigos do Ministério.

Harry fechou os olhos por um instante, absolutamente enojado. Não estava surpreso realmente – sempre desconfiara que rolara dinheiro na campanha que o Profeta Diário fizera contra ele e Dumbledore logo após o retorno de Voldemort – mas era esse tipo de canalhice que, às vezes, lhe dava vergonha de trabalhar junto ao governo do mundo mágico.

– Você quer dizer que ela pode escapar? – Rony estava abismado. Ele puxou Sirius que já estava quase acavalado no seu ombro e o menino reclamou.

– Bem, as acusações e as provas contra ela são muito sérias, mas ela pode tentar alegar que estava fora do seu juízo ou coisa assim...

– Peraí, Mione! – Rony fazia negativas com a cabeça. – Ninguém questiona o fato de que ela... Ela é louca!

– É, Rony, mas o problema – explicou Hermione pegando Sirius para ver se ele ficava quieto – é que ela pode usar isso para ser transferida para o St. Mungus, ao invés de ficar em Azkaban. E convenhamos que o hospital é bem mais confortável e menos isolado do que a prisão.

– Isso é bem comum na Justiça trouxa – confirmou Ana. – Em alguns casos é verdade, em outros é fraude e, é claro, só funciona como escapatória para gente muita rica. Eu, pessoalmente, acho que mesmo não sendo exatamente uma pessoa normal, a Umbridge sabia exatamente o que estava fazendo. Mas talvez, ela só precise de testemunhas que digam justamente o contrário... isto é, que ela não sabia o que estava fazendo.

– Isso é asqueroso! – Revoltou-se Rony e Hermione lhe fez um carinho nos cabelos antes de dizer.

– Bom... é aí que entra a Rita Skeeter.

– Como? – Harry não entendeu e pelas caras de Carlinhos e Rony, eles também tinham ficado boiando.

Hermione e Gina trocaram um sorriso malvado.

– Ahh, vocês sabem – começou Hermione – o Colin e a Luna são da imprensa, mas são do bem... já a Rita...

– É o que os trouxas chamam de imprensa marrom – explicou Ana que, como Gina, tinha entendido o plano de Hermione.

– Isso quer dizer – disse Gina triunfante – que mesmo que ela consiga sair de Azkaban, do St. Mungus ou do raio que o parta... Toda a vez que ela tentar levantar de novo e puser as manguinhas de fora... a Rita, como uma boa repórter sensacionalista, vai colocar a boca no trombone, só para fazer escândalo e pegar no pé de qualquer figurão que a Umbridge queira trazer para o lado dela. – Gina mexeu o corpo como um gato satisfeito depois de devorar um canário. – Não ficou lindinho o plano de longo prazo da minha cunhadinha?

Harry achou que tinha que permanecer sério, afinal rir da desgraça alheia não era algo muito correto de se fazer, mas não conseguiu, principalmente diante dos olhos arregalados com que Rony mirava a esposa.

– Bem, meninos – comentou Carlinhos igualmente estupefato. – Se isso é uma amostra do que as nossas doces esposas podem fazer, então, acho que, se algum dia, algum de nós ousar pular a cerca, não podemos esperar nada menos que a “danação eterna”!

Os seis acabaram caindo na risada, o que fez Sirius bater palmas entusiasmado, mas foi possível ver que Rony finalmente descontraía.

– Falando em “pular a cerca” – comentou Rony parando um pouco de rir. – Qual é a do Oates, hein?

Ana revirou os olhos.

– O que foi que o garoto fez dessa vez, Rony? O cara respira e você implica com ele.

– Ele não gosta do Harry e eu não gosto dele – respondeu Rony com naturalidade. – E gostei menos ainda do fato dele chegar de mãos dadas com uma garota, que parecia ser namorada dele, já que ficaram trocando beijinhos e depois ele ficou um tempão sem tirar os olhos de cima da Gina.

Harry ergueu a cabeça imediatamente.

– Ele fez o quê?

Hermione e Ana deram risadinhas.

– Eu também notei – concordou Carlinhos, sério, e justificou-se sob o olhar divertido de Ana. – Não, não estou bancando o irmão ciumento, mas nesse caso o Rony tem razão. Aquele rapaz tem uma coisa que é... esquisita.

– Ah também não é assim – falou Hermione se servindo de bolo. – A Gina sempre teve admiradores.

– Eu que o diga! – Resmungou Harry, mas a ruiva riu.

– Gente, por favor! Me respeitem! Eu sou uma senhora grávida! O garoto estava provavelmente se perguntando como eu consegui dobrar de tamanho em tão pouco tempo.

Harry protestou contra o último comentário, mas era óbvio que as garotas não estavam levando a sério as especulações ciumentas dos irmãos Weasley, e as piadinhas delas acabaram desviando o assunto.

O resto da tarde e da noite não poderiam ter sido melhores. Conversaram sobre assuntos alegres, riram das brincadeiras do pequeno Sirius e das disputas de Dobby e Winky por causa do bebê. O menino tinha agora como diversão escapar dos dois, engatinhando muito rápido (ainda era inseguro para caminhar), quando eles começavam a brigar. Em sua última “fuga”, Rony o encontrou escondido atrás da porta da cozinha com um pote de creme de avelã, ou melhor, com um pote, o creme havia sido diligentemente espalhado pelos cabelos, roupas e paredes. Gina e Ana tiveram uma crise de riso diante do ruivinho completamente marrom parecendo meio envergonhado no colo do pai, enquanto Harry e Hermione tentavam impedir os dois elfos de castigarem a si próprios pela arte do garoto.

– Bem – comentou Carlinhos, às gargalhadas, tirando o creme de cima do sobrinho e do irmão usando a varinha como um aspirador – acho que o Sirius vai ter sorte se conseguir crescer normal no meio das brigas desses quatro.

Como sempre, os amigos foram embora tarde da noite da casa dos Potter. E quando Gina e Harry chegaram ao quarto, a garota praticamente desmaiou na cama. A tensão e o cansaço do dia tinham sido demais para o estado dela. Harry, ao contrário, demorou muito ainda para dormir. A cabeça fervia. Não por causa de Umbridge ou do Ministério. Era engraçado a dimensão que coisas assim passaram a ter diante dos seus olhos. Tudo isso era tão pequeno. Tão menor. Tão menos importante que a mulher deitada ao seu lado... que as duas crianças que cresciam dentro dela. Era a necessidade de saber o que o esperava quando abrissem o Livro de Fausto que lhe tirava o sono. Harry se acomodou melhor na cama só para ficar olhando Gina dormir. Bellatrix e Lucius Malfoy iam se arrepender de ameaçar a sua família mais uma vez. Mas... como certa vez lhe disse Dumbledore, Voldemort e seus comparsas nunca tiveram a menor idéia de com quem estavam lidando.

Adormeceu agarrado à Gina, mas teve uma noite inquieta, cheia de sonhos confusos com vultos estranhos, gritos e choros miúdos, que o fizeram acordar assustado, com a impressão desesperadora de estar sozinho na cama. Na terceira vez que isso aconteceu, o sol já estava nascendo, e na sua mente ainda vagava um sinistro par de olhos vermelhos com fendas viperinas. Harry sentia o coração ribombar dentro do peito. Será que agora ele começaria a ter pesadelos? Gina não os tinha há semanas... Respirou fundo diversas vezes buscando se acalmar. Puxou Gina, gentilmente, de forma que ela pudesse se acomodar nele, fazendo de tudo para não acordá-la. Não ia voltar a dormir, mas também não ia levantar enquanto a sensação horrível de estar sozinho não desaparecesse por completo.

Harry preferiu não comentar nada com Gina. A luz do dia ajudou a convencê-lo de que os pesadelos não passavam de bobagens da sua cabeça. Os dois estavam tomando o café da manhã quando a cozinha foi praticamente invadida por uma tempestade de corujas. Além do Profeta Diário e do Pasquim, este último em edições especial, havia muitas cartas de amigos e antigos colegas felicitando-os pela derrota da – nas palavras deles – “sapa velha”. A A.D. inteira escreveu em pergaminhos timbrados com o antigo brasão do grupo, coisa que Harry não pôde descobrir se era combinado ou não.

Os dois se divertiram lendo os comentários dos amigos. Ao que parecia, Harry tinha subestimado, talvez em razão da sua própria “experiência” com a ex-professora, a mágoa e a raiva que os outros alunos de Hogwarts guardavam dela. Contudo, duas das cartas tinham um conteúdo um pouco diferente. Uma era de Quim, que perguntava quando poderia ter o seu melhor grupo de Aurores de volta; a outra fora enviada por Snape.

– O que ele diz? – Perguntou Gina, ansiosa, enquanto Harry abria o pergaminho e lia a caligrafia miúda e garrachosa já sua conhecida.

– É sobre o livro... – sentiu Gina prender a respiração – ele confirmou. Nós vamos abri-lo à meia-noite do dia das Bruxas. Pede para chegarmos pelo menos uma hora antes.

– Ele dá alguma idéia do que vocês vão enfrentar?

– Não... talvez nem ele saiba... – respondeu Harry reflexivo. Gina colocou a mão sobre a dele e Harry fixou por um instante os dedos entrelaçados. – Me desculpe – falou baixinho.

– Do que está falando?

– Disso tudo – respondeu com um suspiro pesado. – Eu queria... eu queria poder te dar uma vida mais normal.

Gina deu um sorriso enviesado e ergueu o rosto dele, forçando-o a encará-la.

– Convença-se de uma coisa, garoto! Com ou sem você, eu não sou exatamente uma pessoa normal... não sou nem mesmo uma bruxa normal. Essa vida que você lamenta a gente não ter, eu não teria de qualquer jeito. Mas eu prefiro não ter uma vida normal com você do que ter a mais plácida das existências sem você.

Harry não teve outra resposta àquilo senão puxá-la para o colo e beijá-la longamente.

– Você diz essas coisas e faz eu me sentir um idiota, sabia?

Ela riu.

– E você é... quando diz coisas idiotas.

Harry fez uma cara de criança que é pega fazendo arte, mas Gina não pareceu se comover. Com uma expressão resoluta, ela levantou e o puxou pela mão.

– Onde vamos? – Perguntou desconfiado.

– Quarto das crianças. Pelo visto o Quim logo vai acabar com a sua licença e eu quero aproveitar enquanto posso.

– Não é melhor fazer isso no nosso quarto?

Gina se virou com um ar zombeteiro, rolando os olhos e colocando a mão na cintura, à maneira da Sra. Weasley.

– Estou falando de decoração, Harry! Tipo: eu dou ordens, você movimenta os móveis, eu dou ordens porque não gostei como ficou e você os movimenta de novo...

Lançou-lhe um olhar sedutor e voltou a puxá-lo com disposição.

– Andar com a Hermione e ver os filmes trouxas dela está fazendo muito mal a você! – Harry resmungou bem humorado enquanto a seguia.

Os dias que faltavam para o fim do mês foram vividos com uma expectativa febril. Embora tentassem disfarçar, Harry podia observar que cada um dos seus amigos repetia reações que lhes eram próprias em momentos críticos. Rony já adquirira aquele leve tom esverdeado que lhe era característico antes dos jogos de Quadribol na escola. Hermione era reconhecível somente pelo cabelo cheio que aparecia por trás das bordas dos livros que ela não tirava da frente dos olhos. Carlinhos tinha afundado naquele mutismo exasperante que Ana aprendera a identificar com nervosismo. A brasileira, ao contrário, era pura agitação, não conseguia nem ficar sentada nos dias em que todos iam para a casa de Remo e Tonks discutir as possibilidades e estratégias para enfrentar os feitiços protetores do Livro de Fausto. Até McGonagall, nas vezes em que apareceu, estava extraordinariamente rígida. O que, em se tratando dela, não era pouco coisa.

Snape, em compensação, simplesmente não se comunicou mais com eles. Não respondeu as cartas que eles mandaram e nem deu qualquer outra indicação. Ana foi até a sua casa, a pedido de Harry, mas não conseguiu passar da soleira da porta.

– Smith, eu realmente pensei ter escolhido os mais preparados da Ordem, mas, pelo visto... me enganei. Tenho uma sobra de poção calmante se você quiser levar?... Não? Bem, nesse caso, até o dia das Bruxas.

E fechou a porta na cara dela com um sorriso desdenhoso nos lábios finos.

Na tarde do dia 31, Harry e Gina foram almoçar na Toca. Gina ia ficar com os pais enquanto ele, Rony e Mione iriam para a sede da Ordem, juntamente com o resto do grupo escolhido por Snape para abrir o livro. Tentaram passar a tarde como se fosse um outro dia qualquer. Harry ficou boa parte do tempo conversando com o Sr. Weasley, coisa que sempre gostara muito, dispondo-se a responder todas as perguntas do sogro sobre o que estava acontecendo. O sol já estava se pondo quando ele foi até o jardim para buscar Gina – Sra. Weasley insistira que eles jantassem juntos antes que Harry seguisse para o Largo Grimmald – e a garota tinha saído para esticar as pernas. Gina dizia que os bebês incomodavam se ela ficava muito tempo sentada.

Harry a avistou de costas, voltada para o canteiro de ervas, envolta num longo xale vermelho, sobre o qual o vento brincava com os seus cabelos.

– Sua mãe está chamando para jantar – disse se aproximando.

Ele fez o movimento de colocar as mãos sobre a cintura dela, mas antes que a tocasse, uma espécie de choque elétrico o jogou a quase um metro de distância, as mãos formigando como se uma centena de minúsculas agulhas se cravassem nelas. Harry olhou para Gina, que agora se voltava lentamente para ele, e com um pavor crescente viu pela primeira vez o que Mione e Rony tinham lhe contado sobre ela na noite em que Voldemort morrera.

No lugar dos olhos castanhos e brilhantes, duas orbes escuras, sem íris o miravam com uma expressão indefinível e emanando tal quantidade de magia que Harry podia sentir os pelos dos braços e da nuca se arrepiarem. Demorou alguns instantes antes que Gina piscasse diversas vezes e, como quem espanta uma mosca incomoda, voltasse aparecer ela mesma.

– Eu te machuquei? – Perguntou preocupada, mas sem se aproximar.

Harry negou e tentou diminuir sua expressão de susto, embora o coração parecesse que ia sair pela boca. Gina deu um sorriso fraco e ergueu um galho de urze que tinha nas mãos e do qual saíam flores lilases em profusão.

– Eu tenho sentido ficar cada vez mais forte – comentou, analisando o galho. – Eu o peguei completamente seco do chão e sem o menor esforço, sem nem tocar na minha varinha, ele floresceu.

– Isso... – Harry se aproximou devagar – isso não é tão incomum. Somos bruxos, afinal...

Ela girou o galho no ar, mas não disse nada.

– O que era? – Harry tinha até medo da resposta. – Seus olhos... eles estavam...

– Estavam como o Rony e a Mione descreveram? – Harry confirmou com a cabeça. – Acho que ficam assim quando me deixo levar.

Harry achou que sua expressão ainda devia estar muito assustada, porque Gina largou o galho e o abraçou.

– Não fique preocupado, amor. Já disse que os poderes de Aradia são a nossa vantagem. E vão ser mais importantes ainda quando eu aprender o que posso fazer com eles e com controlá-los. Eu os tenho sentido crescer... mas acredite, não há nada com que você se preocupar. – Ela lhe deu um beijo suave e depois voltou a encará-lo com aquela expressão dura e intensa que fazia Harry sentir as pernas bambas. – Quero que me prometa uma coisa, Harry. Prometa que, aconteça o que acontecer esta noite... você vai voltar pra mim, inteiro.

Harry riu.

– Gina, não precisa ficar preoc...

– Apenas prometa – ela pediu com doçura.

Ele concordou, mas as palavras foram abafadas pelos gritos de Rony à porta da cozinha, seguidos de reclamações de que o jantar estava esfriando. Ele e Hermione haviam acabado de chegar trazendo Sirius para ficar com os avós.

Harry, Rony e Hermione se despediram após o jantar e aparataram direto no largo Gimmauld. Harry ainda se perguntou se deveria contar para eles a cena com Gina no jardim, mas antes que respondesse a si mesmo, já estava narrando tudo em detalhes. Rony não pareceu gostar nem um pouco, mas ficou calado, e mesmo à luz fraca dos postes da rua, deu para notar que o tom esverdeado voltava ao seu rosto. Hermione, no entanto, concordava com Gina sobre a vantagem que os poderes de Aradia representavam para eles naquele momento.

– E a tal coisa do poder religare – quis saber Harry, antes de entrarem no número 12 – vocês duas já conseguiram descobrir o que significa?

Hermione parou de andar.

– Ainda não... mas tem uma coisa que tem me intrigado. – Os dois rapazes se voltaram para ela. – A forma como Gina descreve o que sente quando os poderes afloram. É diferente do que você descreve, Harry.

– Você quer dizer de quando o Harry faz aquelas coisas esquisitas? – Perguntou Rony e Hermione confirmou.

– O que tem de diferente? – Harry não gostou do fato das duas andarem conversando alguma coisa sobre a qual ele e Rony estavam sendo mantidos do lado de fora.

– Bem, você descreve algo que se manifesta quase como um instinto, certo? – Ele acenou com a cabeça. – Gina diz que deixa de sentir o corpo, como se ela se mesclasse com o ambiente.

Rony fez uma careta.

– E você acha isso significativo?

– Muito! – Hermione respondeu com os olhos brilhando. – Acho fascinante as formas variadas pelas quais a magia pode se manifestar em bruxos diferentes.

Rony trocou um olhar sugestivo com Harry, antes de comentar.

– Você fala como se eles fossem objeto de estudo, Mione!

– Bem – ela ergueu os ombros – cada um com seus poderes, Rony. Estudar é o meu – completou seguindo em direção à porta da Mansão Black.

Harry concordou silenciosamente com a cabeça olhando para Rony e saiu atrás da amiga.

– Ok – disse o ruivo resignado, seguindo os dois – e qual é o meu poder nessa história toda?

Hermione virou-se com um sorriso maroto.

– Por favor – atacou Harry com as mão para o alto – não ouse responder isso em voz alta.

Ele teve certeza que a gargalhada alta de Rony fez alguns trouxas das casas vizinhas virem às janelas conferir quem era o escandaloso que atrapalhava o descanso das pessoas “de bem”, mas os três já haviam entrado pela porta e não restava mais nem sombra de que havia uma casa de número 12 naquela praça.




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O time de Quadribol da Grifinória teve seus momentos. Foi virtualmente imbatível entre 1973 e 1978, na época em que Tiago Potter era o apanhador da equipe. Em fins dos anos 80, Carlinhos Weasley, jogando nessa mesma posição, levou a Grifinória a pelo menos três títulos do Campeonato das Casas. Uma nova época de ouro, apesar de inúmeros percalços, teve lugar nos anos 90, quando Harry Potter ocupou por sete anos a posição-chave de apanhador. Não se pode negar que essa foi uma época em que a Grifinória teve times realmente bons e com jogadores de exceção. Olívio Wood e Angelina Johnson, por exemplo, são, hoje, jogadores profissionais da Liga Britânica de Quadribol e brilhavam já na época em que jogavam na escola. E, claro, a Grifinória pode contar novamente com o talento dos irmãos Weasley. Primeiro os gêmeos, Fred e Jorge, os melhores batedores que a casa viu em décadas. Depois, Rony Weasley. Um goleiro irregular, é verdade, mas que, num bom dia, era capaz de fechar completamente os aros para o adversário. E, obviamente, a polivalente Gina Weasley. A caçula da família era uma artilheira genial e ainda uma reserva à altura para o Potter. Foram quatro títulos para os leões entre 1991 e 1998.

Sim, a Grifinória realmente teve os seus momentos. Mas, estas lembranças povoavam somente a memória dos mais fanáticos. Gente como Minerva McGonagall, que agora caminhava em direção ao campo de Quadribol de Hogwarts para a abertura da temporada. Mesmo sendo diretora da escola e, por dever de ofício não poder ter preferência por nenhum dos times, a velha professora não conseguia impedir a si mesma de sonhar com o dia em que Weasleys e Potters voltariam para Hogwarts e torcer para que o talento dos pais se manifestasse nos filhos. Ela obviamente nem cogitava a possibilidade de Kenneth, Sean e Sirius Weasley ou Lyan e Joanne Potter não virem a ingressar na Grifinória. “Ridículo”, resmungou mentalmente a diretora, “como se eles pudessem ir para qualquer outra casa”.

Contudo, esses eram ainda sonhos distantes. O momento, agora, era da Lufa-lufa e Otwani Schakclebolt, com seus dezessete anos e do alto de seus mais de 1,80 de altura, goleiro, capitão, símbolo do time, podia andar pelos corredores de Hogwarts como se fosse o dono da escola. A temporada nem havia começado, mas depois dos texugos terem abocanhado os últimos cinco títulos, poucos duvidavam que Schakclebolt não faria de tudo para fechar seu tempo em Hogwarts com chave de ouro. Por mais que doesse, no entanto, boa parte dos torcedores – mesmo os irracionalmente fanáticos por suas casas – não conseguiam deixar de admitir que era um privilégio ver um gênio jogar. Otwani era, simplesmente, aquele tipo de esportista que reconhecemos nascer um em cada século e ele nunca deixou o campo sem estar sendo aplaudido até mesmo pelos adversários, ao menos por aqueles apreciavam a arte do Quadribol acima das rivalidades. Nem o jogo violento da Sonserina, ou as táticas bem orquestradas da Corvinal ou a garra da Grifinória poderiam qualquer coisa contra isso. Este era, sem dúvida, o momento da Lufa-lufa.

O jogo Lufa-lufa contra Sonserina estava marcado para ser o primeiro da temporada e Mel e Josh observavam a movimentação dos torcedores em direção ao campo, enquanto aguardavam Hector, Andrew e Danna nas portas do castelo. Mel estava excitadíssima. Era o primeiro jogo de Quadribol, de verdade, que ela ia assistir em Hogwarts.

– Seu irmão é tão bom quanto dizem? – Perguntou enquanto saltitava alternando os pés para espantar o frio da manhã de sábado.

– Melhor! – Respondeu Josh com evidente orgulho. Otwani era seu ídolo tanto quanto Lane era seu carma na terra (nas palavras dele). Completou diante do sorriso da amiga. – Você veria o quanto ele é realmente bom se os outros times tivessem artilheiros que o desafiassem, mas não têm.

– Bom – retrucou Mel tentando inteirar-se dessa parte do mundo mágico que todos achavam “tão” importante – ouvi dizer que a Kathelin Boot é excelente.

Josh mexeu a cabeça.

– É razoável, mas ela não consegue fazer muito... Desculpa, Mel, mas o resto do time da Corvinal é uma piada.

Mel pensou em defender a sua casa, mas nunca vira o time jogando e até lá teria de aceitar a opinião de Josh ou trocar de assunto.

– Até que enfim! – Exclamou quando os três Grifinórios apareceram na porta. – Vamos pegar lugares horríveis se a gente não se apressar.

Os cinco tomaram o rumo do campo de Quadribol junto com a multidão de alunos risonhos por causa do jogo e também do frio, que fazia muitos baterem os dentes. Como essa era uma das partidas em que eles poderiam torcer juntos – estariam ao lado de Josh e contra a Sonserina (praticamente dois balaços num só golpe) – os cinco portavam as cores da Lufa-lufa e traziam broches onde ora se lia Otwani é Imbatível, ora aparecia o rosto do rapaz dando um sorriso de lado. Uma turma de Lufa-lufas mais velhos passou por eles com enormes cartazes feitos com fotos animadas das defesas do goleiro no ano anterior, neles também se lia: Otwani é Imbatível!

A agitação era com que os alunos seguiam para o jogo era contagiante e Mel tentava não perder um único movimento, uma única palavra de ordem. Queria voltar e escrever uma longa carta para Lipe – seu irmão mais novo – contando tudo. Ele ia adorar! Apesar de ser a menor dos cinco, foi ela que viu Hagrid caminhando em direção a eles. Alertou os amigos e todos passaram a acenar e sorri para o professor que vinha no sentido contrário da multidão e abrindo espaço entre os alunos, sem muita dificuldade. Era possível vê-lo erguer-se quase um corpo de altura acima dos estudantes mais jovens.

– ‘Dia! – Cumprimentou de um jeito que eles não souberam identificar se era alegre, bravo ou resignado.

– ‘Dia! – Responderam os cinco.

– Meio ventoso para Quadribol, não acham?

– Um pouco – comentou Josh, com ares de entendido – mas isso vai dificultar apenas para os artilheiros e, é claro, para o apanhador.

Os cantos da boca do professor torceram-se um pouco.

– Otwani está confiante, então? Acha que vai levar o título de novo esse ano?

– Claro! – Respondeu Hector com uma fingida contrariedade, já que era absolutamente fã do irmão do amigo. – Como não estaria confiante. Você sabia que ele recebeu nada menos que cinco propostas de times profissionais só nesse verão?

Hagrid ergueu as sobrancelhas, confundindo-as com a juba escura, mas já salpicada de fios brancos.

– Nossa! Isso é bom – soltou um suspiro – muito bom! E, na verdade, é uma pena, uma pena mesmo...

– O que? – perguntou Andrew desconfiado.

– Que a gente não vá ver o jogo – respondeu o professor.

– Como assim não vai ver o jogo? – Hector estava lívido.

– Como assim “a gente”? – Choramingou Josh.

– Desculpem meninos, mas preciso da ajuda de vocês e como estão me devendo umas detenções achei, que, bem... esse era um momento para que vocês as cumprissem.

As meninas lançaram olhares de piedade para os garotos que pareciam incrédulos e muito infelizes.

– Mas... mas – tentou Josh – a professora Sprout... ela...

– A professora Sprout o liberou para cumprir a detenção comigo, Josh.

Hector olhou para os lados como se buscasse algo em que se apoiar.

– E... – arriscou – não poderia ser depois do jogo?

– Sinto muito, meninos, mas não posso adiar. Estou com uma guerra nas mãos e preciso da ajuda de vocês. – A palavra guerra pareceu atrair o interesse de Hector e Andrew, mas Josh continuou com um beiço de quem ia chorar de frustração. – Mas vocês podem ir meninas – Hagrid se voltou para Danna e Mel – e é melhor irem logo ou não conseguirão bons lugares.

As duas pareceram um pouco indecisas, mas Hagrid deu um tapinha carinhoso nas costas de cada uma, embora quase as tenha derrubado, incitando-as a seguirem de uma vez para o campo.

– Vocês três, venham comigo! – Falou seguindo em direção a sua cabana.

Hector, Andrew e Josh não tiveram outra alternativa e tomaram o rumo da casa do professor, de vez em quando olhando invejosos para os alunos que iam para o campo e encontrando os olhares penalizados das amigas, que se voltavam para trás para lhes dar adeuzinhos conformados.

– Me esperem aqui – falou o professor entrando na cabana quando os quatro chegaram à porta.

Se a intenção era fazê-los lamentar a peça que tinha pregado, o efeito estava sendo perfeito. Os três estavam completamente arrasados. Hagrid saiu da cabana pouco depois, seguido por Canino, seu enorme e velho cão de caça, com três óculos protetores para os olhos e duas caixas brancas de madeira.

– Agora, me ouçam – disse entregando uma caixa para Andrew e outra para Josh e os três óculos para Hector. – Estou com uma guerra de Tronquilhos em um carvalho-vermelho que deve ter quase a idade da escola**. Acho que dois grupos diferentes resolveram ocupar a mesma árvore. O problema é que eles estão destruindo a pobrezinha e se não os fizermos irem para árvores diferentes eles podem acabar matando uma das plantas mais antigas da região.

Qualquer frustração que houvesse no rosto de Hector pareceu ser varrida naquele instante e Hagrid percebeu imediatamente, pois estavam com os olhos fixos no garoto.

– É... você conseguiu, seu pestinha... – falou resignado – você vai entrar na Floresta Proibida.

Hector deu um pulo e um soco no ar com gritos de vitória que fizeram Andrew revirar os olhos e Josh rir.

– É... vai entrar sim – continuou o professor muito sério e colocou a mão no ombro de Hector forçando-o a ficar quieto e a encará-lo nos olhos. – Mas quero que fique bem avisado, Hector, sem gracinhas, ouviu? Não desapareça, não se afaste de mim e nem ouse fazer qualquer coisa que não seja as que eu mandar fazer, entendeu? – O menino confirmou com a cabeça. Ele confirmaria qualquer coisa naquelas alturas. – Hector, eu estou falando sério. Se você sair da linha, eu vou escrever pessoalmente para o seu pai, ouviu?

Hector movimentou afirmativamente a cabeça várias vezes. Hagrid endireitou o corpo, embora não parecendo muito certo do que estava fazendo.

– O mesmo vale para vocês dois – disse apontando para Andrew e Josh, que imediatamente confirmaram que seguiriam apenas as ordens do professor.

Hagrid colocou o enorme arco e a aljava de flechas nas costas e fez um sinal para que os três o seguissem, Canino arfando nos seus calcanhares. Os quatro saíram pelo lado da cabana de Hagrid e seguiram pelo caminho que se embrenhava para dentro da floresta.

– O que têm nas caixas, Hagrid? – Perguntou Andrew.

– Bichos-de-conta*** – respondeu o professor. – Vamos usá-los para atrair os grupos para árvores diferentes. Agora, mantenham-se perto de mim, está bem?

Os três confirmaram e continuaram silenciosos atrás do professor. Os olhos brilhando de expectativa. Nos primeiros dez minutos todo o barulho, todo o movimento de ar era motivo para que eles se virassem esperando ver algo incrível ou algum ser extraordinário.

– Vamos encontrar com o Growpe, Hagrid? – Perguntou Hector.

– Não. Growpe foi passar o fim de semana nas montanhas. O coitadinho tem saudade do ar das montanhas. – Hagrid respondeu cheio de carinho.

Andaram mais uns dez minutos e não cruzaram nem mesmo por cobras. Fora uns passarinhos comuns, não viram nada de diferente ou excitante. A floresta ficava cada vez mais densa, mas não parecia muito assustadora. Talvez, se tivesse menos luz... mas no dia claro não parecia haver nada que justificasse a fama da Floresta Proibida. A imaginação de Hector sempre fervilhara sobre aquele lugar: centauros, aranhas monstruosas, testralhos (que ele não poderia ver, mas sabia que existiam), um gigante de verdade... Ele segurou resignado um galho caído para que Andrew e Josh passassem com as caixas. Pelo visto, os centauros não estavam nem aí para a presença de humanos, Hagrid certamente não ia levá-los nem perto do ninho das acromântulas e o gigante estava tirando um feriado nas montanhas... Uma guerra de Tronquilhos seria a sua história para contar de sua primeira entrada na Floresta Proibida. Era realmente frustrante.

“Mas”, pensou Hector quando iam se aproximando do imenso carvalho, “talvez a guerra de Tronquilhos fosse interessante”. Bem... não era. Tudo o que eles conseguiram ver eram galhos e mais galhos se quebrando no alto da copa da árvore, enquanto eram atingidos por uma chuva contínua de folhas, pedaços e lascas de madeira. Os óculos protetores não eram importantes somente para evitar possíveis ataques dos Tronquilhos, mas também por causa das felpas e cacos que voavam o tempo todo na direção deles. Hagrid chegou a ser atingido perigosamente perto do olho esquerdo, o que o fez perder um pouco a paciência e amarrar um enorme lenço xadrez, todo manchado, na cabeça e que ficou parecendo um turbante extravagante.

O problema é que as tentativas de separar os dois grupos de animais mágicos não estavam dando certo. Os Tronquilhos não pareciam nem um pouco dispostos a pararem de brigar para irem em busca dos bichos-de-conta que os meninos, com cara de nojo, dispunham com as mãos em trilha até outras duas árvores. Depois de quase uma hora de tentativas frustradas, Hagrid pareceu ter outra idéia do que fazer e os chamou os garotos um pouco para longe do carvalho em sofrimento. Os três meninos estavam suados, sujos e com rasgos nada desprezíveis nas vestes, os cabelos parecendo estranhamente decorados com pedaços de galhos e folhas.

– Acho que vou ter que apelar, meninos – disse o professor. – Andrew, você e Josh vão com o Canino até a minha casa e me tragam uma lata grande, vermelha e verde, que tem em cima do armário. Não parem no caminho, não desviem e não derrubem a lata.

– O que tem na lata, Hagrid? – Perguntou Andrew.

– Porque eu não posso ir junto? – Hector falou quase ao mesmo tempo do amigo.

Hagrid torceu a boca.

– Você não sai debaixo das minhas vistas, mocinho – disse apontando o dedo ameaçadoramente para Hector. E virando-se para os outros dois. – A lata tem uma pasta que fiz com pulgões – Josh soltou um “eca” – os Tronquilhos detestam o cheiro. Vou passar no pé do carvalho para ver se consigo afugentá-los.

Andrew e Josh saíram rápido em direção à orla da floresta sendo guiados por Canino, enquanto Hagrid e Hector faziam novas tentativas para atrair os Tronquilhos. Era bem provável que a professora Sprout tivesse de vir ali, mais tarde, para fazer curativos no carvalho, cuja seiva corria abundante pelo tronco como se estivesse sangrando. Hector sentiu pena da árvore, afinal, os Tronquilhos deveriam protegê-la e não arrebentarem com a coitada. Mas, por fim, Hagrid achou melhor que eles parassem de tentar atrair os bichos e sentassem para esperar Andrew e Josh.

– Você tem água, Hagrid? – Perguntou o garoto muito vermelho e com a garganta dando alfinetadas de sede.

O professor mexeu no imenso casaco de pele de toupeira que jazia no chão e retirou um cantil, mas estava vazio.

– Sinto muito, Hector – disse virando o bocal para o chão. – Você já aprendeu a conjurar água?

Hector balançou a cabeça.

– Sei só a teoria... A gente só aprende feitiços conjuratórios no quarto ano.

– É... ? Pôxa, e eu não trouxe o meu guarda-chuva.... – falou Hagrid chateado. – Tem um riozinho aqui perto... mas eu não posso ir lá agora, não até Andrew e Josh voltarem. Você não pode esperar por eles?

Hector fez uma cara de real infelicidade. Estava com sede há horas. Hagrid pareceu balançar.

– Ok, ok... você pode ir e encher o cantil... os outros devem chegar logo e com sede também. Hector... – ele voltou a trovejar e a apontar o dedo para o garoto – você está avisado, hein? É melhor não bancar o espertinho.

– Tá... tá... pode deixar – o menino falou resignado – eu vou me comportar. – Hagrid não pareceu muito convencido. – Eu juro! – Hector assegurou cruzando os dedos sobre os lábios com beijinhos. Era um gesto que tinha aprendido com o vovô Tonks, e pelo menos com a vovó funcionava como uma garantia de que ele realmente não pretendia se meter em encrencas, a não ser, claro, que elas o procurassem.

Hagrid não entendeu o gesto e também não pareceu muito convencido da sua sinceridade, mas apontou o caminho que ele devia seguir e fez mais algumas ameaças.

– Quinze minutos, Hector – falou num tom mais alto enquanto o menino se afastava – nem um minuto a mais, viu?

Hector apressou o passo, desviando dos galhos sobre o caminho. A trilha indicada por Hagrid era bem clara e parecia ser bastante usada pelos habitantes da floresta. Ele pensou que bem que poderia ver um centauro, nem que fosse de longe. Parou alguns segundos, conseguiu identificar o som da água correndo e pôs-se novamente a caminhar. Não demorou muito para chegar numa parte em que o chão afundava e pedras de diferentes tamanhos marcavam a encosta que descia para um filete de água límpida que corria muito rápida. Apoiou-se em uns troncos que se inclinavam sobre o riacho e desceu o declive. Depois, caminhou um pouco margeando o córrego procurando um ponto em que a água cruzasse sobre as pedras, para não correr o risco de pegar uma água barrenta, como seu pai tinha ensinado. Mais adiante, ao lado de uma pedra redonda e grande o suficiente para bater no peito de Hagrid, ele achou que tinha encontrado o ponto ideal. Agachou-se e com uma das mãos jogou um pouco da água gelada sobre o rosto muito vermelho e passou os dedos úmidos sobre o pescoço, depois, pegou o cantil e começou a enchê-lo.

Já estava recolhendo a água quando ouviu um barulho muito distinto atrás de si. Um barulho bem claro de passos e não de cascos. Tampou o cantil e suspirou, era mais provável que fosse Hagrid ou um dos amigos vindo atrás dele. Definitivamente aquele não devia ser o som de um centauro caminhando. Ergueu-se e virou para olhar por sob a pedra, mas não era nem Hagrid, nem Andrew, nem Josh quem estava na clareira logo à frente, mas uma outra pessoa. Hector pensou em chamar, mas no segundo entre abrir a boca e soltar a voz, mudou de idéia. O fato de não ter visto nada de perigoso não justificava esquecer-se de tudo o que já ouvira sobre a floresta. Ficou na ponta dos pés tentando identificar o vulto, mas a pessoa usava uma capa cinza escura e estava de costas.

– O que você queria comigo? – Hector levou um susto ao ouvir a pessoa falar. Primeiro, porque era uma voz rouca e anazalada que ele nunca tinha ouvido, depois porque só tinha uma pessoa naquela clareira.

– Quero notícias, o que mais? – Uma voz de mulher ecoou em resposta e Hector ergueu-se mais nas pontas dos pés, mas continuou vendo apenas uma pessoa. – Já lhe avisei que minha paciência está se esgotando.

A pessoa com a capa deu uma risada sem humor e cheia de desdém e Hector fez força para tentar identificar se este que ele estava vendo era um homem ou uma mulher, mas o timbre rouco não lhe permitia ter certeza.

– Não esgote você, a minha paciência, minha cara – falou o encapuzado. – Você ainda estaria perdida, chorando a morte do mestre se EU não tivesse lhe dito o que esperar e o que fazer para trazê-lo de volta.

Hector sentiu o sangue gelar.

– Você terá suas recompensas! – A voz da mulher tinha um tom de quem estava acostumada a dar ordens e não a ser enfrentada. – Mas só ficarei descansada quando o tivermos nas mãos.

– Já disse que eu sei onde está, só preciso achar um jeito de tirá-lo de lá.

– Quase dez anos de espera... – falou a mulher – mas agora nosso tempo está se esgotando, você tem que agir mais rápido...

– Não me pressione, Bella!

“Bella!?” Hector achou que não era somente o seu sangue tinha congelado nas veias, seu coração também estava muito próximo de parar de bater. Bella? Bellatrix Lestrange? Se era ela que falava com a pessoa à sua frente, então... Gárgulas galopantes! Ele estava diante do espião! Era verdade, tinha MESMO um espião em Hogwarts!

– Pressionar? – A risada de Bellatriz tinha um traço agudo e incômodo. – Será que tenho que lembrar a você que as crianças nascem em março? Que teremos apenas até o solstício de verão para fazermos o ritual? Acha que “nossos amigos” serão condescendentes e bondosos como eu?

– Já disse que o terei nas mãos... – a voz do encapuzado foi quase um rosnado. – Pode dizer aos “nossos amigos” que eu lhes entregarei tudo o que combinamos. Eles terão Mefistófeles e nós... nós teremos a nossa pequena vingança.

Houve um silêncio e Hector ergueu-se o mais que pode. Onde estava a tal Bellatrix? Como é que eles estavam conversando? E – o seu coração já batia tão forte que ele tinha medo de ser ouvido – de que vingança eles estavam falando?

– “Pequena?” Ahhh, fale por você – disse a voz fria de Bellatriz – eu quero vê-los todos desesperados antes de matá-los um a um. Eu quero que eles sofram... sofram muito!

O vulto soltou o ar com impaciência.

– Este é o seu problema, Bella. Você se apega a coisas pequenas. Mas... dessa vez, isso serve aos nossos propósitos. Agora, pare de me chamar ou quebrarei esse espelho, entendeu? Não estou aqui a seu serviço e não faço parte da sua criadagem. Estou a serviço do mestre! Na hora certa eu terei tudo o que vim buscar em Hogwarts.

– Se você garante...

– Você será avisada – afirmou o encapuzado. E num gesto rápido enfiou algo dentro do bolso da capa e que Hector julgou ser o tal espelho pelo qual eles deviam estar se comunicando.

Hector apoiou as mãos na pedra tentando se erguer para ver melhor o Comensal que se afastava em direção à orla da floresta. Sim, porque tinha certeza que estava diante do espião que Andrew intuíra existir em Hogwarts e este espião era, com toda a certeza, um Comensal da Morte. Mas o seu impulso foi barrado por um peso muito grande que caiu sobre o seu ombro e ele acabou desabando no chão, rosto completamente sem cor e o coração batendo violentamente contra o estômago. Pelo visto, ele teria mais coisas com que se preocupar.

– Você está atrasado, menino! – Falou Hagrid, olhando-o com decepção e severidade.




******************************


Com um pouco mais de dez minutos faltando para as onze da noite, os seis escolhidos, mais Moody, Quim e Tonks, acompanhada de Remo aguardavam a chegada de Snape. Mesmo com tantas pessoas, o único som que se ouvia era o do relógio grande que ficava próximo à porta e cujo tiquetaquear já se tornava quase insuportável para os presentes. Harry considerava seriamente se ia azarar o relógio ou Rony, que há intervalos curtos e regulares mexia-se violentamente na cadeira ao seu lado, exasperando-o ainda mais.

– Ele está atrasado, não? – Tonks reclamou com um suspiro.

– Ainda não – comentou Hermione, consultando pela enésima vez o relógio de pulso e conferindo-o com o da parede.

Foram mais alguns longos minutos de silêncio.

– Será que ele desistiu? – Perguntou Rony. Todos o olharam. – Bem... é uma possibilidade, não? Quero dizer, porque ele ia enfrentar tudo isso, se pode simplesmente fugir e... Ah gente – ele deu de ombros como quem se justifica – estamos falando do Ranhoso. Desde quando a gente confia plenamente nele?

Harry achou que não tinha forças nem para comentar, quanto mais contestar. Simplesmente afundou a cabeça entre os braços, apoiado na mesa da cozinha.

– Ele virá, Rony – falou Lupin calmamente – não se preocupe.

– Como pode ter tanta certeza? – Rebateu Rony disposto a continuar a discussão. – Que eu saiba ele não fez nenhum transplante de cérebro nos últimos anos e nem ganhou um coração na loteria bruxa para por naquele vácuo que ele chama de peito. O cara nem respira, vive de puro ressentimento... Como é que você pode afirmar que ele vem?

Lupin deu um sorriso cansado.

– Porque eu ainda o conheço melhor que você, Rony. E, acredite, ele vem.

Rony soltou um bufo.

– Bem – Carlinhos começou em tom de conversa – eu não sei se é você ou é o Rony que está certo, Remo, mas se você o conhece melhor que a gente, pelo menos nos explique uma coisa... O que aconteceu com o cara, hein? Quero dizer, quando a Ana foi procurá-lo há uns meses atrás, ela voltou muito impressionada. Disse que ele parecia muito envelhecido, meio acabado. E o Harry também teve a mesma impressão quando o reencontrou pela primeira vez. Mas agora...

– Parece que ele descobriu algum tipo de poção da juventude – comentou Ana. – Todo mundo notou naquela reunião da Ordem. Até parecia que estávamos vendo o velho Snape, quero dizer, um Snape não tão velho, ou... ah, sei lá!

Lupin riu. Mas era óbvio que aquela era uma dúvida de todos os presentes. Apenas Moody e Minerva pareceram compreender o que Remo estava tentando dizer. Ele pigarreou.

– Eu espero – disse ele com suavidade – que nenhum de vocês jamais venha a experimentar o que envelheceu o Severo de forma tão violenta. É claro, que nesse caso, é provável que vocês jamais venham a compreender as razões pelas quais, de uma hora para outra, ele parece ter rejuvenescido... voltado a ter a energia dos velhos tempos.

– Por que não tenta nos explicar? – Pediu Harry, subitamente interessado, erguendo a cabeça e jogando para trás na cadeira, que inclinou as pernas da frente.

– Solidão, Harry. – Os mais jovens trocaram olhares de dúvida. – Um homem sozinho, abandonado, não é nada mais que um espectro, mesmo que ele seja frio e anti-social como o Severo. Pessoas gostam de ser procuradas, de serem úteis, de participarem de alguma coisa.

Nenhum dos garotos pareceu muito convencido que aquilo fosse algo que se aplicasse ao Snape.

– Está falando da sua própria experiência, Remo – contemporizou Hermione. – Não penso como o Rony, que acha que o Snape é uma versão do mal encarnado, mas também não acho que ele possa sentir falta... de outras pessoas.

– Sente, Hermione, acredite, ele sente. Mesmo que não pareça e que ele não queira parecer, o Severo é um ser humano – Remo voltou a rir da expressão de cômica descrença de Rony. – Não estou dizendo que ele vai entrar aqui apertando nossas mãos ou que vocês vão passar a receber cartões de Natal assinados: “do Ranhoso, com amor!” Estou dizendo apenas que estes últimos nove anos, para ele, foram quase iguais a passar nove anos numa cela solitária. Sim, ele provavelmente detesta a nós todos, mas só está se sentindo vivo novamente por que nós voltamos a precisar dele. Acredite, Rony, o Snape vai vir.

Quase como que esperando o final da fala de Remo, a campainha da mansão Black soou lamurienta e Ana levantou para ir atender. Voltou seguida por um Severo que caminhava um pouco mais rápido e parecia apoiar-se com menos força na bengala. O boa noite do ex-professor parou no meio quando sentiu os olhares dos membros da Ordem sobre ele.

– Perdi alguma coisa?

– Não, Severo – respondeu Lupin com a mesma calma. E depois olhou em direção à perna do outro. – A poção que Alicia e Neville desenvolveram parece que está dando resultados. – Comentou no mesmo tom simpático.

– Com alguns ajustes, é claro – Snape ergueu o queixo de forma arrogante, mas pareceu incomodado com o rumo da conversa e voltou-se para Harry. – Podemos começar, Potter?

Harry confirmou com a cabeça e levantou para pegar o livro, que ficava guardado num armário chaveado com magia na cozinha. Colocou-o sobre o centro da mesa.

– Nesse caso – disse Snape se aproximando da mesa – acho que Moody, Quim e Tonks podem aguardar na sala. Se não sairmos até o dia amanhecer, vocês entram na cozinha e vejam o que podem fazer por nós.

– Até o dia amanhecer? – Rony fez uma expressão nauseada, mas Snape o ignorou e voltou-se para Remo.

– E acho que você, Lupin, deve sair da casa. Afinal, não queremos nenhum acidente, não é mesmo?

Remo não pareceu se afetar com a ironia. Ele mesmo já havia explicado que sua presença podia ser perigosa se confrontada com feitiços demoníacos, afinal, estes podiam atuar mais violentamente sobre ele por causa da porção lobo que o habitava. Sendo assim, ele se limitou a concordar e desejando boa-sorte a todos sair pela porta da cozinha seguido de Tonks, Moody e Quim. Este último, ao passar selou a porta com um feitiço, conforme havia sido instruído por Snape.

Imediatamente o clima entediado da sala mudou. Todos se ajeitaram nas cadeiras e quase que em conjunto puxaram as varinhas ao verem Snape sacar a sua.

– Bem... – começou Snape – eu estaria mentindo se dissesse que sei exatamente o que vamos enfrentar. Feitiços demoníacos não são previsíveis e é provável que nossas varinhas tenham pouca ou nenhuma serventia – Rony engoliu seco de forma auditível e Snape revirou os olhos com impaciência. – Os feitiços farão o que puderem para nos impedir de abrir o livro o que só poderemos fazer entre a meia-noite e o nascer do sol. Isso significa que, se nenhum de nós conseguir vencer a magia que tentar paralisá-lo, não poderemos saber o que está escrito no livro. Pelo menos, não até o próximo dia das bruxas. Alguma pergunta?

– Sim – respondeu Carlinhos. – Porque você acha que as nossas varinhas não vão nos ajudar?

– As varinhas serviriam se fossemos rebater os feitiços...

– E nós não vamos rebater os feitiços? – Questionou Ana arregalando os olhos.

Snape deu um passo curto em direção a mesa.

– Não... Pelo que pude descobrir, a única maneira de tentar vencer os feitiços é nos deixar atingir por eles – ele parou um segundo, observando o grupo absorver chocado o que dissera. – Se algum de vocês rebater o feitiço que vier em sua direção, ele ira ao encontro de outra pessoa na sala. E não creio que qualquer um de nós possa passar por dois de uma única vez.

– Você quer dizer que a única maneira de vencê-los é não reagindo? – McGonagall perguntou com seriedade, mas a respiração completamente alterada.

– Exatamente – confirmou Snape – pelo menos... não enquanto não formos atingidos.

– E essas palavras marcadas na capa? – Quis saber Hermione. – Eu as traduzi. O que quer dizer “provar de tudo sem medida”?

– Minha opinião é tão boa quanto a sua Granger – Snape falou pausadamente.

Os sete ficaram em silêncio. Harry percebeu que Hermione e Rony, bem como Ana e Carlinhos, se aproximaram quase que instintivamente, as mãos se tocando, cheios de apreensão.

– O que devemos fazer, então, Snape? – Harry perguntou apontando para o cadeado dourado sobre a capa do Livro de Fausto com a varinha.

– Devemos agir juntos – Severo respondeu com praticidade. – Quando o relógio soar meia-noite, apontaremos as varinhas para o cadeado e diremos a fórmula mágica para a abertura, que é Effractum.

– E depois? – Perguntou Rony ansioso.

– Ora, Weasley... – Snape falou calmamente – acho que, a partir daí, só poderemos torcer... para que haja um depois.




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* Ana está se referindo aos fãs de Harry Potter no mundo trouxa. Para compreender melhor isso, leiam as fics da Belzinha – HP e o Segredo de Sonserina e HP e o Segredo de Corvinal.
**Essa variedade de carvalho – o carvalho-vermelho – é nativa do hemisfério norte e pode viver de 500 a 1000 anos; imagino que este em questão tenha uns 900 anos. Sobre a árvore, vejam: http://pt.wikipedia.org/wiki/Quercus_robur
** É o que aparece como alimento preferido dos Tronquilhos em Animais Fantásticos e onde Habitam e em HP e a Ordem da Fênix.


N/A: Por favor, stay calm!! Lembrem-se que maldições imperdoáveis são terminantemente proibidas pelo Ministério da Magia e que o uso delas dá passagem direto para Azkaban, e vcs vão ter dividir a cela com a Umbridge... Além disso, se acontecer qualquer coisa comigo, não têm capítulo 22. Hehehe!!!

Sobre o capítulo: Bem, meninos e meninas, tudo o que posso dizer é que a partir de agora as coisas vão esquentar! Ahh, tb não fiquem bravos se demorar um pouquinho, ok?

Sobre o capítulo anterior: Um agradecimento geral a todos os que partilharam comigo a VINGANÇA contra a asquerosa da Umbridge! :D:D:D

Grazi DSM: Lindinha, dois comentários que me fizeram sorrir tão grande que eu parecia um elfo doméstico por dentro de casa, hehe! Fiquei muito feliz que a minha pequena vingança tenha agradado tanto :D! Sabia que vc destacou todas as minhas partes favoritas no capítulo? E muito, muito obrigada pela comunidade no orkut. Mais um lugar para me xingarem rsrsrsr. Beijão!
MarciaM: Hehehe, valeuuuu querida!! Beijos!
Lola Potter: Obrigada pela leitura, Lola. Pode deixar que assim que eu puder eu passo na sua fic, ok? Beijinhos.
Regina McGonagall: Ahhh para a sapa velha, Azkaban é pouco!! Como o Carlinhos previu, eu só vou me contentar com a danação eterna, hahaha. Bjs querida!
Bruna Perazolo: Menina eu amei o seu comentário “meio” grandinho, viu? Rsrsrsrs. Adorei seus destaques tb. Também acho a amizade do Harry e do Rony o máximo, eles são como irmãos, não? E, eu admito, me divirto muito escrevendo sobre a turminha. Fico muito feliz que quem vc tb se divirta lendo eles e, é claro, eles ainda vão aprontar muito. Quanto à Umbridge... Espero que tenha gostado! Beijos grandes.
Andrew Stepking : Ah Andrew, a Mione agiu estritamente dentro da lei, viu? Ela apenas usou a Umbridge contra ela mesma. Tá que o plano não faz o tipo bondade a toda prova, mas a “sapa velha” é uma torturadora de crianças. Para mim, a diferença entre ela e os beusclainh é que Umbridges existem. Isso sim é assustador. Hehehe! Adorei seu comentário. Bjs!
Victor Potter: Gente nova por aqui! Legal! Obrigadão, Victor! E, não, não sou estudante de direito, só curto um filmezinho de tribunal de vez em quando. Mas que bom se consegui manter um ritmo que deu essa idéia. Anotei o nome da sua fic, viu? Passo lá assim que der. :D Bjaum!
Anderson Potter: Valeu Anderson e ok, relaxei com o tamanho dos capítulos. Eu não estou conseguindo escrever menor mesmo ;D. Beijos querido!
Belzinha: Como sempre minha co-autora e assessora para assuntos jurídicos, amei seu comentário! Tb adoro o Harry adulto (hihi), assim como o Rony e ai, o Andrew de mal humor... o “sr. certinho” parece que só se mantém na linha até um certo ponto, não é? Mas quando é para impressionar uma certa menina... hummm. Quanto ao espião, aguarde, ando tendo idéias, hehe! Beijos amada!
Doug Potter: :D Fiquei super feliz que vc tenha gostado (inclusive do capítulo Growpe super desenvolvido, hehe) e tb pelo pedido de atualização. Sorry pela demora! Quantos as fics H/G, acho que todas as que eu li ou leio, eu vi um comentário seu, mas se passar por alguma realmente legal e não vir o seu nome, eu aviso, ok?
Sônia Sag: Que bom que vc curtiu os nomes, rsrsr deram tanto trabalho que parecia que eu estava escolhendo os dos meus filhos. Mas tentei pensar como uma Gina de 10 anos e acabei criando até uma história do pq dos nomes, não sei se vai aparecer na fic, mas se não... depois eu conto para quem ficar curioso. Mais uma que gosta do Hector! Como eu digo ele é um pestinha sedutor. Até de mim ele arranca o que quer, sim, pq essa história da floresta foi mais coisa dele que minha, hehe. Beijos e valeu pelo comentário.
Bernardo: Eu tb acho que a Umbridge merece o que houver de pior, não consigo me conformar com gente como ela. Adorei seu comentário, Bernardo! Só não adorei mais que o seu capítulo 39 (ai, ai, ainda estou suspirando). Obrigada pela força sempre! Beijão!
Natercia Braga: :D:D:D Seu comentário fez uma autora muito feliz, sabia? Obrigada pelos elogios às cenas H/G e aos marotinhos e tb é bom saber que se eu resolver seguir a contar a história deles terei leitores, hehe. Não tenho endereço na FFnet, não, mas não se preocupe. Primeiro, pq sou do grupo que está se esforçando para manter o ish no ar e segundo, pq se acontecer qualquer coisa eu tenho o e.mail de todo mundo que comenta, aí eu aviso onde a fic vai estar, ok? (Estou postando ela tb no Fórum Firewisky). Bjs!
Samoa: Valeu mesmo, Samoa!!! Beijo grande!
Aisha: Andava sumida mesmo, querida. E sabe o que é pior? :O É que eu simplesmente não tenho conseguido acessar a sua fic. Não sei o que houve. Já tentei por todas as entradas possíveis e o link simplesmente não abre. Vc tem idéia de pq? Eu tb adoro o Rony e a Mione, não se preocupe que sempre que der, eu faço uma ceninha com eles, ok? Beijão!
Charlote Ravenclaw: Tô aqui, tô aqui! Hehehe, na verdade, estou quase aí  Como eu falei para a Sônia tem uma história de pq Lyan e Joanne (e claro que a McGonagall associou a mesma pessoa que vc). Quanto ao Andrew... é... lembra, não? Saudade linda!
Priscila: Menina, vc ainda pede desculpas por ter lido em três dias e demorado para comentar? Cruzes, vc fez um feito, rsrsrsrs! Muito, mas muito obrigada mesmo pelos elogios e pela leitura! Mil beijos!
Brunaa: Valeu Bruna! Fiquei super contente que todo mundo tenha curtido o nome dos gêmeos, hehe! Como falei antes, deu trabalho para escolher. Obrigada pelo comentário e sorry pela demora em atualizar. Beijos!
Morgana Black: Ahhhh querida, que comentário mais fofo esse seu! Obrigada mesmo! Morri de rir com o Umbich! Hahahaha. E tb tinha teorias... hummm... infelizmente não posso falar nada rsrsrs... Tá bom, desculpe, mas eu não resisto a um suspense... acho que é uma doença hihihi. E que bom que deu para perceber que não é só o Hector que têm charme nessa turma :D!! Beijo, querida, e obrigada sempre.
Paty Black: Minha nossa ri muito do seu comentário, kkkk!!! Ainda bem que vc tem um chefe legal, hehe! Eu me diverti escrevendo aquela cena tb, mas acho que me diverti mais detonando a Umbridge, hehe!!Valeu pelo comentário querida. Beijão! P.S.: E o “meu” capítulo novo da sua fic???
Lady Stardust: UAUUU!! Obrigada mesmo, garota. Nossa, fiquei muito feliz com os elogios e mais ainda de vc ter curtido tanto. Espero continuar agradando e que minha imaginação não embote no caminho, hehe. Valeu demais! (P.S.: O lance do ruibarbo, se vc prestar atenção é um agrado para o Harry e não para a Gina. Na verdade, usei isso pq a tia Jô cita várias vezes no livro 6 o Harry comendo isso. Eu provei e sinceramente não gostei, aí decidi que a Gina não gosta tb ;D).
Carolshimi: Não tem pq se desculpar não Carol! Vestibular é prioridade! Fico lisonjeada que mesmo assim vc tenha achado um tempinho para ler e comentar. Obrigada mesmo! E ó, estou torcendo por vc! Beijão amiga!
Clow Reed: Adorei o nick, Rafa! Muito legal! Bem, aqui estão mais umas pistas para as suas teorias e o nosso trato continua de pé, hehe! Quanto a Umbridge, ai,ai, eu não me canso de ser má com ela. Fazer o que? Beijo grande!
Maria Luisa: Obrigada mesmo, amiga! Pelos dois comentários, hehe. Tb adoro a Mione. Uma garota com a inteligência dela não precisa nem ser bruxa, não é? Ahh eu tb acho que o Harry vai ser uma paizão, acho que ele vai querer compensar tudo o que não teve. Beijão querida.
Barbie Weasley: Querida, vc ter lido a My Girl e vir conferir está fic aqui já era uma elogio imenso, mas vc dizer que o futuro que eu escrevo se aproxima do que vc gostaria de ler, me deixou no céu! Obrigada mesmo! Um beijo enorme para vc!
Géia: Querida, vc e a Barbie me deixaram boba com os cometários de vcs. Muito, mas muito obrigada mesmo por todos os elogios. E olha, vou continuar dando crédito aos seus comentários sim, viu? Eu tb comecei a ler HP para ver o que as crianças achavam de tão maravilhoso e... olha eu aqui. O pior é que para desespero de algums amigos e de alguns pais, eu tenho a mania de viciar todo mundo que eu conheço. E, agora, vc vai continuar lendo a fic depois disso? Hehe!! Beijão!
Luna Weasley: Mesmo com um comentário curtinho (nem tanto, hehe), obrigadão, Luninha! E bem, acho que vc desconfiou direitinho da rivalidade entre o Andrew e o Rupert, mas isso é assunto para mais adiante. Beijo, linda!
Sheil@ Potter: Vou tomar isso como um elogio, hehe! Obrigada!
Carolzinha: Tem razão, querida, eu realmente não esperava que a minha “vingança pessoal” fosse fazer tanta gente feliz :D!! Mas eu realmente precisava escrever aquilo. Foi um alívio, hehe! Obrigada pelos elogios às cenas do meu casalzinho favorito. Tb adoro pensar neles criando a própria família. Beijos linda!
Nicole Evans: Valeu querida! ;D Inclusive por dizer que os capítulos poderiam ser maiores, mas não estimula não! Ou, só Deus sabe o que pode sair! Vamos continuar conversando sim, ok? Beijo!
Molly: Oba, mais leitora nova. Brigadão pelos elogios Molly, em especial o de vc ter dito que eu consigo fazer com que quem lê “veja”. Isso é um elogio e tanto! Desculpe a demora em atualizar, viu? Tenho feito o possível. Um beijo carinhoso.
Ana Carolina Guimarães: Desculpe a demora querida! Não é malvadeza, não! Pelo menos não é minha, mas do tempo. Espero que o tamanho avantajado do capítulo compense. Bjs!
Sara Weasley: Puxa, querida! Muito obrigada mesmo pelo seu comentário aquie e tb lá no Grim. É legal ter leitores de Além-mar, hehe. Beijão!

Valeu pelos comentários e votos e pelos leitores silenciosos.
Beijo e até o próximo!

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