Rebelião em Azkaban



AVISO, Importante!!!: Oi gente! Para quem já está acompanhando a fic (sei que nem todos relêem o resumo, então coloquei aqui) um aviso! Como alguns já perceberam (a Kika), a personagem Ana é a mesma da fic da Belzinha. Inicialmente era para ser apenas uma homenagem, mas a Bel gentilmente me cedeu a Ana. Depois, nós começamos a conversar no MSN e, quando vimos, estávamos criando juntas outros personagens que vão aparecer nas duas fics. Assim, embora as fics permaneçam independentes, muita coisa as aproxima e, para não confundir quem estiver acompanhando as duas, eu fiz um pequeno ajuste nas datas. A minha fic vai estar se passando entre julho de 2006 (se vocês lembram, começa na véspera do aniversário do Harry) e vai ir até junho (acho) de 2007. Logo, isso me fez ajustar algumas coisas nos capítulos anteriores, em especial, onde aparecem as idades deles e a do Hector (vou apresenta-lo melhor a vocês mais adiante). Obrigada pela atenção! Boa leitura!!




Rebelião em Azkaban

Apesar de todo o calor das últimas semanas, o outono pareceu chegar mais cedo quando entrou setembro. Uma chuva fina, fria e contínua cobria como uma cortina de fumaça toda a Grã-Bretanha. Ao mesmo tempo, um vento insistente, vindo do norte, parecia entrar pelas frestas das portas e janelas, esfriando e umedecendo todos os ambientes, se enrodilhando nas pernas das pessoas como um gato.

Naquela madrugada, quando o alarme soou, a chuva não havia ainda dado nenhuma trégua. Mesmo assim, em menos de meia hora, quase todos os bruxos que tinham algum envolvimento com o Ministério da Magia estavam acordados, lotando os corredores outrora silenciosos do prédio do governo. O próprio Ministro chegou em tempo recorde, ainda vestindo um camisolão listrado, ao qual parecia ter tido tempo apenas de somar a capa de chuva, o chapéu e os sapatos de polaina. Não que alguém houvesse dado importância aos trajes do Ministro. Afinal, Azkaban, a prisão para onde eram levados os bruxos malfeitores, havia sido tomada por prisioneiros revoltosos.

Pessoas corriam para todos os lados. Era preciso tomar pé da situação, antes de qualquer reação coordenada. Memorandos em forma de aviõezinhos de papel circulavam como foguetes pelos corredores. Bruxos com cara de sono e olhos esbugalhados se chocavam uns nos outros. Havia salas em que se percebia o silêncio febril de pessoas fortemente concentradas, já em outras só se ouviam vozes em altos brados, cheias de preocupação e urgência.

A maior movimentação era no Quartel-general dos Aurores. Eles teriam a missão mais difícil. Invadir Azkaban, resgatar os colegas que ainda estivessem vivos e encarcerar novamente os revoltosos. Não havia espaço para negociações.

Azkaban sempre fora considerada inexpugnável, contudo, sua história recente contradizia fortemente essa idéia. Primeiro, fora a fuga de Sirius Black. Talvez a única feita sem o auxílio dos guardas ou de alguma força externa. Dois anos depois, dez Comensais da Morte escaparam sob as barbas do Ministro Fudge. A última fuga, fora orquestrada pelo próprio Lord das Trevas, no último ano da guerra. Além dos prisioneiros, a guerra fez com que Azkaban perdesse também seus carcereiros. Antes mesmo a última fuga, os dementadores, as horríveis criaturas que guardavam a fortaleza, haviam rompido seu acordo com o Ministério e se bandeado para o lado do inimigo.

A partir daí a prisão passara a ser controlada por um grupo de Aurores. Inúmeros feitiços foram feitos para reforçar a segurança. Era impossível aparatar na ilha onde a fortaleza ficava. Ou mesmo chegar ou sair via Rede Flu. O único caminho possível eram vassouras ou outro meio que voasse.

Contudo, a fuga ocorrida a quase dez anos, que libertara os Comensais que haviam invadido o Ministério em busca da profecia que ligava Voldemort a Harry Potter, fez com que as medidas de segurança se tornassem ainda mais duras. Desde então, para chegar a Azkaban, era preciso aparatar na costa. Daí, vassouras especialmente preparadas faziam o transporte e retornavam sozinhas tão logo seus passageiros desembarcavam. Para voltar, era preciso convocá-las novamente, mas para isso era preciso saber uma senha secreta, sem a qual o feitiço convocatório não tinha efeito. A aproximação de barcos também era difícil, se não impossível. Um antigo feitiço anti-trouxas dava a Azkaban a aparecia de um enorme rochedo cercado de arrecifes perigosos. Mas, estes últimos eram bem reais, o que impedia também a aproximação de bruxos via mar.

A presença de agoureiros, colocados em vários pontos em torno da fortaleza, entretanto, era uma estratégia mais recente. Como o Ministério aprendera, a custa de muitas vidas durante a última fuga de prisioneiros, animais como hipogrifos, cavalos alados e testrálios, poderiam servir de transporte para os fugitivos. A Seção de Regulamentação e Controle de Criaturas Mágicas acabou sugerindo o uso de agoureiros, visto que a maioria dos animais alados tinha verdadeiro pavor ao canto soluçante da ave. Além disso, o som destas parecia substituir, embora de forma menos eficaz, a presença inibidora dos demetadores, coisa que o Ministério achava importante resgatar. O ouvir diário dos lamentos do agoureiro tornava os prisioneiros, em pouco tempo, desesperançados e completamente sem vontade de fugir. O inconveniente maior ficava por conta dos guardas bruxos que tinham que trabalhar boa parte do tempo com feitiços tampões nos ouvido, especialmente, nos dias de chuva, e, vez ou outra, precisavam ser substituídos. Isso acontecia sempre que um deles começava a ter crises sucessivas de choro e a abraçar continuamente os colegas.

Eram quase duas horas da madrugada e, atravancados na sala do chefe, os Aurores do Ministério aguardavam suas ordens. Kingsley Shacklebolt, um homem negro e grande como um armário de portas abertas, dividia seus comandados em grupos de ataque no momento em que Tonks chegou. Estava atrasada e, como era de se esperar, chegou empurrando atabalhoadamente a porta da sala batendo violentamente na cabeça de Richard Oates. O rapaz lhe lançou um olhar de seca pimenteira enquanto esfregava a nuca dolorida, ao que Tonks deu um sorrisinho sem jeito pedindo desculpas.

Ela passou os olhos pelo resto da sala e localizou o grupinho em um canto à direita de Quim. Começou a se espremer entre os colegas para chegar até a parede em que Harry, Rony e Ana estavam escorados. Os rapazes a cumprimentaram com sorrisos e Rony fez um sinal apontando para Richard, que ainda segurava a nuca, e levantou o polegar mexendo os lábios na palavra “excelente!”. Ela pensou em dizer que não fora por querer, mas duvidava que isso mudasse a opinião do ruivo.

– Você está atrasada – falou Ana num sussurro.

Tonks devolveu para a amiga um sorrisinho constrangido.

– Demorei para ver a convocação. O Hector foi para Hogwarts ontem e...

– Sei... você e Remo estavam comemorando o fato de estarem sozinhos em casa – a outra completou com um sorriso maior.

Tonks fez uma careta engraçada e a colega mordeu o lábio para conter o riso. Harry teve de dar um cutucão nas costelas de Ana para que elas voltassem a se controlar.

O chefe apenas revirou os olhos, mas fingiu não ver o pequeno tumulto. Era difícil não estar acostumado com o jeito atrapalhado de Tonks quando se trabalhava há tanto tempo ao lado dela. Quim continuou separando-os em grupos de cinco e destacando um líder para cada um.

– Potter, você fica com Tonks, Weasley, Ana e Oates.

Harry assentiu tentando ignorar as expressões chocadas de Rony e Richard. Nenhum dos dois pareceu ter vontade de disfarçar a contrariedade causada pela situação. O chefe continuou passando as táticas da abordagem que seria feita.

– Creio que não teremos problemas em chegar, mesmo que os revoltosos tenham se apoderado das varinhas dos guardas. Como sabem eles não podem sair de dentro da fortaleza. Estão presos a ela por feitiço e só poderão sair de lá derrubando as paredes, que é o que devem estar tentando fazer. – Quim endireitou o corpo, parecendo ainda mais alto. – Acho que a chuva e o nevoeiro nos darão o elemento surpresa, mesmo que estejam vigiando as janelas. E, por favor, se eles não tiverem silenciado os agoureiros, façam isso toda vez que encontrarem um, certo?

Porém, a entrada na fortaleza também não seria fácil, já que esta tinha um único portão de acesso. Lá dentro, os grupos se dividiriam e tentariam retomar o castelo encurralando os prisioneiros. Os que achassem os colegas, e pudessem resgatá-los com vida, deveriam conjurar redomas de proteção que os manteriam a salvo até que pudessem ser retirados em segurança. Quanto aos revoltosos, deveriam ser desarmados e estuporados. Era preciso tê-los fora de ação o mais rápido possível.

Um memorando entrou voando direto para as mãos de Quim.

– Temos o sinal do Ministro. Partimos agora.

Os Aurores seguiram para a área de aparatação do Ministério, de onde partiriam para a costa próxima a Azkaban. Rony continuava a fazer negativas com a cabeça toda vez que olhava para o colega mais jovem.

– Dá pra acreditar? – Murmurou entre os dentes para Harry. – Além de arriscarmos nossos pescoços, ainda vamos ter que aturar esse mala. O mundo não é justo!

– Relaxa, vai ser pior se você ficar hostilizando o garoto.

– Ok... – o ruivo fez um muxoxo – mas se ele passar dos limites, você não vai me culpar se “acidentalmente” um feitiço estuporante o acertar, vai?

O grupo liderado por Harry foi um dos últimos a entrar nos elevadores. Richard, que parecia tão furioso quanto Rony e mantinha os maxilares contraídos de indignação, acabou não resistindo.

– Só não entendi porque a Tonks não é a líder. Afinal, ela é a mais velha do grupo.

– Que ótimo, agora eu virei a velha aqui – resmungou Tonks se fingindo de ofendida e deixando os cabelos ainda mais cor de rosa.

– Não... é que você é... bem, a mais experiente – tentou remendar – não quis dizer que era velha, eu...

– Começou mal, hein garoto? – Rony deu um sorrisinho cínico, mas com as orelhas já mudando de cor, o que era sempre sinal de perigo. Harry resolveu acabar com a situação por ali.

– Olha, por mim tudo bem. Tonks, você quer ficar com o comando?

– Ah, não, Harry. Eu sou distraída e atrapalhada demais para isso. Prefiro que fique com você.

– Pronto. Resolvido, então – arrematou Rony. – Com ela são três votos contra um. Harry é o líder e eu acho... que a partir de agora, você devia fazer o que faz melhor. Oates... Fica quietinho.

– Ronald! – Sem Hermione por perto, Ana assumiu o papel de repreendê-lo, mas ela nunca conseguiria o mesmo efeito, ainda mais estando prestes a gargalhar como estava.

Richard lançou um olhar mortal para o ruivo, o qual deu dois passos em sua direção como que esperando uma reação. Foi o suficiente para o rapaz registrar que Rony era bem mais alto e quase duas vezes mais largo e desistir da resposta ofensiva que lhe viera à boca. As portas do elevador abriram e Harry deu um puxão no braço do amigo. Tonks a Ana saíram rápido para romper o clima, mas Rony, antes de sair ainda teu um tapinha na cabeça do colega. Quem visse acharia quase amigável, se não fosse o fato dele ter mirado exatamente o galo já feito por Tonks.



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– Ginaaaa!

Hermione subiu as escadas da casa dos Potter chamando por ela. Depois que Ron saíra para atender ao chamado do Ministério, ela decidiu ir para casa da cunhada. Como Azkaban era um assunto oficial, a Ordem, estava, por enquanto, fora de ação. Isso significava que ela, Gina, Carlinhos e Lupin teriam uma longa noite de vigília até receberem notícias da ação dos Aurores. Remo tinha lhe dito que iria ficar com Carlinhos para impedir que o amigo fizesse alguma besteira, como ir para Azkaban sozinho bancar o guarda-costas da esposa. Hermione resolvera, então, que seria melhor ir ficar com Gina, enquanto esperavam.

– No quarto, Mione – a outra já chegava à porta – veio sozinha? E o Sirius?

– Dormindo. Dobby quase o arrancou dos meus braços quando nos viu. Pediu para ficar tomando conta dele para mim.

As duas trocaram sorrisos. Sabiam que os elfos eram muitíssimo dedicados aos bebês que criavam. E para Dobby, Sirius já era seu jovem mestre.

– Acho que ainda não lhe dei os parabéns, cunhadinha – falou Gina feliz enquanto abraçava Herminone. – Designada para fazer parte do Supremo Tribunal dos Bruxos. Estou orgulhosa!

– Obrigada, Gina – a garota mal conseguia disfarçar o encantamento – achei que eles não aceitariam minha candidatura por ser muito jovem, mas eles aceitaram, então... – ela terminou a frase com um sorriso de orelha a orelha.

– Não seja boba, garanto que eles nunca tinham visto um currículo como o seu. Além do mais, você é uma heroína, eles seriam grandes idiotas se se negassem a aceitá-la.

Hermione ficou vermelha, mas não podia negar que estava realmente satisfeita consigo mesma. Era como tirar uma nota máxima em todos os N.O.M.S e N.I.E.M.S de novo.

Sentaram na cama e ficaram conversando, mas a preocupação logo suplantou suas tentativas de se manterem em amenidades e o assunto passou a girar em torno da rebelião. Passaram a hora seguinte especulando sobre os prisioneiros, quem poderia ser o líder, quais os interesses. Mas depois disso, Gina começou a se cansar. Sua mente teimava em fugir das intensas racionalizações de Hermione, que repassava cada teoria da mesma forma febril que costumava revisar as respostas em suas provas. Não demorou muito para que seus silêncios prolongados fossem percebidos pela outra.

– Gina... está tudo bem? Você não quer dormir um pouco?

– Não. Está tudo bem, é só... tem sido muita coisa acontecendo...

– Ainda pensando no que Snape disse? – Atalhou Hermione com o rosto cheio de preocupação.

– Na verdade, sim, mas não é só isso. – A ruiva começou a andar pelo quarto. – Outras coisas têm vindo a minha cabeça e... – Ela sentou de novo, encarando Hermione com aquela determinação que lhe era tão típica. – Eu preciso saber, Mione.

– Saber o que Gina?

A ruiva tomou fôlego.

– Eu preciso saber exatamente o que aconteceu na noite em que Harry matou Voldemort.

Hermione fez um gesto de cabeça.

– Mas, Gi... você estava lá, você viu...

– NÃO – Gina se levantou de novo – eu não vi tudo, eu... eu não lembro de tudo. E você sabe disso – apontou acusadora. – Todos esses anos, eu sempre tive a impressão de que... vocês três não me contaram tudo o que aconteceu, não é?

Hermione a olhava em pânico. Gina soubera atacar com perfeição e não pararia até conseguir as respostas que queria. A verdade é que ela nunca fizera perguntas tão diretas sobre aquela noite, mas quando decidiu fazê-las, as fez a pessoa certa e no momento certo. Se em termos de capacidade intelectual e maturidade emocional, Hermione sempre fora o elo forte do Trio Maravilha, o mesmo não se poderia dizer de sua habilidade em mentir. Isso lhe exigia muito mais esforço que dos meninos. Esse era seu ponto vulnerável e a ruiva a havia pego sozinha e desprotegida. Um perfeito xeque-mate Weasley.

– Bem...er...hum – tentou ganhar tempo enquanto imaginava rotas de fuga.

– Não desconversa, Mione! Eu quero... eu preciso saber TUDO o que aconteceu. E eu preciso saber agora.

Foi a vez de Hermione se erguer e começar a andar pelo quarto. Harry não ficaria nada satisfeito com ela e tampouco Ron. Na verdade, ela fora voto vencido quando eles discutiram sobre se deveriam contar tudo a Gina ou não. A pequena Weasley ficou vários dias desacordada no Hospital e quando voltou a si parecia ter muitas falhas na memória daquela noite. Harry convenceu Rony e depois a ela de que bastava um Harry Potter lidando com forças e poderes estranhos. Com Voldemort morto, não era preciso que Gina carregasse também essa carga. Hermione tentara argumentar em nome da verdade, mas acabou cedendo. Não tinha o direito de trazer sombras à felicidade dos amigos. Não depois de tanta luta. Mas agora, com tudo o que estava acontecendo, talvez Gina tivesse razão. Ela realmente precisava saber.





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A chuva acabou sendo realmente providencial enquanto eles atravessavam o canal entre a ilha e a costa. Seria muito difícil para qualquer um acertar um alvo aéreo somente com a visão naquela noite. Talvez, por isso, os prisioneiros nem tenham tentado. Mesmo assim, a travessia foi bem difícil. O ar estava tão saturado de umidade que a sensação era de estar com a vassoura sob o mar e não sobre ele. O vento, mais forte por causa da altura, insistia em empurrá-los para fora da rota, que tinha que ser constantemente corrigida. A tensão nos braços era tanta que Harry já sentia suas mãos formigarem quando finalmente avistaram a fortaleza.

A descida foi relativamente rápida, considerando o clima. Como Quim previra, a impossibilidade dos prisioneiros romperem o feitiço que os mantinha dentro da fortaleza, impediu que houvesse qualquer comitê de recepção. Porém, esse tipo de sorte certamente não os acompanharia quando ultrapassassem os portões. Embora uma fuga parecesse quase impossível, Harry tinha certeza que os homens lá dentro tinham tido muito tempo para planejar cada passo e que era mais provável que os Aurores fossem surpreendidos do que o contrário. A rebelião era apenas um passo no plano deles.

A um sinal de Quim, eles se dividiram em três hordas de ataque. Dois grupos menores postaram-se ao lado dos portões. Iriam lançar feitiços para abri-lo e ficariam de guarda do lado de fora, enquanto o grupo maior faria a invasão. Os bruxos, ao centro, sacaram suas varinhas e conjuraram um imenso escudo que os permitiria entrar na fortaleza e lhes daria tempo para dividir-se e procurar cercar o inimigo. Harry estava ladeado por Tonks e Rony, ao lado do amigo estava Ana e depois Richard. Não precisava olhá-los para sentir a tensão que emanava deles. Ele fechou os olhos por um segundo e desejou com todas as forças que todos saíssem inteiros dali. “Sem mortes, por favor! Sem mortes, por favor!”

Dois imensos feixes de luz alaranjada partiram em direção aos portões, chocando-se contra eles como labaredas. O clarão foi tão intenso que os cegou momentaneamente, mas logo o breu da noite venceu as chamas e quando elas se dissolveram, os imensos portões de Azkaban também haviam desaparecido.

A partir daí, as coisas começaram a acontecer muito rapidamente. Eles avançaram para dentro da fortaleza e foram recebidos por uma enorme quantidade de azarações que batiam no escudo. Vozes e estrondos romperam o silêncio da noite de forma ensurdecedora. Era óbvio que os prisioneiros haviam se apossado das varinhas dos guardas. Em cada corredor que passavam, alguns Aurores se separavam do grupo principal, buscando achar brechas para cercar e poder atacar. Se os agoureiros haviam ou não sido silenciados era impossível saber àquela altura, tal o barulho que ecoava nas paredes de pedra.

Harry fez um sinal para o seu pequeno grupo e eles entraram em um corredor à esquerda. O cheiro que ele sentira no momento em que entrou, pareceu se intensificar. Era uma coisa úmida, acre, apodrecida. Respirá-lo era suficiente para fazer uma pessoa sentir-se suja.

Eles seguiram pelo corredor e viraram novamente à esquerda no próximo. A falta de barreiras deixou-os apenas mais preocupados. As paredes de pedra eram opressivas e nojentas, porque era delas que parecia escorrer aquele cheiro. A fraca iluminação com archotes servia mais para projetar sombras do que luz. Mais além, eles puderam identificar uma escada que levava ao andar abaixo. Estava bastante escura e Harry fez sinal para eles diminuírem o passo. Tonks e Richard ficaram de um dos lados do vão de descida, enquanto Harry, Rony e Ana se postavam em frente a eles.

Um farfalhar seguido de um estrondo abriu uma pequena cratera na pedra pouco acima da cabeça de Harry fazendo-o dar um salto. Atrás dele, Rony, muito branco, olhava fixamente o buraco para onde apontava a sua varinha.

– O que foi? – perguntou arregalando os olhos.

Rony pareceu muito sem jeito quando voltou a encará-lo.

– Uma... aham... uma aranha – o ruivo diminuiu de tamanho diante do olhar furioso do amigo – enorme, realmente enorme, Harry.

Ana quase enfiou o punho na boca para não rir, enquanto Tonks os olhava com uma expressão divertida.

– Não dava simplesmente para jogá-la no chão e pisar em cima?

O rosto de Rony pareceu esverdear diante da idéia.

– N-não. Ela era muito grande...mesmo.

– Ah!! Por favor, tenho certeza de que você era maior que ela Ron. Pelo amor de Merlin, cara, você tem que superar isso! – E virou para escada, ainda furioso, enquanto acendia a varinha e fazia sinal para ser seguido.

Atrás dele ainda pode ouvir Rony resmungar que a aranha era imensa e que Harry não a tinha visto, e que provavelmente era venenosa. E no momento seguinte, ele deve ter se dado conta de que Richard assistira a cena, porque Harry pôde ouvi-lo dizer para o outro desmanchar o sorriso ou seria o próximo.

Os degraus de pedra pareciam mergulhar na mais completa escuridão. A luz das cinco varinhas ajudava muito pouco. Quando chegaram no corredor abaixo, que novamente parecia virar para a esquerda, Tonks adiantou-se empunhando a varinha.

Incendiare!

Um facho de luz cortou a escuridão por alguns segundos revelando apenas as enormes paredes de pedra que pareciam seguir até muito além do que era possível ver. A escuridão voltou a envolvê-los.

– Vamos tentar localizar os archotes e acendê-los – falou Harry em voz baixa – é preferível denunciar nossa posição a sermos pegos de surpresa no escuro.

Os cinco começaram lançar incêndio em direção às paredes acendendo as tochas, mas o efeito não foi muito melhor que o que havia no corredor de cima. Embora, pelo menos, não estivessem mais imersos no breu. Não demoraram muito a perceber que estavam num corredor de celas. As grades estavam escancaradas e não havia ninguém dentro dos pequenos cubículos mal cheirosos. Ana tinha uma expressão de náusea e repulsa extremas. Já estivera em prisões antes, mas aquela parecia recender a morte, a desespero e, a moça tinha certeza, era possível sentir também a quantidade de maldade que havia ali dentro. O rosto de Tonks demonstrava os mesmos sentimentos da amiga e a verdade é que os rapazes não pareciam estar melhores. Richard tinha as faces esverdeadas e Rony estava tão sério e concentrado que era possível ver cada músculo tencionado de sua expressão.
Eles continuaram avançando com cuidado, apurando os ouvidos para qualquer som. Felizmente, não parecia haver qualquer indicação dos agoureiros. Não que eles parecessem necessários, quando se estava ali dentro daquelas paredes. Um flash de luz seguido de um grito denunciou que não estavam mais sozinhos.

– TONKS!!!

Harry virou-se a tempo de ver a cabeça da amiga bater violentamente contra a parede antes de ela cair no chão.

– PROTEJAM-SE!!

Uma enorme saraivada de feitiços vinha de encontro a eles do fim do corredor junto com palavras grosseiras e troças. Rony conjurou um escudo protetor para o grupo enquanto colavam-se às paredes. Ana rebatia os feitiços por trás dele e Richard, jogado ao chão tentava fazer o mesmo. Harry tentava chegar até Tonks lançando azarações numa velocidade estonteante por cima do ombro. Vários gritos se seguiram a essa ação. Misteriosamente, embora os ataques do inimigo não ultrapassassem o escudo do ruivo, os feitiços da varinha de Harry pareciam ignorar a sua existência.

Ele jogou-se no chão ao lado da amiga. Estava viva, mas os cabelos cor de chiclete, estavam empapados de sangue e uma pequena poça já se formava em torno da cabeça da moça. Harry fez alguns movimentos com a varinha e o corte fechou, mas Tonks estava fora de combate. A raiva começou a pulsar em seus ouvidos como se ele estivesse se afogando. Ergueu-se e recomeçou a lançar feitiços, indo ao encontro do adversário. Os ataques vindos do lado contrário continuavam a bater no escudo, mas os dele pareciam certeiros. Uma voz abafada gritou em comando:

– Para o outro lado, AGORA!! – E um tropel de passos seguiu para a direita.

– Richard, você fica com a Tonks, tente tirá-la de dentro da fortaleza – ordenou Harry.

– Porque eu? Eu quero ir atrás deles, estou aqui para lutar e não para ficar de babá!

Rony envermelhou numa velocidade impressionante até mesmo para ele e começou a crescer em direção ao colega, mas Ana já havia se ajoelhado ao lado de Tonks e começava a conjurar uma maca.

– Tudo bem – disse ela, a face transtornada de preocupação – deixem comigo.

Desta vez, Harry não esperou que Rony desancasse o outro. Colocou-se entre os dois e pegou Richard pelo colarinho. Os dois tinham quase a mesma altura, mas o menino-que-sobreviveu parecia muito maior naquele momento.

– Essa é a última vez que você me desobedece, entendeu? – A voz saiu rouca, baixa e perigosa. – Espero não precisar mais ter de explicar minhas ordens ou argumentar. Estou no comando, goste ou não. Quando eu disser faça você vai fazer!! Fui claro?

Richard assentiu com a cabeça. Nunca tinha visto Potter daquele jeito. O cara era caladão, metido, mas parecia sempre querer ser simpático. Não era o homem que agora o soltava como se ele fosse um trapo. Aquele homem era assustador e Richard não era alguém que se assustava fácil. Mas se lhe perguntassem naquele momento ele diria que preferia ficar na beira de um abismo a ter que encarar novamente os olhos verdes de Harry Potter. Rony bateu em seu ombro por trás.

– Se faça de engraçadinho de novo e eu não vou querer estar na sua pele.

Rony saiu atrás do amigo. Richard ajeitou a gola das vestes e lançou um olhar a Ana que lhe fez uma cara de : “você pediu”. Ele seguiu os colegas.
Enquanto passava por cima de pelo menos quatro bruxos estuporados, Richard pode ver cordas surgindo do nada e os amarrando. Mesmo que não tivesse visto Potter dizer nada, soube imediatamente que era obra dele.

Novamente entraram num corredor escuro e precisaram acender as varinhas. Um barulho forte e prolongado, vindo de cima, denunciou que a luta prosseguia em outros andares. O intenso ar salgado indicava que o caminho que tomavam estava margeando os rochedos mais próximos ao oceano. Acenderam as varinhas apontando-as para frente, mas permaneceram junto às paredes. Demorou apenas um segundo após o barulho de portas de ferro se fechando atrás deles para que os três se dessem conta da armadilha. E esse instante de distração lhes foi fatal. Num átimo, as três varinhas voaram saindo do alcance de suas mãos. Rony ia jogar-se no chão para recuperar a sua, mas uma voz grossa e maligna o deteve.

– Não faria isso se fosse você, grandalhão.

Um homem baixo e atarracado com roupas muito sujas emergiu do fundo escuro do corredor. Uma barba espinhosa marcava o rosto envelhecido e contorcido de ódio. Um antigo Comensal da Morte estava em frente a eles. Os dois amigos demoraram ainda alguns segundos antes de reconhecer o antigo carrasco da Divisão de Feras, McNair. Rony voltou a endireitar o corpo. Richard permanecia estático, enquanto Harry fixava os olhos na escuridão tentando contar quantos inimigos tinha a frente. Respirava ofegante e sua cabeça funcionava com grande rapidez, porém algo lhe dizia que logo saberia exatamente com quantos atacantes estava lidando.
No outro extremo, adiantou-se um homenzarrão louro que Harry reconheceu mais rapidamente. Este estivera no ataque a Hogwarts, quando Dumbledore foi morto. Harry o acertara enquanto ele tentava matar Gina. O punho dele fechou. Mas nenhum deles tinha cérebro o suficiente para encurralá-los ali e Harry ficou esperando que o líder saísse das sombras e se desse a conhecer.

– Ora, ora, ora... Harry Potter. – Ouviu-se voz fria e arrastada de Lucius Malfoy. – Não é que era exatamente a pessoa que eu queria ver hoje, – um sorriso cínico dançou em seus lábios – tenho dito aos rapazes: tudo o que precisamos é de um herói para vir nos salvar.

– A prisão lhe tirou o resto do juízo, Malfoy. Achei que após tanto tempo e tantas idas e vindas você já tivesse se acostumado ao seu novo lar.
Lucios saiu totalmente das sombras. Estava envelhecido, mas de forma alguma parecia louco. Os olhos cor de aço continuavam astutos, cheio de malícia. Os cabelos louro-prateados, antes brilhantes, caíam ressecados sobre os ombros, frouxamente amarrados em um rabo de cavalo que deixava muitos fios sobre a face bastante magra e encovada.

– O que posso dizer, Potter? Sou um eterno insatisfeito – a provocação foi seguida de um movimento rápido de varinha – estupefaça!

Richard foi jogado alguns metros atrás. Harry e Rony não puderam fazer nada para impedir.

– Amigo novo, rapazes? Nunca achei que encontraria os dois sem estarem acompanhados pela sangue-ruim da garota Granger.

Harry deu um salto para o lado a tempo de segurar Rony que já ia avançado sobre os Comensais, sem nem se dar conta de que estava com as mãos nuas. Lucius gargalhou e foi seguido pelos outros dois.

– Ah, Weasley, igualzinho ao perdedor do seu pai, não é? Amante de trouxas. Meu filho sempre dizia que você devia ter uma quedinha pela sangue-ruim. Ainda estão no chove-não-molha ou quando você atingiu todo esse tamanho ficou mais macho?

Harry teve que usar toda a sua força, Rony não era fácil de ser segurado.

– Seu cretino, seu...

Nesse momento Harry sentiu como que um chicote de fogo rompendo a pele sobre as suas costelas. Fora atacado pelas costas. Todo o ar lhe saiu dos pulmões e os braços afrouxaram. Teria caído no chão se Ron não o sustentasse.

– DESGRAÇADO!! – Rony berrava a maior quantidade de termos ofensivos que conhecia.

– Controle sua linguagem, Weasley, ou vou arrancar sua língua para lhe ensinar as boas maneiras que a idiota da sua mãe foi incapaz.

Rony beirava o púrpura agora, mas calou-se. Podia sentir as mãos encharcadas com o sangue do melhor amigo. Harry recobrou um pouco da força nas pernas, soltou-se de Rony e virou-se, a mão esquerda pressionando firmemente a ferida, encarando Lucius.

– O que quer, Malfoy? Nos matar? Ou pretende apenas nos encher a paciência com os seus insultos?

– Eu até poderia matá-los agora, sabe? Os dois – retorquiu ele com uma voz quase pensativa.

– E você acha que conseguiria, quando nem seu mestre conseguiu? Está se supervalorizando, Lucios. Espera que eu vá morrer em suas mãos? É patético!

– Você não tem a menor idéia do que eu espero, garoto! – O homem a sua frente era pura malícia.

– Bem próprio de um covarde como você, não é mesmo Malfoy? – Harry cuspiu as palavras. – Tão valente quando ataca pelas costas, cercado de capangas e seus adversários desarmados. O Draco era igualzinho. Me diga, Lucius, é verdade que os Malfoy têm a covardia entre as armas do seu brasão?

Lucios parou de sorrir, mas a resposta que ele pretendia dar foi interrompida por um grito agudo e cheio de dor.

– Ana – falou Rony com urgência.

– Parece que meus amigos estão se divertindo com a sua amiguinha bonita, Potter. Que pena! Achei que eu teria esse prazer...

Harry e Rony trocaram olhares apavorados. Tinham que fazer alguma coisa.

– Malfoy, seu negócio é comigo – Harry tentou, como sempre fazia quando os outros estavam em perigo, puxar a atenção do adversário para si. – Deixe os meus amigos em paz!

Lucius assumiu uma postura displicente. Estava no comando da situação agora.

– Tem razão Potter. O meu negócio é com você e é por isso que eu não vou matá-lo. Sabe? Matá-lo não me satisfaria plenamente. Seria rápido demais para você. – Um sorriso maligno e esquerdo deformou-lhe a boca. – Não... eu quero mais, quero que sofra. Quero que perca o que eu perdi.

– Bem, isso vai ser difícil, não é? Eu não sigo nenhum maluco com mania de dominar o mundo, então...
Mas Lucios o cortou com fúria.

– Acha que falo do Lord das Trevas? Ah... não, Potter! Isso, o próprio tempo dará um jeito de me compensar. Mas você me roubou mais do que isso. Mais que a minha liberdade, mais que a minha posição. – Pela primeira vez, o Sr. Malfoy parecia realmente estar perdendo o controle de sua raiva. – Por sua causa minha esposa morreu e meu filho está perdido para mim. Você – ele apontou a varinha direto para o coração de Harry – me deve, Potter. Uma mulher e um filho. E, eu... estou pensando seriamente fazer o que você fez a eles com os seus. Acho – ele voltou a ser frio – que essa seria uma compensação à altura.

“Pegue as varinhas!” A voz de Harry soou alta e clara dentro da cabeça de Ron, embora o amigo permanecesse com os lábios cerrados. “Quando? Como?” Rony tentou o mesmo caminho de linguagem, sem saber se Harry o ouviria. O chão e as paredes começaram a tremer. “Agora!” As pedras pareciam querer soltar-se das paredes, do teto e do chão à volta deles, distraindo os Comensais. “Proteja-se e ao Richard!” “Tá! E você?” A pergunta não teve resposta. Ondas de poder saíam do corpo de Harry e pareciam abalar as estruturas da fortaleza. Rony jogou-se no chão em busca das varinhas, enquanto o Sr. Malfoy e os outros pareciam assustados demais para tentar impedi-lo. O ruivo rapidamente conjurou um escudo sobre si e o colega sem sentidos e ficou observando a cena sem saber mais o que poderia fazer ou quem deveria tentar controlar.

Os enormes blocos de pedra começaram a desprender-se da parede e voar em direção aos três Comensais. Mas, de alguma forma, isso não pareceu surpreendê-los e os três conjuraram escudos enquanto o teto e a parede desabavam sobre eles.

Gritos e vozes ecoavam urgentes a poucos metros de distância, mas era impossível ouvi-los ali. O barulho das pedras era ensurdecedor e a poeira impedia qualquer visão. A raiva de Harry atingira um tal nível que seus poderes – os que ele recusava e não gostava de usar – ficaram fora de controle. Foi preciso ouvir a voz assustada de Ron gritar muitas vezes o seu nome, antes que ele finalmente parasse.

Mas não houve tempo para retomar o fôlego. Tão logo as pedras pararam de se soltar e o ar úmido de chuva e mar atingiu suas narinas, Harry percebeu o tamanho de seu erro. À sua frente, um grande buraco na parede abria-se para os rochedos. Os três Comensais, em pé, protegidos por um escudo, o olharam maravilhados.

Petríficus totatulus – o Comensal grandalhão tentou tirar Rony de ação, assim que percebeu que ele estava de posse das varinhas.

Protego – berrou Rony.

Glaciare – Malfoy fez um amplo movimento com a varinha e, antes que pudessem fazer qualquer coisa, uma imensa parede de gelo começou a crescer entre eles e os Comensais. Antes que ela se fechasse totalmente Harry ainda pode ouvir a voz fria de Lucios. – Você vai me pagar, Potter. Você e o idiota do Arthur Weasley. “Galeão por galeão”. Mas isso é linguagem figurada, porque, acredite Potter, eu sei exatamente ao quê gente como vocês dá valor.

Harry se voltou para o amigo e Rony lhe atirou a varinha que ele pegou no ar. Os dois apontaram para a parede de gelo.

Bombarda – disseram em uníssono.

A parede se fez em pedacinhos e ambos se precipitaram atrás dos fugitivos. Harry, porém, parou Rony.

– Não, Ron. Volta e ajuda a Ana e a Tonks. Eu pego os três. Vai!

– Mas, Harry...

– Rony, elas precisam de você. O Carlinhos não vai nos perdoar se algo acontecer. Nem o Remo. Vai logo!!

Rony poderia argumentar, mas isso só os faria perder tempo. Assentiu e saiu em disparada em direção do local onde haviam deixado as amigas. Na passagem, arrebentou as grades de ferro cujo som os havia distraído para a armadilha dos Comensais.

Mas Harry havia perdido segundos preciosos o convencendo. Ao sair pelo buraco na parede viu que os três fugitivos já haviam tomado uma grande distância, descendo pelas rochas, em direção ao mar. Ele tentou atingi-los, mas não conseguiu. Um vento forte, que parecia ter sido conjurado, jogou o rapaz contra os muros da fortaleza, como se ele tivesse sido atingido por um furacão. Nenhum dos homens que ele estava perseguindo poderia tê-lo conjurado, pois estavam com as mãos ocupadas com a descida. Alguém os estava ajudando de fora. Harry fez um grande esforço para descolar-se da parede. O corte em suas costelas abriu um pouco mais, aumentando o sangramento. A perda de sangue já começava a turvar-lhe a vista e enfraquecer-lhe as pernas.

Harry caiu de joelhos e arrastou-se até a beirada do rochedo. Seus olhos procuraram reconhecer o meio de fuga lá em baixo. Não poderia ser um barco. Havia quatro grandes vultos. Três deles se mexiam impacientemente e o quarto vulto, parado com a varinha apontada para cima, era com certeza uma pessoa. Harry esticou a varinha tentando um último feitiço para atingi-los, mas estava fraco demais.

Naquele instante, Rony voltava para seu lado quase se jogando sobre ele.

– A fortaleza é nossa – a voz traduzia alívio – Ana e Tonks estão a salvo. Os outros já tinham chegado antes de mim.

–Tente atingi-los, Ron – Harry pediu num fio de voz, mas era possível perceber nela uma nota de pânico – eles estão fugindo.

Rony tentou, mas estavam muito longe.

– Pelas barbas de Júpiter! O que é aquilo?

Harry pediu ajuda para levantar. Os dois olharam para baixo tentando compreender a quem pertenciam os três vultos grandes, que neste momento os fugitivos alcançavam. Pareciam três grandes serpentes, mas os rabos tinham barbatanas como se fossem peixes. As cabeças se mexiam resfolegando para cima e para baixo e, embora fosse difícil vê-las, pelo movimento, Harry poderia apostar que elas se assemelhavam a cabeças de cavalos. Rony pareceu ter pensado a mesma coisa.

– Hipocampos – murmurou o ruivo.

A sensação de derrota subiu do estômago de Harry, deixando um gosto amargo e acre em sua boca.

– Droga... não conseguiremos pegá-los...assim...

As pernas de Harry falharam. A escuridão que vinha ameaçando engoli-lo estava ali, quase definitiva. Ele segurou as vestes de Rony sem fôlego, as pernas dobrando-se sob o seu peso.

– Acho que eu sei quem é Ron – falou com a voz rouca.

– Sabe quem é quem?

Harry umedeceu os lábios muito secos.

– Sei quem é o Comensal que escapou – Rony fez uma cara de quem achava que ele estava delirando – sei quem é o oficiante... das missas negras. Eu sei, Ron...

O entendimento achegou aos olhos de Rony.

– Meu bom Merlin, Harry! – ele fez mais força para manter o amigo de pé – quem é? Quem é?

O rapaz gritou, mas Harry Potter já não ouvia mais. Ele tinha desmaiado.



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N/A: Desculpem a demora! Era para ter sido antes do final de semana, mas não deu.

Belzinha: Cumprindo a promessa, saiu hoje! Valeu toda a força e o carinho, amiga. Para você, eu tenho mais que agradecimentos, tenho dívidas. Um beijo enorme!!

Morgana Black: Seus comentários, nossas conversas e principalmente sua fic são uma inspiração. Sei que já disse isso...rsrs, mas vou repetir aqui!! Beijoooos

Sônia: Seu último comentário me deixou boba de tão vaidosa! Também amei escrever aquele último parágrafo. Você sabe o quanto eu respeito a sua opinião, então, acho que me senti recebendo um Excede as Expectativas!! Beijos mil.

: Valeu pelo comentário e eu devolvo, a sua fic também está cada vez melhor.

Aisha e Anny: Fiquei contente com o comentário de vocês. É sempre bom saber a opinião de novos leitores. E já aproveito para pedir atualização das fics de vocês. Adorei as duas.

Kika: Como você deve ter lido no aviso a resposta é sim. E, na verdade, fiquei super contente com a sua sacada, pois significa que consegui manter a coerência da personagem. Valeu!

Rafael: Não vejo problema em as fics terem títulos parecidos. Não é a primeira vez que isso ocorre no site. Espero que esteja gostando da minha.

Carolzinha: Valeu! Obrigada! Obrigada, mesmo! Seu comentário foi ... nossa, me deixou muito feliz!! E ainda tive que corresponder a propaganda! Que responsa!! Beijos.

Ligia Granger Potter: Obrigada pelo comentário! Espero que continue gostando. Beijos!!

Darla: Para você, só meu grande beijo e agradecimentos mil, Beta querida!!

GENTEEEE!!! Obrigado para todos os que tiverem acompanhando. E, olhem, um comentariozinho só dizendo se estão gostando ou não já ajuda bastante a prosseguir a fic, sem esmorecer. Então, por favor, comentem!!!!!!

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