Investigações e tarefas



Investigações e tarefas


O verão londrino estava excepcionalmente quente. Aliás, essa tinha sido a característica dos últimos anos, verões cada vez mais quentes. Enquanto, olhava a janela enfeitiçada no fundo do Quartel-general dos Aurores, Harry se perguntava quando realmente tinha deixado de gostar do verão. Na verdade, não lembrava de tê-los apreciado em criança. Significava ficar em casa enquanto Duda era levado para a piscina do clube, ou ser atirado na casa da Sr.ª Figg enquanto os Dursley viajavam. Depois que fora para Hogwarts, os verões significavam... os Dursley. Tanto tempo depois e com a vida que sempre sonhara Harry ainda via seus aniversários como uma época que coisas maravilhosas e horríveis começavam a acontecer. Demorara um pouco para ligar os fatos, mas era verdade, seu aniversário sempre marcava o início de alguma coisa. E este ano não havia sido diferente.

Passou a mão pelos cabelos revoltos, irritado. As palavras de Hermione na noite de seu aniversário não saíam de sua cabeça. Tinha repetido as perguntas que ela fizera mil vezes, sem respostas. A angústia que sentia não parecia diminuir, mas aumentar a cada vez. A voz de Rony também se repetia em sua cabeça após cada um destes pensamentos: “Parece que é mais sério quando é com elas, não é? Quer dizer, não é exatamente machismo, acho que com elas também é assim. Acho que tem haver com gostar da pessoa, de verdade. Lembra quando o Malfoy ofendia a Mione? Sempre conseguia me afetar mais do que quando ele ofendia a minha família”. “É, Rony”, argumentou Harry com a voz do amigo em sua cabeça, “mas, Gina É a minha família! Ela e o bebê. A família que eu lutei minha vida inteira para ter. Pela qual fiz coisas que me fizeram querer morrer e pela qual me forcei a ficar vivo. E nada”, ergueu o queixo para o céu claro da janela enfeitiçada como se jurasse a todas as forças que governavam o universo, “NADA vai ameaçar isso!”

- Sr. Potter, eh... – seus pensamentos foram interrompidos por um jovem estagiário parado meio constrangido atrás dele. Era um garoto baixinho para a idade, muito loiro e magro com uns óculos fundo de garrafas e sardas grandes, embora não tão grandes quanto as espinhas em sua testa e seu pescoço.

- Sim, Edward?

- O Sr. Shacklebolt pediu para informar que estão todos aqui para a reunião como o Sr. pediu.

- Obrigado, Edward. Eu estou indo.

O garoto assentiu e saiu do reservado em que estava a mesa de Harry. Quim se tornara chefe dos Aurores após a Guerra, Dawlish, o chefe anterior, havia perecido num combate com os Comensais da Morte. Os pensamentos de Harry voaram para os anos que se seguiram a luta contra Voldemort, enquanto ele reunia uma série de papéis que pretendia apresentar na reunião. Ao fim de tudo, ele dera um ano para si mesmo. Precisava assimilar tudo o que havia acontecido. Passara alguns meses meio a esmo, alugara um pequeno apartamento em Hogsmead para ficar perto de Gina que completava seu último ano. Mas quase só ia para lá quando os alunos visitavam a vila. O resto do tempo viajava. Primeiro, sem direção. Depois, uma sede de conhecimento que ele ainda não havia experimentado o empurrou para lugares onde residiam antigas magias. Era interessante, mas Harry sempre achava que de alguma forma “ele”, seu mentor, amigo e protetor, mesmo ausente há tanto tempo, o guiava para esses lugares. “Não há maior arma que o conhecimento, Harry”, ele havia lhe dito em seus encontros no sexto ano. E Harry apoderara-se desta arma. Pouco antes de completar 19 anos, ele tomara a decisão que o colocara onde estava agora. Nunca se dera bem com o Ministério, mas depois de tudo resolveu que era a hora de uma contra-proposta às várias que lhe haviam sido feitas.

O novo Ministro da Magia, Gwidion Norwood, fora sensato o bastante para pesar a História com a arrogância do garoto a sua frente e empregá-lo. Rony entrara no curso preparatório para Aurores tão logo obtivera os N.I.E.M.S. Suas boas notas foram um pouco surpreendentes, ou não, para quem conhecesse a determinação de Mione, ainda mais com poderes de namorada. Harry não pode deixar de rir desta lembrança. Ele foi dispensado dos primeiros dois anos, após as provas de que possuía esse nível de conhecimento, mas cursou o último. Alguns acharam que ele poderia querer ser integrado imediatamente e como chefe, mas Harry detestava a idéia de que, mesmo após tudo, o vissem como alguém que se achava especial ou superior. A simples idéia o enojava. Ele nunca se esquecia que sua posição junto à profecia podia ter sido ocupada por outra pessoa. Isso sempre mantinha seus pés no chão, tanto diante dos que o idolatravam como um grande herói, como diante daqueles que apenas o consideravam um sortudo metido.

A porta da sala de Quim estava aberta. Dentro dela um grupo grande de homens e mulheres aguardava. Harry localizou o chefe atrás da própria mesa e Rony sentado em uma cadeira a sua direita com as longas pernas estendidas. Entrou cumprimentando todos e colocou o grande maço de papéis na mesa. Voltou-se para olhar os colegas que o encaravam inquisitivamente. Ele ia pedir para que fechassem à porta, mas deu-se conta da falta de alguém. Ia perguntar para Rony, quando Hermione chegou afobada com mais uma braçada de papéis.

- Ãhh! Desculpem, eu me atrasei!

- O que ela está fazendo aqui? – Perguntou Richard Oates enquanto Hermione deixava os papéis que trazia na mesa ao lado de onde Harry estava encostado. – Ela não é uma Auror, pensei que a reunião fosse somente para a seção.

- A Sr.ª Weasley está aqui a meu convite e sua presença é fundamental para as investigações que começaremos a fazer.

Harry rebateu com uma voz definitiva de quem não vai aceitar contestações. Mas o rapaz havia entrado a pouco e não o conhecia muito bem para identificar isso e retrucou nada convencido.

- Mas dá para se saber o que alguém que trabalha no Departamento de Relações de Criaturas Mágicas tem de tão fundamental a fazer que não possa ser feito pela equipe treinada e experiente que está na sua frente, Potter?

Harry já se acostumara às insinuações que sua presença no Ministério e a de seus amigos não se devia totalmente as suas capacidades, mas a proteção de agentes difusos que iam da imprensa bruxa, ao ministro, a alguma “grande influência” que ele tinha e “usava”. Uma coisa realmente idiota, já que os primeiros quase sempre tinham mais atrapalhado os três do que ajudado. Mas as pessoas, no fundo, ficavam intimidadas com o “trio maravilha” e, algumas, vezes acabavam atacando-os. Harry aprendera a lidar com isso com uma paciência estudada, Hermione com uma indiferença digna, e Rony, absorvera a parte em que os outros ficavam intimidados frente a eles e usava isso. Foi o que ele fez naquele momento:

- O “alguém” que não pertence a sua equipe experiente e treinada, tem mais experiência de campo que metade dos que estão nessa sala e mais do que você terá condições de conseguir nos próximos dez anos. – O ruivo, que não alterara a postura, embora houvesse bufado e ficado com as orelhas muito vermelhas, moveu ligeiramente a cabeça para encarar o outro. – Assim, sugiro que você fique quietinho, ouça e aprenda.

Dessa vez, se ainda havia contestações a serem feitas, quem as tinha, guardou para si. Hermione lançou um olhar de “não precisava ser tão grosseiro”, que Rony ignorou, e foi acomodar-se no fundo da sala ao lado de Tonks e da outra Sr.ª Weasley na sala, Ana, esposa de Carlinhos, que era Auror. Harry pigarreou para esconder o riso, enquanto a voz grave de Quim retumbou atrás dele.

- Bem, senhores e senhoras, eu convoquei essa reunião a pedido do Potter. Nós discutimos sobre as suspeitas que ele e o Weasley me trouxeram. Pode ser que estejamos todos enganados, o que seria bom, mas, de qualquer forma, concordei que a equipe fosse acionada para a investigação. Sendo assim, eu passo a palavra a você, Harry.

Harry respirou fundo e ajeitou os óculos na ponte do nariz. Gina fora contra a levar aquilo para uma reunião de Aurores, ainda mais com as poucas provas que tinham. Mas Harry e Rony argumentaram que seria burrice não usar a estrutura do Ministério para chegarem mais rápido às respostas que procuravam. Contudo, haviam concordado em não fornecer todas as informações, com o que Quim, como membro da Ordem (a qual ainda existia e, esta sim, estava sob o comando de Harry), concordara. Se a reunião seria um erro ou não, ele estava prestes a saber.

- Bom, sei que a maioria aqui não assiste os noticiários trouxas. A não ser os que tem dever de ofício de fazer isso. – Ele se voltou para os estagiários, a quem a tarefa de buscar traços de problemas entre os trouxas que pudesse significar qualquer contato com o mundo bruxo era confiada. – Acredito que temos deixado escapar algumas coisas. Nas últimas semanas, tem desaparecido um número significativo de crianças trouxas. Quatro até agora. Tenho razões para acreditar que não se trata de algo relacionado com bruxos das trevas e não com as violências que conhecemos dos trouxas.

- E o QUE, exatamente faz você acreditar nisso? – Oates perguntou com erguendo o queixo.

- Bem, Richard,- agora era a sua vez de perder a paciência com o rapaz – como é uma informação privilegiada de esferas acima da sua, creio que é para eu saber e você investigar.

Richard se encolheu com uma careta de quem tinha engolido palha-fede, mas achou melhor ficar quieto. Alguns abafaram risinhos na sala. Harry pegou a varinha e apontou para os papéis atrás de si e com um movimento estes voaram indo parar um na mão de cada pessoa na sala.

- Há uma série de informações que Hermione fez A GENTILEZA de organizar para vocês. Todas se referem ao que tem saído na imprensa trouxa. Rony e Tonks vão coordená-los para investigar cada um dos lugares em que as crianças sumiram. Quero cada centímetro de terreno em torno destes lugares e das casas das crianças vasculhados com sensores de magia negra e sensores de segredos. Quero relatórios diários, nem que seja para dizer que não acharam nada. – Parou para respirar, e encarou os colegas – Temos nas mãos um quebra-cabeças, senhores, e eu quero peças! Como as coisas andam calmas há algum tempo, creio que ninguém vai reclamar de esticar um pouco as pernas, não é?

Deu um breve sorriso, mas como não recebeu nenhuma retribuição (era péssimo sendo simpático, quando estava dando ordens), voltou à carga.

- Bem, algumas tarefas específicas. Quem aqui nasceu trouxa ou viveu com eles? – lançou um olhar ao fundo da sala – fora as duas senhoras Weasley ali atrás.

Três pessoas ergueram as mãos. Uma estagiária baixinha de cabelos castanhos crespos, cujo nome Harry achava que era algo como Lisa, e dois Aurores. Um Auror mais velho chamado Gerard Griffin, que ele sabia ser muito competente, e um outro mais jovem e tímido de nome Alberico Rugfellow.

- Ok, você – apontou para a garota – seu trabalho vai ser vasculhar cada noticiário trouxa em busca de qualquer coisa, eu disse qualquer coisa, que possa parecer anormal, especialmente para eles. Pode fazer isso?

A moça concordou com a cabeça e fez uma anotação com a pena em um pergaminho em seu colo.

- Vocês dois, como têm conhecimento para se misturar sem dificuldade, quero que vão as casas da vítimas e façam perguntas. Você é hábil e legilimência, Gerard, veja se há qualquer vestígio de feitiços de memória, ok?

Os dois Aurores assentiram.

- Quero também que dois de vocês vão até Azcaban e investiguem cela por cela com todos os feitiços de desilusão que conhecem. Quero saber se alguém nos escapou sem que soubéssemos. – Respirou e olhou para Quim.

- Bem, senhores, têm suas coordenadas. Estão dispensados. - Trovejou o bruxo.

O grupo começou a mover-se para fora da sala, mas Harry fez sinal para que Tonks, Ana (que sabiam bem mais do que havia sido dito aos outros Aurores), Hermione e Rony ficassem. Quim também se levantou dizendo que iria agilizar algumas coisas e disse que eles ficassem a vontade em usar a sala. Harry sorriu e agradeceu ao amigo.

- Você não disse o que nós vamos fazer, Harry – falou Hermione.

- Hermione, você vai fazer o que faz melhor, pesquisar. Quero que fale com Lupin, ele vai te ajudar. Acho que ninguém melhor que vocês dois para descobrir quais as implicações reais em magia do ritual que Gina tem visto.

Virou-se para Ana.

- Preciso te pedir uma coisa. Não fala nada para o Carlinhos por enquanto. Ele vai acabar contando para o Gui e daí para Arthur e Molly saberem vai ser um pulinho. Foi por isso que não acionei diretamente a Ordem. Não quero tirá-los do sossego, sem saber com o que estamos lidando.

- Está pedindo para que eu minta para o meu marido, Harry? – Havia uma nota de genuína indignação em sua voz.

- Não. Só não tem porque comentar, ok? Encara como um segredo de trabalho. Ah, não faz essa cara. Eu limpo a sua barra depois. Por favor.

Ana deu de ombros, com cara de “que fazer?”. E falou muito decepcionada.

- Essa é a minha missão, então, não abrir a minha boca.

- Não. A sua missão é entrar em contato com uma pessoa e fazer com que ela venha me procurar. Isso porque eu acho que ele não vai querer que eu saiba exatamente onde está.

- Em resumo, você quer que eu faça o trabalho de uma coruja – devolveu a garota cheia de cinismo.

- Nem de longe uma coruja ia poder fazer esse trabalho, Ana. Nem qualquer outra pessoa. De todos em que eu confio, ele só respeita você. Acho que é a única que e pode convencê-lo.

- Afinal de quem você está falando? - Tonks estava com uma ruga na testa.

Harry passou os olhos de Rony e Hermione, que sabiam de quem ele estava falando, e pousou-os em Ana.

- Ana, eu preciso que você ache Severo Snape.



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N/A: Por favor, não me matem! Minha narrativa é meio lenta mesmo, mas prometo que vou compensar os resistentes. Esse capítulo ficou longo e com uma cena só porque eu tinha que dar muitas informações.

Como coloquei no resumo, agora, haverá vislumbres, ao longo da Fic do que eu acho que será (ou foi, no tempo que estou escrevendo) o sétimo ano. São algumas idéias que tenho tido, talvez não muito deferentes de outras fics do site, afinal meu objetivo é contar uma história que está se passando no ano de 2006 para 2007.

Também fiz uma pequena edição no capítulo dois, tinha cometido uma omissão imperdoável. Nada sério, certamente os mais atentos notaram que esqueci o Hagrid na festa do Harry. Ele NÃO morreu, não. Foi falha minha.

Para as 4 pessoas que me fizeram não desistir da Fic:


** Shayera e Darla: Espero que gostem do capítulo. O próximo, já está no forno. E, Shayera, não esqueci da sua Fic Balder e Karnilla, não, só estou juntando os ingredientes, meu tempo para a pesquisa é curto, mas sai, juro que sai.

** Pedro: Novamente, brigadão pelos seus comentários. E viu como eu cumpro as minhas promessas. Disse que o capítulo saía hoje e saiu. Meio lento, mas saiu. Prometo que as coisas vão andar.

** E, Belzinha: Obrigada, obrigada, obrigada! Tanto pelos elogios, que devolvo com ênfase, quanto pelas “liberdades” (no bom sentido) que me deu com a sua Ana. Acho que ela vai crescer por aqui também, hehehe. Um grande beijo.

Aos outros que estão acompanhando e não postaram comentários, meus agradecimentos pela leitura. Mas não se acanhem, tá? É muuuiiitoooo importante para quem escreve saber a opinião de quem lê. Ainda mais para quem é novo nisso. COMENTEM, mesmo que não gostem, COMENTEM!! Beijos

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