A Sétima Filha



A Sétima Filha


A noite já ia alta quando finalmente o silêncio tomou conta da sala da casa dos Potter. Os quatro jovens tinham comparado suas memórias, juntado informações dispersas maturadas ao longo dos anos, unindo-as como as peças de um quebra-cabeças. Harry não pode deixar de notar que nunca havia conversado tão amplamente sobre aquele assunto. Nem mesmo estando apenas com Rony e Mione. O engraçado é que ele sempre fora obsessivo com a resolução das coisas misteriosas que o rondavam. Essa sempre fora a chave para a maior parte das encrencas em que tinha se metido. Sempre tinha gostado de discutir todas as possibilidades até a exaustão. Coisa em que, aliás, Rony, Mione e mesmo Gina, sempre o acompanharam.

Harry abandonou a janela em que estava escorado olhando para fora, sem ver nada realmente, e voltou a sentar-se pela milésima vez na poltrona em frente a que Gina estava. A verdade é que ele não agira como de costume naquele caso particular. Talvez a morte de Voldemort tivesse fechado uma porta em sua cabeça, ou talvez, a possibilidade de ter uma vida normal é que tivesse vencido a batalha com a sua curiosidade.

Ele observou os outros três. Gina havia se encolhido sobre a poltrona e parecia muito concentrada. Rony estava espalhado no sofá maior, ocupando um bocado de espaço com as pernas, com Mione escorada em seu peito. O amigo passava o braço por cima do ombro da garota e com as pontas dos dedos brincava com os fios ruivos da cabeça de Sirius, que dormia solto sobre a barriga da mãe.

Sirius tinha reclamado duas vezes a falta dos pais pirraçando com Dobby. A paciência de um garotinho de onze meses se esgota facilmente quando não consegue o que quer. Foi possível acalmá-lo na primeira vez, mas na segunda, eles tiveram que interromper a conversa porque Sirius estava botando a boca no mundo e Mione teve que pegá-lo para fazê-lo dormir. Dobby tinha aproveitado o intervalo para trazer um lanche, já que todos, com breves protestos de Rony, tinham se recusado a jantar. O elfo tinha feito uma boa dose de choramingos na volta de Gina que dizia não ter fome.

– A senhora do Dobby tem que comer – ele repetia com a voz esganiçada e chorosa – a senhora do Dobby está esperando um bebê, tem que comer.

Foi tanta lamentação, acompanhada das insistências dos outros três, que Gina acabou se alimentando um pouco, antes que o elfo resolvesse lhe dar colheradas do empadão de carne na boca.

– Tudo bem – disse Gina de forma prática, quando a história e o lanche finalmente acabaram – quais as explicações que vocês têm para o que aconteceu?

Os outros três trocaram olhares constrangidos.

– Vocês investigaram isso, não é? – Perguntou, diante do silêncio forçado.

– Claro que investigamos – falou Harry.

– É – concordou Rony – quando foi que agüentamos ficar muito tempo sem respostas?

Gina instintivamente buscou o rosto de Hermione.

– Bem – começou a amiga hesitante – nós investigamos algumas coisas, mas a verdade é que paramos bem longe de compreender tudo.

– Por quê? – Quis saber a ruiva.

– Por uma série de coisas, amor – falou Harry com um suspiro desanimado. – Acho que nunca desejei tanto a presença de Dumbledore como naquele dia. Não só para dizer: “olha, eu venci, bem como você queria, como você me preparou...” Mas também para que ele me explicasse o que tinha acontecido. – Ele passou a mão pelos cabelos num gesto característico. – Em todas as vezes que enfrentei Voldemort, sempre, no fim de tudo, Dumbledore estava lá. E ele me explicava. Me dizia tudo o que eu tinha que entender...

Gina não pode deixar de notar a sombra que perpassava nos olhos verdes do marido. Sentiu o próprio coração apertar. A sensação de que eles tinham sido injustos com ela, não contando tudo que aconteceu, dissolvendo-se. Não tinha sido fácil para eles. Agora ela sabia. Os olhos de Harry encontraram os dela e ele continuou com a voz embargada.

– Você ficou apagada por três dias e a gente não tinha a menor idéia do que você diria quando acordasse. Gina... eles nem ao menos nos davam certeza de que você ia acordar!

– O Harry praticamente não saiu do seu lado, Gi – comentou Rony. – O mundo mágico inteiro querendo festejar o menino que sobreviveu, o Eleito, e ele não arredou o pé da sua cama.

– O Rony e eu nos dividíamos entre a ala hospitalar e a biblioteca – continuou Hermione. – A gente também acreditava que se achássemos alguma coisa poderíamos trazê-la de volta mais rápido. Não achamos muita coisa, mas, graças aos céus, você voltou assim mesmo.

Gina conhecia essa parte da história. De como eles esperaram que ela acordasse. Isso sempre a emocionava, mas, agora, precisava que eles continuassem a contar sobre as outras coisas.

– Alguém mais ficou sabendo tudo o que aconteceu além de vocês três?

– Só falamos para o Lupin – respondeu Harry. – Ele ajudou muito ao Rony e a Mione, mas acho que o Snape deve ter deduzido algumas coisas, por causa do que ele disse na última conversa que tivemos, quando ele veio aqui em casa.

Gina pensou um pouco, uma coisa realmente a estava incomodando naquilo tudo, por isso resolveu fazer a pergunta da qual tinha mais receio da resposta. Um receio que a assombrava desde que tinha onze anos de idade.

– Vocês acham que eu realmente estava possuída por alguma coisa?

– Mais ou menos – disseram os três ao mesmo tempo e num tom tão enfático que fez Gina rir e Sirius se sobressaltar no sono.

Hermione apressou-se em ajeitar o menino para que ele não acordasse, mas Rony interveio.

– Espera aí – falou puxando a varinha do bolso interno das vestes e conjurando um bercinho de vime branco forrado com os lençóis alaranjados estampados com jogadores que vestiam o uniforme do Chudley Cannons.

A mulher revirou os olhos, mas não pode reprimir uma risadinha enquanto acomodava o bebê. Depois, ela voltou a se sentar lado de Rony, ainda com uma expressão divertida.

– E o que vocês querem dizer com “mais ou menos”? – Insistiu Gina, mas dessa vez foi o Rony que respondeu.

– Nós três vimos coisas diferentes, Gina! A Mione disse que quando a olhou não parecia você porque seu corpo emanava uma enorme quantidade de energia mágica. Para mim... bem, era você, mas parecia que havia algo muito poderoso do seu lado e o Harry viu...

–Eu só vi você, Gi – completou Harry.

– De qualquer forma – Rony fez uma careta como se a lembrança realmente o incomodasse – foi bem assustador.

– Desculpa gente, mas vocês não responderam a minha pergunta – a ruiva queria algo mais direto do que o que os amigos diziam.

– Porque não é uma resposta fácil, Gina – falou Hermione. – Mas, se o que te preocupa é saber se você estava à mercê de alguém como quando Tom Riddle a usou no seu primeiro ano, a resposta é não. Acho que nisso o Rony matou a charada, – o ruivo estufou o peito parecendo ainda maior – havia alguma coisa com você, alguma coisa que parecia guiá-la, mas não parecia ter um controle absoluto de tudo o que você fazia.

– Como pode ter certeza disso? – Gina parecia precisar ainda mais dessa resposta, mas quem falou foi Harry.

– Porque quando você falava conosco, a gente tinha certeza que era você falando e não outra pessoa.

A garota ainda não parecia convencida. As certezas do trio pareciam escoradas mais nas sensações do que na realidade. Gina segurou a cabeça entre as mãos:

– Mas se foi assim, como vocês estão dizendo, por que eu não me lembro de nada?

– O Remo é da opinião – continuou Rony – que você era muito jovem e que entrou em contato com uma quantidade muito grande de poder mágico. Isso pode ter afetado a sua percepção porque se você estivesse plenamente no comando do seu corpo, talvez, não tivesse conseguido controlar tanto poder.

– Mas o Harry também entrou em contato com uma enorme quantidade de poder mágico naquele ano e também era jovem, por que então...?

– É diferente, Gina! – Hermione interrompeu. – Com toda a história das Horcruxes, o Harry já vinha tendo contato com poderes bastante grandes, só que em doses e não de uma vez só.

– Ai, Mione – reagiu Harry com uma careta – parece que eu estava tomando um remédio...

– Não quis dizer isso, mas a analogia não está errada – retrucou a cunhada com simplicidade.

– Mas, afinal – Gina retornou ao ponto que lhe interessava – de onde veio esse poder todo? Quero dizer, pelo que vocês disseram Voldemort achou que tinha me matado. Eu não entendo...

– Gina, a gente não sabe exatamente o que aconteceu naquele momento – falou Hermione – mas é provável que o poder já a estivesse protegendo.

– Mas pelo amor de Mérlinnn!! Poder de quem!? – Gina já estava quase implorando por uma resposta direta.

– Hora da aula de História da Magia – falou Rony escorando a cabeça no sofá e lançando um olhar entre entediado e divertido para Hermione. A garota que, quase instintivamente, tinha aprumado as costas e preparado as mãos para começar a gesticular enquanto explicava, lançou um olhar mortífero para o marido. Rony ergueu as mãos num gesto zombeteiro de “eu me rendo” e fez sinal para que ela continuasse. Hermione respirou fundo erguendo o dedo indicador em direção ao ruivo, mas Gina interveio.

– Mione, depois você briga com o Rony... por favor?

– Tá! – Ela ainda bufou umas duas vezes, mas prosseguiu. – Pensamos em muitas possibilidades. Na verdade, a gente nem sabia exatamente por onde começar a investigar. Pensamos, primeiro, que podia ter algo a ver com a Magia do Sacrifício, mas não encontramos nada nesse sentido e tivemos que seguir por outro caminho. Você já ouviu falar de Aradia, Gina?

A ruiva pensou um pouco .

– Era o nome do local onde estávamos, não é? Campo de Aradia, esse nome ficou famoso depois da guerra. O lugar onde V- Voldemort morreu. Acho que lembro de ouvir alguma coisa que o professor Bins falou sobre isso, mas não recordo exatamente o quê.

– Aradia foi uma bruxa que viveu na Itália por volta do século V – explicou Hermione. – Ela era uma grande amante de trouxas, achava que eram frágeis e que os bruxos deveriam protegê-los. Muitos acreditavam que ela era apenas uma excêntrica, mas parece que ela foi muito além do que, mesmo hoje, a gente consideraria excêntrico. Aradia tinha verdadeiro pavor a todo o tipo de injustiça e exploração, por isso achou que o único jeito de lutar contra as maldades que eram feitas com os trouxas era ensinar magia para eles. Principalmente, ela queria ensinar os trouxas pobres a fazerem mágica para eles poderem se defender dos ricos que os exploravam e maltratavam.

– Uma bruxa comunista – comentou Harry com bom humor, mas somente Hermione que conhecia o mundo trouxa como ele é que riu. Rony e Gina lhe lançaram olhares intrigados. – Depois eu explico – completou o rapaz segurando o riso.

– E ela conseguiu? – Quis saber Gina. – Conseguiu ensinar magia para os trouxas?

– Ora, Gina, é claro que não!! – Rony voltou a se manifestar. – Da onde uma idéia estapafúrdia dessas poderia dar certo?

– É... – Hermione não se furtou a lançar um olhar de censura para o marido, que fingiu não perceber – ela não conseguiu ensinar, mas ela também não parou por aí ao que parece... Bem, essa parte não é ensinada em História da Magia porque muitos bruxos consideram uma lenda.

– Mas graças ao que aconteceu, a gente sabe que provavelmente não é só uma lenda – interrompeu Rony novamente.

– Isso – prosseguiu Hermione. – Encontramos apenas referências esparsas nos livros da biblioteca, mas conseguimos saber que Aradia cercou-se de um poderoso grupo de bruxas que partilhava de suas idéias. O principal objetivo do grupo era reunir poder para fazer justiça contra os ricos e poderosos que maltratavam os indefesos. Elas, ao que parece, resolveram lançar um feitiço, uma espécie de maldição (só que com boas intenções). Esse feitiço faria com que todas as mulheres que fossem as sétimas filhas de uma família, tanto bruxa quanto trouxa, se tornassem bruxas poderosas. Para Aradia, essa seria uma forma de mesclar mais fortemente linhagens bruxas e trouxas.

– Ainda mais numa época em que as pessoas costumavam ter muitos filhos – comentou Rony.

– Isso é verdade? Quero dizer as sétimas filhas também são bruxas nas famílias trouxas? – Quis saber a ruiva.

– Parece que sim – disse Hermione sem muita certeza. – O fato é que elas reuniram uma quantidade imensa de poder mágico e com isso puderam se opor a muitos bruxos e trouxas poderosos. Elas acreditavam que assim faziam justiça contra as maldades cometidas por eles.

– É... mas não pense que eram um tipo de justiça legal, à moda de Dumbledore – completou Rony. – Pelo que a gente achou nos livros, elas costumavam pegar bem pesado com quem não gostavam.

– O que quer dizer com pegar pesado? – Gina perguntou curiosa.

– Digamos que a linha entre o que era magia das Trevas e o que não era, não era tão clara – respondeu Harry –. O grupo da Aradia acreditava fazer o bem, mas não tinham medo em fazer malefícios contra os inimigos. Faziam coisas que eram consideradas bem ruins para aquela época: incêndio de colheitas, morte de animais de criação, doenças... Elas não se importavam em deixar na mais completa miséria aqueles de quem elas queriam se vingar.

– É... – Hermione retomou a palavra – mas parece que, na medida em que o tempo foi passando, as coisas começaram a fugir do controle de Aradia. Por um lado, muitos trouxas, ao verem os poderes de Aradia e do seu grupo, começaram a achar que ela era uma espécie de deusa viva ou coisa assim. Aí toda vez que nascia uma sétima filha na família, eles a entregavam para Aradia as educar. E como muitas famílias bruxas concordavam com Aradia, começaram também a fazer o mesmo. Isso fez o grupo que cercava a bruxa crescer muito e ficar ainda mais poderoso. De outro lado, muitos bruxos de famílias puras e trouxas ricos queriam acabar com Aradia e com aqueles que a seguiam. Eles passaram a perseguir e matar todos os que tivessem qualquer ligação com ela. Foi uma verdadeira guerra. Massacres, campos e casas arrasadas se tornaram comuns.

“Aradia achou que as coisas tinham ido longe demais e que prosseguir com a guerra apenas traria mais mortes, tanto de bruxos quanto de trouxas. Por outro lado, ela não queria que todo o poder acumulado pelo grupo de bruxas se perdesse. Achava que tamanha quantidade de magia ainda poderia ser usada para o bem. Aradia resolveu que a melhor maneira de proteger esses poderes seria dissolver o grupo antes que todas as bruxas acabassem mortas”.

“Ela reuniu as mais chegadas e juntas enfeitiçaram um objeto para conter o poder do grupo. Esse objeto seria escondido para que fosse usado apenas em uma necessidade extrema... As referências que encontramos falam de um broche de rubi... O poder contido no broche seria uma arma contra os tiranos e aqueles que abusassem da força contra os mais fracos. Porém, para garantir que o broche não fosse usado para outros fins, Aradia tornou o poder do objeto acessível somente às bruxas que fossem sétimas filhas, as quais, por causa do feitiço que havia lançado sobre as sétimas, ela considerava serem as herdeiras de seus ideais. Para esconder o broche, ela enviou sete mensageiras para diferentes lugares da velha Europa, mas somente uma delas levou e escondeu o objeto verdadeiro”.

– Tudo bem, até aí eu entendi, mas o que isso tem a ver com o Campo de Aradia em Hogwarts? – Interrompeu Gina.

– Essa parte foi mais difícil de encontrar – disse Hermione.

– Na verdade, a gente descobriu quase que por um golpe de sorte – completou Rony – Estávamos na Ala Hospitalar e a McGonnagal veio te visitar. No meio da visita ela perguntou para o Harry porque ele tinha levado o cara de cobra para lá.

– E eu respondi que tinha sido uma idéia do Snape – comentou Harry. – Que ele tinha me dito que era um lugar longe o bastante para ser seguro e que tinha muito poder mágico por lá.

– A professora Minerva – assumiu Hermione – disse que o Snape estava certo, aí o Harry perguntou o que havia naquele lugar. Disse que sabíamos de Aradia por causa de História da Magia...

– Mentiu descaradamente... – falou Rony zombeteiro.

– Mas que não entendíamos o que uma bruxa que tinha vivido há tanto tempo e tão longe daqui tinha a ver com Hogwarts – continuou Mione. – McGonnagal nos explicou que a origem do Campo de Aradia não aparecia na história oficial de Hogwarts, mas que existia um livro na sala do Diretor que contava sobre isso. Acho que estávamos com a moral alta com ela porque não foi preciso insistirmos muito para ela nos deixar ver o tal livro, apenas nos pediu que respeitássemos a vontade dos autores do livro e não espalhássemos muito sobre o que descobríssemos.

– Quem eram os autores e porque tanto segredo?

– Os autores eram Rowena Ravenclaw, Helga Hufflepuff, Godric Griffindor e Salazar Slytherin – Hermione fez aquela expressão encantada que costumava fazer quando comentava sua leitura de “Hogwarts: uma História” – e o livro era praticamente um diário da construção da escola. O segredo, bem... acho que eles não queriam que se espalhasse que algo como os poderes de Aradia estava escondido nos terrenos de Hogwarts.

Harry resolveu assumir para Hermione não se perder nos detalhes que tanto a fascinavam.

– Descobrimos que Rowena Ravenclaw era uma sétima filha e era herdeira de uma das bruxas do grupo de Aradia, ou seja, o broche mágico estava com ela. Pelo que estava escrito no tal diário, os poderes do broche foram importantes para a construção da escola, mas quando os quatro começaram a entrar em divergência...

– Leia-se Slytherin começou a incomodar... – falou Rony.

– É... – continuou Harry – Rowena parece ter se preocupado com o fato de Slytherin saber que o broche de Aradia, repleto de uma magia poderosa, estava com ela. Ela tinha medo que um bruxo com a capacidade de Slytherin descobrisse um meio de se apoderar do poder contido no broche, a intolerância dele a estava assustando. O Diário narra que Rowena, Helga e Godric começaram a ficar muito preocupados com as insinuações e ameaças de Slytherin dizendo que, mesmo que abandonasse Hogwarts, ele deixaria na escola um guardião dos sangues-puros. Um ser que ainda expurgaria a escola de todos os sangues-ruins.

– O Basilisco – falou Gina.

– Exato! – Hermione voltou a tomar a palavra. – Em acordo com os outros três, Rowena resolveu construir o Campo de Aradia. Sua idéia era colocar dentro dos terrenos de Hogwarts um poder que, por ter sido criado para defender os trouxas, pudesse se opor ao mal deixado por Slytherin. O diário narra que ela destruiu o broche, liberando o seu poder que ficou contido dentro do círculo de pedras. Ou seja, naquele lugar em que Voldemort foi derrotado. O fato é que, embora essa força mágica tenha sido assimilada aos encantamentos que protegem o castelo, os três fundadores sabiam que sua força total somente poderia ser invocada... por uma bruxa que fosse a sétima filha e que quisesse fazer justiça.

Gina tinha os olhos muito arregalados e uma expressão incrédula.

– Então... vocês chegaram à conclusão de que EU consegui invocar esse poder todo naquele dia?

Os três confirmaram.

– Mas como foi que eu fiz isso?

– Não sabemos, Gina – admitiu Hermione. – A gente podia continuar pesquisando, mas aí teríamos que contar tudo para você e...

– Eu achei que já tínhamos o suficiente – completou Harry muito sério, se Gina quisesse ficar brava com alguém que fosse com ele. Afinal, ele é que tinha convencido os outros dois. – Acha realmente que teria te feito bem saber de tudo isso naquela época? Rony nos contou o que você passou depois do episódio da Câmara Secreta... Por que reviver tudo aquilo novamente?

Gina o encarou sem responder. Sabia que ele estava certo. De que adiantaria ter um monte de perguntas lhe queimando a mente? Não. Ela certamente preferia a forma como as coisas haviam acontecido. Depois de acordar na Ala Hospitalar, Gina tinha certeza de que passara a viver a fase mais feliz de toda a sua vida, especialmente por que não havia sombras ou preocupações.

– Você lembra do que pensou por último naquele dia? – Quis saber Mione, interrompendo seus devaneios. Gina desviou os olhos de Harry, uma bola lhe subindo a garganta.

– Lembro de pensar que íamos morrer, que eu nunca mais veria a minha família e que...

– O que? – Harry a olhava curioso.

– Pensei que era muito injusto que VOCÊ morresse... Depois de tudo... Tudo o que tinha passado. Pensei que não me importaria de morrer, mas que... Bem, você já tinha sofrido muito, merecia viver, que seria uma maldade muito grande se... – os olhos dela se encheram de lágrimas.

Harry cortou o espaço entre as duas poltronas em menos de um segundo. Puxou a garota para si e fez com que ela sentasse no seu colo enchendo-a de beijos e carinhos. Hermione sorriu para os dois e deu um longo suspiro, relaxando o corpo sobre o peito de Rony, que a estreitou com carinho. O que Gina tinha dito lhe parecia mais do que suficiente para invocar o poder de Aradia, e fora este poder que a tinha acompanhado e ajudado eles quatro a vencerem Voldemort. Rony parecia também aliviado. Era bom finalmente ter falado tudo para a irmã. Era como se livrar de um fantasma muito, muito incômodo. Contudo, agora era a vez dele de fazer uma pergunta. Uma que vinha lhe incomodando desde que Hermione tinha lhe falado sobre a curiosidade de Gina.

– Hãm-hãm... Quando vocês dois lembrarem que não estão sozinhos... – Harry e Gina o olharam sem se soltar – eu queria fazer uma perguntinha: que súbita curiosidade foi essa, Gina? Por que de uma hora para outra se tornou tão importante saber o que aconteceu naquela noite?

Harry e Hermione também a encararam.

– Snape – disse Gina – eu não pude tirar as palavras dele da minha cabeça. Ele dizendo que Harry e eu deveríamos ter pensado antes de ter um bebê... Sugerindo que tínhamos coisas em nosso passado que nos impediriam de ter uma vida comum. Isso ficou martelando na minha cabeça, eu sabia o que Harry tinha feito, mas e eu? O que tinha a ver esse negócio de ser a sétima filha? Pensei que deveria começar a investigar isso em minhas pesquisas de DCAT, mas quanto mais eu pensava, mais me parecia que eu tinha era que saber o que realmente aconteceu naquela noite e que eu não lembrava.

– E agora que sabe – perguntou o irmão – o que você pensa em fazer?

– O que você acha, Rony? Se eu posso acessar um poder tão grande, acha que não vou fazer tudo para usar isso para proteger o meu filho?

Harry, Rony e Hermione trocaram olhares. Gina tinha novamente os despertado para os medos que os vinham assombrando nas últimas semanas. A ruiva continuava a ter certeza de que os seus sonhos com Missas Negras estavam ligados a Voldemort, aos Comensais da Morte e também ao seu bebê. Ela não descansaria, assim como eles também não, até que tudo estivesse resolvido.

– E a gente vai te ajudar a saber exatamente como fazer isso, Gi – assegurou Hermione. – Nenhum maluco vai reeditar o pesadelo Voldemort, nem vai meter a mão com o bebê de vocês.

Gina sorriu, a confiança de Hermione era sempre contagiante. Os quatro continuaram a fazer planos de investigação e arriscar teorias ainda por quase duas horas. Teriam muito que investigar, mas o fato de não existirem mais segredos entre eles pareceu ter feito com que voltassem à adolescência e eles discutiram febrilmente cada um dos passos que dariam a seguir. Já passava da meia-noite quando Rony cabeceando de sono convidou Hermione para irem para casa. A garota ainda estava empolgada, mas concordou brincando que carregar Sirius dormindo para casa não seria problema, mas se ela tivesse que levar o Rony também, a coisa ficaria complicada. A idéia fez Harry dar gargalhadas.

Despediram-se planejando começar logo pela manhã a dar prosseguimento às investigações. De fato, a “folga” forçada de Harry e Rony viria bem a calhar, pois lhes daria mais tempo para agir. Gina tinha mais tempo livre, já era ela que controlava o tempo que dedicava às suas pesquisas. Hermione era a que ficaria mais presa, por causa do Ministério, mas trabalhar mais do que uma pessoa normal nunca tinha sido problema para ela. Além disso, eles não pretendiam agir sozinhos. Quim havia garantido que as investigações dos Aurores sobre os desaparecimentos das crianças trouxas prosseguiria, bem como a caçada a Lucius Malfoy e seus comparsas. Harry ia acionar a Ordem da Fênix, mas pretendia também pedir ajuda a pelo menos duas pessoas em especial: Lupin e Ana, o que acabaria fatalmente incluindo Tonks e Carlinhos. Mas, Harry não pretendia se negar a aceitar a ajuda de ninguém, não quando era a sua família que estava em perigo.

Depois que os amigos desapareceram na lareira, Harry achou que Gina tinha voltado a ficar quieta.

– O que foi? – Perguntou colocando os braços em volta da cintura dela.

Gina desviou o olhar e ficou brincando com a gola do suéter dele.

– Eu não esqueci... viu?

– Não esqueceu o que? – Ele franziu a testa.

– Que você tinha planejado ir embora e me deixar...

Harry a olhou por um instante sem entender, então lembrou que Hermione tinha contado seu plano de sumir no mundo se conseguisse derrotar Voldemort. Gina não parecia brava. Na verdade, ela tinha um brilho de pura provocação no olhar.

– Ahh! Isso... – ele deu um sorriso preguiçoso e passou a mão pelos cabelos dela soltando-os do rabo de cavalo em que estavam presos e despenteando-os. – Acho que a senhora espera que eu me redima desse erro imperdoável...

– Algo assim – continuou ela segurando o riso – alguma idéia sobre isso Sr. Potter?

– Muitas... – murmurou com um sorriso largo e a voz rouca, ao mesmo tempo em que pegava Gina no colo e a carregava para o andar de cima.





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N/A: Oi gente!! Ai está o capítulo 11, cheio de explicações... rsrs. Aliás, espero que eu não tenha exagerado... Mas respondi algumas perguntas, não é? Pelo menos em relação a origem dos poderes da Gina. É claro que invocá-los, controlá-los e usá-los é outra história... Hehe para mais adiante. Eu adorei terem aparecidos teorias e apostas nos comentários, hihihi. Mais de um voto para Lily Evans Potter, mas não. Isso seria trazer os mortos de volta, e não há magia capaz de fazer isso, certo? Heheheh, é o que veremos. Aguardem, vocês não perdem por esperar. Mas já aviso, a trama vai ficar mais complexa, então se eu deixar algo passar, por favor, me antenem, ok? Espero que tenham gostado do capítulo. Agora os agradecimentos:

Bernardo: Hehe... Meu caro rapaz, muito respeitosamente vos digo que fiquei muito feliz em fazê-lo provar do próprio veneno, isso porque é exatamente assim (morta de curiosidade) que eu acabo os seus capítulos. Em termos de deixar os leitores na expectativa, eu sou uma aprendiz perto do senhor...rsrs. Mas valeu o comentário mesmo. Fiquei super feliz por vc ter gostado e por todos os seus pontos de exclamação, hihi!

Luna Weasley: Adorei seu comentário como sempre, querida!! Aliás, vc é a leitora, além da Bel, que mais comenta e percebe minhas ceninhas românticas e eu adoro isso porque adoro escrevê-las. Espero ter matado um pouco da sua curiosidade desta vez. Beijo grande!!

Belzinha: Amada... O que que eu vou te dizer? Silêncio assombrado fiquei eu depois de ler o seu comentário: oitava maravilha? Shakeaspere? Pobre bardo imortal....rsrs. Mas eu agradeço muito o seu comentário caloroso e a sua empolgação com o texto, no seu comentário parecia que vc estava lá...hehe. A Ana tem a quem puxar, não? Mas o mais maravilhoso não são seus comentários aqui, mas as nossas conversas no MSN das quais estou quase dependente. Discutir as minhas idéias com vc e ouvir as suas tem me dado um imenso prazer. Esta fic certamente seria outra se não tivesse a sua colaboração constante e entusiasmada. E GENTE!! O segredo de Sonserina acabou, mas ainda têm mais 3 segredos para serem revelados, então fiquem atentos às próximas fics da Belzinha e a continuação da saga da Ana. Te adoro amiga!!

Darla: Para vc mais que agradecimentos pelo comentário. Vc é a minha betha maravilhosa e que não deixa escapar nada, mesmo que eu já tenha postado, vc não descansa enquanto não estiver tudinho corrigido. Beijo, beijo, beijo. Vc é perfeita!

Mone-JP : Alguém que notou que o capítulo anterior realmente tinha saído rápido, hehe... Adorei o comentário! Brigadão!!! Fiquei pensando nos seus palpites sobre o que havia “tomado” a Gina... Em quem mesmo vc tinha pensado?

Carolzinha: Seu comentário me deixou nas nuvens. Alguém dizer que nem nos maiores sonhos tinha imaginado um fim tão perfeito para o Voldemort é um elogio de tirar o fôlego. Confesso que escrever a cena me deu um prazer vingativo. Eu realmente queria que ele sofresse... muito! E a coisa de serem os quatro juntos, eu achei que reforçaria os valores de amor e amizade que a tia Jô explora tão bem nos livros. Valeu mesmo!!!

Morgana Black: Minha fada, vc sabe que eu adoro seus comentários e ataques, não sabe, hehehe, aliás, até seus pedidos de atualização são muito fofos e me fazem rir. Como sua fã que sou, fico lisonjeada e feliz que vc goste de cada um dos capítulos. GENTE: quem ainda não leu a fic da Morgana (O país das Fadas) leia e aproveite que agora a fic tem tb uma comunidade no orkut. Quem já leu sabe que ela merece. Beijão amiga!!

Carline: Eu é que agradeço a leitura e os comentários que leitores como vc fazem. A gente sabe que tem muita gente que lê e até gosta, mas não tem paciência para votar ou comentar, e a verdade é que são os comentários e votos que animam a gente a continuar escrevendo. É difícil não pensar em cada um desses leitores pacientes e generosos como vc que além de ler nos deixam um comentário, uma crítica, um incentivo. Obrigada mesmo!! Adorei seus comentários! Um grande beijo!

Paty Black: Como já te disse, ler que vc achou o fim do Voldemort convincente e sem jeito de marmelada e dizer que eu podia substituir a JK (pobre de mim) me fez andar flutuando há uns 5 centímetros do chão por uns dias... hehehe. Amei seu comentário!! Obrigada mesmo!!

Trinity Skywalker: Obrigada pelo comentário, não esmoreça na busca pelos mistérios que ficaram soltos no capítulo 10 não será em vão e logo darei respostas...rsrsr. Já dei algumas neste como pode ler. Valeu mesmo!!! E GENTEEEE: Leiam as fics da Trinity, são divinas!! Ela escreve maravilhosamente, tenho certeza de que quem for lá não vai se arrepender!

Sônia Sag: Vc sabe como os seus comentários são importantes para mim. Sou sua fã e tê-la entre os leitores da fic me deixa muito feliz mesmo. Obrigada pelo comentário, eu adorei! Beijo imenso!

Remulu Black: É sempre bom ter um novo leitor por aqui. Como uma vez escreveu a Belzinha na fic dela, é como encontrar um novo amigo. Obrigada pelo comentário.

Rafael Delanhese: De novo, obrigada pelo comentário e pela nota. Que bom que a fic não tem decepcionado vc. Quanto às atualizações, muitas vezes elas aparecem porque ou eu ou a minha betha ou outra pessoa achou algum errinho que passou nas correções e eu vou lá e altero. Mas olha, sempre que eu atualizo o capítulo eu coloco o número dele no título. Cuidando por aí não tem como errar.

Marla: Valeu pelo comentário! Também amo H/G. Adoro ler e escrever para os dois e olha que eu só me toquei no sexto livro, embora sempre tenha gostada de R/H. Também fico honrada que vc tenha gostado da minha fic. Brigadão e beijo grande!

Kika: Nossa, Valeu mesmo!!! Olha, se a batalha final vai ser parecida eu não sei, mas minha aposta é que ela vai ser em Hogwarts e o meu sonho é que o Harry não esteja sozinho, talvez assim ele não fique se achando pior por ter de matar alguém. Brigadão! Beijos!!

Eddy: Obrigada pelo comentário, mesmo! A recomendação para evitar leituras após as 23 horas me pegou de surpresa, mas sei que pesei um pouco no terror nos primeiros capítulos. Agora vou fazer a adrenalina baixar... um pouquinho... hehe. Mas não quero ninguém tendo pesadelos. Se acharem que estou pesando, por favor falem, ok? Beijo e obrigada novamente pelo comentário.

Aisha e Anny: Valeu pelo comentário!! Obrigada mesmo! E vocês, quando atualizam? Mais de semana e nada!! Por favor, não deixem a gente esperando muito. Beijos.

A todo mundo que tem lido e acompanhado a fic, mesmo sem comentar ou votar, meu muitíssimo obrigada pela atenção e pela paciência. Um grande abraço.
E o pedido de sempre: COMENTEMMM!

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Comentários (1)

  • Aline B. Vieira

    Eu Amo fanfics e eu to adorando essa...sabe que eu tmb faço as minhas...continue fazendo as suas, nunca esqueça...A MAGIA ESTÁ NO CORAÇÃO, E LÁ ELA NUNCA MORRERÁ!

    2011-11-13
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